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MATÉRIA DO MÊS

BRASIL LÁ, ÁFRICA CÁ

Publicado por A CASA em 12 de Fevereiro de 2014
Por Laura Bing

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Ao se tratar da África, ainda prevalece um forte senso comum entre aqueles que não a conhecem ou que não se dedicam às leituras confiáveis. Ainda prevalece a África registrada pelo ideológico hollywoodiano ou o imaginário de continente homogêneo, como se não houvesse as riquezas e pobrezas que existem em qualquer lugar em que a humanidade esteja presente. Assim como todo continente, o africano tem suas brigas religiosas, étnicas, políticas e também uma pobreza que é resultado da centralização de muita renda na mão de poucos. Assim como tem lá, tem cá também.
Mas aproveitamos o recente lançamento do livro “Lá e Cá: Trocas culturais entre o Brasil e países africanos de língua portuguesa”, de Maria Emília Kubrusly e Renato Imbroisi, para apresentar uma África com muita riqueza cultural, gastronômica e artística. Os autores revelam suas pesquisas e experiências profissionais por Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. Tanto Emília quanto Renato têm suas caminhadas individuais e profissionais pelos países africanos, mas viram no livro uma excelente oportunidade de mesclá-las e transformar em um belíssimo registro, lançado pela Editora Senac. O livro, que começou com o apontamento de técnicas artesanais, aproveitou para também descrever as semelhanças da culinária popular e do folclore percebidas e descritos de forma deliciosa ao longo da publicação, recheada de fotos e mais fotos.
A origem da aventura literária começou quando Renato Imbroisi foi convidado, em 2003, para trabalhar em uma associação em Moçambique, a fim de criar escolas de artesanato. Anos depois, viu muitas semelhanças entre o artesanato moçambicano em outra viagem, desta vez para a Costa do Sauípe. Neste momento, surgiu a faísca para pesquisar com mais detalhes estas influências que persistem até hoje. Para Maria Emilia Kubrusly, estas semelhanças não são mera coincidência, mas retratos da colonização portuguesa tanto no Brasil quanto em muitos países africanos, além da vinda de muito africanos durante o período de escravização. A autora afirma com humildade: “Pode ser que antropólogos e outros profissionais deste estudo consigam traçar melhor a origem real destes pratos típicos ou do artesanato, mas não tivemos essa pretensão. Queríamos registrar as sensações da descoberta e como esses elementos são no cotidiano do africano”.
O Brasil Colônia foi regado por lastimáveis anos de escravidão africana, onde o negro era tratado como uma propriedade e foi rebaixado ao nível de máquina de trabalho e como coisa. Apesar das condições que desafiavam a condição humana de existência, a semeadura cultural da população negra em território dominado pelo europeu branco foi muito próspera. E para nossa surpresa, o livro aborda o que os escravos libertos levaram de volta aos seus países de origem as adaptações que a cultura africana passou no território do pau-brasil, com uma pitada portuguesa.
Esqueça a nostálgica Pangeia, deixe que o livro de Kubrusly e Imbroisi te leve para as descobertas artísticas da riquíssima Mama África, o continente de onde viemos e que está mais pertinho do que imaginamos.