Editorial
A entrevista com o antropólogo Ricardo Gomes Lima na newsletter 25 levantou, mais uma vez, o debate sobre projetos envolvendo designers e comunidades de artesãos no Brasil. Para dar continuidade à discussão e com o objetivo primeiro de contribuir com o aprimoramento da aproximação entre design e artesanato, a newsletter 26 traz um outro ponto de vista na entrevista com o designer Eduardo Barroso. Confira!
As feiras de design do mês de agosto em São Paulo são o destaque da Matéria do mês. E você que estará em São Paulo para a ocasião não pode deixar de visitar A CASA e conferir a exposição de chapéus de Silvia Lucchi, em cartaz até o dia 27 de agosto.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
NA CABEÇA, exposição de Silvia Lucchi
Últimas Semanas! Baseada na coleção particular da designer Silvia Lucchi, a mostra apresenta chapéus em diferentes texturas, cores e materiais, desenvolvidos ao longo de mais de uma década de trabalho. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Dia 31/07, sábado, das 11h às 16h. Até 27/08. Saiba mais.
2° Prêmio Objeto Brasileiro

A lista dos finalistas em todas as categorias do Prêmio estará disponível no site a partir do dia 23 de agosto!
www.acasa.org.br
Biblioteca

A lista completa de todo o acervo da biblioteca de A CASA pode ser acessada pelo site! Dentre os destaques, estão a coleção de catálogos Sala do Artista Popular, publicados pelo Museu de Folclore Edison Carneiro desde a década de 1980, dezenas de números das revistas Arc Design e uma série de livros de Lina Bo Bardi, inclusive esgotados, como "Tempos de Grossura - o design no impasse". Os livros, revistas e catálogos estão disponíveis para consulta no museu, de segunda a sexta, das 10h às 19h. Veja aqui!
Inclua Imagens no Guia do Objeto Brasileiro

O Guia do Objeto Brasileiro é um espaço para artesãos e designers divulgarem imagens de seus trabalhos e contatos de maneira simples e rápida. Após o cadastro no site e no Guia, basta fazer login e clicar em "Incluir imagens" na barra personalizada, que fica à direita, em todas as páginas do site. Em caso de dúvidas, entre em contato!
Apoio
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Entrevista
- Eduardo Barroso
"O fato de ainda existirem pessoas produzindo artesanato cerâmico com rolete e queimando as peças com lenha não significa que devemos impedi-las de ter acesso a um torno e um forno elétrico"
Eduardo Barroso é designer, coordenador geral de recursos humanos do CNPQ e conselheiro regional do ICSID, além de consultor do SEBRAE, MDA e UNESCO em projetos relacionados com o artesanato.
Por que promover a parceria entre designers e artesãos?
Simplesmente porque acredito que o artesão é, acima de tudo, um artífice que, com sua técnica, habilidade e destreza, é capaz de produzir / reproduzir produtos capazes de encontrar um nicho de mercado não satisfeito pela oferta industrial. A aproximação do design com o artesanato permite a renovação da oferta artesanal e a ampliação do mercado comprador, compatibilizando os anseios de quem produz com as necessidades e desejos daqueles que consomem. Com a globalização da economia, a oferta de produtos e serviços é sempre maior que a demanda, provocando uma intensa competição e um esforço contínuo de inovação. O que hoje é novidade, amanhã estará nos museus, e o artesanato não fica incólume a este fenômeno. O desafio é inovar sempre, sem perder as referências e vínculos com a cultura e as práticas sociais das comunidades produtoras.
Ao levar objetos artesanais para classes sociais elevadas, muitas vezes o designer sugere que sejam feitos produtos que não fazem parte da cesta de consumo do artesão. Por exemplo, um jogo americano. Nesses casos, há conflito entre aquilo que designers e instituições, em nome do mercado, propõem que seja produzido e aquilo que artesãos desejam produzir?
Os artesãos brasileiros são, em sua maioria absoluta, indivíduos marginalizados do mercado formal de trabalho que buscam em sua atividade uma forma alternativa de renda. Muitos são pequenos agricultores ou migrantes que vivem na periferia dos centros urbanos. Em verdade, poucos são aqueles que descendem de grupos sociais homogêneos e fiéis depositários de uma herança cultural que deve ser preservada em sua essência e pureza original. Os produtos artesanais nascem como uma resposta a uma necessidade, sejam estas de natureza funcional, decorativa ou ritualística. Propor uma nova relação entre objeto e usuário a partir não mais de sua destinação original significa abrir novas oportunidades de negócios que não podem ser desprezadas, sobretudo se isso significa a sobrevivência do grupo produtor. Educar o mercado é um investimento que somente poderá ser mensurado com a lente do tempo e da distância, sendo desumano propor esta alternativa a quem tem necessidades imediatas a serem satisfeitas.
O fato de um objeto ser feito de determinada forma por centenas de anos não constitui um elemento de valor? No caso de comunidades artesanais tradicionais não seria mais interessante educar o mercado para o artesão ao invés de educar o artesão para o mercado?
Não questiono e nem discordo da necessidade de apoiar as comunidades tradicionais, desde que elas assim o desejem. O que não concordo é que o governo ou qualquer outro tipo de organização decida, nos gabinetes fechados de Brasília, o que é melhor para estas comunidades, agindo e legislando em nome delas. O fato de existirem ainda no Brasil pessoas produzindo artesanato cerâmico com rolete e queimando as peças com lenha não significa que devemos impedi-las de ter acesso a um torno e um forno elétrico. O artesanato destes grupos não irá desaparecer por conta disso e tampouco irão perder suas características singulares e diferenciadoras. Ao contrário. A adoção de certos padrões propiciará uma produção mais homogênea no que diz respeito aos tamanhos das peças (facilitando sua embalagem e transporte) ou diminuindo as perdas durante a queima. Minha forma de começar a trabalhar com uma comunidade ou grupo de produção é ir até lá, sentar para conversar com os artesãos e com eles decidir qual é o destino que almejam e os melhores caminhos para se conseguir aquilo que aspiram e necessitam.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Feiras de design agitam o mês de agosto em São Paulo
O mês de agosto é tempo de fazer negócios para quem trabalha com design. É também uma oportunidade de conferir de perto as novidades do design brasileiro e aprofundar os conhecimentos na área.
Direcionadas a lojistas, comerciantes e profissionais do setor e voltadas para as vendas por atacado, Abup Show, Craft Design, House e Gift Fair e Paralela Gift trazem, entre os dias 11 e 17 de agosto, as últimas novidades do design, além de exposições e palestras sobre diversos temas.
A maratona começa no dia 11, com a abertura da 21ª Abup Show. Trata-se de uma feira de utilidades domésticas e presentes realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Utilidades e Presentes no Centro de Convenções Frei Caneca. Nesta edição, conta com a participação de nomes como Casa Bonita, Comercial Noblesse, M.Cassab, Riva, Cristallerie Strauss, Vista Alegre e Oxford.
A partir do dia 12, serão abertas as portas da Craft Design e da Paralela Gift.
Localizada no Centro de Eventos São Luis, a 17ª Craft Design é mais voltada para a decoração e apresenta produtos inovadores de designers consagrados e novos nomes, ressaltando responsabilidade ambiental e contribuição social. Duas palestras e a exposição com os finalistas e vencedores do 3º Prêmio Craft Design completam a programação.
Já a 18ª Paralela Gift, que acontece no Shopping Iguatemi, apresenta grande diversidade de produtos em diversos nichos. Com o objetivo de incentivar a responsabilidade ambiental e social, a feira contará, nesta edição, com uma parceria com o Projeto Lyptus, onde designers convidados lançarão uma coleção especial feita a partir da madeira Lyptus - extraída de florestas renováveis com manejo sustentável e certificado.
Finalmente, no dia 14, tem início a 41ª House e Gift Fair. Contando com mais de 1300 expositores distribuídos em sete salões no Expo Center Norte, a House e Gift é a maior das feiras. Voltada aos artigos para a casa e decoração, também conta com palestras em sua programação e uma exposição com os finalistas e vencedores do XI Prêmio House & Gift de Design. De acordo com Frederico Cury, diretor executivo da Grafite Feiras e Promoções, empresa responsável pela House e Gift, "é na feira que expositores vendem boa parte de sua produção anual e lojistas completam suas linhas de produtos para o segundo semestre e festas de fim de ano". A House & Gift Fair apresentará tendências, novidades e lançamentos. "O expositor pode explicar em detalhes o funcionamento e as peculiaridades de cada produto, e o lojista pode tirar todas as suas dúvidas, estando certo de adquirir um excelente produto. É na feira que as empresas colocam em jogo toda a criatividade de sua equipe em desenvolver seus produtos, e os lojistas sabem com antecedência o que estará nas vitrines das principais lojas do Brasil e de muitos países no segundo semestre", afirma.
Para Marisa Ota, curadora da Paralela Gift, a feira é um elo que finaliza o trabalho do designer. "Tendo o produto e sabendo como viabilizar a confecção, é preciso fechar a cadeia de produção com a venda. Além disso, é possível atingir um público muito maior do que indo de porta em porta. É um momento único".
Aqueles que pretendem participar de algum dos eventos devem ficar atentos às facilidades oferecidas - principalmente quem vem de fora de São Paulo. Descontos em hotéis e passagens aéreas e transporte gratuito às feiras a partir de diversos pontos da cidade são comuns. Mas não esqueça: é preciso se cadastrar. A maneira mais rápida é pelos sites das próprias feiras.
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A CASA indica
Coleção Viva Cultura Viva

Composta por vídeos e debates, além de indicações de leituras complementares, a Coleção Viva Cultura Viva foi desenvolvida com o objetivo de difundir conceitos e promover reflexões sobre questões relacionadas ao campo da cultura em suas diferentes dimensões: o processo criativo, artes, participação cidadã, sustentabilidade, redes sociais, cultura digital, educação e outras. Não deixe de conferir!
Design Brasil - 101 anos de história

O livro apresenta 500 peças desenvolvidas entre 1909 e 2010. De Santos Dumont aos irmãos Campana, passando por nomes consagrados da época de ouro do design nacional, como Sérgio Rodrigues, Zanine Caldas e Joaquim Tenreiro. O livro é bilíngüe e foi produzido de maneira sustentável, com tinta a base de soja e papel proveniente de floresta certificada. Casa Claudia. Editora Abril. 340 páginas. R$90,00. Saiba mais.
Até o dia 08 de agosto, é possível conferir parte desses objetos em exposição homônima no Museu da Casa Brasileira. Reunindo 48 peças símbolos de um século de design, a exposição traz um panorama do design brasileiro do século XX aos dias atuais e propõe uma discussão sobre a evolução do conceito de morar, da tecnologia e do uso de materiais ao longo do século passado. De terça a domingo, das 10h às 18h. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705. São Paulo-SP. Telefone: 11 3032 3727. Até 08/08. Saiba Mais.
Exposição Maritônio

Exposição apresenta escultoras de Maritônio Sousa Portela, um dos grandes nomes da arte popular brasileira. O universo religioso, animal e regional está expresso na obra do artista. De segunda a sexta, das 9h às 20h. Galeria Gustavo Schnnor / Centro Cultural da UERJ. Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã. Rio de Janeiro-RJ. Telefone: 21 2334 0728. Até 13/08. Saiba Mais.
Boa
leitura
Artesanato
Atividade produtiva local de objetos e artefatos elaborados manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares em escala não industrial. O artesão usualmente não só detém os meios de produção, mas também domina todo o processo de fabricação do objeto.
Design
Projeto que se destina à execução de um objeto em escala industrial. Designa também ferramenta ou processo que permite adicionar valor aos objetos, aprimorando seus aspectos funcionais ergonômicos, visuais e estéticos levando à conquista dos mercados.
Artesanato Contemporâneo
Atividade que recorre a repertórios cultural e tecnológico amplos para produção de objetos, associando referentes estético-culturais, design de novos produtos e novas matérias-primas e formas de produção. Em larga medida, seu valor comercial está determinado pelo equilíbrio entre valor expressivo e valor de uso.
Definições de A CASA museu do objeto brasileiro
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