Alzira Alves Santos, rendeira entrevistada em sua casa fazendo renda.
ARTIGO
MULHERES TECENDO RENDA IRLANDESA E A VIDA EM DIVINA PASTORA, SERGIPE
Publicado por A CASA em 12 de Janeiro de 2014
Por
Maria de Fátima Ferreira

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Esta renda em forma de texto mostra a trama entre a vida das mulheres rendeiras e a tradição feminina de fazer renda. Foi composta por contribuições do passado e atuais de mulheres anônimas e esquecidas, obtidas através da técnica da história oral de vida, com as mulheres rendeiras de Divina Pastora. O risco é meu, mas está inserido numa linhagem de mulheres, entrelaçando fios tecidos em forma de renda com os fios da vida. A intenção desse texto é mostrar como a rendeira mais antiga e atuante do município de Divina Pastora tece a renda irlandesa simultaneamente com a criação da própria vida de mulher numa cidade pequena do interior de Sergipe.
A maternidade das rendas confeccionadas com agulha, que dá origem à renda irlandesa pode ser atribuída à Itália, mas é na França que ela será aperfeiçoada e conquistará uma grande hegemonia, se propagando por toda a Europa.
As rendas podem ser classificadas em duas categorias distintas de acordo com o instrumento que é produzido: a renda renascença, o filé e o labirinto são confeccionados com agulhas de costura doméstica em geral; o tricô e o crochê utilizam agulhas especiais; as rendas de bilro são produzidas com o auxílio deste instrumento. Os bilros são hastes de madeira provida de uma cabecinha numa das extremidades, são sempre utilizados aos pares.
As técnicas e os saberes da renda renascença chegaram ao Brasil junto com os colonizadores portugueses e com os imigrantes que adentraram o país a partir do século XIX. Junto com os produtos importados vieram, sobretudo da Inglaterra, a renda e as enciclopédias com orientações sobre trabalhos manuais. Freiras irlandesas, principais responsáveis pela educação de vários países colonizados, como o Brasil, transmitem às mulheres locais, através do ensino de trabalhos manuais femininos, os conhecimentos sobre a renda. Desta forma, no país, a renda renascença recebe também o nome de renda inglesa ou renda irlandesa. (Dantas, 2004; Nóbrega, 2005)
A renda foi introduzida nas indumentárias como elemento decorativo, em substituição ao bordado, para ornamentar tanto o vestuário feminino, quanto o masculino. Mas foi para os trajes masculinos que foram produzidos suntuosas peças de renda, usadas pelos nobres nos séculos XV e XVI, durante o Renascimento, concedendo a esta um grau de sofisticação que ajudou muito a difundi-la por toda a Europa. A Igreja Católica também a usou em suas vestes eclesiásticas e na decoração dos altares, mas chegou a proibir seu uso excessivo, pois o valor social em possuí-la era de elevado status. (Dantas, 2004; Nóbrega, 2005)
Fazer renda é, e sempre foi, uma atividade exclusivamente feminina no Brasil. No entanto, atualmente, alguns homens se arriscam nessa ocupação, como por exemplo nos municípios de Camalaú, situado no Cariri paraibano e Jataúba, no sertão pernambucano, nos quais a renda renascença é atividade de mulher e de homem. (ALBUQUERQUE, MENEZES, 2006; FERREIRA, 2006).
A renda irlandesa é produzida em várias localidades de Sergipe, com maior concentração na cidade de Divina Pastora. De acordo com DANTAS (2001:14):
“... foi a partir daquele polo que a renda ganhou destaque, contribuindo também para dar visibilidade à pequena cidade, cujos sinais distintivos se tornam mais aparentes a partir dos anos 70, associados a uma política cultural em que folclore, artesanato, patrimônio histórico e artístico passaram a ser vinculados ao turismo.”.
Por causa de sua importância, em 27 de novembro de 2008 o ofício de fazer renda irlandesa em Divina Pastora foi incluído no Livro de Registro dos Saberes, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tornando-se Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
A origem da renda irlandesa em Divina Pastora
Encontramos três versões para a introdução da renda irlandesa em Divina Pastora. No catálogo de exposição feito por Lourdes Cedran, em 1979, consta que a senhora Violeta Sayão Dantas ensinou a Ana Rolemberg, que ensinou para Júlia Franco. Esta transmitiu seus conhecimentos às três irmãs – Marocas, Ercília e Sinhá – que difundiram os conhecimentos sobre a renda irlandesa em Divina Pastora. (Cedran, 1979, Dantas, 2001). Para Barreto (1995) foi Ana Dias Rolemberg, que ao voltar de uma viagem à Europa, trouxe a renda irlandesa e junto com Juli Franco Maior, sua contraparente, desvendaram a técnica. Juli ensinou a renda para Marocas, moradora de Divina Pastora, que tratou de ensinar para outras mulheres. Na monografia de Souza (1996), temos a terceira versão para a chegada da renda irlandesa em Divina Pastora. Hercília Theodória dos Santos, conhecida como Dona Sinhá, em entrevista a Souza concedida em 1996, com 85 anos de idade, conta que, aprendeu com uma pessoa já falecida, chamada Aurélia. Sobre a origem da renda irlandesa em Divina Pastora ela disse:
Eu não tenho ideia, uma vez eu vi a menina fazendo, por sinal era minha colega de escola aqui, mas era mais velha e aí fui aprendendo. Via também os catálogos, que tinha também catálogos nesse tempo, agora eu não sei. E fui aprendendo também.Depois, comecei a desenhar os riscos, eu ampliava colcha de casal, de solteiro, toalhas de banquete, eu fiz muito pra São Paulo, pra Minas Gerais e até para São Luiz do Maranhão. (Souza, 1996).
Portanto, as três irmãs Marocas, Dina e Sinhá são responsáveis pela preservação e difusão da técnica da renda irlandesa entre as mulheres de Divina Pastora. Dona Sinhá, a mais nova das irmãs, começou a produzir renda por volta de 1926, desde os 15 anos de idade e só parou após mais de setenta anos de atividade. (Souza, 1996). Antes de morrer deixou seus riscos – patrimônio das rendeiras – para Lourdes, Clédia e Alzira, guardiãs da renda irlandesa em Divina Pastora.
Encontro com Alzira
Conheci Alzira Alves Santos em uma das feiras em que estive em Aracaju. Suas mãos hábeis transformavam cordões e linhas numa verdadeira obra de arte. Ela estava a fazer a renda irlandesa com uma destreza impressionante. Fiquei fascinada com a mulher – calma, sorridente, os olhos brilhavam ao mostrar como se faz a renda irlandesa. Nesse instante tomei a decisão de entrevistá-la. Peguei seu endereço e telefone e combinei procurá-la assim que pudesse. Em seguida me chegaram às mãos, através dos alunos, a monografia O trabalho das rendeiras em Divina Pastora, de Ivanaldo Rodrigues de Souza e Renda de Divina Pastora, de Beatriz Góis Dantas. Ivanaldo anexou as entrevistas que realizou com várias rendeiras, com respectivos nomes, endereços e telefones, inclusive a entrevista com Dona Sinhá, que ainda estava viva em 1996. Aproveitei esses nomes e telefones, atualizei os números que foram possíveis e entrei em contato com as rendeiras. Consegui falar ao telefone somente com Terezinha dos Santos, as outras haviam falecido, mudado de endereço ou não tinham telefone.
E assim marquei as primeiras entrevistas com Alzira Alves Santos e Terezinha dos Santos.
Chegada a Divina Pastora
No dia 21 de novembro de 2006, às 10h, na Rodoviária Velha de Aracaju, peguei um micro-ônibus em direção a Divina Pastora com lotação completa de pessoas que vieram fazer compras em Aracaju e já estavam voltando para as cidades de Riachuelo, Povoado Bonfim e Divina Pastora. Chegamos a Divina Pastora às 11h30, desci em frente à Associação das Rendeiras. Desse ponto avistei a praça central e a igreja de Nossa Senhora da Divina Pastora, construída no século XVIII. O calor era escaldante e o silêncio de doer à alma.
A bela matriz de Nossa Senhora da Divina Pastora ainda guarda as características do seu início. A devoção a Nossa Senhora da Divina Pastora tem origem com frei Isidoro de Sevilha, em 1703, na Espanha, e chega a Sergipe para dar o nome à cidade. Conserva a tradição da peregrinação anual, realizada no mês de outubro, quando se comemora a festa da Divina Pastora (Souza, 1996:17).
Em 2007, Divina Pastora era uma cidade com 4.198 habitantes (IBGE, 2007), arborizada, calma, situada no ponto mais elevado de uma bela paisagem, de onde se descortina o vale do Rio Cotinguiba, à margem do Rio Sergipe, a 50 quilômetros da cidade de Aracaju. Na cidade não existe banco, hotel, pousada ou pensão e restaurante. As casas são simples, muitas não têm forro no teto, em nenhuma casa que entrei vi a renda irlandesa sendo usada como enfeite na casa ou vestindo a rendeira.
O município tem como base econômica a lavoura de subsistência, a pecuária de abate e extração de petróleo. Parte da população tem como ocupação o trabalho com a agricultura, outras pessoas trabalham em Aracaju em atividades diversas e uma pequena parcela se ocupa do serviço público municipal, uma das poucas opções de trabalho para a população ativa na cidade. (Souza, 1996). Segundo Dantas (2001:13) “(...) a renda irlandesa e a peregrinação ao Santuário da divina Pastora constituem-se em sinais distintivos de uma identidade local.”.
Nos finais das tardes, quando a temperatura já está bem mais amena as crianças brincam, os homens conversam ou dormem e as mulheres fazem renda irlandesa, nas varandas ou calçadas das casas e na praça, no entorno da praça central. Em uma dessas tardes, de repente o sino da igreja começou a bater, muito tristemente, anunciando a morte de uma moradora. A situação era inquietante: a temperatura beirava os 40 graus, o silêncio era de doer à alma e o som do sino triste repercutia no ar. Tive a forte sensação de que fui transportada para outro tempo e espaço.
Alzira Alves Santos, aos 58 anos é a rendeira mais representativa da cidade de Divina Pastora.
Aprendeu a fazer renda irlandesa ainda criança com sua prima Lurdes e com sua tia, Dona Sinhá, de quem herdou parte de seus riscos. Tem uma grande atuação na cidade, como membro da associação, como professora da renda irlandesa para outras mulheres e crianças, como divulgadora da renda irlandesa em feiras em outras localidades. A sua história é um exemplar perfeito da vida das mulheres rendeiras na cidade de Divina Pastora.
Foram várias idas a Divina Pastora para observar, conviver e entrevistar, durante um ano. No total foram feitas cinco entrevistas temáticas e uma história de vida com as rendeiras A história de vida de Alzira foi contada em sua casa, no quarto onde costuma trabalhar, sempre acompanhada de outras mulheres e com a janela aberta, a qual dá para a rua. A janela aberta favorece a parada de pessoas para conversar, algumas entram na casa para ver os trabalhos.
Pela casa também é comum encontrar crianças e adolescentes aprendendo a fazer renda, vez ou outra uma delas entrava no quarto para nos observar.
A rendeira Alzira Alves dos Santos
"Eu nasci no Rosário do Catete. Vim morar aqui eu tava com dez meses de nascida. Os parentes de meu pai moravam todos aqui, ele botou a gente aqui, porque ele trabalhava na usina de açúcar. Minha mãe era doméstica, ela aprendeu a fazer a renda de bilro, mas não continuou. Somos oito irmãos, quatro homens e quatro mulheres, as mulheres todas trabalharam na renda. Hoje só faz eu, Araci e Dorinha.
A gente estudava em casa, estudei com uma professora chamada Candinha, que já faleceu.
(...) eu não sube a leitura, as conta, mas me dediquei à renda facilmente, um ponto que eu vejo eu faço, quer dizer que a mente não dá para uma coisa e dá pra outra.
Casei com dezenove anos, tive seis filhos, duas moças e quatro rapazes. Nove meses de casada a menina nasceu, falta de experiência. Não sabia como evitar, peguei logo na lua de mel. O povo falou: já levou pendurado. Mas eu não gostei não de pegar gravidez logo. No mesmo ano que eu me casei, eu completei vinte anos.
Quando eu fui ter o primeiro filho eu senti a dor oito horas do dia e vim ter o primeiro filho oito horas da noite, meus filhos sempre eram demorados pra nascer. Tive em casa, na casa que eu morava, o segundo já foi aqui, a menina mais nova nasceu em Aracaju, na Santa Helena, (...) foi numa maternidade que tinha aqui mesmo, quatro em casa e dois no hospital, todos foram de parto normal, graças a Deus, o parto demorava, mas era normal. (...) Eu evitei a gravidez usando umas camisinhas, demorou um pouquinho, porque com um ano e um mês um nascia. Não queria muito filho, no fim tive seis, não tive mais porque já fiz a ligadura. É ligadura que diz? Eu tava com trinta e sete anos.
Eu acho que eu estou sofrendo do estômago e a coluna está me matando. Estou a pulso mesmo da coluna. (...) Quando estou com uma dor vou ao quintal, arranjo umas folhas, tomo um chá, erva cidreira, capeba, diz que serve pra dor, não sei se serve pro fígado também, hortelã miúda, capim santo pra acalmar os nervos, essas ervas aí, e outras ervas que o povo ensina a gente vai e toma. Eu compro uns remédios de vez em quando, quando os médicos passam, eu tomo, mas sou ruim de tomar remédio, tem uma coisa que dói muito é injeção, é mais positiva, mas esse negócio de comprimido, ou então de líquido, mas sempre vou a Aracaju e faço exame de lâmina, de ultrassom, graças a Deus está tudo bem. A menopausa me judia, calor, mas eu não tomo remédio não pra ela. Tem hora que dá uma gastura, um calor engasturento, viche, tem que ir pro banheiro tomar banho. Eu não tomo nada, porque isso é da natureza, e se começa o tratamento tem que ir até você morrer, porque minha mãe já está com 88 anos, ela ainda sente esse calor. Sinto calor desde que a menstruação foi embora, foi embora eu tava com a idade de 37 anos, com 40 já não tinha mais, menstruei com 15 anos. A da minha mãe também foi embora cedo, ela, quando meu pai morreu, diz que foi embora.
Desde pequena meu pai botou eu pra estudar, eu não fui muito de estudar, só tirei até a terceira séria. Ele disse: _ Você não está querendo estudar, vou botar você pra aprender renda.
Aí eu fui aprender a renda, com minha prima Lurdes, que aprendeu com Dona Sinhá. Eu aprendi a renda, comecei a trabalhar na renda e pego a renda até hoje. Eu comecei desde a idade de dez anos a fazer a renda.
A Lurdes passou um paninho pra eu alinhavar, eu alinhavei e fui fazendo os pontos, ela me ensinando, me explicando como é. Eu chorei muito pra aprender, quando não dava na cabeça que foi aqueles picozinhos que a gente chama de picô, que a gente põe na agulha e puxa, ah! Meu Deus, e quando eu não acertava, eu chorava. Eu chorava porque eu queria aprender, e sempre a cabecinha não saia certo, agora os outros pontos eu aprendi fácil, no instante eu aprendi: a cocada, a redinha, o caseado, a linha passada, o abacaxi eu aprendi já depois. Eu estava com dez anos. Eu gostei, porque eu não fui muito chapada pra aprender não, demorei mais pra fazer alguns pontos, é uma sensação boa, já que eu não tinha outra solução, o meu pai diz que se eu não aprendesse ia plantar cana, e eu não queria plantar cana, né (risos), não queria ir pro sol, fui me interessando e aprendi a renda, me lembro de que comprei um vestidinho bonitinho de chita. Ah! Como eu fiquei satisfeita por ter ganhado esse dinheirinho.
Eu tinha doze anos. Dessa época pra cá, na festa de Divina Pastora eu comprei outro melhorzinho em vez de ser chita, o dinheiro já foi mais, eu já comprei um vestido melhorzinho. E aí fui trabalhando e depois eu comecei a aprender a riscar, já ganhei um dinheirinho mais de que produzir as peças. (...) Minha tia me chamou pra riscar mais ela, uma toalha da igreja, ela me explicou como é que se riscava, eu fiquei riscando, aí foi, eu queria riscar um paninho eu riscava, fui aprovada, comecei a riscar e estou até hoje riscando.”
A transmissão do saber/fazer renda irlandesa
"Na casa da tia Sinhá tinha umas vinte ou trinta mocinhas, todas aprendendo. Ela tinha esse dom de ensinar as rendeiras, as mulheres da cidade. Até na semana que ela estava viva ela ainda riscou um pano de mesa. Não fazia mais a renda por causa da vista. A irmã que cuidava da igreja deixou pra ela tomar conta, ai ela se dedicava mais à igreja do que fazer renda. (...)
Ela foi uma tia muito boa pra mim, me aconselhou muito, e era muito querida na cidade, era respeitada, ela cuidava da igreja, eu às vezes ia à igreja e ajudava ela. O trabalho dela foi assim, ela fazia roça, o marido fazia roça também, quando ela começou a ensinar, deixou o marido fazendo roça e ela passou a ensinar as meninas.
A Lurdes mora aí. Ela é mais velha que eu, está com setenta e sete anos, parece. Ela faz renda quando ela quer, ela não trabalha pra associação, mas ela não está fazendo mais não, assim como fazia. Eu acho que a que mais está costurando no bando sou eu. (...) Tem a minha irmã, que é mais velha que eu. Ela está fazendo uma encomenda minha, mas também não é muito de costura, ela tem problema de saúde, costura porque gosta."
Como é feita a renda?
"Primeiro tem o designer, depois o ilhós. Depois do ilhós, que a gente prega no designer, prega o lacê no designer, depois do designer prontinho a gente vai tecer, fazer os pontos: faz a cocada, a redinha, o barrete. Depois dela pronta, tira do papel, puxa a linha que fica no lacê, limpa ela toda e está pronto o trabalho. (...) Tem que ter o máximo cuidado pra não lavar, pra não sujar e pra não estragar lavado. Porque, às vezes, acontece de lavar, e, não fica a peça como a gente trabalhou, sabe logo que foi lavado, fica mole. Os riscos de antigamente eram todos miudinhos, mas o povo não quer porque gasta muito lacê. (...) Dona Sinhá fazia criando, logo no início tinha um rapaz que se chamava Senhor Vieira, passou os riscos pra ela, e desse risco ela foi criando os dela."
O preço da renda
"O preço, às vezes a gente se baseia nos materiais que a gente gasta. Aí a gente chuta um preço assim, por exemplo, essa toalhinha mesmo, essa barrinha gasta três metros e vinte centímetros, a gente paga a rendeira cinco reais e fazendo ela completa é dezoito.
Eu trabalho sempre por encomenda, eu raramente faço pra mim, porque eu não tenho condições de trabalhar pra mim porque eu não tenho capital pra comprar os materiais. Se eu já não tive, agora sou pior, eu criando neto não vou ter tempo mesmo de costurar. (...) A renda é um complemento pra ajudar. Eu compro roupa pros neto e pra essa menina que eu estou criando. Se fosse pra viver da renda não dava não. (...) O povo procura muito a Alzira, quando chega as pessoas na cidade, cadê Dona Alzira? Quando vem aqui atrás da peça, Dona Alzira não tem. Eu levo na associação, a associação tem e elas compram lá. Se eu tivesse, seria melhor pra mim, porque o dinheiro ia ser meu, não ia ser dividido na associação, vendendo na associação elas tem que tirar o material e só vai pagar a mão de obra da gente.
(...) Minha tia Sinhá ensinou muita gente na casa dela. Acho que tinha mais de dez, ficava tudo sentadinha na sala, tinha umas cadeirinhas de pano, baixinha e elas todas, inclusive minha irmã, a Araci, aprendeu com ela também, e ai ela pegava as encomendas e dava pra todo mundo. Quando terminava aquela colcha, que antigamente era mais colcha, hoje que o povo não quer, quer mais é toalha, caminho de mesa, toalha com a barra de renda, e antigamente tinha toalha de mesa, tinha colcha. Quando tinha enxoval, quando uma pessoa ia se casar a gente fazia a toalha da mesa e a colcha, pegava as encomendas, a gente pegava um pedacinho, já ganhava.
Acho que a gente deveria a gente mesmo expor as nossas costuras, não dar pro outro pra levar, e muitas artesãs gostariam que tivesse um atravessador pra levar a renda e elas receberem o dinheiro, quer dizer, fica acomodada, só acomodada, só recebendo. A gente tem a associação, mas nem todas vêm na reunião, estão ocupadas. Elas deveriam vir na reunião pra saber o que está acontecendo, e muitas não vem, só vai lá pra receber o dinheiro, (...) elas não tão ligando, como é que vai ser vendido e ficam satisfeita com isso, porque tem trabalho.
(...) Porque querem trabalhar, acham que abaixando o preço vai ter trabalho, como no caso dessas toalhas de lavabo, que não deveria ter abaixado tanto o preço, quer dizer, uma artesã ganha cinco reais pra fazer uma barra desta, que dura de dois dias a três dias pra fazer, cinco reais, eu acho isso um absurdo.
Eu acho bom fazer renda porque distrai tanto a gente, a mente da gente, às vezes você está com uma raiva, mas aí quando você está entretida ali no trabalho, eu vou fazer isso aqui mais como tarefa, eu vou fazer, eu vou terminar hoje, pronto, a raiva passou, já nem sabe mais dos problemas, pra mim é muito legal. (...) Eu vou dormir onze horas da noite, vai até mais, dependendo, me levanto, cuido do café, depois do café vou lavar roupa, o dia que tem que lavar roupa, depois que lava a roupa, deixo de molho um pouquinho, venho, me sento e costuro. E tenho o neto agora pra cuidar. Depois cuido do almoço, depois do almoço eu descanso um pouquinho, só pra descansar a ossada, como diz o outro (risos), me levanto e vou costurar até cinco horas. Depois me levanto e vou cuidar do café. Depois do café assisto um pouquinho a novela e vou costurar de novo até onze horas, ou até mais, porque às vezes eu fico até doze, fico escutando o rádio e costurando, aquelas músicas antigas de Altemar Dutra, José Augusto, do passado, a rotina é essa.
(...) eu criei meus filhos assim, com negócio de costura, não teve muito colo de mãe não, só à noite, quando era novinho tinha (...) De pequena, era na roça. Meu pai adoeceu, a gente tinha que plantar roça, só não limpei de inchada, plantava milho, algodão, apanhava algodão, os meus irmãos eram quem limpavam, puxavam a mandioca no rodete. Ah! Minha filha, eu já trabalhei foi muito. De sete anos em diante a gente já começava a estar no mundo, carregava água, antigamente não tinha água encanada, eu quando vim morar aqui nessa casa, não tinha água, com três filhos pequenos, carregava água... um sufoco de água que só vendo! Sei que a gente ia apanhar água era num chafariz assim, era o banheiro público, tinha as torneiras e a gente apanhava a água lá, os filhos chorando e eu carregando água pra ter água dentro de casa, depois entrou outro prefeito e colocou água, ai colocou na minha casa, foi melhorando. Não tinha fogão a gás quando eu me casei. Tinha era de lenha, me acordava cedo pra juntar fogo, pra fazer gogó pros filhos. Antigamente dava gogó, hoje o povo não quer dar gogó mais."
Renda Irlanda é uma atividade feminina
"Eu acho mais é feminino, mas como hoje os homens estão fazendo tudo... aqui em Divina Pastora não tem homem que faz não. Nem aqueles que o povo fala que é, não faz. Meus filhos não quiseram não, que nada mãe, eu quero esse trabalho nada. Até pra riscar eles não se dedicavam a riscar, às vezes quando riscava metade assim de um pano de mesa, o outro, o mais novo, ele copiava, porque já tinha uma parte que eu risquei, a outra eles copiavam. O neto também, se eu der, ele copia. (...) Aqui não, e olhe que tem uma turma de rapazinho sem fazer nada, mas se for fazer vão dizer que é afeminado (rindo). [Eu disse: _ E não seria uma boa ocupação para eles?] É, eu acho, mas eu vou botar? O marido, os tios me arrancam os cabelos. (rindo) Não deixa. [Suas filhas sabem fazer renda?] Sabe. A que mora aqui andou fazendo, mas quando chegou o filho, pronto, agora ela vai se dedicar ao filho.”
O futuro da renda irlandesa
“Eu acho que está até melhorando, porque é mais trabalho, depois da associação, depois da divulgação, melhorou. Teve uma época que não estava fabricando o lacê, estava ficando triste, sem emprego sem nada, pronto, agora acabou mesmo, agora tem que apelar e fazer outra coisa, já estava pensando em aprender outro tipo de artesanato, foi quando chegou agora mesmo pra valer. Eu creio que não, enquanto a gente viver as rendas estão aí. A irmã de Dona Teresa faleceu, mas a renda continua, eu acho que não acaba não, só acaba se deixar de vender, cada tempo que passa a procura é outra, e agora, botando na roupa, pronto, a moda pega, aí é que vai mesmo pra frente. Antigamente a gente fazia colcha, enxoval para casamento, fazia toalha de mesa, barra de lençol, agora não, agora está produzindo pra roupa.
Antigamente quando uma moça ia se casar tinha que levar uma colcha de renda irlandesa.
Agora não é mais assim. O povo quer mais é pra mostrar, não quer que fique no quarto, quer mais é mostrar uma toalha de mesa.
Mas eu acho que eu vou fica velhinha na renda, como minha tia. Saiu dela e passou pra mim, porque quando eu digo assim: ah, que eu vou deixar de fazer renda, porque eu já estou enjoada, não vou fazer mais não, lá vem o povo à minha procura, lá vai eu fazer renda. Então, eu não posso deixar, é, eu acho que eu não vou não, porque eu não tenho outra profissão mesmo, minha profissão é essa, só quando eu tiver caducando mesmo que eu não posso fazer, que ninguém sabe, só quem sabe é Deus. Como minha tia, ela ainda antes de morrer riscou dois panos de mesa, pra sobrinha. E depois ela disse: _ sei que não vou fazer mais, pegou os riscos e me deu, deu a Lurdes, e deu uns pra Clédia também."
Refletindo sobre o trabalho feminino com a renda irlandesa em Divina Pastora
A renda irlandesa tecida depende de dois conhecimentos: o saber desenhar a renda e compor o que é chamado de “riscos” com o desenho da renda; e o domínio da técnica de tecer a renda para executar o desenho do risco, através do lacê, linha mercer crochet e agulha.
O risco é feito no papel e contém o desenho que servirá de roteiro e suporte da renda. Em geral, as rendeiras mais antigas é que possuem os riscos tradicionais, herdados das rendeiras que já faleceram ou deixaram de fazer a renda. As rendeiras possuidoras de riscos podem emprestá-los, podem dá-los ou ainda riscá-los para as outras rendeiras.
A criação do risco se dá de diversas formas: cópia de um risco antigo tradicional repassado de uma geração de rendeiras a outra, alteração de um risco antigo tradicional, criação de um risco novo, que pode ser feito pela própria rendeira ou por um especialista em designer. Os novos riscos concebidos pelos designers podem ser tão diferentes dos tradicionais, que não se reconhece a renda de origem. A rendeira que possui os riscos e sabe riscar fica encarregada de fornecê-los às outras rendeiras, e desta forma estabelece-se uma dependência entre as rendeiras. O risco é um patrimônio das rendeiras, sem ele não existe renda. Alzira, juntamente com Lourdes e Clédia, herdou os riscos de Dona Sinhá e se tornaram as guardiãs dos riscos de Divina Pastora. Cabe a Alzira criar, riscar, emprestar, ensinar a riscar o desenho da renda irlandesa.
De acordo com Alzira a renda irlandesa é executada da seguinte forma: 1) cria-se o risco, ou escolhe-se ou altera-se um risco antigo; 2) risca-se o desenho a ser tecido no papel manteiga; 3) coloca-se o papel riscado sobre o papel chumbo, para dar mais resistência ao bordado; 4) pregam-se os ilhoses; 5) alinhava-se o lacê no papel, sobre o risco, seguindo as formas do desenho da renda; 6) fixa-se o papel com os ilhoses e o lacê já alinhavado em pequena almofada ou travesseiro; 7) com agulha e linha preenche-se os espaços vazios entre o lacê, de acordo com os diversos pontos existentes; 8) corta-se os alinhavos que prendem a renda tecida do papel e do risco, nos quais ela foi executada; 9) limpa-se a renda, retirando os restos de linha do alinhavo.
O início do trabalho deve ser sempre no centro, a renda é executada no avesso, o direito fica para dentro, para proteger da sujeira. O trabalho de renda exige muita atenção e calma, além dos cuidados com a higiene. As artesãs devem tomar muito cuidado com a transpiração das mãos para evitar que a cor da renda seja alterada ou manchada. Situação bastante difícil em Divina Pastora, por causa das altas temperaturas durante todo o ano. Todos os dias que estive por lá, a temperatura passava de 30 graus.
A renda final, em geral, é um trabalho coletivo. No caso de peças grandes, por exemplo, colchas para cama, toalhas de mesa, o risco é separado em partes, que serão distribuídas por várias rendeiras, para serem tecidas. Depois de prontas, as partes serão costuradas para compor a peça final. No caso das toalhinhas cuja execução acompanhamos, a peça final foi feita por três mulheres, uma fez o ponto ajur, a outra a renda irlandesa e a terceira a composição final.
A renda irlandesa se faz com muitos pontos. O ponto básico é a redinha ou o ponto, empregado em grandes áreas de costuras. Os mais usados são o ilhós, aranha, picote e barrete. Além desses existem muitos outros: pé-de-galinha, dente-de-jegue, escama-de-peixe, aranha (aranha de parte, aranha meia lua, aranha redonda, aranhinha), boca-de-sapo, abacaxi, cocada, caseado, linha passada, sianinha, tijolinho, caminho sem fim, dente de cavalo, estrelinha. São nomes resultantes das figuras formadas no processo final de uma peça de renda.
Tradicionalmente, a renda irlandesa era usada nas roupas religiosas: toalhas de altar e vestimentas dos padres e bispos. Também era usada pelas mulheres no casamento: vestido de noiva e enxoval (colcha, toalhas, panos de bandeja, suporte de copo, caminho de mesa).
Atualmente, é utilizada para compor o vestuário das mulheres: gola, pala, blusa, vestido, saia, chalé; ou em acessórios: brinco, colar.
O aprendizado se dá de maneira informal, observando e imitando uma rendeira, aprendendo na casa de uma delas, em cursos oferecidos pelas próprias rendeiras, pela associação das rendeiras ou ministrados sob patrocínios diversos.
A atividade da rendeira é sempre desenvolvida em casa, em geral nas varandas, próxima à janela da sala ou do quarto, nas calçadas da rua, ou na praça central, aproveitando a luz natural. Em geral, trabalham acompanhados de uma ou mais rendeira, aproveitando o tempo de fazer a renda para conversar. Enquanto fazem a renda, tecem-se fofocas, tecem-se laços e relações sociais. Junto com as mulheres fazendo a renda também ficam os animais domésticos e as crianças – as meninas – com seu paninho na mão tentando aprender, o que pressupõe a socialização delas para o trabalho com a renda.
Em Divina Pastora a maioria das rendeiras trabalha sob encomenda. Alguém com poder de compra encomenda as peças e fornece todo o material e o desenho definido, para uma rendeira ou para a Associação de Rendeiras. As rendeiras, nesse caso, recebem apenas pelo seu trabalho. Muitas vezes, a rendeira que pega a encomenda, contrata outras rendeiras para executar o trabalho. Ela pode atuar como intermediária ou dividir o trabalho com outras, pagando pelo trabalho executado. Algumas trabalham para a Associação. Raramente trabalham por conta própria. Algumas combinam todas essas formas de organização do trabalho apresentadas. Neste trabalho há apenas a execução de tarefas. As rendeiras ganham por peça de lacê gasta.
Percebe-se que se trata de uma tarefa reduzida a tempo de trabalho e quantidade de peças feitas. É uma atividade cansativa que provoca dores na coluna. Um trabalho cujos instrumentos são do outro, da “dona da renda”. Uma atividade fragmentada, repetitiva – as rendeiras fazem uma parte da colcha, por exemplo, mas não veem a colcha montada, pronta. .
As rendeiras que trabalham por conta própria ou como contratantes têm capital suficiente para comprar matéria-prima, pagar a mão de obra e estocar peças em busca de melhores preços, as que trabalham por encomenda vendem sua força de trabalho. As que trabalham por encomenda vivem na dependência da demanda externa, só trabalham se tiver encomenda.
Fazer renda é um trabalho que se acrescenta às tarefas de donas-de-casa, é uma forma de ganhar um dinheiro extra para ajudar no orçamento da casa. Ou então, é um trabalho que se acrescenta a outro, por exemplo, ao de vendedora, professora, estudante, funcionária pública etc., também como forma de complementar a renda necessária para a sobrevivência. Ser rendeira em Divina Pastora, não me pareceu uma atividade com que as rendeiras pudessem ganhar a sua sobrevivência de forma digna e se sustentarem apenas com esse tipo de trabalho.
A renda é um trabalho de difícil elaboração, que exige mão de obra superespecializada, o seu valor não é reconhecido, a sua remuneração não cobre os custos reais. A falta de alternativa de emprego contribui para que as rendeiras continuem nesta atividade, apesar de reconhecerem que o rendimento não corresponde ao trabalho.
Concluindo...
Em Divina Pastora a renda irlandesa é uma atividade exclusivamente feminina, chega à cidade pelas mãos de mulheres e assim permanece. Não foi possível saber o número de mulheres que se dedicam à renda irlandesa na cidade, mas a renda é algo incorporado à cultura das mulheres da localidade. Na verdade, podemos dizer que é a teia que tece a vida das mulheres em Divina Pastora. Elas se relacionam a partir da renda, é do trabalho com a renda que tiram seu sustento ou ajudam no sustento da casa, muitas criam seus filhos sozinhas, com esse trabalho. É fazendo renda que se divertem e encontram forças para
continuar vivendo. Não encontrei nenhum homem tecendo renda, apesar de vê-los desempregados nas ruas e na praça central.
Enquanto meninas estão aprendendo a arte de fazer a renda irlandesa, com uma destreza invejável, como as que encontramos na casa de Alzira, outras, depois de muitos anos executando a renda, a abandonam por outro interesse e nem querem mais falar sobre isso, como no caso de Terezinha dos Santos.
A apropriação do conhecimento tradicional da renda irlandesa pela moda, numa leitura contemporânea, divulgada pela mídia, recoloca a renda irlandesa de Divina Pastora em outro patamar. O estilista Ronaldo Fraga usou a renda irlandesa de Divina Pastora em sua coleção de verão de 2003/2004, como também a protagonista da minissérie Mad Maria, Ana Paula Arósio aparece vestida em renda irlandesa nos primeiros capítulos. A minissérie foi exibida pela Rede Globo, em 2005. A moda e a mídia podem favorecer a demanda pela renda e, assim, criar novas possibilidades de trabalho para as mulheres.
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