A CASA - Newsletter #38 - Ano 4 | Julho de 2011

Newsletter N°38

Julho de 2011

 

Editorial

 

O Capim Dourado é destaque da edição 38 da newsletter. No dia 14, A CASA abre a exposição Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão, com objetos diversos produzidos a partir deste material. Já no dia 16, promove a mesa redonda Capim Dourado: como manter o brilho desse capim?, que irá discutir os desafios em torno dessa produção. Confira todas as informações sobre os eventos em Acontece no museu A CASA e Matéria do MÊS.

 

Em Entrevista, a designer Paula Dib faz uma revisão de seu trabalho em comunidades de artesãos e aponta para novas possibilidades do design. Não perca!

 


 

Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão


 

Exposição apresenta inúmeros objetos em capim dourado de cinco comunidades de artesãos do Tocantins. Durante a abertura, as peças poderão ser adquiridas ou encomendadas. Abertura dia 14 de julho, das 19h30 às 22h30. Visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h. Até 12 de agosto. Saiba mais.

 

 

Mesa Redonda - Capim dourado: como manter o brilho deste capim?

 

 

Considerando todos os desafios de ordem social, econômica e ambiental que se impõem diante da produção de peças artesanais que utilizam o capim dourado como matéria-prima, e visando discutir soluções, A CASA convidou quatro profissionais ligados ao tema para debater: a artesã Ana Cláudia Matos Silva, a pesquisadora Carla Arouca Belas e os designers Eliane Damasceno e Renato Imbroisi. A mesa redonda será no sábado, dia 16 de julho, às 16h. Inscrições pelo telefone 11 3814 9711 ou e-mail. Saiba mais.


 

www.acasa.org.br

 

 

Coleção TENET - Tecendo na Net

 

 

A coleção traz as peças que 41 artistas têxteis de diversos estados do país desenvolveram a partir de um kit de materiais variados. Veja aqui.

 


 

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Apoio

 

Entrevista - Paula Dib

 

“Está na hora do design se aproximar das políticas públicas”


Paula Dib é designer social, atua em comunidades, co-criando e oferecendo insights para inovação, bem estar e transformação social.


 

 

Como você enxerga a parceria entre designers e comunidades de artesãos?

Vejo muitas instituições passando por um momento de revisão com relação a essa parceria. A missão de gerar renda é muito mais complexa do que se imagina.  Muitas vezes, chegamos a estes núcleos produtivos e nos deparamos com uma carência geral, uma falta de desenvolvimento de base, mínimo. Nós, designers, não somos milagreiros para chegar num lugar remoto, onde não houve oportunidades em educação, saúde, saneamento, estrutura e, em pouco tempo, fazer com que eles virem empreendedores de sucesso. Às vezes, até acontece, por força de vontade e brilho de alguns, mas não é isso que temos que esperar deles. Vejo que designers sensibilizados para o trabalho com comunidades podem contribuir muito em grupos com alguma estrutura. E, neste momento, deve-se trabalhar fortemente o tripé comunidade, designer e parceiro comercial para que as vendas realmente se efetivem. Em minha opinião, deve-se primeiro entender o porque de se trabalhar em um grupo ou região. Só depois que isto estiver respondido, partimos para como e teríamos o que como uma conseqüência embasada. Uma comunidade pode ser empreendedora e produtiva de muitas maneiras; seja trabalhando com artesanato, com agro-negócio, turismo comunitário ou até com todas estas atividades de forma complementar. Acredito que a contribuição do designer social é co-criar com as comunidades e oferecer inovação para a transformação de um vilarejo, gerando impactos significativos no desenvolvimento destes locais.

 

Trata-se de atuar menos no design de produtos e mais nos processos que estão por trás?

Exatamente. Não sabemos o que iremos fazer como produto final, mas pensamos no porque iremos fazer. Revertendo-se esse ciclo, foca-se no processo, porque é dali que vão sair as coisas. O designer torna-se um catalisador para infinitas possibilidades. Precisamos sair desses modelos preestabelecidos: “As coisas funcionam assim, assim, assado”. Hoje em dia, há tantas outras coisas que podemos colocar no bolo e gerar novos temperos, novas formas de fazer. É esse olhar curioso contínuo, que questiona todas as coisas, o modo como elas estão impostas, e as repensa para a melhoria da vida das pessoas.

 

É preciso ir além da inserção de ícones locais nas peças?

Já fiz trabalhos em outros lugares onde se enfatizava a iconografia local. Aí se escolhe aquela ponte que é super importante na cidade como ícone. Claro que você pode traduzir esse símbolo de jeitos incríveis, as peças podem ficar super bonitas, mas acho que um produto que mostre realmente o que tem em determinado local vai muito além dessas referências visuais. Ele tem que trazer a alma do lugar, o envolvimento e a mão de quem está fazendo.

 

Você acabou de participar de uma conferência de design e ativismo na Holanda, chamada What design can do. Quais as impressões trazidas de lá? Qual é visão que se tem fora do Brasil sobre aquilo que estamos fazendo aqui?

Nessa conferência, havia gente do mundo inteiro, apresentando projetos dentro do tema “O que o design pode fazer”. Os mais esperados eram justamente os profissionais do Brasil e da Índia. Por que somos os mais esperados? O que está acontecendo? Acho que está em curso uma revisão de valores dentro do Design. De repente, desenvolver “A” cadeira é muito pouco dentro de um mundo que já não precisa mais de muita coisa. Esse movimento de busca por novos caminhos está acontecendo na Europa: “Já passamos por todos os estágios do design, já chegamos até no design conceitual, para onde vamos agora?”. Eles estão buscando as respostas no Brasil, na Índia, na China.

 

E para o futuro, quais são as prioridades em seu trabalho como designer?

Este é um momento de revisão fundamental pra mim como designer. Não é um momento de crise, é momento de novas possibilidades. Para mim, está na hora do design se aproximar das políticas públicas. Acho que trabalhar não apenas com foco na geração de renda, ampliar essas fronteiras, pensar o design como ferramenta para transformação pode ativar muito mais coisas. Pode chegar muito mais perto do verdadeiro potencial do design.

 

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

 

Matéria do MÊS

 

 

Capim Dourado: costuras e trançados do Jalapão

 


A CASA museu do objeto brasileiro recebe, a partir de 14 de julho, a exposição Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão; uma oportunidade para o público de São Paulo apreciar e adquirir peças artesanais produzidas com esta espécie vegetal por artesãos de 5 comunidades dos municípios de Ponte Alta, São Félix, Mateiros e Novo Acordo, situados na região do Jalapão, no estado do Tocantins.

 

A exposição é uma realização do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart) e do Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) e Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), que contam com a parceria de A CASA museu do objeto brasileiro.

 

O capim dourado é uma “sempre-viva” da família das Eriocauláceas, a syngonanthus nitens, que significa “brilho”, e originados dele estarão expostos os mais variados tipos de objetos – potes, jarros, fruteiras, porta-pratos, bolsas, bijuterias, entre outros – confeccionados por meio de técnica artesanal herdada dos índios Xerente e repassada aos moradores do povoado de Mumbuca há cerca de 80 anos.

 

O capim dourado, ou capim de vereda, como era chamado antigamente, é uma matéria-prima típica da região do Jalapão e vem sendo alvo da biopirataria, contrabandeada em outras áreas do Brasil central e promovida por meio da concorrência ilegal sobre a espécie.  Por ser uma alternativa de sustento para a população local, produtores e artesãos do Jalapão buscam obter junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a proteção ao capim dourado pela Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência. O processo de pedido de IG já está em tramitação no INPI, que enfatiza que “além de proteger os produtores e artesãos locais, o intuito é criar um diferencial, garantindo a qualidade e a competitividade do produto” (fonte: INPI).

 

O município de Mateiros, a 324 quilômetros da capital Palmas, com destaque para a comunidade de Mumbuca, constitui um dos núcleos iniciais dessa produção artesanal que, em virtude da crescente demanda de mercado, se expande por outros municípios da região, como São Félix, Ponte Alta e Novo Acordo.

 

A comercialização do artesanato feito com o capim dourado concorreu para a melhoria das condições de vida das famílias dessas localidades, segundo relato de moradores. Ainda hoje, mesmo com a redução das vendas provocada pela concorrência da expansão da produção artesanal para outros municípios da região, o capim dourado continua sendo uma das principais fontes de renda para os moradores das comunidades produtoras no Jalapão. Com o reconhecimento da matéria-prima e da produção artesanal do capim dourado, grandes artistas do design brasileiro já trabalharam com estas comunidades, agregando novos valores ao produto.

 

De um modo geral, o artesanato com o capim dourado é produzido por homens, mulheres e crianças a partir dos 10 anos de idade. A dedicação de cada um varia de acordo com os afazeres referentes a seus papéis sociais. Homens e mulheres dividem a produção artesanal com as atividades domésticas ou na roça, e com os serviços externos prestados à Prefeitura, às escolas etc.

 

Para costurar as hastes do capim dourado, os artesãos usam a “seda” do buriti, palmeira que nasce nas veredas e nas matas ciliares da região. A “seda” é obtida pela extração da fibra encontrada no interior do “olho” ou “folha flecha”, o talo de uma folha nova do buriti. O processo da costura do capim dourado exige muita paciência, atenção e cuidado. O material, embora flexível, é frágil, quebrando com facilidade durante o manuseio. Além disso, para garantir a uniformidade visual das peças, o artesão deve estar constantemente preocupado em manter as mesmas proporções da linha e do capim do início ao fim da confecção de um produto. Atualmente, alguns artesãos incrementam suas peças com materiais mais modernos como fios coloridos, sementes, miçangas e até linhas douradas importadas da China.

 

Mesa Redonda Capim dourado: como manter o brilho desse capim?

Considerando todos os desafios de ordem social, econômica e ambiental que se impõem diante da produção de peças artesanais que utilizam o capim dourado como matéria-prima, e visando discutir soluções, A CASA convidou quatro profissionais ligados ao tema para debater: a artesã Ana Cláudia Matos Silva, a pesquisadora Carla Arouca Belas e os designers Eliane Damasceno e Renato Imbroisi. A mesa redonda será no sábado, dia 16 de julho, às 16h. Saiba mais.

 

Serviço

Exposição Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão

Inauguração: 14 de julho, quinta-feira, das 19h30 às 22h30 (manobristas no local)

Visitação: de 15 de julho a 12 de agosto, de segunda a sexta, das 10h às 19h

 

Mesa Redonda Capim dourado: como manter o brilho desse capim?

Dia 16 de julho, sábado, das 16h às 18h

Informações e inscrições pelo telefone 11 3814 9711 ou pelo e-mail contato@acasa.org.br

 

A CASA indica

 

 

Memorial Minas Gerais – Vale

 

 

Inaugurado no final de 2010 em Minas Gerais, no antigo prédio da Secretaria da Fazenda, o museu apresenta a história e cultura do estado com interatividade e tecnologia, fazendo uso de diversas mídias. A cerâmica do Vale do Jequitinhonha e o artesanato mineiro de modo geral têm destaque especial. De terça a sábado, das 12h às 18h. Praça da Liberdade, s/n° (esquina com a Rua Gonçalves Dias). Funcionários. Belo Horizonte – MG.  Telefone 31 3343 7317. Saiba mais.


 

CD Anima - Donzela Guerreira


 

Segundo CD do grupo Anima - formado entre outros por Paulo Dias, da Associação Cultural Cahuera! -, que pesquisa as relações entre a música antiga europeia e a música de tradição oral e ritmos populares brasileiros como coco, congo e cantos indígenas. A sonoridade se constrói à base de instrumentos acústicos e artesanais, como rabecas, viola de arame, percussão afro-brasileira, instrumentos indígenas, harpa e flautas renascentista e barroca. Inspirado no livro “A donzela- guerreira”, de Walnice Nogueira Galvão, sobre a filha mais jovem de um velho pai que, ao estourar uma guerra em seu país, alista-se para o exército como sendo seu filho varão. Acompanha o CD um livreto com detalhes das faixas, informações sobre as canções recolhidas e histórico dos ritmos. À venda nas rede Lojas Sesc, em todas as unidades do Sesc, e pela internet. Veja aqui.


 

Casa Brasil 2011

 

 

Promovido pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), o evento de design e negócios apresenta exposições culturais e de produtos contemporâneos, além de seminários com profissionais que atuam dentro e fora do Brasil. De 2 a 6 de agosto, das 12h às 20h. Parque de Eventos. Alameda Fenavinho, 481. Bento Gonçalves- RS. Saiba mais.

 

 

Unidades de conservação na Amazônia Brasileira

 

 

O mapa virtual do Instituto Socioambiental (ISA) monitora e traz diversas informações sobre as unidades de conservação na Amazônia, incluindo terras indígenas, biomas e bacias hidrográficas. Veja aqui.

 



Boa leitura

 

As feiras constituem uma oportunidade interessante para a emergência de artesãos como sujeitos políticos. São eventos cujo foco é a promoção de produtos, ao mesmo tempo, promovem a elaboração de posicionamentos frente ao mundo, muitas vezes, distante de seus locais de origem. Para as bordadeiras de Caicó, as feiras promovem, indiretamente, um olhar para si, para a sua produção, para sua própria rede social e seus modelos de organização, para o seu posicionamento frente às agências de fomento e para a relação com o público consumidor que pede adequações necessárias no que tange aos discursos sobre o porque comprar bordados.

 

 

Thais Brito

Por que comprar bordados? Apontamentos sobre o discurso de artesãos em feiras internacionais.

 

Leia o texto na íntegra


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