MATÉRIA DO MÊS
A CASA VIAJA - SERGIPE/ALAGOAS
Publicado por A CASA em 10 de Julho de 2014
Por Elisa Nazarian

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Em Sergipe a caatinga é verde. Pelo menos estava verde nos cinco dias em que estive lá, numa viagem promovida por A CASA – museu do objeto brasileiro.
Dizem que, quando a chuva cai, de um dia pro outro ela verdeja. Pra mim, foi um encantamento. Em minha vasta ignorância, nunca tinha parado pra pensar em Sergipe. Fui pra lá sem saber pra onde estava indo. Não sabia que era um estado acidentado, com uma rica topografia e uma luz belíssima. Minha falta de curiosidade foi injusta. Voltei de lá cativada. A viagem feita com A CASA faz com que a gente confirme um outro Brasil: sereno, lindo e afável.
Éramos um grupo de doze mulheres. A ideia era percorrer o artesanato do lugar, com foco nos bordados. Nossa viagem durou cinco dias. Além da capital, estivemos em Poço Redondo, Canindé do São Francisco, Piranhas, Entremontes, Ilha do Ferro, São Cristóvão, Laranjeiras e Divina Pastora. Poço Redondo, Entremontes, Ilha do Ferro, Laranjeiras e Divina Pastora são centros de excelência em renda e bordado.
São Cristóvão era a antiga capital de Sergipe. Por ter um porto tímido, a capital teve que ser mudada pra Aracaju. É uma cidadezinha linda, com belas igrejas, um museu de arte sacra, um pequeno museu histórico e freiras que vendem delícias pra se comer. O guia do museu histórico é um homem que morou certa época no Canadá, mas detesta o frio e voltou pra Sergipe. É politizado e agradavelmente falante. Reclamou que a cidade está entregue às moscas.
Em Sergipe, o Rio São Francisco é limpo e sereno, mas estava baixo. Disse o barqueiro que nos levou até a Ilha do Ferro que baixou há uns dois anos. Não se vê garrafas pet, nem sacos de salgadinhos, nada que agrida a vista, só a natureza se estendendo sem alarde. Tudo muito tranquilo. Fico pensando que só de morar perto desse rio a pessoa já é feliz.
Nos cinco dias que durou nossa viagem, tivemos o apoio de uma van, competentemente dirigida pelo seu Roberto, de infinita paciência. Dirigir com doze mulheres ao pé do ouvido não é coisa pra amador. Ele se saiu muito bem. Conhecia toda a região e nos mostrou o que era um mandacaru, um xiquexique, uma palma. Nunca tinha pressa.
Nossa guia, Eliane Guglielme, também foi ótima. Animadíssima, bem informada, e atenciosa, só tremeu nas bases quando resolvi comprar um móbile de urubu, feito com folha de palmeira. Não quis nem chegar perto. Tem medo até de galinha.
Na volta da Ilha do Ferro, paramos num ponto de venda de doces artesanais. Uma das minhas companheiras de viagem comprou doce de jaca em calda. Garantiu que fica uma delícia refogado no arroz.
No nosso último dia em Aracaju, estivemos no Museu da Gente Sergipana, um museu que festeja a identidade local, muito bem cuidado, interativo. Foi na loja desse museu que encontrei as peças mais interessantes do artesanato e da arte locais, a preço justo.
Já que estávamos em parte da rota percorrida por Lampião, pensei que aproveitaríamos para conhecer a Grota do Angico. Na minha santa ignorância, não sabia que era apenas uma grota. O verdadeiro Angicos fica no Rio Grande do Norte. Quanto à Grota, não fomos. Talvez fique para uma próxima vez.