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Luminária Ouriço - Angela Carvalho





MATÉRIA DO MÊS

GUIADOS PELA MÃO

Publicado por A CASA em 7 de Maio de 2015
Por Maria Helena Estrada

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O Salão do Móvel de Milão é o mais importante palco da grande indústria. Mas, é preciso ressaltar que, sem a força, a maestria e a beleza proporcionada pelo artesanato, seu brilho não alcançaria a dimensão e o prestígio atuais. Assim, propomos uma pequena volta ao mundo, guiada por mãos habilidosas que tecem poesia ou, algumas vezes, ironia e humor.
 
O conceito de artesanato, hoje alargado, não se refere mais, ou apenas, aos trabalhos manuais realizados por pequenas comunidades – em todo o mundo. Muitos artesãos se dedicam aos protótipos ou, na outra ponta, aos acabamentos. E, cada vez mais, há a aproximação entre artesanato e indústria, criando produtos belamente elaborados e finalizados.  

Destacamos este ano, no Salão do Móvel, quatro culturas ou expressões diversas, vindas do Japão, da Coreia, da Dinamarca, com a mostra coletiva organizada pela Mindcraft e, claro, ótimos exemplos brasileiros.

Qual foi, considerada pela grande maioria, a mais bela mostra de 2015? A da empresa japonesa Nendo, com móveis em bambu natural, trabalhado de forma única e com detalhes em tingimento preto. Trançados manualmente nas Filipinas, obedecem a rigoroso geometrismo em suas doces formas. A estrutura é de carvalho maciço e os acabamentos em gesso formado por areia vulcânica!

Para continuarmos no Oriente podemos falar do tradicional artesanato coreano e sua expressão contemporânea, utilizando matérias que vão da porcelana e terracota ao metal, ao bambu, à laca e ao papel originário da amoreira. A mostra “Constancy and Change in Korean Traditional Craft”, realizada na Trienal de Milão, traz em seu catálogo um texto da crítica de arte Bepe Finesse, que nos fala do reconhecimento do próprio passado para encontrar a expressão contemporânea. É o que vemos nesta exposição.

O artesanato da Dinamarca esteve presente na MindCraft que, no cenário espetacular de um antigo claustro recebeu o prêmio de melhor exposição do ano. Destacamos o trabalho de Louise Campbell em papel desenhado utilizando canetas com ponta de feltro que, em suas linhas onduladas, expandem ou contraem o suporte. Surpreendente ao olhar, geram vários resultados, baseados na variação dos espaçamentos.  Outro destaque é o Terroir, de Edvard e Steenfatt, que utiliza um novo material, resistente, formado por algas marinhas e papel. Tem o toque da cortiça e a leveza do papel. Sua cor é determinada pelas diversas tonalidades das algas e o composto pode ser também utilizado para a confecção de móveis.

E o Brasil pediu passagem com duas mostras de grande sucesso e a certeza de que, com mais algumas gramas de esforço e capricho, outras de competência, uns quilinhos de senso crítico e muito brasileirismo ampliado e traduzido para o internacional, a “taça” também será nossa. Vamos aos fatos com duas mostras: RIO + DESIGN e MADE A MILANO, uma carioca, outra paulista. 

A exposição organizada pelo Rio de Janeiro, com curadoria de Guto Indio da Costa, teve como ponto alto o espetáculo da medição exata da estátua do Cristo Redentor, com o uso de drones e da tecnologia 3D. Trabalho coordenado pela equipe da PUC Rio. Mostrou também um exemplo de aproximação entre o artesanato e a indústria, com as luminárias Ouriço, de Angela Carvalho. 

MADE A MILANO, com curadoria de Waldick Jatobá, teve como objetivo mostrar o design jovem, próximo à arte e às pequenas séries. Enfatizando a vertente artesanal e a aproximação artesanato/indústria, destacamos a coleção de bancos indígenas e os designers Domingos Tótora, Carol Gay, Ricardo Graham Ferreira, Sergio Matos e a Outra Oficina. A mostra anunciava uma nova estética, de sabor brasileiro e linguagem abrangente, capaz de sensibilizar culturas distantes.