MATÉRIA DO MÊS
ESPETÁCULOS JUNINOS
Publicado por A CASA em 29 de Maio de 2009
Por
Daniel Douek

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Esqueça o modesto e caseiro arraial do quintal de casa ou da pracinha central da cidade. As tradicionais comemorações juninas em alguns municípios do nordeste brasileiro cresceram de tal maneira que se transformaram em verdadeiros espetáculos destinados a milhões de turistas de todo o Brasil. Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, importantes redutos da cultura popular brasileira, são responsáveis pelas maiores festas, que ocorrem durante todo o mês de junho. Ambas as cidades anunciam suas comemorações como “o maior São João do mundo” e esperam receber, cada uma, 1,5 milhão de pessoas. Para isso contam com estruturas de mais de 40 mil metros quadrados. Muito além das bandeirinhas, fogueiras, músicas, danças e pratos típicos, as festas contam com uma programação recheada de nomes consagrados da música brasileira. Elba Ramalho, Dominguinhos, Zé Ramalho e a banda Calypso são presença confirmada nas comemorações deste ano.
Para que tudo isso seja possível há, por trás das festas, um planejamento ao longo de todo ano e pesados investimentos: R$ 6 milhões em Caruaru e 5 milhões em Campina Grande, valores que provém tanto de patrocinadores como do próprio poder público. O retorno é garantido. Atualmente os festejos juninos representam uma das principais fontes de receita de diversos municípios, movimentando muitos setores da economia das cidades e gerando milhares de empregos. Em Campina Grande, de acordo com um levantamento da Coordenadoria Municipal de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, as festas proporcionaram um impacto de quase R$ 16 milhões no PIB (Produto Interno Bruto) municipal no ano passado. No último dia 26, o prefeito de da cidade, Veneziano Vital do Rêgo, disse que a previsão para este ano é de que a movimentação financeira aumente esse número para cerca de R$ 25 milhões. Uma semana antes do início da festa, mais de 80% das vagas da rede hoteleira já estão reservadas e as expectativas do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares são de que o lucro e os empregos gerados nesta época do ano cresçam até 15%, em relação à edição do ano passado. Para a Associação Comercial e Empresarial de Campina Grande (ACCG) devem ser geradas, pelo menos, 1,2 mil vagas temporárias nos estabelecimentos comerciais.
Para não deixar o aspecto tradicional totalmente de lado, as festas têm buscado referências na cultura popular local. Esse ano, Caruaru homenageia Mestre Vitalino, um dos mais importantes artistas populares do Brasil, no centenário de seu nascimento. Já Campina Grande abre espaço para as ilhas de forró. A idéia é valorizar o forró pé-de-serra, tocado ao som de zabumba, triângulo e sanfona resgatando, assim, a música regional. Resta saber se, diante de tantas atrações da cultura ‘pop’, a cultura popular regional terá forças de permanecer viva, ou se será simplesmente cristalizada e relegada à dimensão do exótico.