1. Introdução
As feiras constituem uma oportunidade interessante para a emergência de artesãos como sujeitos políticos. São eventos cujo foco é a promoção de produtos, ao mesmo tempo, promovem a elaboração de posicionamentos frente ao mundo, muitas vezes, distante de seus locais de origem. Para as bordadeiras de Caicó, as feiras promovem, indiretamente, um olhar para si, para a sua produção, para sua própria rede social e seus modelos de organização, para o seu posicionamento frente às agências de fomento e para a relação com o público consumidor que pede adequações necessárias no que tange aos discursos sobre o porque comprar bordados.
Os bordados são elaborados por meio de um aprendizado inteligente, feito com destreza, agilidade e asseio, tem um efeito visual, fruto de uma técnica específica e de muita disciplina. Trazem consigo relações pessoais em torno do objeto: a mão de quem faz, a escolha das cores, a sensação do bordado no corpo de quem toca. Apesar de geralmente anônimo, guarda em si o caráter coletivo da criação, da transmissão, da produção e da circulação das peças, essa percepção demonstra que o bordado apresenta, também, relações sociais.
Alguns estilos de bordar se reproduzem por todo o território brasileiro: richilieu, matiz, ponto cheio, crivo, presponto, cordonê etc. A feitura do bordado é pautada em técnicas e habilidades que são conquistadas com tempo e com dedicação. Mais do que um trabalho, a atividade artesanal traz, em si, referências sobre o contexto em que é produzido, sobre as pessoas que o fazem e sobre os circuitos por onde o produto percorre.
Aqui, o bordado apresenta as bordadeiras da cidade de Caicó, região do Seridó, situada no interior do Rio Grande do Norte, nordeste brasileiro. Em todo o Seridó, o bordado traz algumas especificidades, não no que se refere à criação dos pontos, uma vez que esses são comuns, mas há uma especificidade criada por meio da composição dos elementos. Essa composição passa por uma escolha cuidadosa de cores e da disposição dos elementos, geralmente, flores e arabescos.
Um bom bordado, de acordo com boa parte das artesãs que participam da Associação das Bordadeiras do Seridó – ABS [1], deve ser realizado com calma e precisão para que se consiga obter uma boa aderência ao tecido, resistências às lavagens (pede-se, portanto, a escolha de materiais ótimos - dos tecidos às linhas) e não deformação.
Não há um tipo de bordado, nem uma especialidade de tecidos, de motivos e escolhas das linhas, no entanto, há uma produção mais representativa para enxovais e, nos últimos anos, o bordado tem sido elaborado em camisetas.
Misturam-se richilieu, flores brancas ou coloridas e arabescos. Essa composição revela uma percepção interessante sobre a natureza. O richilieu é um bordado que cria textura ao mesmo tempo que permite, por causa dos recortes, criar um aspecto de renda.
Com isso, consegue-se a entrada da transparência - luz - e, também, permite um “molejo” na peça. As flores bordadas, normalmente, representam as flores do campo que brotam no sertão, são singelas, com poucas pétalas e que se somam às rosas que parecem brotar do próprio tecido e que contam dos jardins da cidade de Caicó Gell (1999) observa que a produção das coisas é inseparável dos agentes que nela operam, por isso, objetos permitem acessar relações e intenções, apresentando-se, até mesmo, como elementos disparadores de ação social. Seguindo os passos de Gell, o bordado aponta para relações que se estabelecem entre a bordadeira e o bordado, mais do que falar sobre a produção e do contexto, importa observar as relações que se tecem em torno do bordado. Essas relações conduzem à percepção das bordadeiras como um grupo heterogênio, apontam os diálogos entre bordadeiras, a Associação e as agências de fomento ao artesanato, além de promover o encontro entre bordadeiras e aqueles que usufruem do bordado como consumidores.
Por esse olhar, é possível uma aproximação com os produtores e com suas trajetórias. Geralmente, mulheres, que se tornam bordadeiras durante um processo que tende a ser longo. O bordado pode ter sido aprendido em casa, com a família ou na vizinhança; na escola, durante aulas de educação artística; com as comunidades/ pastorais católicas; ou por meio das parceiras, por exemplo, com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae - e Associação das Bordadeiras do Seridó - ABS; o que importa é que a presença do bordado tem sido parte da formação feminina de algumas gerações em Caicó e em toda a região, tornando real a busca pelo prazer da beleza.
O objetivo deste trabalho é apresentar “performances” das bordadeiras em duas feiras: Gift Fair e Finart, a partir de dados obtidos em etnografia realizada entre os anos de 2006, 2007 e 2008, nas cidades de São Paulo e de Natal. São feiras com públicos bem distintos e a negociação presente durante a venda das peças demonstra a necessidade de adequação dos discursos, às leituras sobre a relação com o Estado e com as agências de fomento e, principalmente, apontam que a comercialização do bordado permite o acesso das mulheres bordadeiras de Caicó a mundo que excede o lugar de aparente restrição, estabelecendo contatos e estruturando discursos a partir de de novas realidades. Para isso, o artigo está dividido em cinco seções, incluindo esta Introdução, as demais seções estão assim intituladas: Caicó e seu bordado; Um parceiro para as feiras: Sebrae; As feiras internacionais: Gift Fair e FIART; e Considerações finais.
2. Caicó e seu bordado
Caicó se localiza na região do Seridó, no estado brasileiro do Rio Grande do Norte, distante 269Km da capital do estado, Natal. A cidade de Caicó está inserida no Polígono das Secas e seu regime pluviométrico é marcado por extrema irregularidade de chuvas, o que tem sido um entrave para o desenvolvimento econômico e para subsistência da população. A região é frequentemente descrita em função do meio físico e da carência em todos os níveis. Por exemplo, para Medeiros, é:
Região descalvada, montanhosa, eriçada de pedregulhos e espinhos, sujeita ao flagelo contínuo das secas, convida o homem para o labor contínuo, para a luta áspera com os elementos da natureza e não lhe permite lazeres para a contemplação das coisas belas, de resto muito raras naquelas paisagens. (Medeiros apud Macêdo: 2004, 72). Grifo meu.
Apesar da descrição se configurar como uma representação frequente sobre o ambiente do sertanejo: seco, de sobrevivência difícil e cuja viabilidade econômica tende à infertilidade, conheci Caicó por meio da contemplação de suas coisas belas. Foi o bordado que me levou ao lugar.
A cidade é conhecida, no território do Rio Grande do Norte, como a “terra do bordado”. E a delicadeza e a perfeição das peças contrastava, de imediato, com a imagem projetada da cena de aridez e da carência do sertão nordestino. Da imaginação de um lugar árido, caracterizado pela luta, deparei-me com a beleza fértil e confortável dos enxovais e com a busca pela perfeição na composição de matizes coloridas e traçados minuciosos. Encontrei, ainda, a alegria da festa que louva uma santa acolhedora - avó - e que na festa a seu louvor reúne bordadeiras e bordados.
Dificuldade e beleza se cruzam na percepção do território local. A cidade, como muitas outras, nasce a partir da fazenda de gado, fruto de um modelo português de domínio do espaço. A organização do espaço em Caicó remete à fundação da cidade em 1687, quando foi construída a casa “Forte do Cuó”, dando origem ao povoamento na região. Em 1735, ampliou-se o número de habitantes com o estabelecimento da fazenda Penedo (atualmente, bairro Penedo), naquela época, a cidade era chamada Vila Nova do Príncipe. Em 1748, no ano em que foram lançadas as bases para a construção da Capela de Sant´Ana (originando a Freguesia de Sant´Ana) foi criado o distrito de Vila Nova do Príncipe, elevado à posição de cidade em 16 de dezembro de 1868. Em 7 de julho de 1890, o município passa a se chamar Caicó.
No caso do Seridó, como atividade complementar à pecuária, desenvolveu-se a cotonicultura. Agregando à paisagem caicoense, o branco do algodão. (Dantas: 2005; Morais: 2005; Macêdo: 2004). A produção algodoeira foi estimulada pelos governos e grandes proprietários de indústrias de tecelagem, apresentando-se como uma alternativa às graves secas que dizimaram rebanhos inteiros e pelo desenvolvimento e modernização da tecelagem. Esses dois elos produtivos permaneceram característicos da cidade até as décadas de 1960 e 1970, definindo tanto a produção econômica quanto as relações de trabalho e as representações sociais (Morais: 2005; Macêdo: 2004).
Apesar da importância da criação do gado foi a cotonicultura que constituiu um marco na economia potiguar, na segunda metade do século XX. O ciclo do algodão articulou o campo à cidade, foi uma alavanca para o desenvolvimento regional, projetou a região e sua cidade mais importante, Caicó, a uma importância regional, inserindo a cidade no mercado agrícola nacional e internacional, alterando o eixo político potiguar que, no século XIX, migrou do litoral para o interior (Morais: 2005).
O período de prosperidade trazido pelo algodão entrou em declínio quanto a produção paulista se mostrou regular e “já em 1936, era responsável por 50% da produção algodoeira no país” (Morais: 2004, 164). Curiosamente, é nesta fase de crise econômica que se registram os primeiros relatos sobre uso do bordado como mercadoria.
O que até então era uma prenda doméstica, torna-se, por meio de Maria do Vale Monteiro, uma modista da região, fonte de renda.
Maria do Vale Monteiro, juntamente com a filha, Eunice do Vale Monteiro, professora, formaram o primeiro grupo de bordado à mão que funcionava na casa da modista, na década de 1930. Elas foram responsáveis por adaptar os bordados, outrora realizados para enxovais, para vestidos de noiva e para a alta-costura. Com o tempo, o grupo de bordadeiras se ampliou, assim como as encomendas e a crise no campo. Em Caicó, o Grupo Escolar Senador Guerra, recebeu o grupo de bordadeiras de Eunice do Vale que, por sua vez, adequou-se, perfeitamente, ao modelo pedagógico da “Escola Nova” que visava construir um cidadão apto para o trabalho, estabelecendo ofícios femininos para a cidadania, o trabalho e a família. Atualmente, estruturou-se um curso técnico de formação profissional - curta duração - na Escola Profissional de Caicó, um lugar privilegiado para se aprender a bordar à máquina industrial.
Na década de 1970, a agricultura enfrentou sua crise mais séria. Houve uma terrível seca que dizimou o gado e a já restrita produção de algodão. É, também, nesta fase que a Associação das Bordadeiras do Seridó - ABS - foi fundada, em 1973, e as inserções das agências políticas governamentais e não governamentais se tornam mais presentes na região, cujo posicionamento é marcado pelas intervenções a fim de possibilitar que o bordado seja o vínculo de sustentabilidade econômica para as famílias de bordadeiras da região.
Se o trabalho, renda e sobrevivência estão intimamente relacionados, um olhar mais detido sobre o bordado mostra que seus sentidos ultrapassam a dimensão econômica. Antes de mais nada, o bordado foi parte da formação feminina de algumas gerações. Pobres ou ricas, as mulheres bordavam. De um lado, as filhas de fazendeiros, brancas e herdeiras, preparavam-se para o casamento pelo desenvolvimento das prendas domésticas, tornando-as elegantes e proporcionando destreza e distração. Por outro, as mulheres pobres, que trabalhavam no campo, buscavam na costura, na feitura das rendas e nos bordados uma possibilidade de geração de renda por meio de um trabalho menos árduo e um pouco mais regular do que o encontrado no campo (Falci: 1998). No Sertão e nas zonas salineiras, bordar ou fazer renda, respectivamente, apresentou-se como uma tarefa feminina para a alternância das épocas de colheitas e de plantio.
Porém, independente da classe social ou da função das peças, importa que as roupas, os enxovais, os adereços bordados estão no cotidiano, mas vão além dele. Os bordados apresentam, também, o prazer da beleza o que, talvez, revele um novo olhar frente aos discursos de miséria e confinamento que cercam o imaginário do sertão nordestino e do uso do bordado como mera possibilidade de desenvolvimento econômico regional.
O bordado, atualmente, é uma prática de suma importância para a vida local da região do Seridó, envolvendo cerca de 20% das mulheres que se dedicam a sua produção como trabalho e geração de renda, de acordo com os dados da Associação das Bordadeiras. Os impasses quanto ao desenvolvimento econômico e a própria trajetória da produção econômica seridoense, considerada irregular pelos órgãos do governo, nos últimos 30 anos, tem criado um movimento de geração de trabalho e renda, tendo no bordado uma possibilidade concreta de inserção econômica.
Desde sua fundação, a ABS estabeleceu parcerias com agências de promoção social que se dedicam ao desenvolvimento econômico, a partir do que se considera a “vocação regional”: o bordado. Para isto, essas organizações elaboram análises dos produtos com potencial de inserção em um mercado mais amplo, usualmente, o dos centros urbanos. A inserção dos produtos regionais, com frequência experimenta intervenções no modo de produção, no “aperfeiçoamento” estético, no desenvolvimento de design, na análise de mercado consumidor, na elaboração de custos, no apoio logístico, entre outros temas.
3. Um parceiro para as feiras: Sebrae
O bordado de Caicó está inserido em um circuito comercial. Desde quando Maria do Vale Monteiro constituiu na região um grupo de artesãs aptas para atender o mercado de moda e de enxovais que se expandia no território norte-rio-grandense e em outros Estados no nordeste brasileiro. Nos últimos 20 anos, o movimento de produção e de comercialização dos bordados tem se tornado mais intenso. Provavelmente, uma das razões para a ocorrência de ampliação do mercado foi a incorporação de agentes externos à rede de bordadeiras ampliando a circulação dos bordados, o que gerou um impacto representativo na organização das bordadeiras, principalmente naquelas que são parte da Associação das Bordadeiras do Seridó. Dentre as agências parceiras das bordadeiras em Caicó, encontram-se representantes do Programa de Artesanato Solidário, Rede Potiguar de Design, Agência do Desenvolvimento Sustentável do Seridó – ADESE, Programa do Artesanato Potiguar, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Secretaria do Trabalho e Bem-Estar do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Departamento Diocesano da Ação Social, entre outras.
O Sebrae goza de ótima reputação entre as bordadeiras que compõem a Associação, é um agente importante para as artesãs em Caicó e para a inserção da comunidade no circuito das feiras internacionais, pelo impacto na gestão do artesanato como um negócio e na ampliação do público consumidor do bordado de Caicó. Por isso, a presença do Sebrae é fundamental para esta análise.
Em resposta ao Programa de Artesanato Brasileiro – PAB [2], em 1997, o Sebrae criou o Programa Sebrae de Artesanato. Seu foco é atuar no artesanato como um negócio que obedece às leis do mercado e que dialoga com as expectativas de clientes. Para isso, a agência Sebrae cria cursos e modelos de estímulo ao empreendedorismo em comunidades que, tradicionalmente, produzem artesanato.
De acordo com o Sebrae, as ações a agência brotam da realidade cultural da comunidade, com base na produção (o domínio da matéria-prima, o modo de fazer que se relaciona com o imaginário local, o contexto ampliado da produção), nas habilidades dos produtores e nas relações sociais que já são constituídas. Vale lembrar que o grupo de bordadeiras, em si, é formado por uma composição social múltipla, são várias fases do bordado, vários estilos, uma série de especializações, distinções gerações e acesso à clientelas distintas. Este grupo pode ser observado a partir de uma rede social que se comunica com agentes externos que, uma vez introduzidos no universo desta prática artesanal, colocam-se como mediadores nos diversos contextos por onde circulam as bordadeiras, ampliando, muitas vezes, o circuito de outrora e o Sebrae é um interlocutor desse movimento.
No caso específico da ABS, o acesso ao mercado foi ampliado pela participação em Feiras Internacionais. Trata-se do contato com o mercado e da ruptura com os limites geográficos, somada à divulgação e ao encontro com outros artesãos e o Sebrae tem um papel fundamental neste processo. Há uma agenda anual de feiras, no Brasil e no exterior que atuam em parceria com o artesanato, principalmente, em feiras de dois segmentos importantes e que tem se revelado como parceiros frequentes para a produção artesanal brasileira: design e turismo. A participação nestas feiras depende, muitas vezes, dos contatos e, principalmente, do financiamento do Sebrae.
Soma-se a esse contexto, novas informações como, por exemplo, “as intervenções de especialistas em análise de mercado” para a criação de outras formas adaptadas a um outro público consumidor, a fim de “prever e corresponder às expectativas dos clientes”, mantendo a “identidade cultural do artesanato” (Sebrae: s/d) em um processo de organização da produção, por meio de uma educação empreendedora. Trata-se de um processo de agenciamento interventor, objetivando oportunidades de ocupação e renda, formalizando o setor artesanal, ampliando o acesso ao crédito e promovendo o acesso ao mercado [3].
4. As feiras internacionais: Gift Fair e FIART
O bordado pode ser entendido como uma mercadoria [4], que inclui a vida social, traz significações, agenciamentos e movimentos. Trata-se de uma mercadoria, mas que não está, simplesmente, vinculada às trocas monetárias. Constitui redes, sociabilidades e eventos que tendem às noções reciprocidade (Appadurai: 2008). Isso é fácil de observar, inclusive, na relação que o consumidor estabelece com uma peça, afinal, por não ser uma simples mercadoria, não é comum jogarmos fora uma toalha bordada por nossa avó, um lenço presenteado por alguém que resolveu incluir a delicadeza no nosso cotidiano ou até mesmo um souvenir comprado em um momento de férias; ainda que roto, guardamos o pedaço de pano bordado que traz situações, memórias, histórias.
A análise de Appadurai é fértil para a presente reflexão, uma vez que extrapola as leituras, algumas vezes simplistas, que opõem os conceitos sobre a dádiva e sobre a mercadoria, desconectando-os e julgando o primeiro mais nobre. O autor observa que o fluxo de mercadorias tem sido orientado da seguinte forma:
(...) enquanto presentes vinculam coisas a pessoas e inserem o fluxo das coisas no fluxo das relações sociais, mercadorias supostamente representam o movimento - em grande parte livre de coerções morais ou culturais - de bens uns pelos outros, movimento mediado pelo dinheiro, não pela sociabilidade”. (Appadurai: 2008, p.25)
De acordo o antropólogo, essa oposição apresenta uma tendência em idealizar sociedades de pequena escala de modo romântico, marginalizando e minimizando os “aspectos calculistas, impessoais e auto-enaltecedores” (Appadurai: 2008, p. 25) das sociedades não-capitalistas, esquecendo-se, ainda, que as sociedades capitalistas operam de acordo com padrões culturais, desconsiderando a presença de uma arena social que inclui fatores temporais, culturais e sociais, compartilhados pelas sociedades, sejam elas capitalistas ou não.
Parte representativa da produção do bordado, em Caicó é realizada para o consumo externo às bordadeiras. Canclini (1991) observa que o consumo é um processo de comunicação, que envolve interação e transações, mais do que um exercício dos gostos e das atitudes individuais, bem como de compras irreflexivas, o consumo “é um conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e os usos dos produtos” (Canclini: 1991, p. 6). Trata-se, portanto, de uma realidade sociopolítica interativa, que envolve disputas e legitimações que vão desde a produção até as maneiras de se usar.
Produzir e vender é um processo de comunicação. A produção artesanal dialoga internamente, por meio do aprendizado, da feitura das peças, dos encontros entre as bordadeiras, da participação na Associação e, também, externamente, com o público consumidor e com as agências, sendo que as feiras se apresentam como um momento importante para essa experiência, uma vez que são situações de suspensão do cotidiano, movimentam e deslocam as bordadeiras para fora da cidade, ao mesmo tempo, que criam performances específicas.
Mouloud Mammeri e Pierre Bourdieu (Bourdieu: 2006), conversando sobre a produção da poesia oral Cabília, apresentaram os artesãos argelinos como agentes fundamentais no processo de comunicação entre a comunidade e o mundo exterior. Os artesãos são aptos ao deslocamento, ao encontro daqueles que são exterior ao grupo. A habilidade comercial, que é atrelada à prática artesanal, impele aos artesãos uma postura mediadora. Cabe aos artesãos a codificação da realidade local, por meio de uma leitura global.
As reflexões presentes no diálogo de Bourdieu (Bourdieu: 2006) podem ser projetadas nos discursos das bordadeiras participantes das feiras, principalmente nas falas da presidente da Associação e, também, do SEBRAE. Participar das feiras, apresentar as peças bordadas e dialogar com os compradores é uma forma de comunicação eficaz entre bordadeiras e o mundo exterior, por isso, desde a seleção das feiras que irão participar às peças escolhidas para cada evento, incluindo a participação das associadas e os discursos que são acessados pelas artesãs são coerentes a realidade vivenciada e, em muitas circunstâncias, tensos.
Mais do que acesso ao mercado, as feiras são baseadas em contatos. Contatos que envolvem a relação entre sujeitos, somadas à relação que as bordadeiras criam com os objetos produzidos. A tensão que emerge dos encontros, no caso, das feiras utilizadas para a promoção do artesanato, tratam de uma inserção e, prioritariamente, da interpretação dos modelos locais no contexto global, daqueles que, em princípio, estão à margem. Frente aos encontros, Agier (2001) observa que
(...) a própria criação cultural é tomada por uma tensão do mesmo tipo: ela consiste em colocar em relação, por um lado, imaginários locais que devem sempre acomodar a densidade dos lugares, de suas racionalidades, de suas memórias e, por outro lado, as técnicas, os conjuntos de imagens e os discursos da rede global que, por sua vez, circulam praticamente sem obstáculos, despojados de todo enraizamento histórico. (Agier: 2001, p. 19)
Herzfeld (2004), ao estudar os artesãos gregos e suas inserções na realidade global em função de sua produção artesanal, observou que há um engajamento na repercussão de sua identidade coletiva. Esse engajamento é incorporado na produção dos objetos diante de uma articulação que envolve experiência social, base histórica, identidade cultural e uma auto-avaliação.
Talvez, o engajamento que Herzfeld (2004) encontrou entre os artesãos gregos é perceptível, também, entre as bordadeiras de Caicó. As bordadeiras em Caicó estão preocupadas na repercussão de sua identidade coletiva por meio dos bordados. Essas bordadeiras consideram que o seu bordado é mais do que uma mercadoria e há dois momentos em que é possível entrar em contato com os movimentos importantes de expressão nativa acerca da forma em que as bordadeiras se relacionam com os seus bordados de modo engajado: no momento de seleção das peças para serem levadas aos eventos e na performance durante as feiras.
A semana que antecede às feiras é marcada pela seleção das peças que deverão ser levadas na viagem. Essa seleção, normalmente, é realizada pela presidente da ABS, com base no provável público consumidor que participará da feira e na disponibilidade dos bordados (a bordadeira que prepara material para ser vendido nas feiras precisa, em um primeiro momento, investir dinheiro e tempo na preparação das peças e, ainda, correr o risco de enviar as peças para a feira e não ser vendida).
Os momentos de seleção das peças fazem brotar essas tensões por meio dos discursos das bordadeiras e, frequentemente, alguns conflitos, outrora calados, vêem à tona. Essa seleção não é algo simples. De um lado, está a responsabilidade da presidente da ABS em levar as peças mais vendáveis, com melhor acabamento e com maior adequação ao público, sendo que a seleção é feita de acordo com os parâmetros da feira que, por sua vez, é promovida pelo Sebrae. Do outro, as tensões inerentes às vivências coletivas que, muitas vezes, são permeadas por ruídos na comunicação e embates políticos.
No momento da seleção, a proclamada “identidade coletiva” sai de cena. Mais do que a apresentação de um provável caráter coletivo da produção artesanal, a diferenciação, a ruptura e o isolamento tornam-se um traço marcante no grupo. As escolhas das peças podem gerar problemas no relacionamento entre as bordadeiras, porque aquelas que não foram selecionadas ou, até mesmo, que as peças que foram selecionadas e não foram vendidas geram suspeitas e críticas à presidente da Associação, que, algumas vezes, foi acusada de preferir levar consigo e se esforçar para vender o bordado de determinadas artesãs, em detrimento de outras. Assim, a fim de atender às demandas externas, a voz do mercado, mediada pela presidente da ABS, colide com a voz das bordadeiras.
Na feira, as coisas são diferentes. Além de promoverem encontros, as Feiras são momentos de festa, mas de uma festa que envolve muito trabalho, desconforto e, também, de tensão. Essa tensão emerge dos encontros, das inserções e das possíveis interpretações, da responsabilidade pelas peças e pela imagem da região que está sendo projetada para um público que, em princípio, não teria acesso à região da qual Caicó está inserida. Na ocasião das feiras é possível observar um outro movimento de engajamento, mediado pela interpretação do grupo acerca da rede social ampliada das feiras.
O grupo de bordadeiras, em si, é uma composição social múltipla e em tensão.
Podem ser observadas a partir de uma rede social que se comunica com agentes externos que, uma vez introduzidos no universo desta prática artesanal, colocam-se como mediadores nos diversos contextos por onde circulam as bordadeiras, ampliando, muitas vezes, o circuito de outrora. Durante o processo etnográfico pude acompanhar a Associação das Bordadeiras em algumas feiras, consideradas pelo grupo como as mais centrais na divulgação do bordado. Aqui, a análise se deterá na Gift Fair e na FIART. A escolha destas duas feiras justifica-se pelas adequações necessárias para alcançar públicos completamente distintos.
4.1. Gift Fair
A Gift Fair (Brazilian Internacional Gift Fair) é uma feira profissionalizada que se dedica a estimular as vendas do mercado de presentes e de decoração. Com cerca de 700 estandes e ocupando um espaço de cerca de 50.000m2. A Gift é organizada pelo Grupo Laço, desde 1990 e em 2008 movimentou 1.5 bilhão de reais. Tradicionalmente realizada em São Paulo já faz parte do calendário de negócios da cidade. Seu foco é o público lojista, interessado em produtos com “design diferenciado”.
A Gift Fair ocorre todos os anos em São Paulo, durante o mês de março, para cerca de 70 mil pessoas. É um evento para lojistas do setor de utilidades domésticas, arquitetos, decoradores, designers e profissionais do segmento da moda para a casa.
Reúne fabricantes, representantes, atacadistas, importadores, distribuidores e compradores. Lança tendências, estimula um comportamento de consumo intenso e de circulação de objetos para o mercado do luxo.
A 35a. Edição do evento ocorreu em março de 2006. Nesta edição houve uma parceria entre os organizadores do evento o Sebrae. No Rio Grande do Norte, o Sebrae, entre outros grupos, enviou a Associação das Bordadeiras do Seridó para expor suas peças e participar da Rodada de Negócios.
Considerando que a Gift é a vitrine mais importante para o mercado de presentes e de decoração, a participação das bordadeiras se apresentou como uma oportunidade importante para uma maior visibilidade dos produtores da região, inclusive, visando o mercado externo, principalmente o europeu.
Nesta feira, a postura assumida pela presidente da ABS era como a de uma mulher de negócios, versada em negociações. O stand fora cuidadosamente decorado, com espaço e proporcionava um ambiente para conversas. Ao apresentar os produtos, falava sobre o bordado como algo único e de acabamento impecável, sua preocupação era destacar a elegância dos jogos de cama e de mesa, contando sobre o ar aristocrático que uma casa ganhava ao se ter uma toalha toda bordada em richelieu. Somado à apresentação das peças, assumia a possibilidade de cumprir com os prazos de entrega, sem abandonar a qualidade e a perfeição dos bordados. Além disso, mais importante do que vender, era a troca de cartões com os lojistas que visitavam o estande.
No entanto, em termos práticos, poucos negócios foram fechados. Eram muitas as ofertas e os concorrentes. A feira era muito grande e os estandes do Sebrae ficavam em um lugar de difícil acesso, impossibilitando a maior parte dos clientes de conhecer o trabalho da Associação. Foi um evento cansativo, caro e de pouco resultado imediato.
Ademais, concomitante ao evento, ocorreu, como já citado, uma rodada de negócios. As Rodadas de Negócio se apresentam como oportunidades relevantes para as associações de artesãos e para os pequenos e médios empresários. São um canal de divulgação dos negócios, de estabelecimento de alianças e de parcerias para outros negócios, por meio de intercâmbio comercial. É um momento de experimentação prática do ensino para a formação de profissionais versados no sistema econômico pautado no empreendedorismo, diante de uma negociação direta do cliente com fornecedores, por isso, é perceptível que as Rodadas de Negócio promovidas pelo Sebrae são formas para a “educação empreendedora”, que consolida a proposta da agência.
4.2. FIART
A FIART - Feira Internacional de Artesanato - ocorre há 13 anos, na cidade de Natal – RN, durante as férias de verão. Nos últimos anos, tem acontecido no Pavilhão das Dunas do Centro de Convenções da cidade, que fica entre a Via Costeira e a Praia de Ponta Negra, circuito dos turistas que visitam Natal nesta época. Concomitantemente, há 5 anos, ocorre o Salão do Artesanato Potiguar que reúne danças folclóricas, cachaça e mostra de mamulengos. Em 2008, foram cerca de 350 estandes com peças artesanais, regionais, nacionais e internacionais.
A presença de artesãos advindos de várias cidades do Rio Grande do Norte, de outras unidades da federação - principalmente nordestinos - e de outros países que também expõem na FIART é um diferencial para o investimento nas políticas públicas de promoção do turismo. Esta feira é parte do calendário turístico do Rio Grande do Norte, uma vez que incrementa a alta-estação de verão em Natal. É realizada em uma parceria entre o SEBRAE, Governo Estadual, Ministério do Turismo e da Integração Nacional e as Prefeituras do Estado do Rio Grande do Norte. Seu público são os turistas que vão a procura de comidas típicas, de ouvir música de terra e de comprar souvenirs a preços módicos.
A ABS, neste evento, precisa, ainda, lidar com as muitas ofertas de produtos artesanais advindas dos outros Estados, considerando que o artesanato nordestino é bem variado e rico. A intensidade da concorrência, talvez, seja um dos motivos para que as vendas tendam a não ser muito empolgantes e margem de ganho é baixa. Vende-se bem peças pequenas – como panos de bandeja – e camisetas, sendo que boa parte das artesãs filiadas à Associação não gostam de mandar as peças para lá, uma vez que é frequente o roubo de peças e calotes.
Oliveira (2006) observa que os produtos artesanais se tensionam frente alguns termos como os projetos desenvolvimentistas do Estado, a questão dos bens culturais, comodização da identidade de um grupo, das atividades correntes diante de novos contextos:
(...) dependendo do contexto, essa identificação assume outros contornos. O estrangeiro ou o turista nacional tem a necessidade de adquirir uma “prova” da sua viagem a lugares exóticos (distantes de sua cultura) como souvenirs ou sente-e “encantado” quando, originário de um grande centro urbano, depara-se com artefatos “feitos à mão” e pertencentes a uma produção que parece única. Este é um discurso para promover o desenvolvimento da “cultura popular” através do turismo, construído para alimentar uma rede de novos produtos e serviços”. (Oliveira: 2006, p. 46)
Acompanhei a ABS na FIART durante os anos de 2006 e 2007. Estes outros contornos de que fala Oliveira (2006) se tornam explícitos nos discursos que acompanham as vendas na FIART. O público é enorme e a promoção da feira é voltada para o varejo.
A posicionamento da Associação é completamente diferente da outra feira, aqui apresentada. As duas vezes que acompanhei a feira, apesar do lugar ser mais destacado do que na Gift, era bem desconfortável, improvisado e deixava as peças vulneráveis ao roubo ou à deteriorização devido à quantidade de visitas e à impossibilidade de acompanhar o movimento no momentos de maior pico de turistas.
Neste evento, mais importante do que as qualidades formais e estéticas das peças, importa a forma pela qual ele foi feito e o lugar de origem. As peças precisam estimular a lembrança do tempo de lazer do turista-consumidor. Por isso, o discurso de altera e, para promover as vendas é comum ouvir que “este é um produto da terra” ou, então, “que é um presentinho prático para levar na mala” e que “agrada a todos”. O discurso se altera, se comparado à outra feira. Não é mais a qualidade e a elegância, mas a relação com o lugar e o tempo dedicado à tarefa.
Contudo, o consumidor da FIART, apesar de, ocasionalmente, interessado no processo do bordado, não se detêm e não determina sua compra por isso. Focado do consumo direto e insensível até mesmo à estética, no final das contas, o turista tem uma verba para consumir o máximo de coisas, em tempo apressado - algo que não combina, definitivamente, com o bordado.
Dois motivos, entretanto, são importantes para continuar expondo as peças na FIART. O primeiro deles é a divulgação, obviamente, o turismo é uma porta para outras regiões que, em princípio, estão inacessíveis para as bordadeiras; e, o segundo, talvez o mais importante, é a relação política fruto da parceria com o Sebrae, uma vez que a presença da ABS na feira divulga o projeto do Sebrae da região.
5. Considerações finais
O primeiro contato que tive com o bordado feito em Caicó foi no Mercado Modelo de Fortaleza e, posteriormente, no Centro do Turismo de Natal. Lá estão alguns estandes ou lojas que comercializam o bordado feito na região do Seridó. São lojistas que vendem as peças e, normalmente, não tem muito contato com as bordadeiras.
Nestes locais, é comum o discurso da “perda da tradição” e da urgência em se comprar esses bordados porque “as mulheres do sertão não querem mais saber de bordar”, ou, ainda que raro, é possível ouvir o discurso de que é bom comprar bordados porque assim “é possível ajudar uma comunidade que é carente”.
Durante todo o período de etnografia em campo, percebi uma diferença crucial entre as vendas realizadas por comerciantes que não tem relação direta com o bordado, frente às que presenciei pela presidente da Associação e de outras associadas que a acompanhavam nas viagens. Ao invés do discurso de morte e de urgência, há ações de vitalidade e resistência.
Os discursos se revelam como possibilidades reflexivas acerca do posicionamento das bordadeiras frente à produção e ao comércio. São arranjos discursos, que englobam tensões internas e externas, revelando movimentos sociais que não se calam, ainda que treinados para um contexto de empreendedorismo capitalista. Por isso, permite observar bordado a partir de um modo relacional, saber como os bordados e as suas bordadeiras vão se compondo frente aos jogos, sendo que as feiras podem ser compreendidas como um jogo que se constrói a partir das identidades e dos contextos de produção e de comercialização (Agier: 2001).
Outro elemento interessante está para além dos discursos e envolve as releituras dos próprios bordados, por exemplo, na feitura do richelieu em malha para camisetas, tornando sedutor para o turista ou, então, na adaptação do espaço e dos produtos para os consumidores das lojas de luxo das capitais. A feitura dos produtos apresentam as relações de alteridade, ou seja, não há uma preocupação interna em se posicionar como uma comunidade de bordadeiras com uma “identidade”, o que se revela são as leituras possíveis que as bordadeiras fazem dos outros, não se trata de uma relação de subjulgamento, na qual as bordadeiras estão rendidas ao gosto do consumidor, mas de uma relação social dinâmica e que considera os grupos externos em relação, portanto, em comunicação, com o que elas produzem. São territórios de disputas e de acordos.
Bibliografia
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Notas:
[1] Segundo os dados da Associação das Bordadeiras do Seridó, cerca de 20% da mulheres da região são bordadeiras (aproximadamente, 5.000 vivem em Caicó), destas, apenas 120 mulheres estão filiadas à Associação. Somente as que são filiadas podem comercializar as suas peças por meio das feiras.
[2] O PAB foi desenvolvido entre as décadas de 70 e 80 do século XX. Sua meta foi o desenvolvimento das regiões brasileiras a partir de suas vocações regionais. Este programa é uma tentativa de resposta à visão depreciada do artesão, por isso, houve um empenho de profissionalização do artesão, por meio de Associações e Cooperativas. Por isso, as metas do PAB são:
[3] A dissertação de Maíra Bühler (2006) apresenta um olhar fundamentado e crítico sobre a inserção dos programas de fomento do artesanato, principalmente daqueles que articulam o “local” e o “global”, das parcerias com o Estado e com o mercado.
[4] O embate em torno das questões culturais e identitárias fogem ao escopo deste artigo, apesar de reconhecer que são vitais para a reflexão, uma vez que a dimensão cultural está embutida nele.