Editorial
Recentemente, encerrou-se em Roterdã, Holanda, o Brazil Contemporary, evento que reuniu uma série de projetos ao ar livre e três grandes exposições em que foram apresentados trabalhos de artistas, arquitetos e designers brasileiros. Os vestidos de chita que fizeram parte do projeto A Chita na Moda, realizado por A CASA, também estiveram presentes. Ao todo, as exposições foram vistas por mais de 70 mil pessoas.
Aproveitando as festas de fim de ano, A CASA indica apresenta uma seleção de lojas que trazem produtos interessantes e são uma boa opção na hora de escolher os presentes. Em Entrevista, conversamos com o estilista Jum Nakao, que faz um chamado urgente para a necessidade de transformarmos o mundo em que vivemos. Não perca!
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
Artesãs na Linha Nove
Exposição apresenta uma retrospectiva dos quatro anos de trabalho das "Artesãs da Linha Nove", grupo de bordado e costura do Ateliê Acaia formado por cerca de 30 mulheres moradoras da Favela da Linha, da Favela do Nove e do conjunto habitacional Cingapura Madeirit, nos arredores do CEAGESP, zona oeste de São Paulo. Desenvolvendo um artesanato sofisticado, com bordados em painéis, toalhas, colchas e jogos americanos, essas mulheres vão aos poucos deixando de lado suas atividades anteriores - trabalhos pesados e de baixa remuneração - e, hoje, vendem seus bordados para lojas dos Jardins e da Vila Madalena, gerando renda para suas famílias. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Até 18 de dezembro. Saiba mais.
www.acasa.org.br
Coleção Beth e Eduardo Prado

Dando início a uma nova série de coleções - a de objetos produzidos em vidro -, apresentamos uma seleção de objetos desenvolvidos pela artista plástica Elizabeth Prado e pelo arquiteto Eduardo Prado. São vasos, pratos e bowls que se destacam, ora pela leveza transparente do vidro, ora pela profusão de cores que ornamentam o material. Veja aqui.
Museu A CASA no twitter

Saiba antes todas as novidades de A CASA! Siga "Museu A CASA" no twitter e receba diariamente um flash de, no máximo, 140 caracteres. Ainda não sabe o que é twitter? Descubra agora!
Apoio

|
Entrevista
- Jum Nakao
"Eu tenho que pensar em como criar uma nova história"
Jum Nakao é estilista e diretor de criação
É necessário repensar a criação?
Eu acho que a gente tem que repensar todo esse sistema, porque o sistema está muito baseado em comércio de objetos. No final, a gente está falando simplesmente em conferir valor ao objeto. O que se torna problemático é que o que você pensa quando você está produzindo em qualquer área de design é em como comercializar esses bens, em como inseri-los dentro de um sistema. Você não está repensando o sistema, você está simplesmente reiterando aquilo que já existe como valores de uma sociedade - que é o ter, o comprar, o status do objeto. Quem faz um objeto ou um produto está sempre reforçando todos os valores que, para mim, já se tornaram obsoletos e já apontam para um fim desgraçado. É simplesmente uma substituição dos protagonistas de uma história que eu não quero mais continuar. Eu tenho que pensar em como criar uma nova história. As pessoas acham que precisam consumir um objeto. Eu acho que isso desumaniza a sociedade, desumaniza a humanidade. Porque o objeto é algo mecânico, estático e que precisa ser vivificado através de outros valores que não o preço, que não disponibilidade ou indisponibilidade. A gente tem que pensar em como criar uma sociedade melhor e, a partir daí, pensar o que nós podemos produzir para que essa sociedade seja melhor, e não simplesmente continuar a alimentar um sistema que já se demonstrou extremamente falho e insuficiente para as necessidades da humanidade como um todo. Eu acho que essa mudança de protagonistas - o novo designer, o novo estilista - é o que menos importa. Eu gostaria que surgissem não novos protagonistas de uma história velha, mas uma história nova, que tem necessidade dos protagonistas antigos. É uma mudança total de lógica, de sistema. O grande problema é que são poucos os meios que estão com essa visão de procurar novos modelos. Eles continuam procurando o mais novo do modelo velho.
Creio que existe um consenso quanto ao fato de que não se pode esperar das comunidades artesanais uma produção em larga escala. Dessa forma, como evitar os produtos da China?
Não é a comunidade que precisa produzir em larga escala, é a sociedade que precisa consumir na escala adequada. O grande segredo é que não existe sustentabilidade nos padrões de consumo atual, isso é totalmente impossível. Os valores estão errados. A escala é uma grande mentira, porque você está consumindo além da sua escala de necessidades. As necessidades não são essas, então as escalas estão fora de proporção. A métrica está totalmente errada, a métrica não é mais a métrica humana, é a métrica da máquina, a métrica do sistema. A máquina, para ser lucrativa, tem que produzir 'tanto', esse sistema, para se manter, tem que ter uma demanda de 'tanto'. E o centro não é a máquina nem o sistema, o centro é o homem. Não é somente a humanidade, é a Terra. Então está tudo errado. A gente recomeça com as pessoas parando para pensar sobre o que elas realmente precisam. O que as pessoas realmente precisam? Eu não estou interessado na indústria, eu estou interessado na sociedade. Aí que entra a grande questão do design: o design não tem que alimentar uma indústria. O sistema, a meu ver, está com um discurso que não se encaixa. Não tem como você falar de sustentabilidade dentro desse sistema, dentro desses parâmetros. É tudo mentira. Um negócio não tem como se tornar sustentável se ele não é sustentável na sua essência. É você querer colocar uma maquiagem por cima de algo que não é sustentável. O pensamento atual não é sustentável.
Você se sente sozinho na luta contra o sistema?
Há uma fábula que explica um pouco a importância das pessoas fazerem a sua parte. É uma história que diz que a floresta começa a pegar fogo e, enquanto todos os animais fogem desse incêndio, uma andorinha é vista sobrevoando o fogo, indo até um lago, voltando para o fogo, voltando. E, a cada vez que ela fazia isso, ela batia as asas para tentar apagar o fogo. E todos os animais começam a gritar. A raposa, as onças, todos que estão ali falam: "ah, pare de fazer isso". Os macacos, gritando: "você é louca, você não vai conseguir fazer nada, é impossível". Aí a andorinha responde: "não me importa o impossível, o que me importa é o que eu posso fazer". Por mais que as coisas pareçam impossíveis, isso não quer dizer que você não tenha a obrigação de fazer alguma coisa. Isso difere as pessoas. Eu acho que as pessoas esquecem um pouco desses valores, os valores dos homens, de ter dignidade, de ter ética, de fazer o que é possível de ser feito. Se eu me sinto sozinho? É obvio. Eu vejo que está todo mundo correndo para um lado e eu estou tentando ir contra essa maré, porque não me interessa me deixar ser levado. Eu prefiro fazer, durante toda a minha vida, aquilo que eu acredito.
Leia
entrevista na íntegra
|
Matéria do MÊS
Saint-Étienne, cidade do design
Em comemoração ao Ano da França no Brasil, será inaugurada hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, a exposição Saint-Étienne, Cité du Design, uma mostra inédita sobre design, tecnologia e sustentabilidade que apresenta obras de designers internacionais consagrados e traz grandes pensadores franceses para uma série de conferências.
Saint Étienne é uma antiga vila no interior da França que se converteu em cidade industrial. Em 1859, foi criada a Escola Superior de Belas Artes que, em seguida, tornou-se a Escola Superior de Arte e Design de Saint-Étienne. Em 1998, a escola promoveu a primeira Bienal Internacional de Design, acontecimento que impulsionou a criação da Cité du Design, em 2005, com uma visão do futuro. A cidade foi concebida para agrupar todos os personagens do design do mundo econômico, cultural, artístico, científico e tecnológico.
A exposição, concebida e produzida pelo Grupo AG de Brasília em parceria com a Embaixada da França no Brasil, tem curadoria do arquiteto italiano Nicola Goretti e da francesa Josyane Franc, responsável pelas relações internacionais da Cité du Design e da Escola Superior de Arte e Design de SaintÉtienne. De acordo com Goretti, a idéia é, a partir das experiências ocorridas em Saint-Étienne, poder estabelecer um diálogo com o Brasil. "Antes, Saint-Étienne era conhecida por produzir armas, agora é famosa pelo design. Com o auxílio da tecnologia, foi possível criar uma nova identidade para uma cidade. Isso pode servir de exemplo para muitas cidades brasileiras", afirma.
A exposição é dividida em três módulos independentes. No primeiro, chamado Design Flight Number 10, serão apresentados os projetos desenvolvidos por jovens designers franceses selecionados pela Bienal Internacional Design Saint-Étienne 2008. Para Goretti, "de objetos envolvendo alta tecnologia a trabalhos artesanais, estão surgindo uma série de novos projetos interessantes". Fazem parte desse módulo, artistas como Céline Merhand, Anais Morel e os irmãos Ronan e Erwan Bouroullec. O segundo módulo, denominado Mini City Eco Lab, remete ao laboratório da minicidade ecológica desenvolvida pelo filósofo e jornalista John Thackara. Serão apresentadas idéias inovadoras de adaptação da vida moderna dentro do conceito de sustentabilidade. A mostra agrupa uma série de projetos para cidades pequenas e médias, constituindo exemplos determinantes na transição para um mundo sustentável a partir da busca pela melhoraria de elementos da vida cotidiana como alimentação, energia, água, mobilidade e educação. De acordo com Goretti, "este módulo é interessante, pois vemos como o design pode ter outras funções que não apenas a produção de objetos". Finalmente, o terceiro módulo, Cité Du Design - Impressões: Fotografia e Vídeo, aborda questões primordiais do design e do pensamento contemporâneo da França em relação à produção industrial. Este módulo também será composto por painéis com a planta legendada e a origem do projeto da Cité du Design.
A mostra, que já passou por Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba, fica em São Paulo até o dia 31 de janeiro de 2010. Saiba mais.
|
|
|
A CASA indica
Pop Shop

Loja virtual comandada pela designer Pop traz livros e produtos criativos e engraçados de artistas e designers. Nas embalagens, o plástico é substituído pelo papel e, para proteger o produto, são utilizadas páginas de revistas picotadas, numa tentativa de gerar menos danos ao meio-ambiente. Confira.
Kimi Nii e Nami Wakabayashi
A loja reúne os trabalhos de Kimi Nii e Nami Wakabashi. Enquanto Kimi Nii apresenta peças em cerâmica de alta temperatura, com copos, xícaras, pratos e vasos, Nami Wakabashi oferece acessórios de joalheria produzidos em prata e fazendo uso de pedras. A loja funciona de segunda a sábado, das 11h às 19h. Rua Girassol, 314. Vila Madalena. São Paulo-SP. Tefefone 11 3034 5282.
Estudio Manus
A loja é vizinha a Kimi Nii e Nami Wakabashi e funciona como loja e estúdio ao mesmo tempo. São apresentadas belas peças de porcelana, como xícaras com asas douradas. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 11h às 18h. Rua Girassol, 310. Vila Madalena. São Paulo-SP. Telefone 11 3032 0679. Saiba mais.
Scandinavia Designs

A loja traz diversas peças de design escandinavo. Estão à venda objetos de mobiliário, utilitários e até uma bicicleta. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 10h às 15h. Rua Barão de Capanema, 559. Cerqueira César. São Paulo-SP. Telefone 11 3081 5158. Saiba mais.
Boa
leitura
"Com cara de festa do interior e brincadeira de criança, a chita possui ancestrais ilustres: surgiu na Índia medieval e conquistou europeus, num domínio invertido à colonização; seu nome vem do sânscrito e atravessa idiomas, assim como o tecido transpôs mares, povos e culturas para virar vestidinho de menina nas quadrilhas juninas, cortina e toalha de mesa em casa de pau-a-pique, pelos cantos do Brasil. De tempos em tempos, ganha espaço em passarelas, galerias de arte, vitrines e palcos, quando estilistas, artistas plásticos, designers e outros criadores redescobrem estas estampas e as incorporam a suas produções".
Maria Emilia Kubrusly
Que chita bacana
O livro está disponível para consulta na biblioteca do museu A CASA.
|
|