Algo que corre, flui sem obstáculo, contínuo, constante; movimento de algum elemento natural; fluxo de energia; série de elos; união entre diversas pessoas; conjunto de ideias similares; carta ou mensagem amplamente distribuída; peça básica da joalheria. Explorar essas várias facetas da palavra corrente através da joalheria contemporânea era, para a designer de joias Marina Sheetikoff, o mote para um projeto de juntar artistas espalhados pelo mundo em uma criação que atravessasse oceanos. O Projeto Corrente, que começou a ser posto em prática em 2011, resultou em uma grande obra coletiva que está exposta no Museu A CASA até o dia 23 de março.
12 metros é o tamanho da corrente que une 65 artistas de 20 países. Cada pedaço de 15 centímetros é uma joia contemporânea confeccionada por um designer ou artista plástico diferente, com formas e materiais tão diversos quanto a origem de seus autores. Da corrente de ouro, prata e turmalina feita pela mineira Kika Alvarenga (uma das primeiras a aderir ao projeto) ao inusitado desenho em papel de Débora Bolsoni, há peças feitas de concreto, cola quente, fita cassete, fita crepe, cipó, porcelana, papel de parede e até intestino seco de porco. Matérias-primas clássicas da joalheria – como metais nobres, brilhante e pérola – também estão presentes.
Para reunir todos esses trabalhos, a curadora e idealizadora do projeto Marina Sheetikoff lançou mão das redes virtuais internacionais de joalheria contemporânea e fez um
convite aberto para que os interessados enviassem fotos de suas peças. Marina recebeu mais de 130 trabalhos, dos quais foram selecionados 65, entre peças já anteriormente existentes e outras inéditas, criadas exclusivamente para o projeto. Entre os artistas selecionados, estão as holandesas Ela Bauer e Flor Mommersteeg, as americanas Laura Prieto-Velasco e Sharon Massey, a portuguesa Inês Sobreira, a sul-coreana Sangji Yun, a belga Karen Vanmol e a cípria Liana Pattihis.
Numa primeira etapa, entre novembro e dezembro de 2012, esta seleção de fotos foi exposta virtualmente no site
Crafthaus. Na versão in loco da exposição, as peças são colocadas lado a lado, sem nenhuma ligação física – são unidas apenas pelo contato uma com a outra. Entretanto, há sempre uma conexão simbólica entre elas: cada “elo” da corrente dialoga com o próximo em forma, material ou conceito.
Marina diz que a proposta do projeto é manter-se sempre em transformação: “Começamos com a mostra virtual, agora temos essa exposição no Museu A CASA e, mais adiante, isso pode se transformar em outra coisa. Mas o desejo é que a corrente sempre cresça, e seja levada a outros países, atravessando mesmo oceanos”, conta.