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SELOS VERDES AJUDAM A AGREGAR VALOR AO PRODUTO E CONQUISTAR O MERCADO

Publicado por A CASA em 23 de Maio de 2012
Por Lígia Azevedo

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Economia verde, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental são termos cada vez mais recorrentes, que contribuem para o aumento da exigência de empresas e consumidores no mercado nacional e internacional. Para agregar valor ao produto e atender a essas preocupações do mercado, uma das ferramentas cada vez mais procuradas são os selos de certificação ambiental, em especial para quem tem como matérias-primas a madeira e demais produtos de extração florestal.

O sistema de certificação florestal de maior credibilidade internacional é o selo do FSC (Forest Stewarship Council), iniciativa criada em 1993 cujo braço no Brasil é o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal / FSC Brasil. O FSC possui dois tipos de selo: a Certificação de Manejo Florestal e a Certificação Cadeia de Custódia. A primeira certifica o produto em sua origem, é voltada a pequenas ou grandes operações florestais ou associações comunitárias que fazem a extração de matérias-primas florestais. A segunda é dirigida a produtores que processam a matéria prima de floresta certificada - serrarias, fabricantes, designers etc - e garante a rastreabilidade, integra a cadeia produtiva desde a floresta até o produto final.

A Certificação de Manejo Florestal assegura um manejo florestal responsável pautado por dez princípios e critérios, que envolvem atributos de valor ambiental, sociocultural e econômico, como respeito às leis e à posse de terras, respeito aos povos indígenas, impacto ambiental e relações trabalhistas. O certificado é válido por 5 anos, sendo realizado pelo menos um monitoramento a cada ano.

Segundo Adriana Reis, coordenadora técnica do FSC, “os efeitos positivos da certificação FSC já comprovados são melhoria de acesso ao mercado, podendo ampliar o marketshare de quem comercializa produtos florestais certificados, preços mais elevados, contratos de compra e venda mais estáveis​​, acordos de crédito favoráveis, eficiência de produção e melhoria da imagem pública do empreendimento certificado”.

No Brasil, há 5 certificadoras credenciadas no FSC, sendo uma das principais a Imaflora. Dos 6,5 milhões de hectares de florestas plantadas no Brasil, 57% são certificados pelo sistema FSC, sendo 3 milhões deles através do Imaflora. O que significa também cerca de 20 mil trabalhadores beneficiados pela certificação.

O Imaflora é a única ONG que faz certificação na Amazônia. Atua em empreendimentos tanto florestais como agropecuárias e, além de realizar os processos de certificação em si, mantém ainda um fundo social para viabilizar a certificação dos pequenos produtores, que muitas vezes não têm recursos próprios para financiar o processo.

As artesãs de Urucureá (PA), que trabalham com cestaria de palha de tucumã, procuraram espontaneamente o Imaflora certificar o manejo das palmeiras através desse fundo. Com a comercialização dos produtos artesanais certificados, as mulheres passaram a completar a renda familiar e movimentar a economia do município. Leonardo Sobral, membro da equipe do Imaflora, conta que este foi o único caso de projetos em artesanato que certificaram. “Mas o exemplo pode ser replicado a outros casos e outras comunidades. A certificação considera critérios sociais e ambientais aplicados a um produto, madeireiro ou não, extraído de determinada floresta. Qualquer floresta que tenha esse tipo de produção pode ser certificada”, enfatiza.

Um estudo da Imaflora realizado em 2002 constatou que 86% da madeira amazônica é consumida dentro do Brasil. Da madeira amazônica que chega nas indústrias de produtos de madeira do estado de São Paulo, 69% é usada na fabricação de móveis populares e 4% para móveis finos. Segundo Leonardo, que foi também um dos autores do estudo, apesar o consumo total de madeira amazônica ter diminuído de 2002 para cá, estes percentuais continuam praticamente os mesmos.

A questão envolve não só muitos produtos finais em design e artesanato, mas também embalagens, catálogos de produtos, e demais papéis de qualquer espécie envolvidos no processo de comercialização. E, se por um lado certificação florestal da madeira Amazônia ainda tem uma demanda que cresce lentamente, neste outro nicho a certificação ambiental já é quase pré-requisito de mercado. Do total das florestas plantas, cuja maioria se destina à produção de papel e celulose, 70% são certificadas. Leonardo Sobral comenta que “nesse setor, hoje a certificação virou questão de mercado já. Todas as empresas querem se certificar, senão esta fora do mercado. Não é mais para atingir no mercado, é para permanecer no mercado. E, no caso do papel, essa certificação não implica em sobrepreço para o consumidor”.