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ARTIGO

PROGRAMA ASAS: DESIGN MILITANTE E TECNOLOGIA SOCIAL

Publicado por A CASA em 8 de Novembro de 2011
Por Natacha Rena

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PROGRAMA ASAS: DESIGN MILITANTE  E TECNOLOGIA SOCIAL[1]


Natacha Rena[2]
natacharena@gmail.com
Bruno Oliveira[3]
bruno@projetoasas.org

 

RESUMO

O Programa ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra – desenvolve ações de capacitação em artesanato e design visando o empoderamento da comunidade parceira e dos envolvidos na iniciativa. Com propostas envolvendo ensino, pesquisa e extensão, a equipe busca a consolidação de tecnologias sociais reaplicáveis que atuem entre o artesanato e o design. Este artigo apresenta o histórico destas ações e da metodologia, assim como um desenho do embasamento teórico dos projetos da iniciativa ASAS. Site do ASAS: www.projetoasas.org

Palavras-chave: Design Social; Capacitação em artesanato e design; Tecnologia Social.



INTRODUÇÃO
O ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra – surgiu em 2007 como um projeto de extensão isolado da Universidade FUMEC e tinha como objetivo principal capacitar uma equipe para trabalhar em uma oficina de estamparia que seria criada na Favela da Serra. Nos primeiros anos do projeto, foi constituído um grupo criativo e produtivo denominado ASAS_aglomeradas. Depois de quatro anos, o ASAS tornou-se um programa de extensão e, atualmente, tem como característica o desenvolvimento contínuo de projetos multidisciplinares inter-relacionando ensino, pesquisa e extensão. Por intermédio de projetos construídos em parceria com a comunidade do Aglomerado da Serra e a equipe de professores, alunos e técnicos da Universidade, o ASAS busca hoje consolidar tecnologias sociais reaplicáveis de geração de renda, que atuem em uma perspectiva contemporânea da interseção entre a arte, o artesanato e o design. Atualmente, pertencendo ao leque de atividades acadêmicas do Grupo de Pesquisa DADAA_Diferenças: Arte, Design, Arquitetura, Artesanato, vários projetos de extensão fazem parte do Programa ASAS e possuem uma metodologia específica voltada para o empoderamento de comunidades, além de se relacionarem diretamente com projetos de pesquisa na área de design social. Este Grupo de Pesquisa foi formado em 2004 envolvendo trabalhos de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de Design, Arquitetura, Arte e Artesanato e possui um foco de atuação pautado pela concepção de Arquitetura e Design Socioambiental. Essa diretriz consiste na aplicação do conceito de sustentabilidade nas vertentes social e ambiental, o que conseqüentemente conduz a um reflexo no âmbito da cultura e da economia, que são os outros desdobramentos do conceito citado acima. Esse pensamento pode ser traduzido nas linhas de pesquisa em uma produção de conhecimento ligada à formação de tecnologias sociais, desenvolvidas a partir de contexto socioculturais específicos e que podem ser reaplicadas de acordo com as demandas e condições de cada grupo de artesãos. Nas atividades de extensão, parte dessa lógica consiste em gerar ações que viabilizem a autonomia criativa e o empoderamento econômico dos beneficiários, oferecendo a eles a condição de um real reposicionamento social. Além disso, as intervenções impulsionam transformações de caráter ambiental a partir do momento em que promovem a conscientização dos beneficiários sobre a aplicação dos instrumentais para reaproveitamento criativo dos resíduos da indústria e do consumo como matéria-prima para as atividades produtivas. Nas atividades de ensino esses conhecimentos e experiências são repassados e aplicados como metodologias, práticas interativas e desenvolvimento de projetos colaborativos.

HISTÓRICO DAS AÇÕES ACADÊMICAS QUE ANTECEDERAM O ASAS
Acreditando na relação essencial entre ensino, pesquisa e extensão e na importância do envolvimento das universidades com comunidades com alto índice de vulnerabilidade social, é que demos início em 2003 a uma série de trabalhos com abordagens mais políticas. O primeiro trabalho desenvolvido foi o projeto interdisciplinar de pesquisa: Táticas de Sobrevivência, pautado em um vasto levantamento de inventos - resultados das táticas e estratégias de sobrevivência - dos moradores da Vila Ponta Porã, favela pertencente à região central da cidade de Belo Horizonte. Construiu-se um catálogo de objetos do cotidiano que revelaram o enorme potencial criativo do cidadão comum, principalmente quando exposto a situações de precariedade econômica. A intenção foi traçar uma micro cartografia de pequenas táticas de sobrevivência de homens comuns e sem qualidades. Documentaram-se as formas particulares de habitar e sobreviver destes moradores, que constroem um vasto universo de “gambiarras”.

Os trabalhos envolvendo capacitação em artesanato e design tiveram início em 2005, com o projeto de extensão intitulado Sempre Savassi, que, em parceria com instituições como CDL (Câmara dos Diretores Lojistas) e SEBRAE, envolveu diversas comunidades de artesãos. Durante a elaboração de uma metodologia adequada para realização deste projeto, surgiu a demanda do desenvolvimento de uma pesquisa conceitual mais consistente sobre questões que envolviam o artesanato e suas relações com a arte e o design. Esta investigação resultou na criação do conceito de Artesanato Urbano (que mais tarde se tornaria alvo de uma pesquisa), visando classificar os produtos que seriam elaborados pelos membros da comunidade envolvidos nestes projetos.

No ano de 2006 foi realizado o projeto Artesanato Solidário no Barreiro.  A capacitação em artesanato e design teve como foco alguns grupos de terceira idade, no intuito de promover a melhoria da qualidade dos produtos artesanais já desenvolvidos por esta população nos núcleos produtivos existentes na região do Barreiro. Por meio da proposta de criação de uma coleção de almofadas e contando com o apoio de diversas instituições parceiras (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; UNITEC – Nova Zelândia; ASTIB – Associação da Terceira Idade do Barreiro; entre outros), um plano de capacitação com aulas, palestras, visitas técnicas e oficinas foi oferecido para aproximadamente 30 beneficiárias. Ao final da capacitação foi lançado um catálogo[4] do projeto contendo a metodologia e as imagens das almofadas desenvolvidas, denominado Coleção 9 + 1.

Participamos, em janeiro e julho de 2007, de expedições do Projeto RONDON, realizado pelo Ministério da Defesa em parceria com diversas universidades brasileiras. Nas diversas ações nas cidades de Assis Brasil e Jequitaí, buscou-se desenvolver um processo de capacitação em artesanato como forma de geração de renda para as comunidades, utilizando-se de metodologia específica para ação de transformação dos processos produtivos em curto prazo. Em ambos os projetos, a força expressiva dos produtos foi resultado de um trabalho que revelou tanto as singularidades de cada um dos artesãos quanto a contaminação mútua de um intenso trabalho coletivo.

Em 2007, com o apoio da Universidade FUMEC e da FUNADESP também foi desenvolvida a pesquisa de iniciação científica Artesanato Urbano, com a qual se pôde mapear alguns importantes projetos de capacitação em artesanato e design no Brasil. O objetivo principal foi analisar os projetos da forma mais completa, desde a concepção metodológica e o plano de sustentabilidade das ações e produtos, passando pelos resultados da capacitação (produtos), até a etapa de inserção dos grupos produtivos no mercado, buscando verificar a eficácia da atuação dos designers junto às comunidades de artesãos e entender até que ponto os projetos realmente empoderavam seus beneficiários.

Além da atuação em pesquisa e extensão, aos poucos foi surgindo uma forte demanda, por parte dos alunos da graduação, por uma disciplina que pudesse oferecer um instrumental teórico compatível com a abordagem crítica necessária para a construção e desenvolvimento de projetos nesta área. Criou-se então a disciplina optativa ARTESANATO E DESIGN, visando instigar a reflexão teórica sobre a relação entre design, artesanato e política. Esta disciplina permanece sendo ofertada, tendo como objetivo preparar o aluno de design para que ele possa se tornar um profissional com potencial ativo para atuar em programas de capacitação em artesanato e em projetos de gestão cultural com caráter social.

Também durante o ano de 2007 iniciaram-se as atividades do Projeto ASAS_aglomeradas. Logo após ter sido aprovado pelo Proex da Universidade FUMEC, ele foi submetido ao Prêmio UNISOL/Banco Real e como reconhecimento do trabalho e das metodologias de reposicionamento social desenvolvidas por meio de iniciativas nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, o projeto ASAS ficou entre os dez premiados no concurso Banco Real Universidade Solidária com o tema Desenvolvimento Sustentável com ênfase em Geração de Renda. O prêmio de R$ 40 mil foi um incentivo para a implementação do plano de capacitação ao longo de um ano. No ano de 2009, a parceria foi renovada e o projeto ASAS recebeu mais R$ 40 mil para complementar as atividades e adquirir novos equipamentos para a oficina de estamparia construída no Aglomerado da Serra. Um primeiro catálogo indexado foi lançado[5] - ASAS_ARTESANATO SOLIDÁRIO NO AGLOMERADO DA SERRA - contendo artigos dos professores envolvidos, assim como a metodologia utilizada no projeto, depoimento dos alunos, funcionários e dos artesãos capacitados e as imagens dos produtos da primeira coleção desenvolvida.

O ASAS HOJE
Atualmente o ASAS é um Programa de Extensão da Universidade FUMEC, que promove a formação de uma rede criativa e produtiva no Aglomerado. Este programa possui três projetos em andamento e possui 20 beneficiários diretos: o ASAS_aglomeradas (9 beneficiárias), que  possui uma oficina completa de estamparia e uma equipe de artesãos capacitados em estamparia, encadernação e costura; o ASAS_modalaje (7 beneficiárias), iniciado no segundo semestre de 2010, e que é um dos núcleos produtivos da rede que tem como objetivo o desenvolvimento de peças de moda à partir de modelagem, costura e bordado experimentais; o ASAS_bambu (4 beneficiários) que possui artesãos capacitados no manejo do bambu, bem como na construção de móveis e produtos à partir do bambu in natura. No segundo semestre de 2010 iniciou-se um novo ciclo de capacitação para efetivar a criação de uma rede produtiva englobando os três projetos.  No final do ano de 2010, esta REDE PRODUTIVA foi vencedora do Prêmio Santander Universidade Solidária e conta novamente com mais 50 mil reais e um acompanhamento constante do grupo UNISOL/ SANTANDER tanto para orientação de questões relacionadas à metodologia, quanto para o desenvolvimento de diversas ações relacionadas à gestão de projetos socioambientais.

Acredita-se que estas novas propostas irão dar mais visibilidade às ações e ampliar o mercado e o valor agregado dos produtos desenvolvidos, além da diversificação das peças e do aumento do número de artesãos envolvidos. O ASAS tem realizado atividades de capacitação voltadas para o empoderamento técnico e criativo dos beneficiários, assim como oficinas que visem o estabelecimento de um processo integrado e sustentável de planejamento, gestão e produção de objetos com alto valor agregado entre os núcleos produtivos envolvidos na iniciativa. A equipe do projeto se tornou multidisciplinar e conta com alunos e professores dos cursos de Design de Interiores, Design de Moda, Design Gráfico, Arquitetura, Engenharia Ambiental, Psicologia, Administração e Ciências Contábeis, o que garante uma maior diversidade de ações como também um aprendizado transdisciplinar, mais rico e colaborativo.

Como atividade acadêmica complementar e necessária para o aprimoramento dos projetos de extensão do Programa ASAS, iniciou-se em agosto de 2010 uma pesquisa denominada Desenvolvimento de Tecnologia Social para realização de projetos de capacitação em artesanato e design tendo o Projeto ASAS_aglomeradas como estudo de caso. O objetivo desta pesquisa é avaliar a metodologia utilizada nos projetos de capacitação, principalmente no ASAS_aglomeradas, com a meta de gerar diretrizes para novos projetos. Investiga-se o processo criativo colaborativo desenvolvido no ASAS, até então, pois acredita-se que é possível identificar e listar características e procedimentos que contribuam positivamente para capacitar e formar multiplicadores do conhecimento adquirido.

O LOCAL E A COMUNIDADE
Os favelados, embora sejam apenas 6% da população urbana dos países desenvolvidos, constituem espantosos 78,2% dos habitantes urbanos dos países menos desenvolvidos; isto corresponde a pelos menos um terço da população urbana global. (DAVIS, 2006, p. 34)

O desenvolvimento de projetos socioambientais no Aglomerado da Serra é a proposta de um dos programas de extensão priorizados pela Universidade FUMEC, principalmente pelo fato de estar territorialmente próximo ao campus universitário. Portanto, a escolha do local faz parte de uma estratégia acadêmica criada pela gestão dos setores de pesquisa e extensão na universidade.

O conjunto de vilas e favelas denominado Aglomerado da Serra está localizado dentro da região sul da cidade, em um dos setores residenciais de mais alto poder aquisitivo da cidade de Belo Horizonte, onde também se encontra a Universidade FUMEC. A proposta tem como ênfase a atuação em associações comunitárias e principalmente escolas municipais e, teve como origem um projeto piloto em uma escola específica. A falta de infra-estrutura, recursos materiais e capital humano nas escolas públicas são ainda um grande empecilho para que estas unidades sustentem projetos de inserção econômica e capacitação profissional adequados à realidade social e às demandas do mercado de consumo e serviços hoje, e portanto, parcerias com universidades podem auxiliar, e muito, na implementação de projetos de extensão que rendam frutos evidentes, inclusive à curto prazo.

Dentro da comunidade escolhida o foco da ação do projeto ASAS_aglomeradas foi na Escola Municipal Padre Guilherme Peters[6]. A escola pertencente à Vila Novo São Lucas tem procurado parcerias para que seus alunos possam se apropriar de novos conhecimentos e tecnologias que os ajudem a enfrentar novas dinâmicas educacionais e de trabalho. Além de possuir turmas de alunos da Educação Infantil até a nona série do Ensino Fundamental, possui também, no turno da noite, turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Muitos programas parceiros têm aberto novos horizontes para esses alunos, que em sua maioria estão distantes de exercer uma atividade econômica por falta de capacitação específica.

O projeto Vila Viva da Prefeitura de Belo Horizonte, considerado um dos maiores projetos de urbanização de favelas do país no momento, se propõe a urbanizar o conjunto de vilas, ligando diretamente, através de grandes vias asfaltadas, duas regiões da cidade. Mesmo que haja um investimento na melhoria das condições de vida da população local e na sua inserção definitiva no cenário urbano formal, seria preciso repensar a real questão que impossibilita com que muitos moradores do lugar não tenham acesso ao mercado de trabalho. A educação para todos e a capacitação profissional devem ser a base de qualquer projeto de inclusão social. Simplesmente oferecer melhores condições de habitabilidade (o que é inclusive bastante questionável quando se vê o tipo de moradia que a prefeitura oferece aos moradores deslocados de suas residências originais[7]) não gera espontaneamente novas condições de trabalho e dinâmicas sociais mais justas. A região onde se encontra a Escola Municipal Padre Guilherme Peters, é afastada dos principais pontos de urbanização, determinando um menor investimento em obras na sua adjacência. Esta situação acaba por gerar um desnível de oportunidades dentro do próprio aglomerado, acentuando ainda mais as questões ligadas ao desemprego, violência e exclusão social.

Na última pesquisa para a Prova Brasil o índice socioeconômico no aglomerado foi de 1.1 numa escala de 1 a 5. Além disto, outra justificativa para a escolha da Escola Municipal Padre Guilherme Peters como local de atuação é que esta foi uma das duas escolas de mais baixo índice socioeconômico da cidade, revelando uma enorme necessidade de melhorar a sua infra-estrutura e estabelecer parcerias externas que complementem o processo educativo e respondam às demandas que a escola não pode atender sozinha.

OBJETIVOS DOS PROJETOS ENVOLVIDOS NO PROGRAMA ASAS
O território, hoje, pode ser formado de lugares contíguos e de lugares em rede. São, todavia, os mesmos lugares que formam redes e que formam o espaço banal. São os mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações diferentes, quiçá divergentes e opostas. Esse acontecer simultâneo tornado possível graças aos milagres da ciência, cria novas solidariedades: a possibilidade de um acontecer solidário, malgrado todas as formas de diferença, entre pessoas, entre lugares. (SANTOS, 1994, p.16)

O objetivo geral do programa ASAS se pauta no desenvolvimento de tecnologias sociais (TSs) reaplicáveis que, segundo Lassance e Pedreira (2004, p. 66), podem ser definidas como um “conjunto de técnicas e procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida”. Baseadas na interseção entre ensino, pesquisa e extensão em design social e buscando promover autonomia criativa e produtiva de forma sustentável nas comunidades envolvidas, tais tecnologias consolidam a metodologia do projeto e incitam discussões que subsidiam políticas acadêmicas para uma prática atrelada à necessidade de um real empoderamento dos beneficiários. Além disto, demandam um grande número de alunos capacitados para atuar de forma mais colaborativa e menos autoral, proporcionando uma mudança de paradigma no meio acadêmico.

Existe uma enorme necessidade de desenvolvimento de parâmetros teóricos que possam nortear as ações no sentido de valorizar, para além do empoderamento econômico por si só, a identidade cultural de grupos e comunidades locais, promovendo a melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas e potencializando a construção de uma identidade cultural compatível com o território e a época em que se produz o artefato.  Agregar valor aos produtos através da coleta de informações que nutram a criação de iconografias, que revelem nos produtos, a localidade e a cultura de comunidades específicas faz parte do eixo metodológico adotado. Para que isto aconteça, ao longo de todo o processo, realizamos pesquisas sobre design, artesanato, arte e outras manifestações que reflitam aspectos contemporâneos da capacitação em artesanato e design que apresentem parâmetros da produção nacional e internacional e que possam auxiliar nas metodologias de criação e desenvolvimento de produtos.

Frutos de longas pesquisas metodológicas, estes processos de capacitação que envolvem aulas teóricas intercaladas com oficinas criativas e técnicas são documentados por meio de textos em uma publicação indexada[8]. Os alunos são incentivados a pesquisar temas importantes para o universo do design contemporâneo e, principalmente, que envolvam a produção deste outro design, que transcenda o raciocínio positivista e industrial vigente na academia e que se encontre na interface com parâmetros de responsabilidade social através do estabelecimento de vínculos com a comunidade, conectando de forma intensa as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Temas abordados durante a capacitação acabaram por contribuir para o bom desempenho das atividades de campo e do projeto como um todo, e entre eles se destacaram o desenvolvimento do trabalho coletivo focado em ações colaborativas, culminando em um processo mais organizado e produtivo e também na conscientização dos artesãos e alunos bolsistas da importância deste tipo de dinâmica de trabalho (tanto no processo criativo e produtivo quanto nos processos de gestão e planejamento). Tais temas também reafirmaram a relevância do empoderamento dos beneficiários e dos próprios alunos, obtendo como resultado processos de pesquisa e criação mais dinâmicos, mais democráticos e também mais inovadores sobre a percepção dos territórios subjetivos da favela (cidade informal) e da cidade formal como um todo. Estas discussões alimentaram tanto os temas das coleções, como o aprendizado da equipe em relação às formas como nos relacionamos com estes territórios desconhecidos e pouco experimentados por quem mora e vive na cidade formal.

METODOLOGIA ADOTADA NOS PROJETOS DO PROGRAMA ASAS
Essa definição que busca o desenvolvimento sustentável opõe-se ao modelo de desenvolvimento dominante, que promove a fusão de empresas, a concentração do capital e da renda, o aumento da desigualdade social, a exclusão social, a segregação urbana, (...). Mesmo nas épocas em que houve crescimento, não se reduziu a desigualdade.  (...) queremos um desenvolvimento que beneficie a grande maioria da população; queremos um desenvolvimento com distribuição  de renda; queremos um desenvolvimento que seja um projeto identificado com as aspirações da população e sustentado por ela. (BAVA, 2004, p. 110)

O processo de capacitação da equipe constitui parte fundamental da metodologia e se constrói de forma continuada durante todo o período do projeto. As reuniões semanais envolvem além de questões relacionadas aos problemas cotidianos, discussões sobre o embasamento teórico da proposta e a contextualização das ações realizadas pelo projeto. A troca de experiências, informações e referências durante estes processos consolidam os parâmetros das ações (de ensino, de construção da coletividade, da proposição de maneiras de gestão do grupo na favela, dos eventos realizados, etc.), viabilizando o estabelecimento de relações e propostas diferenciadas. A coordenação, no entanto, precisa ter consciência de seus limites, observando quando é necessário agir firmemente e quando deixar que os alunos, junto à comunidade, tomem decisões e direções nas atividades. Este é um limite tênue e extremamente difícil de ser atingido pelo professor, porque devido ao sistema convencional de ensino, no qual a maioria dos participantes foi formada, existe, em geral, uma relação forte de hierarquia e centralização. Tendo a coordenação, assumido este posto de supervisão e orientação do processo, permitindo um maior engajamento e autonomia dos alunos, estes últimos puderam participar mais diretamente do planejamento das ações e da própria capacitação dos artesãos na favela, propondo direcionamentos e delineando estratégias para o próprio projeto.  Desta forma, consegue-se compor um grupo de alunos presentes e atuantes, destacando-se por iniciativas responsáveis e eficazes para o avanço do trabalho em direção aos objetivos propostos.

Ressalta-se aqui que, para capacitar alunos de design para trabalhar nesta interface com artesanato, é necessário rever a maneira como o estudante de design é incentivado na academia a possuir um trabalho autoral. Esta idéia precisa ser diluída em projetos com foco em criação e gestão colaborativas para que os alunos compreendam na prática as dificuldades de se trabalhar com o outro nestes processos que visam o desenvolvimento de estratégias de negociação e troca de conhecimento. É, para a maioria dos alunos que entram no grupo, uma novidade e um desafio ter como objetivo aprender com o outro, trocar experiências, negociar procedimentos para que possam surgir produtos que sejam realmente conseqüência de uma subjetividade coletiva, já que esta só se produz no embate cotidiano de idéias entre pessoas com origem social, cultural e econômica tão diversas.

A equipe executora do projeto se pauta constantemente pelo incentivo em ações colaborativas como possibilidade de trabalho, por meio de metodologias que incentivem a autoria coletiva dos produtos. Percebeu-se que de maneira indireta, estas práticas colaborativas reforçam a idéia de grupo reafirmando uma identidade local, que, mesmo sendo híbrida e multifacetada, auxilia na consolidação de uma equipe criativa e produtiva mais coesa. A partir da utilização de tais metodologias experimentais ficou clara a importância da construção de novas estratégias de invenção a serem realizadas em projetos de capacitação em artesanato e design, tanto para o grupo de alunos (que precisam trabalhar coletivamente e pensar nas estratégias de ação do projeto como um todo), quanto para o grupo de beneficiários (que precisam entender a necessidade e a potencialidade que o trabalho coletivo pode trazer para a iniciativa).

INDICADORES DE AVALIAÇÃO
Faz-se fundamental discorrer sobre a maneira como os indicadores de avaliação passaram a constituir um aspecto muito importante da metodologia do ASAS. Estes fizeram parte do processo de trabalho estabelecido com a equipe do UNISOL/SANTANDER durante o acompanhamento das ações do projeto ASAS_aglomeradas nos anos de 2008 e 2009. Incorporados de forma definitiva ao cronograma de atividades, a elaboração continuada dos indicadores enquanto parâmetro de avaliação de processos e resultados se tornou uma ferramenta crucial para o direcionamento das propostas de atuação, embasando as decisões e comprovando a eficácia ou não de tais procedimentos.

Entre os principais indicadores do ASAS encontra-se a autonomia dos beneficiários e dos alunos, promovida através de ações que visam a consolidação dos grupos de forma coletiva e colaborativa. A autonomia dos beneficiários em relação à criação, produção e contato com clientes e fornecedores se faz tão importante quanto a formação de uma equipe executora de alunos proativos e dispostos a se apropriar das práticas do projeto. A partir da valorização das potencialidades individuais, propõe-se constituir grupos múltiplos que se fortaleçam por meio do desdobramento dos conhecimentos adquiridos e da autoria coletiva da produção.

Outros indicadores também relevantes durante o desenvolvimento do projeto são a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários diretos (participantes das oficinas) e indiretos (familiares, amigos e demais membros da comunidade), tendo como referência; qualidade dos produtos desenvolvidos (avaliação dos lojistas e dos próprios beneficiários em relação ao acabamento e ao produto como um todo); a ampliação do repertório e o olhar crítico sobre a criação; divulgação do projeto (que se dá semanalmente via o blog criado: www.projetoasas.org); e, finalmente, a consolidação de novas parcerias que viabilizem a continuidade dos processos de capacitação.
Durante o ano de 2010, o ASAS foi finalista e venceu alguns prêmios muito importantes: Finalista no Concurso Planeta CASA da Editora Abril na Categoria Ação Social, em outubro de 2010; Primeiro lugar na categoria Ação Socioambiental do 2º Prêmio Objeto Brasileiro realizado por A CASA  Museu do Objeto Brasileiro, em novembro de 2010; Vencedor no Concurso de Projetos de Extensão Nacional UNISOL/SANTANDER com o Projeto Rede de produção artesanal no Aglomerado, em 2010; Vencedor do Prêmio concedido pela ABMES com o primeiro lugar nacional do Prêmio Top Educacional Professor Mário Palmério 2010 e, atualmente, finalista no Prêmio Cidadania Sem Fronteiras.

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E DESIGN MILITANTE
O artesanato é uma atividade com um elevado potencial no conjunto de ações que incentivam a elaboração de políticas para geração de renda e reposicionamento social. O design, aliado ao artesanato, pode estabelecer-se como eixo estratégico no desenvolvimento dos territórios, empoderando comunidades em estado de vulnerabilidade social e promovendo sua autonomia criativa e de gestão. Agenciar novas produções colaborativas de artesanato em locais onde não havia uma cultura de técnicas de criação e de produção artesanal foi, e continua sendo, um dos grandes desafios deste projeto. Utilizando-se um conceito amplo de Design Social, inserido no raciocínio do conceito de Tecnologia Social, desenvolveu-se uma metodologia de criação que incitasse o trabalho coletivo e colaborativo, articulando processos inovadores que resultassem na construção de objetos contendo fortes características locais. O incentivo à elaboração de produtos com alto valor agregado surge em paralelo com o crescimento de um mercado de consumo responsável, que valoriza cada vez mais produtos com propostas estéticas contemporâneas alinhadas às tendências do universo do design sustentável e, ao mesmo tempo, produzido por comunidades de artesãos locais.

Acredita-se que os processos de criação, quando bem estruturados, possam incentivar a coletividade, possibilitando a união dos grupos e a capacidade de trabalho colaborativo. Sabe-se que em comunidades socialmente vulneráveis é bastante difícil desenvolver um trabalho de integração devido às diferenças sociais vigentes. Como não existem metodologias publicadas e conhecidas de procedimentos coletivos e colaborativos em design e artesanato, pensa-se que seja papel da universidade registrar, organizar, analisar e desenvolver informações que possam construir novas Tecnologias Sociais que auxiliem em projetos envolvendo design e geração de renda.

Por fim, entende-se como necessária a introdução de outras formas de lidar com o design que possibilitem novos parâmetros para a consolidação da produção de um campo expandido para esta disciplina para além do tecnicismo e do mercado de produção em massa, incentivando um desenvolvimento contaminado pelo cotidiano, pela arte, pela arquitetura, pelo urbanismo, e que possa existir de uma maneira mais social e política criando um ambiente para a existência de um design mais engajado e militante.

A militância atual é uma atividade positiva, construtiva e inovadora. Esta é a forma pela qual nós e todos aqueles que se revoltam contra o domínio do capital nos reconhecemos como militantes. Militantes resistem criativamente ao comando imperial. Em outras palavras, a resistência está imediatamente ligada ao investimento constitutivo no reino biopolítico e à formação de aparatos cooperativos de produção e comunidade. Eis a grande novidade da militância atual: ela repete as virtudes da ação insurrecional de duzentos anos de experiência subversiva, mas ao mesmo tempo está ligada a um novo mundo, um mundo que não conhece nada do lado de fora. Ela só conhece o lado de dentro, uma participação vital inevitável no conjunto de estruturas sociais, sem possibilidade de transcendê-las. Esse lado de dentro é a cooperação produtiva da intelectualidade das massas e das redes afetivas, a produtividade da biopolítica pós-moderna. Essa militância faz da resistência um contrapoder e da rebelião um projeto de amor. (HARDT & NEGRI, 2001, p. 436)


Um dos pontos importantes a se compreender é que, em projetos sociais desta natureza, os discursos idealistas e utópicos, mesmo que muito bem intencionados, são extremamente difíceis de serem concretizados. É preciso coragem e perseverança dada a complexidade do encontro entre vidas com dinâmicas cotidianas tão diversas. Mesmo que seja fundamental, pensar um projeto (ideal) com diagnóstico, objetivos, metodologia, cronograma, não há nenhuma garantia de resultados eficazes em curto prazo. O inesperado é uma constante, sendo assim é necessário que haja uma grande flexibilidade nas ações e uma compreensão permanente da necessidade de se reinventar os processos, criando diferentes situações para as novas realidades que se apresentam.

É também muito importante dizer que, em casos de projetos de extensão universitária, nos quais quase sempre existe uma relação cotidiana com uma comunidade em estado de vulnerabilidade social, é preciso estar atento, a todo momento, ao perigo do estabelecimento de relações de poder entre os alunos e professores universitários (designers) e os beneficiários da comunidade. É necessário entender que o trabalho envolvendo realidades sociais díspares deve estabelecer um ambiente de troca de experiências de vida e de conhecimento. Acredita-se na potência de invenção latente nas relações geradas pela fricção entre o erudito e o conhecimento popular. Muitos resultados positivos do ponto de vista coletivo, social e pessoal, são difíceis de mensurar, mas precisam também ser mapeados e agregados aos resultados qualitativos positivos dos projetos.

O objetivo essencial deste tipo de projeto, que faz parte do programa ASAS, é também estabelecer uma rede de trocas desierarquizada e compreender que todos aprendem e ampliam os seus horizontes ao longo destas experiências. Nestes projetos de extensão, a consciência da atuação política deve ser evocada a todo momento para que a construção das tecnologias sociais não aconteça de forma consciente apenas no nível técnico e burocrático, que é um risco evidente dentro das estruturas acadêmicas.

Alguns movimentos, iniciativas e campanhas reúnem-se em torno do princípio da igualdade, outros em torno do princípio da diferença. A teoria da tradução é o procedimento que possibilita a sua mutual inteligibilidade. Tornar mutuamente inteligível significa identificar o que une e é comum a entidades que estão separadas pelas suas diferenças recíprocas. (SANTOS, 2006, p.198)

Segundo Boaventura de Souza Santos, a construção do cosmopolitismo, que se assenta no procedimento de tradução, requer uma inteligibilidade mútua, que é pré-requisito do que o autor chamaria “a mistura, auto-reflexiva e interna, da política da igualdade e da política da diferença no seio dos movimentos, das iniciativas, das campanhas ou das redes.” (SANTOS, 2006, p. 198)

O autor trata aqui da luta contra-hegemônica, o que também chamamos de biopotência, que são práticas de manifesto, ou programas claros e inequívocos, de alianças que são possíveis porque se baseiam em denominadores comuns, objetivos comuns, e que são mobilizadoras porque produzem uma ação positiva, isto é, porque conferem vantagens específicas a todos, em função do seu grau de participação. Todos devem ganhar neste processo de troca que deve ser equilibrado, gerando benefícios, não num sentido capitalista exclusivamente do termo, mas num sentido mais amplo, que engloba a generosidade e a solidariedade humana dentro de um movimento de tradução, invenção e formulação de tecnologia social. Desenvolvendo projetos de extensão, aliados a pesquisas que desloquem e aprimorem constantemente o fazer, pretende-se gerar, através do encontro de instituições, profissionais e pessoas de realidades sociais e culturais diversas, atos que se dão como biopotência, que resistem aos mecanismos do biopoder estabelecido pelas relações perversas do capital contemporâneo. Acredita-se numa nova forma de militância criativa, num outro design.

Todos e qualquer um inventam, na densidade social da cidade, na conversa, nos costumes, no lazer – novos desejos e novas crenças, novas associações e novas formas de cooperação. (…) Todos e qualquer um, e não apenas os trabalhadores inseridos numa relação assalariada, detêm a força-invenção, cada cérebro-corpo é fonte de valor, cada parte da rede pode tornar-se vetor de valorização e de autovalorização. Assim, o que vem à tona com cada vez maior clareza é a biopotência do coletivo e a riqueza biopolítica da multidão. (PELBART, 2003, p. 139)

Em países de terceiro mundo, segundo MALDONADO (1993, p. 83), é precisamente onde a indústria manufatureira é quase inexistente e o discurso relativo ao desenho industrial assume significado, no melhor dos casos apenas programático. Seria preciso rever o tradicional papel do designer voltado apenas para o mercado, num país onde existem altos índices de pobreza e exclusão social.

Vivendo em regiões metropolitanas cravadas de bolsões de pobreza e favelas, é muito importante que formemos designers preparados para atuar com design social. Segundo MARGOLIN:

Estudantes de design social terão de aprender mais sobre as necessidades sociais e de como elas são resolvidas atualmente por profissionais de assistência. (…) Eles também necessitam de um conhecimento maior de sociologia, psicologia e políticas públicas. Até onde sabemos, nenhum programa de universidade treina especificamente designers sociais. (MARGOLIN & MARGOLIN, 2004, p. 47)

Talvez em 2004, quando este texto foi escrito, a situação do design atrelado ao artesanato estivesse um pouco diferente da qual se encontra nos dias atuais. Foi exatamente neste momento que a extensão universitária começou a ganhar uma dimensão compatível com a realidade cotidiana da população brasileira e passaram a surgir possibilidades acadêmicas frutíferas para participação de ações em comunidades com projetos de capacitação em design e artesanato.

As diretrizes conceituais que norteiam as nossas ações no ASAS estão diretamente relacionadas com a importância do papel social do designer, enquanto parte de um mecanismo de desenvolvimento sustentável com responsabilidade social, no qual o foco é nas possíveis metodologias que possibilitem o ingresso de designers em ambientes de vulnerabilidade social.

Acredita-se numa nova forma de militância criativa, num outro design, menos autoral e estético, e mais político e ético. Uma frase que representa bem claramente o que acreditamos por extensão universitária e possui um movimento intelectual bastante sutil que nos orienta vem do pensador Richard SENNET (2008, p. 9): “fazer é pensar”. A extensão nos possibilita  realizar ações que alimentam o pensamento e assim num ciclo contínuo, surgem teorias que aprimoram e reinventam as práticas.

Para finalizar, é preciso dizer que estamos totalmente alinhados com as diretrizes do Plano Nacional de Extensão Universitária, não acreditamos em ações assistencialistas e muito menos em relações hierarquizadas com relação às comunidades:

Do assistencialismo passou-se ao questionamento das ações desenvolvidas pela extensão; de função inerente à universidade, a extensão começou a ser percebida como um processo que articula o ensino e a pesquisa, organizando e assessorando os movimentos sociais que estavam surgindo. (…) através de um processo de educação superior crítica, com o uso de meios de educação de massa que preparassem para a cidadania, com competência técnica e política. (…)A pesquisa, tanto a básica quanto a aplicada, deveria ser sistematicamente direcionada ao estudo dos grandes problemas, podendo fazer uso de metodologias que propiciassem a participação das populações na condição de sujeitos, e não na de meros espectadores. (…) Esse tipo de extensão - que vai além de sua compreensão tradicional de disseminação de conhecimentos (cursos, conferências, seminários), prestação de serviços (assistências, assessorias e consultorias) e difusão cultural (realização de eventos ou produtos artísticos e culturais) - já apontava para uma concepção de universidade em que a relação com a população passava a ser encarada como a oxigenação necessária à vida acadêmica. Dentro desses balizamentos, a produção do conhecimento, via extensão, se faria na troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, tendo como conseqüência a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do confronto com a realidade. (Plano Nacional de Extensão Universitária Edição Atualizada Brasil 2000 / 2001. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu / MEC, p. 03)


A extensão não deve transferir ou repassar conhecimento, ela deve construir conhecimento coletivamente num ambiente de troca constante, incluindo o ensino e a pesquisa. Ao mesmo tempo, acreditamos que uma pesquisa precisa funcionar, servir pra alguma coisa que realmente transforme a vida das pessoas ou melhore as condições de habitabilidade no mundo. “É isso, uma teoria é exatamente como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o significante. É preciso que sirva, é preciso que funcione.” (DELEUZE, 2006, p. 267)

NOTAS:

 [1] Este texto é uma revisão de um artigo já publicado pelos mesmos autores no ultimo catálogo do Projeto ASAS: RENA, N. S. A. (Org.) Territórios aglomerados. 1. ed. Belo Horizonte: Universidade FUMEC, 2010. v. 1000 e também no Prêmio Top Educacional Mário Palmerio 2010/ Cecília Eugenia Rocha Horta (Org.). Brasília: ABMES, 2001. 82 p.; 21 cm – (Cadernos ABMES: 21).

[2] Professora Titular II da Universidade FUMEC; Coordenadora do Programa ASAS (www.projetoasas.org); Professora Adjunta da Escola de Arquitetura da UFMG; Coordenadora do Programa DESEJA.CA_Desenvolvimento sustentável no Jardim Canadá; Coordenadora de Projetos Socioambientais do JA.CA (http://jacaarte.org/); Coordenadora de Projetos da COMUNA S. A.; Faz parte do coletivo AGLOMERADO CRIATIVO.

 [3] Vinculação Institucional: Técnico do Laboratório de Fotografia da Universidade FUMEC/FEA; Faz parte do coletivo AGLOMERADO CRIATIVO.

[4] RENA, Natacha (Org.). Coleção 9 + 1. Belo Horizonte: Editora Faculdade de Engenharia e Arquitetura FEA – Universidade FUMEC, 2008.

 [5] RENA, Natacha.; PONTES, Juliana. (Orgs.). ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra. 1. ed. Belo Horizonte: Editora Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade FUMEC, 2009.

[6] Rua Coronel Jorge Dário, s/número. CEP 30240560 Bairro Novo São Lucas, Belo Horizonte.

[7] O projeto Vila Viva, mesmo que ainda em execução, já torna visível o processo de gentrificação da localidade. Conjuntos residenciais de alto luxo já são planejados e se instalam em quarteirões inteiros nas proximidades do Aglomerado da Serra.

[8] RENA, N. S. A. (Org.) Territórios aglomerados. 1. ed. Belo Horizonte: Universidade FIMEC, 2010. v. 1000.

REFERÊNCIAS

BAVA, Tecnologia Social e Desenvolvimento Social. In: Tecnologia social – uma estratégia para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004.
DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2007.
DELEUZE, G. A ilha deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006.
HARDT & NEGRI. Império. Rio de Janeiro: Record, 2001.
LASSANCE JÚNIOR, A. E.; PEDREIRA, J. S. Tecnologias sociais e políticas públicas. In: Tecnologia social – uma estratégia para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004.
MARGOLIN, Victor; MARGOLIN, Sylvia. Um “Modelo Social” de Design: questões de prática e pesquisa. Design em Foco v. I, n. 1. Salvador: 2004.
PELBART, P. P. Vida Capital. Ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2003.
OLIVEIRA, B.; RENA, N. S. A. Capacitação em Artesanato e Design no Aglomerado da Serra: gerando tecnologia social com intuito de empoderar a comunidade beneficiária. In: Sétimo Seminário de Extensão Universitária da Universidade FUMEC, 2010, Belo Horizonte. Cadernos de Artigos 2009. Belo Horizonte: Universidade FIMEC, 2010. v. 1. p. 7-117.
RENA, N. S. A. (Org.). Territórios aglomerados. 1. ed. Belo Horizonte: Universidade FUMEC, 2010. v. 1000.
RENA, N. S. A. & PONTES, J. (Orgs.). ASAS - Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra. 1. ed. Belo Horizonte: Editora Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade FUMEC, 2009.
SANTOS, B. S. A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. São Paulo: Corteza, 2006.
SANTOS, M. O retorno do território. In: SANTOS, M; SOUZA, M. A. de; SILVEIRA, M. L. Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec, 1994.
SENNET, R. O Artíficie. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: O PROGRAMA ASAS SEUS PRÊMIOS (NÃO CITADOS NO ARTIGO ANTERIOR) E PUBLICAÇÕES ENTRE 2010 E 2011:

CONGRESSOS/SIMPÓSIOS/SEMINÁRIOS
·    PALESTRA OIFUTURO
·    SEGUNDO SIMPÓSIO DE MODA E TECNOLOGIA EM CAXIAS DO SUL
ANAIS/CATÁLOGOS/LIVROS/ REVISTAS
·    PUBLICAÇÃO NOS ANAIS DO PRÊMIO TOP EDUCACIONAL MÁRIO PALMÉRIO _ ABMES (http://projetoasas.org/blog/tag/premios/)
·    CASA CLÁUDIA
(http://projetoasas.org/blog/2011/06/24/asas-na-casa-claudia-2/)
·    Entrevista no jornal LETRAS n.48 (http://www.cafecomletras.com.br/letras)
TV
·    TEDx Cidade Jardim
(http://www.youtube.com/watch?v=7_Z5KlWpF4M)
·    TAL_TV DA AMÉRICA LATINA
 (http://www.youtube.com/watch?v=evq6Y1baZis&feature=related)
·    REDE GLOGO MGTV
(http://www.youtube.com/watch?v=aBEokCfWpoE&feature=player_embedded
·    REDE MINAS
 (http://www.youtube.com/watch?v=kAyCUm0IJa8&feature=related)
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