Não é possível, para um país, se tornar global, sem antes ser local. Essa constatação é a linha norteadora da grande mostra da quarta edição da Bienal Brasileira de Design, Da Mão à Máquina, que apresenta uma trajetória da cultura material brasileira contemporânea – da vocação artesanal nacional a tecnologias de ponta ainda emergentes no país. Instalada no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, até 31 de outubro, a exposição tem curadoria de Maria Helena Estrada, editora da revista Arc Design e da Quadrifóglio Editora, e cenografia do arquiteto Marko Brajovick.
As galerias do Palácio das Artes recebem artefatos de cultura popular, artesanato tradicional de várias partes do país, artesanato em linguagem contemporânea, objetos que tiveram a interação entre artesãos e designers, produtos desenvolvidos em estágio de produção semi-industrial e industrial. Estão reunidos objetos em mobiliário, utilitários domésticos, moda, joias e automóveis, sendo que uma sala especial é reservada exclusivamente para o setor de iluminação.
Segundo a curadora, um dos destaques são as produções brasileiras dos anos 50 – um forte momento do design nunca antes abordado em uma bienal – assinadas por nomes como Flavio de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi e o grande homenageado deste ano, Sergio Rodrigues. Já na interface com o artesanal, é possível ver brinquedos de miriti de Belém do Pará, peças de Vilma Eid, Jacqueline Terpins e Isabela Vecci, entre outros.
Outro grande chamariz na vertente industrial é a apresentação de novas tecnologias produtivas derivadas da prototipagem rápida, ainda raras e recentes no país. Estão expostas máquinas de última geração através das quais é possível obter rapidamente produtos em 3D a partir de desenhos feitos no computador. Neste setor, pode-se ver o trabalho de nomes como Fred Gelli, um dos criadores do logo das Olimpíadas de 2016, e Jorge Lopes, professor da PUC-RJ e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia.
“A base desses processos começou com máquinas que foram criadas para fazer protótipos da Brastemp. No início, era possível obter apenas um protótipo, e hoje o produto já sai pronto e acabado. Já há inclusive aplicações disso para a medicina, como na pesquisa desenvolvida por Jorge Lopes”, comenta Maria Helena.
Na feira, os visitantes poderão acompanhar ao vivo demonstrações práticas do processo. “Teremos um dispositivo que tira uma foto do visitante, passa para 3D e produz uma estatueta da pessoa a partir da foto”, revela a curadora.
Da Mão à Máquina fica aberta para visitação gratuitamente de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 16h às 21h. Além desta mostra principal, a IV Bienal Brasileira de Design 2012 traz ainda exposições paralelas, seminários, debates e workshops com o tema Diversidade Brasileira. O maior evento de design do país acontece até dia 31 de outubro no Palácio das Artes e em diversos outros espaços da capital mineira. Mais informações em www.bienalbrasileiradedesign.com.br.