"O estilo tapajônico tem origem na cerâmica feita pelos grupos indígenas que até o século 18 permaneceram vivos na região do Rio Tapajós. Caracteriza-se pela produção de estatuetas, que revelam uma grande variedade de motivos, como representações de figuras nuas com seios exuberantes e da fauna amazônica. Também era comum a produção de muiraquitãs, pratos e cachimbos. As peças se destacam pela excelência do tratamento plástico que se revela especialmente nos vasos em forma de gargalo e o cariátides, cobertos com efígies zoomorfas.
Raimundo Saraiva Cardoso foi o responsável pela introdução desse estilo no universo da cerâmica de Icoaraci. Conhecido como Mestre Cardoso, desde criança foi estimulado a fazer peças de cerâmica por sua mãe, Dona Lucila, e hoje é considerado um grande pesquisador e um dos mais importantes artistas do Pará. Suas pesquisas o levaram a estudar profundamente as cerâmicas marajoara e tapajônica, suas texturas, formas e iconografia. Mestre Cardoso não apenas faz réplicas dos objetos que analisa, seguindo com fidelidade as técnicas pesquisadas e reproduzindo o saber-fazer ancestral, como também cria suas próprias obras, havendo recebido inúmeros prêmios por suas criações". (PINTO, Marzane e LIMA, Ricardo Gomes. Icoaraci: cerâmica do Pará, 2003)
Nome: | Raimundo Saraiva Cardoso |
Atividade: | artesão |
Categoria: | Artesãos/Designers |
Cidade: | Icoaraci, PA- |
Produção: | Objetos de cerâmica "Os registros informam que, em Icoaraci, no final do século 19, a produção de cerâmica restringia-se a peças utilitárias - moringas, potes, alguidares, panelas, vasos e cadilhos. Os objetos, feitos com o barro local e destinados ao uso cotidiano, de consumo regional, não eram decorados com pintura ou gravações incisas, numa realidade bem diferente daquela verificada nos dias atuais. Hoje, a multiplicidade das peças permite o diálogo entre tradições diversas e criações recentes. A produção é muito variada, desde a confecção de peças 'arqueológicas' até as mais trabalhadas; de estilos 'tradicionais' até suas criações com pinturas em manganês; de cerâmica utilitária a cerâmica decorativa, como vasos, urnas que reproduzem diferentes estilos e épocas, alguidares, cofres em formato de tartaruga, galo e porco, pratos, jogos de café, de caipirinha e de feijoada, carrancas, estatuetas, cinzeiros e uma infinidade de outras peças. Às vezes, os vasos moldados em formatos e tamanhos semelhantes tornam-se peças diferentes dependendo do acabamento que recebem, ou seja, uma peça pode ser gravada com incisões do estilo marajoara ou com recriações; outra, ganhar desenhos tapajônicos; e outra, receber pintura marajoara com suas variações". (PINTO, Marzane e LIMA, Ricardo Gomes. Icoaraci: cerâmica do Pará, 2003) |
Materiais: | Barro |