A CASA - Newsletter #10 -Março de 2009
Newsletter N° 10
Março de 2009

 

Editorial

 

A CASA tem boas notícias: acaba de ser selecionada no Edital nº 22 - Criação e/ou Manutenção de Sites de Cultura do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo – ProAC. Com isso, receberá apoio do governo estadual para o desenvolvimento de novas áreas e inserção de conteúdo no site. No ar desde o ano 2001, o museu virtual conta com uma média mensal próxima dos 20 mil acessos e representa um espaço para divulgação, discussão e promoção da produção artesanal e do design brasileiros. Ao ser selecionada, A CASA obtém o reconhecimento de um trabalho que é feito há quase dez anos e espera poder ampliar sua contribuição na valorização da cultura nacional.

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Girando o acervo


 

Últimos dias para conferir a exposição que apresenta uma seleção de peças do acervo de A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Até 09/04. Saiba mais.

 

Workshop com Lili Larratea

 


Venha conhecer e jogar o Play Rethink Game, um jogo de tabuleiro criado pela inglesa Lili Larratea e dedicado aos designers e pessoas que querem desenvolver soluções sustentáveis por meio da criatividade. O workshop faz parte do programa Abril com IDDS: mês para repensar os produtos e serviços à nossa volta. Dia 16/04, das 19h30 às 22h30. Atividade gratuita! Informações e inscrições pelo telefone 11 3814 9711 ou por e-mail. Vagas limitadas. Saiba mais.

 

 

Colecionismo Hoje


Conjunto de obras do colecionador e curador João Pedrosa, englobando arte contemporânea, fotografia, mobiliário vintage, vidros, cerâmicas, streamline e design. Cildo Meirelles, Rômulo Fialdini, Zanine, Carlos Millan, são alguns dos nomes que integram a exposição. De 24 a 27/04. Sexta e segunda, das 10h às 19h. Sábado e domingo das 11h às 17h. Visitas comentadas todos os dias, às 16h. Saiba mais.

 

 

 

 

Coleção Roupa de Ver a Deus

 

 

Está no ar a coleção Roupa de Ver a Deus, que apresenta peças de cinco designers de roupArte: Amaria, Glaucia Amaral, Hedva Megged, Liana Bloisi e Paula Yne. Além das roupas, a coleção traz um vídeo que conta um pouco do trabalho realizado por Mayumi Ito com comunidades de artesãos de Muzambinho. Veja aqui.

 

Novas ações sócio-ambientais

 


Praias de areias brancas, mata atlântica e manguezais: é o cenário do Projeto de Recuperação do Artesanato de Jaguaripe. Já o Programa Mestres da Obra atua nos canteiros de obras, tendo o operário como foco principal. Não deixe de conferir as novas ações sócio-ambientais publicadas no Museu Virtual.

 

 

Apoio

 

 

Entrevista - Helena Sampaio

 

 

“Não estamos fazendo boa ação, estamos fazendo política emancipatória”

 

Helena Sampaio foi Coordenadora Nacional do Artesanato Solidário/ARTESOL durante sete anos e, neste momento, anuncia sua despedida da instituição.

 

 

Qual é o foco do trabalho do Artesanato Solidário?

O Artesanato Solidário surge em 1998 no âmbito dos programas do Conselho da Comunidade Solidária, um órgão concebido e presidido pela Ruth Cardoso, justamente para desenvolver projetos inovadores. O que significa “inovador” nesse contexto? Que rompesse com uma tradição assistencialista das políticas sociais. O Artesanato Solidário é um programa de geração de renda em localidades pobres do país e faz isso através da valorização do artesanato de tradição. E qual é o pressuposto dele? Que sempre as políticas sociais tentem enfatizar a pobreza, a carência, a exclusão. E o que o Artesanato Solidário propõem? Que, sim, existe carência, existe pobreza, mas você também tem um potencial, você tem também uma riqueza, uma capacidade, um capital individual, um capital das pessoas, que tem que ser transformado em capital social. E o artesanato de raiz, é um dos ativos que pode desencadear um processo de promoção de capital social. A gente só entra em localidades onde tem um baixo Índice de Desenvolvimento Humano, onde não existem muitas perspectivas de trabalho, de emprego, de geração de renda. Tem que ter esse quadro social. Mas ao lado da pobreza dessas localidades, eles têm que ter algum potencial. E qual é esse? É o saber fazer local. Esse saber fazer local, que é uma coisa que esta lá, é o ativo que se manifesta no artesanato de raiz.

 

Como o Artesanato Solidário enxerga a relação entre design e artesanato?

O Artesanato Solidário tem uma posição bastante firme em relação ao design. Como a gente trabalha com artesanato de raiz, o designer tem, normalmente, o papel de facilitador, mas não de autor. Às vezes falam assim: “olha aqui, estão fazendo uma cerâmica, mas agora a nova feira de Design de Milão está querendo panelas pintadas de amarelo. Então nós vamos pintar de amarelo”. Isso não! Por quê? Porque a gente cai numa área perigosa. Tem que ter respeito pelo artesão. O saber fazer é uma linguagem e nós não podemos intervir de uma forma tão violenta em uma linguagem. Uma panela de Coqueiros-BA não tem “moda”, ela é eterna, ela é resultado de uma cultura, de uma tradição. Se a gente começar a perder essas características, ela vira ‘nada’. O artesanato de raiz não precisa ser bonito ou feio, ele simplesmente “é”. E isso basta.

 

O que significa pagar um preço justo pelo trabalho de um artesão?
No começo muita gente achava que o comércio justo era o consumidor final pagar o preço que ele considerava justo pelo produto. As pessoas vinham para mim e falavam: “é um absurdo a Daslu comprar do artesão e vender super caro”. Eu respondo: “olha, o artesão está ganhando o preço do produto dele, o que custou para fazer”. Se a Daslu ou qualquer outra loja está cobrando 20 vezes mais, não é problema. Porque ela tem um custo que provavelmente o artesão da ponta não tem. As pessoas achavam que a Daslu tinha que repassar esse dinheiro ao artesão. Tá bom, aí você acaba com a economia. Ele tem que ganhar de maneira compatível com o trabalho dele, com a região que ele mora. Quer dizer, nós não estamos fazendo boa ação. Se a Daslu paga vinte e vende por duzentos, bom, que ótimo que pagou vinte! Esse é o preço justo. O preço justo são esses vinte. Os duzentos são outra coisa: marketing, rede de clientela, a diferenciação, a marca, o champanhe, o motorista etc. Vamos dizer que R$180,00 ela está pagando tudo mais. No começo eu falava isso e as pessoas diziam: “você está defendendo a Daslu?”. Eu falava: “não, eu estou defendendo os artesãos!”. A Daslu não pode fazer uma doação porque isso significa uma política assistencialista. Isso significa a gente voltar atrás. Não estamos fazendo boa ação, estamos fazendo política emancipatória, políticas para criar protagonismos. É outra história.

 

Gostaria de falar algo sobre a sua saída da Coordenação Nacional do Artesol?
Acredito nessa história de que, se a gente ficar muito tempo, a gente envelhece com as instituições e as instituições envelhecem com a gente. Então eu acho que está na hora de mudar. Eu mudar, buscar outros caminhos, e o Artesanato Solidário também, receber inovações a partir do novo coordenador que vier a assumir o cargo. Mas é importante deixar claro que eu saio em um momento bom, em que o Artesol está consolidado e bem das pernas.

 

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

 

 

 

Matéria do MÊS

 

 

O GÊNIO TRANSFORMADOR DE JUM NAKAO

 

 

 

Todos se lembram do desfile de despedida do estilista e diretor de criação Jum Nakao, há cinco anos, quando as modelos, que vestiam roupas de papel, rasgaram seus vestidos ao final da apresentação. O descontentamento com o universo fashion era evidente. Jum revela: “o meu descontentamento era com a falta de conteúdo na moda e a valorização da aparência. Isso acontece na moda, na música, nas artes plásticas, no design, etc. Aquilo foi um manifesto sobre a dificuldade de repensar a questão da criação. É preciso mudar na essência, não na aparência”.


Afastado das passarelas desde então, atualmente Jum Nakao faz parte do projeto Floresta Móbile, que acredita que o objeto tem que ser a conexão entre o homem e a natureza, e envolve pequenos fabricantes de móveis e artesãos de comunidades rurais e urbanas no norte e nordeste do Brasil. A idéia é oferecer um modelo inovador de design sustentável em regiões pouco desenvolvidas. Jum, que já realizou trabalhos em diversos locais do país, como nos estados da Bahia e Amazonas, lembra da importância de se utilizar referências e valores tradicionais da cultura brasileira para as criações: “é preciso repensar os ingredientes, valorizar ingredientes locais”. Para ele, a base de um país está na cultura: “um país não se define pelo aspecto territorial e sim pelo aspecto cultural. Um país sem cultura, sem raízes, de analfabetos, não é um país”.


Ao mesmo tempo, Jum afirma que devemos cuidar do modo como as coisas são feitas. Em sua avaliação, desde a revolução industrial a materialidade ficou valorizada demais em detrimento do processo de produção. Ou seja, o modo como as coisas são feitas acabou sendo deixado de lado e os novos trabalhos de Jum Nakao pretendem mudar essa configuração: “a idéia é fazer o contrário. Mais importante do que ‘o que é feito’ é o ‘como é feito’”. Na contra-mão do que se costuma observar em muitos projetos desse tipo, Jum afirma que a idéia de trabalhar com comunidades não é inserir pessoas no sistema: “o sistema tem muitos problemas. Temos que formar escolas de pensamento. As pessoas têm que perceber que elas são fundamentais, elas são as personagens principais. Não é processo que deve moldar o homem e sim o homem que deve moldar o processo”.


Jum deixa em aberto a possibilidade de, no futuro, retornar às passarelas. Por ora, a maior parte de seu tempo é dedicada à área acadêmica, em que Jum faz aquilo que, segundo acredita, é fundamental: “quero formar uma guerrilha, um exército de pessoas. E essa é a forma mais eficiente: formas pessoas. Quanto mais pessoas e profissionais forem transformados, mais eficiência”.

 

 

 

A CASA indica

 

Design brasileiro hoje: Fronteiras

 

 

O design contemporâneo feito no Brasil mostra um trânsito original entre o que é brasileiro e o que é global, um cruzar de fronteiras ininterrupto, que vai do modo de produção artesanal ao industrial e ao digital e de volta ao artesanal; do passado ao futuro e vice-versa; num sampleado em moto-contínuo de reinvenção. Com curadoria de Adélia Borges, a exposição apresenta projetos do século 21, momento em que o design floresce no Brasil como nunca em sua história. A mostra conta com 95 participantes de vários Estados do país, entre os quais, Alexandre Wollner, Fernando e Humberto Campana e Sérgio Rodrigues. De 8/04 a 28/06. De terça a domingo, das 10h às 18h. Museu de Arte Moderna de São Paulo. Parque do Ibirapuera, Portão 3. São Paulo, SP. Telefone: 11 5085 1300.

 

 

Missão de Pesquisas Folclóricas – Mário de Andrade

 

 

Espaço virtual traz boa parte do material sonoro da missão de Mário de Andrade pelo norte e nordeste do Brasil nas décadas de 20 e 30, além de fotos, manuscritos e textos sobre as gravações. A íntegra desse material está reunido em uma caixa com 6 CDs. No total, são 7 horas de gravação, em 279 faixas que correspondem a 293 fonogramas originais. Veja aqui.

 

Restaurante Bananeira


 

Com ingredientes tipicamente brasileiros de norte a sul, o restaurante oferece pratos feitos numa grande churrasqueira a carvão. A arquitetura é inspirada nos bangalôs de Trancoso. Rua Marechal Hastimpilo de Moura, 417. Portal de Morumbi, São Paulo. Reservas pelo telefone 11 3542 4630.
www.bananeiramorumbi.com.br

 

Portal Vitruvius

 

 

Portal de internet especializado em arquitetura, urbanismo, arte e cultura. Conta com diversos artigos, entrevistas e notícias, e informa sobre concursos e eventos nessas áreas. www.vitruvius.com.br

 

 

Boa leitura

 

“Os designers urbanos, que atuam dentro da lógica neoliberal do sistema globalizado, trazem uma bagagem carregada de informação e de poluição visual, o que é muito perigoso quando o projeto envolve comunidades mais afastadas. Nosso trabalho deve restringir-se a valorizar os aspectos sociais, culturais e ambientais da localidade e criar assim um pequeno espaço no mercado. Sem respeitar as características das comunidades, seu ritmo próprio, não será possível desenvolver produtos que a representem de fato, que sejam legítimos. Quanto menos intervir sobre a produção já existente, melhor o resultado – o produto terá maior qualidade estética e maior interesse cultural. Essa maneira de aproximação, sem dúvida, permitirá que a comunidade com a qual o designer está envolvido retome sua autonomia, condição básica para a auto-sustentabilidade”.

 

Christian Ullmann
Para um design solidário e sustentável

 

Leia o texto na íntegra

 

 


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