A CASA - Newsletter #11 -Abril de 2009
Newsletter N° 11
Abril de 2009

 

Editorial

 

Sustentabilidade é, sem dúvida, um dos termos mais característicos desse início de século XXI. Está presente desde os discursos de líderes mundiais até nas campanhas de marketing das grandes empresas. Isso nos traz uma série de questões: é possível conciliar a lógica do desenvolvimento sustentável com a lógica empresarial atual de vender o máximo possível? Em um mundo com mais de 6 bilhões de habitantes, como promover avanços sociais, que obrigatoriamente implicariam o aumento do consumo de recursos naturais, sem destruir o planeta? No mês que marca a ampliação de nosso interesse pelo tema da sustentabilidade e o início da parceria de A CASA com o instituto para o desenvolvimento do design sustentável (idds), a entrevista de Fábio Souza e iniciativas como a do Play Rethink buscam jogar alguma luz em torno de todas essas questões.

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

Cunha Gago, 807

 

 

Que Chita Bacana, o enredo


 

Com curadoria de Renata Mellão e Renato Imbroisi, exposição relembra o desfile da escola de samba carioca Estácio de Sá, que apresentou o enredo Que Chita Bacana, do carnavalesco Cid Carvalho. Além dos figurinos, que pontuam a história da chita, a exposição conta com desenhos, fotografias e vídeos. A partir de 18/05. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba mais.

 

 

 

 

Coleção Laïs Granato

 

 

Laïs Granato explora todas as granulações da argila, sua textura, cor, plasticidade e consegue resultado surpreendente: a transforma em uma cerâmica belíssima, moderna e única. A artista experimenta ainda a mistura de materiais, usa porcelana, grès, terracota e óxidos. A gama de cores que se atinge é enorme. Do vermelho envelhecido, passando pelo cru, branco e marrom, ao verde, azul, rosa. Queimados em temperaturas altas, os potes são finos e encantam porque trazem o primitivismo do barro para um universo sofisticado (Paulo Klein). Veja aqui.

 

 

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Apoio

 

 

Entrevista - Fábio Souza

 

 

"O design sustentável não trabalha apenas a forma, trabalha principalmente questões culturais e de comportamento"

 

Fábio Souza é idealizador e diretor executivo do instituto de design para desenvolvimento sustentável (idds).

 

 

O que é design sustentável?

Design sustentável, é um conjunto de ferramentas, conceitos e estratégias que vão gerar benefícios ou melhorias nos âmbitos dos 3 pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. No entanto, quando a gente fala de design sustentável, a gente pensa em um âmbito muito mais macro. Ou seja, não pensa apenas em desenvolver um produto de menor impacto ambiental trabalhando apenas os processos de fabricação, os materiais, procurando utilizar materiais reciclados ou provenientes de fonte renovável. Isto é, não trabalha apenas a forma, trabalha principalmente questões culturais e de comportamento para saber como otimizar o beneficio daquele produto. Trata-se de mudar a questão cultural e de uso daquele produto ou serviço.

No mundo de hoje, em que a população ultrapassa 6 bilhões de pessoas, como a conciliar melhorias sociais, o que necessariamente vai levar ao consumo de mais recursos naturais, com preservação ambiental?

Uma das coisas que a gente fala muito em Design Sustentável, é que ele tende a inverter a polaridade do impacto. Então algo que tem hoje um impacto muito negativo pode efetivamente causar a mesma proporção do impacto, mas para positivo. No caso da super população, podemos pensar o seguinte: quando você come, o que você está fazendo? A comida é um combustível para você usar como energia, que é necessária para você chegar ate aqui. Então todo ser humano é uma mini usina de energia para ele mesmo. A gente pode falar assim: “já que eu tenho uma super população, vou usar cada um como uma usina de energia”. É possível fazer isso e isso está ocorrendo em algumas universidades. Existem alguns projetos conceituais como uma calçada em que as pessoas vão andando e vão gerando energia. Aquele tênis de criança em que quando ela pisa acende a luzinha vem desse conceito. Todos os produtos que hoje são à base de energia elétrica ou de outras fontes podem ser feitos com energia dinâmica. Outro exemplo de uso de energia humana é aquele relógio em que você vai andando, vai balançando, e vai gerando a própria energia. Dentro desse conceito existem já academias, danceterias. É um negócio super legal. Toda vez que o design sustentável olha para uma atividade ou um problema, ele tende a pegar esse problema e inverter a polaridade. Por mais que o impacto inicial seja massivo negativamente, o design sustentável tem a capacidade de inverter a polaridade disso e causar um impacto massivo positivamente.

De que modo o mundo virtual da internet pode contribuir no sentido da criação de um planeta mais sustentável?
Sabemos que a desmaterialização é uma das estratégias mais eficazes de design sustentável para um planeta mais sustentável. O resultado disso, é que haverá uma mudança comportamental nos consumidores. Usuários não vão se apegar tanto ao material/produto, mas sim ao benefício do mesmo, o que chamo de “conceito de benefício” ou o início da “espiritualização do design”. Outras conseqüências são a menor quantidade de extração de matéria–prima para produção e conseqüentemente menos descarte de resíduos. Empresas poderão aplicar uma série de estratégias para tornar seu cliente mais fiel a marca e principalmente não haverá mais desperdícios ao longo do ciclo de vida dos produtos, já que serão utilizados apenas no momento necessário, podendo ser compartilhados, ranqueados e debatidos em tempo real por usuários de países diferentes. Sendo compartilhados e utilizados apenas nos momentos necessários, até mesmo os melhores produtos (que teoricamente seriam mais caros) poderão ser mais acessíveis. Essa é a verdadeira democratização do design. Haverá também uma busca pela melhor qualidade dos produtos oferecidos, pois o poder de escolha e veto estará mais nas mãos dos consumidores. Essas possibilidades certamente fazem por si só, a virtualização/digitalização, uma das importantes ferramentas de um futuro menos ambientalmente impactante, com novas possibilidades mercadológicas e de inovação, e de uma sociedade mais interativa, coletiva, cooperativa e democrática, tão importantes para uma ambiente mais sustentável.

 

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

 

Matéria do MÊS

 

 

REPENSANDO O MUNDO À NOSSA VOLTA

 

 

 

Na noite do último dia 16, 50 pessoas se reuniram em A CASA para jogar o Play Rethink – the eco design game. O evento inaugura a parceria de A CASA com instituto de desenvolvimento para o design sustentável (idds) e faz parte do programa abril com idds: mês para repensar os produtos e serviços à nossa volta. O Play Rethink é um jogo de tabuleiro criado pela espanhola Lili de Larratea e dedicado aos designers e pessoas que querem desenvolver soluções sustentáveis por meio da criatividade.

 

Lili esteve presente em A CASA e comandou as atividades. Ela conta que a idéia de criar o jogo surgiu enquanto cursava o mestrado na Inglaterra, em 2003, ao perceber que o modelo clássico de ensino com aulas e palestras não estava envolvendo suficientemente os alunos. Era preciso buscar alternativas e passaram-se quatro anos até Lili chegar ao resultado final. De acordo com ela, “a idéia principal do jogo é promover o estilo de vida sustentável e encorajar pessoas a repensar todos os dias aquilo que as circunda”. Lili destaca a importância do elemento lúdico: “quando você está jogando, é um jeito diferente de entrar em contato com essas questões. As pessoas gostam e no dia seguinte ainda se lembram de que foi muito divertido”. Caio Medeiros, do Estúdio Manus, participou do evento e revela: “achamos ótimo, funcionou muito bem conosco, que trabalhamos num ambiente muito particular e com poucas pessoas envolvidas. E, melhor, é divertido e produtivo”.

 

Paralelamente ao jogo de tabuleiro, foi desenvolvido o site www.playrethink.com, que permite que as pessoas façam uploads de seus projetos e troquem idéias online a qualquer hora e de qualquer lugar do planeta. Para Lili, “é preciso colocar pessoas juntas para dividir idéias. Quando você divide idéias há um crescimento. O site permite dividir idéias e inspirar pessoas”. Tanto o jogo como o site, propõem formas inovadoras para as pessoas se relacionarem com o mundo. De acordo com Lili, “o mais interessante é que as pessoas começam a fazer conexões com o ambiente, e vão para a casa pensando nisso. Passam a olhar os objetos à sua volta de um jeito diferente”.

 

 

A CASA indica

 

O céu de pernambuco na terra dos maracatus – CAFi

 

 

Exposição do artista plástico e fotógrafo pernambucano Carlos Assunção Filho, Cafí, que reúne 30 imagens e vídeo sobre o Maracatu. O artista mostra que o colorido, a dança, a formação do grupo não se apresenta como manifestação folclórica e sim como conhecimento agregado, do mais alto requinte. De 29/04 a 24/05 de 2009. Instituto Cultural Banco Real – galeria térrea. Avenida Rio Branco, 23. Recife, PE. De ter a qui, das 14h às 20h. De sex a dom, das 14h às 22h. Grátis. Telefone: 81 3224 1110.

 

 

Curso Fundamentos em Design Sustentável

 

 

"Design sustentável tem obrigação de ir além da forma e função". Ministrado por Fabio Souza, o curso mostra como isso é possível, apresentando informações e técnicas para gerar mudanças significativas e positivas nas questões de maior impacto econômico, social e ambiental da sociedade. Carga horária: 12h. De 05 a 07 de maio de 2009. Das 19h00 às 23h00. Rua Bela Cintra, 409. São Paulo, SP. Telefone: 11 3586 1828. Saiba mais.

 

 

Pequeno Dicionário da Arte do Povo Braisleiro - Século XX


 

Livro da escritora e historiadora da arte Lélia Coelho Frota resume e desdenha um panorama abrangente da criação visual de fonte popular no Brasil do século XX. Estão reunidos no livro os principais artistas e invenções visuais do povo brasileiro num século de grandes e profundas mudanças sociais. Editora Aeroplano. 440 páginas. R$68,00. Saiba Mais.

 

 

 

Boa leitura

 

“Lina Bo Bardi e Aloísio Magalhães foram pioneiros da reflexão sobre o artesanato como cultura nacional e sobre a aproximação deste ao design. Profissionais de vanguarda, refletiram esta formação nas suas atuações. Ambos fundaram centros de referência cultural, investigaram, documentaram e divulgaram a cultura popular brasileira, refletiram sobre o passado e a preservação do patrimônio nacional e dos bens culturais, participaram da estruturação de escolas de desenho industrial e idealizaram um desenvolvimento sócio-político-econômico de acordo com as necessidades reais do país e suas raízes culturais”.

 

Tânia Cristina de Paula
Aproximação entre design e artesanato no Brasil. Conceitos e ações de Lina Bo Bardi e Aloísio Magalhães.

 

Leia o texto na íntegra


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