MATÉRIA DO MÊS
MAMIRAUÁ: UMA OPÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Publicado por A CASA em 29 de Janeiro de 2009
Por Dora Silveira Corrêa

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Há 600 km de Manaus, no médio Solimões, fica a primeira reserva de desenvolvimento sustentável do Brasil, a RDS Mamirauá. A criação da reserva se deve à multiplicidade e variedade de espécies vegetais e animais existentes nos 1,24 milhão de hectares de exuberante floresta de várzea, em plena Amazônia. Algumas espécies são endêmicas da região, como é o caso do macaco uacari, objeto de pesquisa do cientista Marcio Ayres, idealizador do projeto de proteção ambiental de Mamirauá.
Entre os meses de dezembro e maio, a área da reserva fica praticamente submersa entre os rios Solimões e Japurá, quando o nível das águas chega a subir 12 metros. Criada em 1990, inicialmente como área de proteção ambiental integral com acesso restrito a pesquisadores, logo se percebeu que o envolvimento e adesão dos habitantes das comunidades tradicionais era fundamental para a preservação da impressionante biodiversidade da região. O modelo de Reserva de Desenvolvimento Sustentável foi criado especialmente para Mamirauá em 1996 e conjuga a pesquisa científica com a cultura local tendo em vista a preservação do meio-ambiente.
Além do manejo sustentável do pirarucu e da floresta, praticado pelos moradores da região sob orientação dos pesquisadores, o ecoturismo é também uma fonte de renda para os moradores das comunidades, que administram a pousada flutuante uacari (www.mamiraua.org.br) com o apoio do Instituto Mamirauá. Neste cenário, o artesanato surge como mais uma opção de renda e valorização da cultura local, já que a visita às comunidades locais é uma das atividades programadas para os hóspedes da pousada.
Seja preservando técnicas ancestrais, como a mistura da cinza da madeira do Caripé ao barro para dar resistência à cerâmica utilitária queimada a céu aberto, seja se dedicando à produção de objetos exclusivamente para o comércio, como os pequenos animais entalhados em madeira molongó e os colares de sementes, os moradores começam a enxergar as possibilidades da produção artesanal. E nós, visitantes, temos a oportunidade de conhecer um pouco mais desta fascinante cultura que vem contribuindo há anos para a preservação da floresta amazônica.