A CASA - Newsletter #43 - Ano 4 | Dezembro de 2011





Newsletter N°43

Dezembro de 2011

 

Editorial

 

2011 está terminando e as festas de fim de ano trazem à tona discussões sobre o consumo exagerado e potenciais riscos ao planeta. Como conciliar design e moda com os desafios impostos por nosso tempo?

 

Moda sustentável é o tema da entrevista com Chiara Gadaleta, criadora do Ser Sustentável com Estilo. Para provar que a conciliação é possível e auxiliar na escolha dos presentes, Chiara Gadaleta selecionou produtos em sustentáveis em A CASA indica.

 

A Bicicloteca é também destaque desta edição da newsletter. Conheça a história do projeto em Matéria do MÊS.

 

 

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

 

Poética da palha – Cerro Azul

 

 

Exposição reúne objetos de artesãos de Cerro Azul-PR, criados em parceria com o designer Renato Imbroisi, em projeto realizado por A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba mais.

 

 

 

Feliz 2012


 

A CASA estará fechada dos dias 23/12 a 01/01, retomando as atividades no dia 2. Desejamos a todos Feliz 2012!

 

 

 

www.acasa.org.br

 

 

 

Coleção Mumbuca Natureza

 

 

Coleção apresenta em primeira mão os novos colares desenvolvidos pela Associação Capim Dourado do Povoado de Mumbuca. Veja aqui.

 

 

 

Mesa redonda Desenho de Fibra com Renato Imbroisi

 

 

Confira a íntegra do bate-papo entre Renato Imbroisi e artesãs de diversos estados do país. Veja aqui.

 

 

 

Museu A CASA no Twitter

 

 

Saiba antes todas as novidades de A CASA! Siga @museuacasa no Twitter e receba flashes de, no máximo, 140 caracteres! Seguir.

 

 

 

Museu A CASA no Facebook

 

 

A CASA está se integrando ainda mais às redes sociais. Agora, através da nossa página no Facebook, vamos divulgar eventos, postar fotos, vídeos e outras novidades do museu. Curta, comente, indique para amigos! Veja aqui.

 

 

 

 

Apoio

 

Entrevista - Chiara Gadaleta

 

"Meu papel é o de erotizar a sustentabilidade"

 

Chiara Gadaleta é consultora de moda e criadora do Ser Sustentável com Estilo.


O que é e quais são os objetivos do Instituto Ser Sustentável com Estilo?
Nossa missão é mostrar que a moda e a beleza podem ser agentes de transformação. Através delas, podemos disseminar informações importantes como valorização das habilidades locais como artesanato, geração de renda para comunidades carentes, discussões sobre questões socioambientais e até cidadania.

 

Já existem empresas, estilistas ou produtos exemplares que simbolizam a ideia de ser sustentável com estilo?
No Brasil, posso citar a Osklen, Flavia Aranha, Lourdinha Oliveira, Joyful, Arte Ethos, Patricia Moura, Tiana Santos, dentre outros.

 

De que maneira a Moda ajuda a difundir informações, idéias e conceitos? Como a moda pode ser um agente de transformação?
A moda é muito rápida e faz as pessoas sonharem. Essas características fazem das roupas, acessórios, maquiagens etc. objetos que chegam em nossas casas diariamente e com muita frequência. Se imaginarmos que as roupas estão em contato direto com nossa pele e que de fato nos conferem uma identidade, mostram o poder de viralizar mensagens e de nos tocar.

 

O que é a Nova Era da Moda? Quais as características que a diferenciam da era anterior?
Eu chamo de Nova Era da Moda, um grupo de indivíduos que trabalham nesse mercado e que além da busca pelo belo e pela estética, também se preocupem com a ética e com o desenvolvimento sustentável.

 

Tradicionalmente, a ideia de Moda está associada ao efêmero (pois logo fica ultrapassada) e ao consumo (pois as peças devem ser substituídas por outras). Considerando isto, Moda e sustentabilidade não são conceitos antagônicos?
Tecnicamente poderiam ser vistos assim, mas, na prática, a moda pode se conectar sim com as questões do desenvolvimento sustentável. Toda a cadeia produtiva de moda pode "ser sustentável com estilo" através do consumo consciente, do slow fashion, da valorização das habilidades locais, como no caso do artesanato, utilização de materiais orgânicos e inclusão no mercado de trabalho, gerando mais renda para comunidades em estado de risco. Quando uma peça de moda carrega esses conceitos, ela se transforma em meio de comunicação e de educação. Sem falar em técnicas como a reciclagem, o reaproveitamento e o upcycling, que podem fazer com que o mercado de moda diminua o impacto negativo na comunidade e no meio ambiente.

 

Como a beleza pode contribuir na transmissão de mensagens e ideias?
Quando comecei a usar minha voz na minha comunidade, que é a Moda, para passar informações ligadas a sustentabilidade, tive, ao contrário de que alguns acharam, muita facilidade em me comunicar e me fazer entender. Mesmo sem conhecer, as pessoas se interessaram e queriam saber mais. Acredito que seja pelo fato de desde o inicio usar a beleza como ponte, como canal para expressar ideias sobre a "Nova Era da Moda", como também questionar o papel do mercado de moda na nossa sociedade hoje e sua relação com as necessidades socioambientais do Planeta. E nessa jornada ouvi uma vez de um profissional que respeito muito que meu papel é o de “erotizar a sustentabilidade”. Eu adorei e me senti honrada. Na verdade, utilizo todos os recursos estéticos e de design para trazer a sustentabilidade para perto não só da moda como de todos ao meu redor.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do MÊS

 

Nas ruas, uma morada... para a leitura!

por Lígia Azevedo


Dizem que a literatura dá asas à imaginação. Em São Paulo, ela ganhou rodas! E em suas trilhas, não só alimenta a imaginação, como está sendo usada como instrumento de reinclusão social. Isso, através do projeto da Bicicloteca, uma biblioteca montada sobre uma bicicleta, idealizada por Robson Mendonça, ex-morador de rua e atual presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua.

 

Durante os 6 anos em que morou na rua, Robson frequentava bibliotecas públicas como a Mario de Andrade, no centro da cidade. Mas não podia pegar empréstimos por não ter comprovante de endereço e se sentia rechaçado nas mesas de leitura por outros frequentadores. Partindo dessa experiência, teve então a ideia de criar uma biblioteca móvel, que pudesse atender a outros moradores de rua gratuitamente e sem burocracias.

 

A primeira bicicloteca foi doada pelo Instituto Mobilidade Verde e funciona desde julho deste ano em praças do centro de São Paulo, com uma média de circulação de 200 livros por dia. Para fazer o empréstimo, basta deixar o nome em uma lista, e quem pega um livro tem duas opções: ou passa adiante para quem quiser ler, ou devolve para a bicicleta. Todo o acervo é fruto de doações, e a iniciativa se mantém através de voluntariado.

 

A Bicicloteca funciona também como um pólo cultural móvel: além dos livros, leva atividades culturais e educacionais, como dramatização da situação de rua, realização de saraus, concursos de poesia e sopa de letrinhas com crianças, além da recuperação de livros que são jogados no lixo ou destinados para reciclagem. E através dela, Robson faz ainda contatos com moradores de rua para sua reinserção comunidade e ao mercado de trabalho, conduzindo-os para treinamentos no Senai, na retirada de segunda via de documentos pessoais, entre outras atividades.

 

Simples e criativo, o projeto ganhou grande repercussão e chegou a participar da exposição sobre valorização de espaços públicos “A Rua é nossa... É de todos nós”, em agosto, no Museu da Casa Brasileira (MCB).

 

Novas pedaladas
Em setembro deste ano, a Bicicloteca foi roubada com cerca de 200 livros. O fato levou a uma comoção nacional e ganhou vários colaboradores até ser encontrada. Entre eles, o Museu da Casa Brasileira, que na ocasião colaborou com a divulgação da perda, a Editora Melhoramentos e o Grupo Pão de Açúcar, que se uniram para doar um novo veículo ao projeto e contribuir para sua manutenção durante um ano.

 

A nova Bicicloteca foi entregue no dia 19 de novembro no MCB e conta com modernizações: motor elétrico, freio a disco e amortecedor traseiro, computador de bordo e internet wireless, que pode ser compartilhada em todos os espaços públicos por onde o veículo circular. É a primeira do País com todos esses recursos. Durante o final de semana da entrega, também foi feita no MCB uma campanha que arrecadou cerca de 200 livros para auxiliar na iniciativa.

 

Para 2012, o Instituto Mobilidade Verde tem previsão de colocar nas ruas mais 10 biciclotecas. A intenção é expandir o eixo de atendimento além do centro da cidade e chegar a bairros carentes mais periféricos. Além disso, estão construindo parcerias para fazer através da Bicicloteca um curso de alfabetização, e planejam aumentar a autonomia do veículo com a instalação de um painel de captação de energia solar para alimentar a bateria, o computador e a internet.

 

Outras trilhas
Enquanto a Biciloteca de Robson roda pelo centro da cidade, outros projetos semelhantes vêm se desenvolvendo nas periferias. Na Zona Sul de São Paulo, desde 2009 outra bike incentiva a leitura na comunidade do bairro do Campo Limpo, com o slogan “No meio do caminho tinha um livro”. Esta outra biblioteca sobre rodas foi idealizada por Robinson Padial (Binho) dono de um bar na região que abriga um dos maiores saraus da periferia – o Sarau do Binho. Seu bar já funciona como ponto de empréstimo de livros à população. A Bicicloteca surgiu para ampliar o raio dessa distribuição a todo o bairro. O projeto teve apoio do programa Vai, da Prefeitura de São Paulo, e se mantém através de doações e voluntariado. Só em 2011 foram emprestados mais de  3000 livros, e hoje o projeto tem uma sede chamada Brechoteca, onde recebe doações de livros e também de outros objetos que são posteriormente sorteados como prêmios para os leitores.

 

Os morros cariocas também estão sendo povoados por trilhas de leitura através da Bicicloteca da CUFA (Central Única das Favelas). Desde abril de 2010 circula semanalmente pela Cidade de Deus uma biblioteca sobre rodas conduzida por um garoto “biciclotecário”, com mais de 70 livros e revistas. A iniciativa da ONG CUFA foi idealizada pela roteirista de cinema Manuela Dias, conta com o apoio do Colégio Mopi e da empresa Diálogo Design, e recebeu como madrinha a atriz Camila Pitanga, que gravou mensagens personalizadas para serem transmitidas pelos alto-falantes do veículo, convidando os moradores a conhecer o acervo. O projeto pretende reforçar também a biblioteca da comunidade, ampliando seu espaço físico e seu acervo, através de um sistema de doações de livros e assinaturas de revistas.

 

A CASA indica

por Chiara Gadaleta

 

Sapatilhas em couro de tilápia – Heliconia

 

 

Geralmente descartadas, enterradas ou utilizadas como ingrediente para ração, peles de peixe foram transformadas em couro e deram origem aos produtos da Heliconia. As sapatilhas custam R$210 e podem ser encomendadas pelo blog da marca. Saiba mais.

 

 

Vestidos de Flavia Aranha

 

 

Com design simples e leve, os vestidos de Flavia Aranha são feitos em algodão orgânico e tingidos naturalmente com pigmentos extraídos de folhas e cascas. A partir de R$169. Flavia Aranha. Rua Harmonia, 234. Vila Madalena. São Paulo-SP. Telefone: 11 3031 1703. Saiba mais.

 

 

Colares e pulseiras de Cristiane Marques

 

 

Produzidos pela artesã Cristiane Marques, os colares e pulseiras em macramé podem ser adquiridos na loja Ponto Solidário, em São Paulo, a partir de R$20. Ponto Solidário. Rua José Maria Lisboa, 838. Jardins. São Paulo-SP. Telefone: 11 5522 4400. Saiba mais.

 

 

Avental do projeto Recicla Jeans

 

 

Confeccionado por moradores de Paraisópolis a partir de reaproveitamento de jeans e resíduos têxteis, o avental sai por R$50. ONG Florescer. Rua Manoel Antônio Pinto, 500. Paraisópolis. Telefone: 11 3746 9846. Saiba mais.

 

 

Linha de perfumaria da Chamma da Amazônia

 

 

Com a missão de “oferecer a magia e os mistérios da Amazônia em forma de produtos de perfumaria e cosméticos”, a Chamma da Amazônia tem artigos a partir de R$33. Chamma da Amazônia. Aeroporto Internacional de Guarulhos. Rodovia Hélio Smidt, s/n. Terminal 2 Asa D. Cumbica. Guarulhos-SP. Telefone: 11 2445 2673. Há lojas em outros estados do país. Saiba mais.

 

 

 


Boa leitura

 

Nas sociedades modernas a crença no planejamento racional e no desenvolvimento científico, levou a negação da tradição e tudo o que ela representava. O trabalho manual, de produções em pequena escala, deu lugar ao trabalho manufaturado, de produção e consumo em massa. Tudo o que lembrasse o passado era sinônimo de atraso e deveria ser substituído pela visão de desenvolvimento e futuro.


A crise dessa primeira fase da modernidade possibilitou a redescoberta e a reabilitação do passado, revisitado na crescente onda de valorização dos saberes tradicionais e de consumo de produções da cultura popular. A Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial promulgada pela UNESCO em 2003 e o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI) instituído pelo Ministério da Cultura do Brasil em 2000, constituem exemplos dessa conjuntura que têm por objetivo propiciar à salvaguarda de técnicas, práticas, saberes, modos de fazer, celebrações e inúmeras outras formas de expressões artísticas tradicionalmente passadas de geração a geração.

 

Carla Arouca Belas
O Consumo de Bens Culturais e a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial: o caso do capim dourado do Jalapão.

 

Leia o texto na íntegra


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