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ICOARACI: A HERANÇA ARQUEOLÓGICA NA PRODUÇÃO CERÂMICA ARTESANAL CONTEMPORÂNEA

Publicado por A CASA em 6 de Janeiro de 2015
Por Agda Sardinha

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Icoaraci é um distrito do município de Belém, localizado a cerca de 20 quilômetros da capital paraense. A região, também conhecida como “Vila Sorriso”, é um importante polo de produção cerâmica da região Amazônica. A maior parte da produção ocorre no bairro do Pacuri, no centro de Icoaraci. No local há diversas olarias e oficinas, situadas lado a lado, sobretudo na Travessa Soledade, onde é possível conhecer alguns produtos e artesãos, bem como adquirir peças de cerâmica. Além das olarias, a região conta com pontos turísticos interessantes como a Feira de Artesanato do Paracuri, a Praça São Sebastião – que possui uma série de exposições de artesanato, a Praia do Cruzeiro, o Pontão, a orla da Baia de Guajará e restaurantes que servem comidas típicas paraenses (tacacá, maniçoba, pato-no-tucupi).

Até a década de 1960, as olarias de Icoaraci estavam centradas predominantemente na fabricação de telhas, tijolos, panelas e tigelas de argila. Contudo, na década de 1970 a produção de cerâmica inspirada em grafismos encontrados em materiais arqueológicos foi iniciada a partir da iniciativa de dois artesãos: Raimundo Saraiva Cardoso – “mestre Raimundo Cardoso” e Antônio Farias Vieira –“mestre Cabeludo”.

Mestre Cabeludo, ao ver a imagem de uma peça marajoara em uma revista, decidiu reproduzi-la e, assim, iniciou o processo de produção das réplicas arqueológicas em Icoaraci. Já Mestre Cardoso, após visitar uma exposição de arqueologia interessou-se pela iconografia marajoara e solicitou acesso à reserva técnica do Museu Goeldi para realizar pesquisas com o intuito de aprofundar seus conhecimentos com relação à técnica e à decoração das peças. 

Atualmente a cerâmica de Icoaraci é inspirada em peças arqueológicas de diversas tradições encontradas na região Amazônica: Marajoara, Tapajônica, Konduri e Maracá. Além disso, as peças icoracienses muitas vezes contam com uma mescla de estilos que agregam tanto o grafismo de materiais arqueológicos quanto motivos florais e desenhos que retratam elementos como o Sol, a Lua, relevos, rios e outros aspectos da natureza. Esse hibridismo é visto por alguns como uma descaracterização da identidade cultural da região, mas para os produtores de Icoaraci esse processo marca o surgimento de uma escola de arte ceramista, com cotornos próprios que seriam específicos da cerâmica icoraciense.