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MATÉRIA DO MÊS

ÁGUA DE BEBER - E DE ENFEITAR

Publicado por A CASA em 9 de Setembto de 2011
Por Lígia Azevedo

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Bilha, moringue, quartinha, quartião, purrão, moringa. Vários são os nomes possíveis para esse objeto que era característico de casas do interior e fazendas e virou coqueluche nas lojas de artigos para casa e design, ganhou as mesas de escritório e cabeceiras de camas de classe média e alta em todo o país.
Os motivos que trouxeram a moringa à moda, comuns também a outros utensílios domésticos cujo uso está sendo resgatado, como as tigelas de porcelana e filtros de barro, podem ser os mais diversos: desde a busca pela substituição do plástico por materiais como vidro, porcelana e aço inoxidável após pesquisas indicarem a reação da água e alimentos armazenados com substâncias usadas na fabricação plástica, gerando compostos semelhantes ao hormônio feminino; o apelo sustentável à redução do uso de garrafas e copos plásticos; a preferência pelo “gostinho do filtro de barro” e pela água naturalmente fresca; e ainda a maior praticidade de não precisar levantar-se várias vezes para ir ao bebedouro dentro do escritório.
Mas para Olívia Yassudo Faria, do coletivo Amor de Madre, são ainda outros os motivos desse resgate. “As pessoas não confiam na qualidade da água dos reservatórios dos filtros nem das águas comercializadas, porque muitas vezes aquilo não é água mineral. Estão voltando a existir hábitos mais caseiros de ferver a água, por exemplo. E as pessoas têm cada vez menos vergonha de ter saídas mais baratas para o dia-a-dia. A moringa está tomando a vez da garrafa térmica no ambiente de escritório. E, em casa, ela acaba se tornando um bibelô ao lado da cama, às vezes é mais uma questão de ser uma peça decorativa. Também é uma questão de modismo, é cool ter uma moringa. Mas se precisar virar moda para todos terem uma atitude coerente na vida, que ótimo”.
Segundo Olívia, um outro fator inusitado também determina (e muito) a demanda pelas moringas na loja: “Brasileiro é um povo muito ligado à magia. Recebo muita gente procurando garrafas azuis de vidro para deixar no sol e receber a radiação certa para que a água tenha determinada energia, ou que apareçam mensagens na água. Há também esse fator místico”, conclui. Vale lembrar que a moringa é um importante instrumento de rituais da cultura afro-Brasileira.
Uma solução prática, saudável, ecológica, e que ainda pode ser muito estilosa, quando ganha desenhos de formas divertidas e design inusitado, a exemplo da Moringa #1, da Jodja. Ganhadora do iF Product Design Award 2011, é feita em porcelana branca ou estampada. Sua tampa pode ser usada também como copo, e sua forma levemente inclinada parece desafiar o equilíbrio da peça.
A Imaginarium, que já possuía uma linha de moringas já há certo tempo, visando atingir o público feminino apostou na customização da linha Moringa Renda, feita de acrílico com motivos de renda estampados. “Pensando em ter uma nova moringa delicada, percebemos que a renda era uma boa maneira de atingir esse público com algo próximo, familiar. A renda está presente na vida dos brasileiros e acabou sendo uma boa maneira de traduzir o artesanal, o pessoal ao produto”, conta Gilberto Carvalho, Gerente de Marketing da rede. Segundo ele, a moringa sempre foi um produto bem aceito pelo consumidor da Imaginarium e, no caso da linha rendada, o faturamento geral cresceu na faixa de 25%.
O retorno dessa demanda pelas moringas também pode ser uma boa fonte de renda para os artesãos, a exemplo do que conta André Araújo, curador do projeto Conexão Solidária, que congrega 40 comunidades no nordeste do país: “Uma das primeiras coisas sobre as quais fomos perguntados pelos lojistas quando apresentamos nosso piloto aqui em São Paulo foram as moringas”, diz. Uma das comunidades atendidas pelo projeto, em Cascavel, no Ceará, é forte produtora de cerâmica e tem um trabalho diferenciado em moringas: o barro puro, sem tratamento, recebe uma aplicação de renda em relevo. A técnica é exclusiva de uma família da região, passada de avós para filhos e netos, dentro de um grupo restrito de 20 artesãos.
As peças, de uso cotidiano dos moradores, passaram a atender uma demanda de hotéis e pousadas da região e agora também serão vendidas a lojistas de todo o Brasil, através da inauguração no próximo dia 20 de sua central de comercialização em São Paulo. “Estamos com um projeto piloto com Tok Stok e, se funcionar, devemos desenvolver com uma linha de objetos de barro, incluindo as moringas”, comenta André. Até lá, as peças podem ser compradas no atacado através do site www.conexaosolidaria.org.