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RENDA IRLANDESA, PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

Publicado por A CASA em 21 de Junho de 2011
Por Dora Silveira Corrêa

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Chama a atenção de quem visita esta pequena cidade, localizada a 40 km de Aracaju, a coincidência entre seu nome peculiar e a paisagem bucólica em que se insere. A região, formada por campos verdes onde hoje se multiplicam pequenos poços de extração de petróleo, é testemunho do passado histórico do estado de Sergipe, marcado pela próspera vida rural nos engenhos.

O nome da localidade tem origem na santa padroeira da cidade, Nossa Senhora da Divina Pastora, cuja imagem se encontra no altar da imponente igreja matriz. Situada na praça central, a bela edificação do século XVIII integra a lista dos bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Também se deve ao passado rural da região outra característica distintiva da cidade sergipana: a produção da requintada renda irlandesa. Embora não se se saiba ao certo quando esta prática artesanal foi introduzida na região, há relatos de que teria sido ensinada às mulheres que trabalhavam nos engenhos por senhoras da aristocracia local, integrantes das famílias dos senhores-de-engenho. Transmitido de mãe para filha, o ofício é hoje praticado por cerca de uma centena de rendeiras na cidade.

Alzira Alves dos Santos aprendeu a tecer aos 10 anos de idade com sua tia Sinhá, que por sua vez aprendeu com a madrinha Marocas. Das tias, Alzira herdou alguns desenhos (riscos) que servem de base para tecer a renda irlandesa. Com invejável habildade, Alzira alinhava o lacê (uma espécie de cordão sedoso) sobre os contornos do desenho e preenche os espaços vazios com diferentes pontos tecidos com linha e agulha. Produz colchas de cama, toalhas e caminhos de mesa, guardanapos, toalhas de lavabo, jogos americanos e, mais recentemente, porta celulares.  

Quando não está cuidando da casa, Alzira se dedica ao ofício da renda. Depois de quase 50 anos de prática, ela não precisa mais fixar sua atenção exclusivamente à peça que está tecendo, pode conversar ou ver televisão ao mesmo tempo, o que torna a atividade muito prazerosa. Segundo Alzira, algumas mulheres gostam de cantar juntas enquanto tecem. Ciente da importância e da beleza da renda irlandesa – registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2008 – Alzira lamenta a falta de interesse das novas gerações, que não têm paciência para se dedicar à lenta confecção das peças de renda.

Valorizada no mercado, a sofisticada renda irlandesa é, antes de tudo, resultado da delicada articulação entre um saber artesanal altamente qualificado e o modo de vida da pacata população de Divina Pastora.

A cidade é um passeio imperdível para quem visita o estado de Sergipe.