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Gente: Chita bacana

Publicado por A CASA em 20 de Fevereiro de 2005


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Gente: Chita bacana


Ela já vestiu escravos, camponeses, foi usada como cortina e toalha. Agora, atravessou os mares e recebeu ares nobres. Trata-se da chita - o mais simples dos tecidos de algodão estampado -, que por conta de suas cores e "brasilidade" ganhou fama entre estilistas nesta temporada e já tem representado o Brasil no exterior.
"Tudo o que coloquei na vitrine, vendeu. Apostei na chita e vi que ela deu muito certo", conta Fábio Shoel, sócio da marca Guelt, que cobra uma blusa do tecido em torno de R$ 80,00. Para se ter uma idéia, o metro de chita, que daria para confeccionar pelo menos duas dessas blusas, custa em torno de R$ 5,00.
Até a alta-costura resolveu apostar no tecido. O estilista paranaense Ronaldo Silvestre diz que a opção pelo tecido faz parte do resgate da tradição brasileira. "Ele é bem típico, com padronagem alegre, cores fortes e facilmente identificada. Passou a ser usado por pessoas de vanguarda", afirma.
Carol Martins, dona da grife de modernos Madalena, literalmente, pintou e bordou com o pano. Entre suas criações, também consta um longo que a famosa joalheira Francisca Botelho encomendou para usar em uma cerimônia nos Estados Unidos. "Dependendo dos acessórios, esse mesmo vestido pode ser usado na praia", aponta ela, que investe na versatilidade do tecido.
Monica Debasa, gerente de produtos da Horizonte Têxtil, tecelagem que desenvolveu uma linha de chita mais macia para marcas como a badalada Vide Bula e a sofisticada Le Lis Blanc, criou cerca de 15 estampas diferentes, algumas com exclusividade. "Em sua maioria foram flores grandes", detalha.
Monica associa a valorização das chitas ao impulso da onda de brasilidade que ganhou espaço ultimamente. E a valorização não ocorre apenas por aqui. A Speedo escolheu a grife Rosa Chá para produzir uma linha de 35 itens que estarão pendurados nas araras de lojas em todo o mundo com a estampa das chitas. "Para atender o gosto internacional, a estampa passou por uma recriação para não ficar tão folclórica", diz Amir Slama, dono e estilista da Rosa Chá. Ele aposta também no uso da chita em acessórios, como cintos, ou detalhes, como bolsos de calças compridas.
Para que a chita esteja sempre linda
Definida pelo Aurélio como "tecido ordinário, de algodão, estampado a cores", a chita necessita de alguns cuidados a mais para ter seu tempo de uso prolongado. Veja, abaixo, os principais:
Para evitar problemas de costura:
- Use linha e agulhas finas.
- Faça pontos mais presos.
- Marque margens de costura entre 1 centímetro e 1,5 centímetro.
Para evitar problemas com o tecido:
- Antes de costurar, lave o tecido. Além de retirar o excesso de goma, previne encolhimento da roupa pronta, já que o tecido tende a diminuir após a primeira lavagem.
Cuidado ao lavar:
- Evite máquinas de lavar. Deixe o tecido submerso em água salgada. O sal agirá como um fixador da cor, evitando que o tecido desbote rapidamente.
Para deixar o tecido mais encorpado:
- Forre o tecido mais grosso, principalmente se a peça for um corselete. Além de evitar que a peça se esgarce, o corpo ficará melhor modelado.
Fonte: estilista Ronaldo Silvestre
O tecido sai das ruas e vira peça de museu
Onze estilistas brasileiros e uma designer de calçados mostraram versões fashion da chita no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, na exposição Chita na moda, que encerrou hoje. De acordo com Adélia Borges, diretora da instituição, o objetivo da mostra não era uma busca nostálgica. "Queríamos dar uma visão em que se forja o nosso futuro a partir de nossas raízes culturais", afirma.

Miti Shitara, professora de História da Moda, observa que a origem do tecido é indiana, sendo depois levado para a Europa. Chegou ao Brasil com a corte de dom João VI e, desde então, se integrou à cultura brasileira. No século 20, encontrou destaque na época da depressão econômica mundial causada pelo crack da Bolsa de Valores de Nova Iorque. "Era um tecido mais acessível", resgata Miti.
Nos anos 50, voltou à moda junto com a valorização dos tecidos florais. De lá para cá, a chita ficou mais conhecida por seu uso como cortina e forração de colchões.

http://www.diariopopular.com.br/20_02_05/ir140204.html


Fonte: Diário Popular - RS