Icoaraci é um distrito do
município de Belém, localizado a cerca de 20 quilômetros da capital paraense. A
região, também conhecida como “Vila Sorriso”, é um importante polo de produção
cerâmica da região Amazônica. A maior parte da produção ocorre no bairro do
Pacuri, no centro de Icoaraci. No local há diversas olarias e oficinas,
situadas lado a lado, sobretudo na Travessa Soledade, onde é possível conhecer
alguns produtos e artesãos, bem como adquirir peças de cerâmica. Além das
olarias, a região conta com pontos turísticos interessantes como a Feira de
Artesanato do Paracuri, a Praça São Sebastião – que possui uma série de
exposições de artesanato, a Praia do Cruzeiro, o Pontão, a orla da Baia de
Guajará e restaurantes que servem comidas típicas paraenses (tacacá, maniçoba,
pato-no-tucupi).
Até a década de 1960, as
olarias de Icoaraci estavam centradas predominantemente na fabricação de telhas,
tijolos, panelas e tigelas de argila. Contudo, na década de 1970 a produção de
cerâmica inspirada em grafismos encontrados em materiais arqueológicos foi
iniciada a partir da iniciativa de dois artesãos: Raimundo Saraiva Cardoso – “mestre
Raimundo Cardoso” e Antônio Farias Vieira –“mestre Cabeludo”.
Mestre Cabeludo, ao ver a
imagem de uma peça marajoara em uma revista, decidiu reproduzi-la e, assim, iniciou
o processo de produção das réplicas arqueológicas em Icoaraci. Já Mestre
Cardoso, após visitar uma exposição de arqueologia interessou-se pela
iconografia marajoara e solicitou acesso à reserva técnica do Museu Goeldi para
realizar pesquisas com o intuito de aprofundar seus conhecimentos com relação à
técnica e à decoração das peças.
Atualmente a cerâmica de
Icoaraci é inspirada em peças arqueológicas de diversas tradições encontradas
na região Amazônica: Marajoara, Tapajônica, Konduri e Maracá. Além disso, as
peças icoracienses muitas vezes contam com uma mescla de estilos que agregam
tanto o grafismo de materiais arqueológicos quanto motivos florais e desenhos
que retratam elementos como o Sol, a Lua, relevos, rios e outros aspectos da
natureza. Esse hibridismo é visto por alguns como uma descaracterização da
identidade cultural da região, mas para os produtores de Icoaraci esse processo
marca o surgimento de uma escola de arte ceramista, com cotornos próprios que
seriam específicos da cerâmica icoraciense.