Editorial
A CASA tem boas notícias: acaba de ser
selecionada no Edital nº 22 - Criação e/ou Manutenção
de Sites de Cultura do Programa de Ação Cultural do
Estado de São Paulo – ProAC. Com isso, receberá
apoio do governo estadual para o desenvolvimento de novas áreas
e inserção de conteúdo no site. No ar desde
o ano 2001, o museu virtual conta com uma média mensal próxima
dos 20 mil acessos e representa um espaço para divulgação,
discussão e promoção da produção
artesanal e do design brasileiros. Ao ser selecionada, A CASA obtém
o reconhecimento de um trabalho que é feito há quase
dez anos e espera poder ampliar sua contribuição na
valorização da cultura nacional.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha Gago, 807
Girando o acervo
Últimos dias para conferir a exposição
que apresenta uma seleção de peças do acervo
de A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Até
09/04. Saiba
mais.
Workshop com Lili Larratea

Venha conhecer e jogar o Play
Rethink Game, um jogo de tabuleiro criado pela inglesa
Lili Larratea e dedicado aos designers e pessoas que querem desenvolver
soluções sustentáveis por meio da criatividade.
O workshop faz parte do programa Abril com IDDS: mês para
repensar os produtos e serviços à nossa volta. Dia
16/04, das 19h30 às 22h30. Atividade gratuita! Informações
e inscrições pelo telefone 11 3814 9711 ou por e-mail.
Vagas limitadas.
Saiba mais.
Colecionismo Hoje
Conjunto de obras do colecionador e curador João Pedrosa,
englobando arte contemporânea, fotografia, mobiliário
vintage, vidros, cerâmicas, streamline e design. Cildo Meirelles,
Rômulo Fialdini, Zanine, Carlos Millan, são alguns
dos nomes que integram a exposição. De 24 a 27/04.
Sexta e segunda, das 10h às 19h. Sábado e domingo
das 11h às 17h. Visitas comentadas todos os dias, às
16h. Saiba
mais.
Coleção Roupa de Ver a Deus

Está no ar a coleção Roupa
de Ver a Deus, que apresenta peças de cinco designers de
roupArte: Amaria, Glaucia Amaral, Hedva Megged, Liana Bloisi e Paula
Yne. Além das roupas, a coleção traz um vídeo
que conta um pouco do trabalho realizado por Mayumi Ito com comunidades
de artesãos de Muzambinho. Veja
aqui.
Novas ações sócio-ambientais

Praias de areias brancas, mata atlântica e manguezais: é
o cenário do Projeto
de Recuperação do Artesanato de Jaguaripe.
Já o Programa
Mestres da Obra atua nos canteiros de obras, tendo
o operário como foco principal. Não deixe de conferir
as novas ações sócio-ambientais publicadas
no Museu Virtual.
Apoio
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Entrevista
- Helena Sampaio
“Não
estamos fazendo boa ação, estamos fazendo política
emancipatória”
Helena Sampaio foi Coordenadora Nacional
do Artesanato Solidário/ARTESOL durante sete anos e,
neste momento, anuncia sua despedida da instituição.
Qual
é o foco do trabalho do Artesanato Solidário?
O
Artesanato Solidário surge em 1998 no
âmbito dos programas do Conselho da Comunidade Solidária,
um órgão concebido e presidido pela Ruth Cardoso,
justamente para desenvolver projetos inovadores. O que significa
“inovador” nesse contexto? Que rompesse com uma
tradição assistencialista das políticas
sociais. O Artesanato Solidário é um programa
de geração de renda em localidades pobres do
país e faz isso através da valorização
do artesanato de tradição. E qual é o
pressuposto dele? Que sempre as políticas sociais tentem
enfatizar a pobreza, a carência, a exclusão.
E o que o Artesanato Solidário propõem? Que,
sim, existe carência, existe pobreza, mas você
também tem um potencial, você tem também
uma riqueza, uma capacidade, um capital individual, um capital
das pessoas, que tem que ser transformado em capital social.
E o artesanato de raiz, é um dos ativos que pode desencadear
um processo de promoção de capital social. A
gente só entra em localidades onde tem um baixo Índice
de Desenvolvimento Humano, onde não existem muitas
perspectivas de trabalho, de emprego, de geração
de renda. Tem que ter esse quadro social. Mas ao lado da pobreza
dessas localidades, eles têm que ter algum potencial.
E qual é esse? É o saber fazer local. Esse saber
fazer local, que é uma coisa que esta lá, é
o ativo que se manifesta no artesanato de raiz.
Como o Artesanato Solidário
enxerga a relação entre design e artesanato?
O Artesanato Solidário tem uma posição
bastante firme em relação ao design. Como a
gente trabalha com artesanato de raiz, o designer tem, normalmente,
o papel de facilitador, mas não de autor. Às
vezes falam assim: “olha aqui, estão fazendo
uma cerâmica, mas agora a nova feira de Design de Milão
está querendo panelas pintadas de amarelo. Então
nós vamos pintar de amarelo”. Isso não!
Por quê? Porque a gente cai numa área perigosa.
Tem que ter respeito pelo artesão. O saber fazer é
uma linguagem e nós não podemos intervir de
uma forma tão violenta em uma linguagem. Uma panela
de Coqueiros-BA não tem “moda”, ela é
eterna, ela é resultado de uma cultura, de uma tradição.
Se a gente começar a perder essas características,
ela vira ‘nada’. O artesanato de raiz não
precisa ser bonito ou feio, ele simplesmente “é”.
E isso basta.
O que significa pagar um preço
justo pelo trabalho de um artesão?
No começo muita gente achava que o comércio
justo era o consumidor final pagar o preço que ele
considerava justo pelo produto. As pessoas vinham para mim
e falavam: “é um absurdo a Daslu comprar do artesão
e vender super caro”. Eu respondo: “olha, o artesão
está ganhando o preço do produto dele, o que
custou para fazer”. Se a Daslu ou qualquer outra loja
está cobrando 20 vezes mais, não é problema.
Porque ela tem um custo que provavelmente o artesão
da ponta não tem. As pessoas achavam que a Daslu tinha
que repassar esse dinheiro ao artesão. Tá bom,
aí você acaba com a economia. Ele tem que ganhar
de maneira compatível com o trabalho dele, com a região
que ele mora. Quer dizer, nós não estamos fazendo
boa ação. Se a Daslu paga vinte e vende por
duzentos, bom, que ótimo que pagou vinte! Esse é
o preço justo. O preço justo são esses
vinte. Os duzentos são outra coisa: marketing, rede
de clientela, a diferenciação, a marca, o champanhe,
o motorista etc. Vamos dizer que R$180,00 ela está
pagando tudo mais. No começo eu falava isso e as pessoas
diziam: “você está defendendo a Daslu?”.
Eu falava: “não, eu estou defendendo os artesãos!”.
A Daslu não pode fazer uma doação porque
isso significa uma política assistencialista. Isso
significa a gente voltar atrás. Não estamos
fazendo boa ação, estamos fazendo política
emancipatória, políticas para criar protagonismos.
É outra história.
Gostaria de falar algo sobre a sua
saída da Coordenação Nacional do Artesol?
Acredito nessa história de que, se a gente ficar muito
tempo, a gente envelhece com as instituições
e as instituições envelhecem com a gente. Então
eu acho que está na hora de mudar. Eu mudar, buscar
outros caminhos, e o Artesanato Solidário também,
receber inovações a partir do novo coordenador
que vier a assumir o cargo. Mas é importante deixar
claro que eu saio em um momento bom, em que o Artesol está
consolidado e bem das pernas.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
O GÊNIO TRANSFORMADOR
DE JUM NAKAO
Todos
se lembram do desfile de despedida do estilista e diretor
de criação Jum
Nakao, há cinco anos, quando as modelos,
que vestiam roupas de papel, rasgaram seus vestidos ao final
da apresentação. O descontentamento com o
universo fashion era evidente. Jum revela: “o meu
descontentamento era com a falta de conteúdo na moda
e a valorização da aparência. Isso acontece
na moda, na música, nas artes plásticas, no
design, etc. Aquilo foi um manifesto sobre a dificuldade
de repensar a questão da criação. É
preciso mudar na essência, não na aparência”.
Afastado das passarelas desde então,
atualmente Jum Nakao faz parte do projeto Floresta Móbile,
que acredita que o objeto tem que ser a conexão entre
o homem e a natureza, e envolve pequenos fabricantes de
móveis e artesãos de comunidades rurais e
urbanas no norte e nordeste do Brasil. A idéia é
oferecer um modelo inovador de design sustentável
em regiões pouco desenvolvidas. Jum, que já
realizou trabalhos em diversos locais do país, como
nos estados da Bahia e Amazonas, lembra da importância
de se utilizar referências e valores tradicionais
da cultura brasileira para as criações: “é
preciso repensar os ingredientes, valorizar ingredientes
locais”. Para ele, a base de um país está
na cultura: “um país não se define pelo
aspecto territorial e sim pelo aspecto cultural. Um país
sem cultura, sem raízes, de analfabetos, não
é um país”.
Ao mesmo tempo, Jum afirma que devemos cuidar do modo como
as coisas são feitas. Em sua avaliação,
desde a revolução industrial a materialidade
ficou valorizada demais em detrimento do processo de produção.
Ou seja, o modo como as coisas são feitas acabou
sendo deixado de lado e os novos trabalhos de Jum Nakao
pretendem mudar essa configuração: “a
idéia é fazer o contrário. Mais importante
do que ‘o que é feito’ é o ‘como
é feito’”. Na contra-mão do que
se costuma observar em muitos projetos desse tipo, Jum afirma
que a idéia de trabalhar com comunidades não
é inserir pessoas no sistema: “o sistema tem
muitos problemas. Temos que formar escolas de pensamento.
As pessoas têm que perceber que elas são fundamentais,
elas são as personagens principais. Não é
processo que deve moldar o homem e sim o homem que deve
moldar o processo”.
Jum deixa em aberto a possibilidade de, no futuro, retornar
às passarelas. Por ora, a maior parte de seu tempo
é dedicada à área acadêmica,
em que Jum faz aquilo que, segundo acredita, é fundamental:
“quero formar uma guerrilha, um exército de
pessoas. E essa é a forma mais eficiente: formas
pessoas. Quanto mais pessoas e profissionais forem transformados,
mais eficiência”.
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A
CASA indica
Design brasileiro hoje: Fronteiras

O design contemporâneo feito no Brasil
mostra um trânsito original entre o que é brasileiro
e o que é global, um cruzar de fronteiras ininterrupto, que
vai do modo de produção artesanal ao industrial e
ao digital e de volta ao artesanal; do passado ao futuro e vice-versa;
num sampleado em moto-contínuo de reinvenção.
Com curadoria de Adélia Borges, a exposição
apresenta projetos do século 21, momento em que o design
floresce no Brasil como nunca em sua história. A mostra conta
com 95 participantes de vários Estados do país, entre
os quais, Alexandre Wollner, Fernando e Humberto Campana e Sérgio
Rodrigues. De 8/04 a 28/06. De terça a domingo, das 10h às
18h. Museu
de Arte Moderna de São Paulo. Parque do Ibirapuera,
Portão 3. São Paulo, SP. Telefone: 11 5085 1300.
Missão
de Pesquisas Folclóricas – Mário de Andrade

Espaço virtual traz boa parte do material
sonoro da missão de Mário de Andrade pelo norte e
nordeste do Brasil nas décadas de 20 e 30, além de
fotos, manuscritos e textos sobre as gravações. A
íntegra desse material está reunido em uma caixa com
6
CDs. No total, são 7 horas de gravação,
em 279 faixas que correspondem a 293 fonogramas originais. Veja
aqui.
Restaurante Bananeira

Com ingredientes tipicamente brasileiros de norte
a sul, o restaurante oferece pratos feitos numa grande churrasqueira
a carvão. A arquitetura é inspirada nos bangalôs
de Trancoso. Rua Marechal Hastimpilo de Moura, 417. Portal de Morumbi,
São Paulo. Reservas pelo telefone 11 3542 4630.
www.bananeiramorumbi.com.br
Portal Vitruvius

Portal de internet especializado
em arquitetura, urbanismo, arte e cultura. Conta com diversos artigos,
entrevistas e notícias, e informa sobre concursos e eventos
nessas áreas. www.vitruvius.com.br
Boa
leitura
“Os designers urbanos, que atuam dentro
da lógica neoliberal do sistema globalizado, trazem uma bagagem
carregada de informação e de poluição
visual, o que é muito perigoso quando o projeto envolve comunidades
mais afastadas. Nosso trabalho deve restringir-se a valorizar os
aspectos sociais, culturais e ambientais da localidade e criar assim
um pequeno espaço no mercado. Sem respeitar as características
das comunidades, seu ritmo próprio, não será
possível desenvolver produtos que a representem de fato,
que sejam legítimos. Quanto menos intervir sobre a produção
já existente, melhor o resultado – o produto terá
maior qualidade estética e maior interesse cultural. Essa
maneira de aproximação, sem dúvida, permitirá
que a comunidade com a qual o designer está envolvido retome
sua autonomia, condição básica para a auto-sustentabilidade”.
Christian Ullmann
Para um design solidário e sustentável
Leia
o texto na íntegra
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