Editorial
Você está recebendo a primeira newsletter do museu A CASA, que traz uma seleção de conteúdos, informações e indicações relacionadas ao objeto brasileiro, além das novidades do museu virtual www.acasa.org.br. A CASA museu do objeto brasileiro é uma organização social com foco na produção brasileira, que objetiva contribuir para o reconhecimento, valorização e desenvolvimento da produção artesanal e do design. Boa Leitura!
Acontece no
museu A CASA
Cunha Gago, 807
Encontros design + artesanato

Exposição apresenta uma retrospectiva de objetos emblemáticos da produção artesanal contemporânea nas duas últimas décadas.
De segunda a sexta, das 10 às 19h.
1° Prêmio Objeto Brasileiro
Últimos dias para se inscrever! As inscrições se encerram no dia 30 de junho. Mais informações, clique aqui.
www.acasa.org.br
Guia do Objeto Brasileiro
Agora o Guia está aberto para que artesãos, designers e instituições possam se cadastrar diretamente no site e divulgar os seus contatos. Cadastre-se agora
Novos contatos no Guia
Com a colaboração dos Sebraes estaduais, agora o Guia conta também com os contatos de associações de artesãos do Acre, Pará, Espírito Santo, e Rondônia. Confira no site.
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Entrevista - Renato Imbroisi
“A aliança é fundamental”
Renato Imbroisi é designer, tecelão e empreendedor carioca, e com o Sebrae faz projetos com artesãos por todo o país.
Como fazer uma boa aliança entre designers e artesãos?
Essa aliança acho fundamental, com excelente respeito e confiança mútua. No meu caso dá certo porque falo a mesma linguagem das artesãs. Eu era o próprio tecelão, então consigo entender e explicar como se chega lá. Tenho a mesma necessidade, sei quais os problemas que elas podem enfrentar pelo desenho, qualidade do produto, organização, forma de atingir seu mercado. E as artesãs buscam o designer. Nesses últimos anos, se fala muito no Brasil que o design soluciona tais problemas. As artesãs estão atentas, sabem o que é isso. No começo se falava em design e ninguém sabia o que é. Mas algumas artesãs já estão muito espertas, entendendo essa diferença. E pedem a presença do designer.
Qual a importância de manter a conexão do trabalho artesanal com a vida da comunidade?
Como tudo, temos que ter um foco de mercado, conceito, ideais, pesquisa, criação. Hoje em dia dirijo vários grupos até descobrir: qual o caminho desse grupo? Por que elas se juntaram? Qual o conceito? Onde querem chegar? Qual o mercado delas? Para isso, eu tenho que mergulhar profundamente na vida da comunidade e conhecer o perfil das artesãs. Não vejo outro jeito de dar certo. E, quando ela faz e acredita no produto, ela usa isso. Ela tem prazer em dar de presente, em se vestir ou decorar a sua casa com o que ela faz.
O capim dourado, com o qual você trabalhou, transitou entre objeto de luxo e agora é muito popular.
O que você acha disso?
É bom quando o produto atinge várias camadas sociais mantendo o valor. Isso é raro. Mas ali tem uma matéria-prima que é preocupante em termos ambientais. O capim dá uma vez por ano, só brota depois da queima. Quando trabalhei lá, era uma coisa controlada. Como aquilo virou fonte de renda fácil, espalhou-se rápido e começou um uso desgovernado. E também ele acabou se banalizando um pouco, vieram vários desenhos que o deixou popular demais. Antes, era só o capim dourado com formas que o valorizavam.
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Matéria do MÊS
Um diálogo possível
“Ao contrário de outros países onde o design se desenvolveu a partir das habilidades e tradições artesanais, no Brasil e em outros países latino-americanos essas duas atividades sempre viveram em mundos separados, em campos até opostos. Esta oposição tem dado lugar a uma aproximação”. Essas frases são de Adélia Borges, jornalista especializada em design e curadora da exposição “Encontros design + artesanato”, e sintetizam o panorama da relação entre artesanato e design no país.
Algumas iniciativas têm mostrado na prática que isso é possível. Na última Fashion Rio, foi destaque a grife Apoena (em tupi-guarani: “que vê longe”), comandada pela estilista Kátia Ferreira. A grife nasceu em 2004 a partir de um projeto social de formação de mulheres das cidades satélites de Brasília. Hoje, suas roupas desfilam com desenhos de Oscar Niemeyer nas passarelas do Rio.
A Associação das Rendeiras do Morro da Mariana, do Piauí, fez uma parceria com o estilista Walter Rodrigues na confecção de vestidos com renda de bilro. Para as artesãs, a experiência trouxe reconhecimento e ajudou as mulheres de lá retomarem a tradição de fazer renda. “Chegamos a ter quatro rendeiras na associação, porque renda não vendia. Agora somos 120, e exportamos até para a Holanda. Não deixamos de fazer as rendas tradicionais, mas além delas fazemos coisas novas. Hoje quem manda é o cliente”, conta Maria do Socorro Reis, rendeira e presidente da associação.
Para a rendeira: “Moda passa. Mas a renda não cai. Mudamos o desenho e ela continua na moda”. O artesanato parece ser retomado com um novo vigor a partir das trocas com o design. A prática mostra que a aliança não só é possível como também é bem-sucedida, mantendo tradição e identidade.
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A CASA indica
“Um novo cardume”

Exposição de luminárias-esculturas do artista Lucas Isawa, inspiradas na tradição koinobori no Museu da Casa Brasileira. De terça a domingo, das 10h às 18h. Até 27/7.
Vídeo - A-POC inside

Veja o vídeo premiado do estúdio Issey Miyake. Como parte do processo de criação do estúdio, as letras de seu nome se transformam em ‘modelos’ desfilando pela tela negra. Duração: 02’49’’
Blog Design
Blog da jornalista Mara Gama, gerente de conteúdo do UOL e especialista em design. Traz as últimas novidades no mundo do design, com notícias, eventos, prêmios etc.
Livro - Caminhos da Conquista
Um retrato dos personagens e momentos históricos do período colonial brasileiro. Com texto de Ricardo Maranhão e ilustrações de Vallandro Keating. Editora Terceiro Nome.
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Boa leitura
"Mais eis um paradoxo: apesar de significar para nós fonte vigorosa de identidade, um oásis de criação genuína, não temos como preservar o artesanato virgem pois, além de pressões externas de toda ordem, ele está baseado em precariedades materiais e humanas, produzido sob o signo da pobreza, da necessidade vital. Querer preservá-lo como é, é correr o risco de se querer preservar as condições precárias em que é feito. De qualquer modo, a única saída que temos é criar, pois esta é a coluna dorsal do ser humano. Temos que antropofagiar, inclusive o artesanato, temos que ‘aprender a fazer renda e ensinar a namorar’. Temos que ver a realidade com neutralidade e, humildemente, seguir seu ritmo.”
José Alberto Nemer
Texto publicado no site A CASA, por ocasião da apresentação do artista no evento VII Encontro Design Artesanato, realizado em setembro de 2003.
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