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PALAVRA DA ARTISTA TECELÃ



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Em 1991 cheguei a Pirenópolis com a intenção de ampliar meu conhecimento na tecelagem artesanal.  Os teares espalharam-se por Goiás, no século XVIII, através das famílias mineiras migrantes. Em 1800, contavam-se cerca de dois mil teares no estado e o algodão servia como moeda de troca.

 

Os panos tecidos tinham como finalidade o uso doméstico - as cobertas do enxoval, as calças resistentes para o trabalho do dia a dia, os sacos para armazenar grãos.  Procurei conhecer o que existia ainda dessa história. Vi que a tecelagem era um fazer com muita presença no cotidiano e na memória recente do povo daqui.

 

As antigas tecedeiras pirenopolinas chamavam o tecido feito no tear manual de “teçume”. Foi essa palavra que deu origem ao nome de nossa oficina - Tissume - onde incorporamos uma linguagem contemporânea ao trabalho do tear tradicional através das misturas de materiais, privilegiando as texturas e cores. Na tecelagem, as características dos fios e das matérias primas são relevantes.

 

Eu trazia fios industrializados de São Paulo e descobri, de imediato, aqui em Goiás, os algodões fiados a mão, ainda produzidos domesticamente, que, juntos, davam efeitos de textura interessantíssimos.  O grande diferencial do nosso trabalho aconteceu a partir da utilização dos restos de tecidos das confecções de Goiânia, incorporando retalhos de cores fortes e firmes, possibilitando uma bela utilização desses resíduos, que são um problema da nossa sociedade.

 

As confecções usavam diferentes tipos de tecido e assim, acumulamos uma experiência enorme no uso das várias texturas e cores que íamos recebendo. Isto se tornou um traço forte e reconhecido do nosso trabalho e passou a ser disseminado na cidade através das pessoas que fizeram seu aprendizado conosco. Tornou-se uma característica da tecelagem de Pirenópolis.  Como o processo de criação e pesquisa é contínuo e é o que alimenta o amor pelo que fazemos, estamos sempre buscando novas misturas, com os materiais que vão surgindo naturalmente pelo caminho.

Mercedes Montero