"Tecido ordinário de algodão, estampado em cores", segundo a definição do Dicionário Aurélio, o verbete sobre a chita restringe as possibilidades do pano popular. Por isso, estilistas foram escolhidos para expressar o que de melhor tem a chita, cujas criações estão em exposição no Museu da Casa Brasileira, na capital paulista, desde o dia 20 de janeiro. Os estilistas convidados são: Amapô, André Lima, Glória Coelho, Karla Girotto, Lino Villaventura, Madalena, Marcelo Sommer, Neon, Raia De Goye, Reinaldo Lourenço e Ronaldo Fraga e também a designer Sonia Kiss, que criou bolsas de chitas.
A idéia surgiu há três anos, quando Renata Mellão e Renato Imbroisi se juntaram em uma palestra realizada na A Casa, Casa Museu do Objeto Brasileiro. Assim a chita também virou livro. Que chita bacana chega com tiragem de três mil exemplares, com reportagem e texto de Maria Emilia Kubrusly, pesquisa de Liana Bloisi, Marina Vidigal, Selimar Montes D''Orca.
Editado pela A Casa - Casa Museu do Objeto Brasileiro, a chita ganha destaque em época de moda. Com cara de festa do interior e brincadeira de criança, a chita possui ancestrais ilustres: surgiu na Índia medieval e conquistou europeus, seu nome vem do sânscrito e atravessa idiomas, assim como o tecido transpôs mares, povos e culturas para virar vestidinho de menina nas quadrilhas juninas, cortina e toalha de mesa em casa de pau-a-pique, pelos cantos do Brasil. De tempos em tempos, ganha espaço em passarelas, galerias de arte, vitrines e palcos, quando estilistas, artistas plásticos, designers e outros criadores redescobrem estas estampas e as incorporam a suas produções. Tudo isso você pode ler no livro Que chita bacana, que chega com 153 páginas ao preço de R$100.
A história deste tecido traz um pouco da trajetória da alma brasileira. Passado, presente, trabalho castigo, festa, criação, arte, infância, malícia e uma alegria descarada se combinam nas cores e misturas descontroladas das estampas, que vestiram escravos, camponeses, tropicalistas, personagens de literatura, teatro novela e cinema, sem perder a inocência.
"Homenagear a chita se inscreve dentro da diretriz atual do museu de dar visibilidade à imensa riqueza e diversidade cultural brasileira", diz a diretora do Museu da Casa Brasileira, Adélia Borges. Ela defende essa postura não com um olhar nostálgico, mas sim com uma visão "em que se forja o nosso futuro a partir de nossas raízes culturais", completa.