A CASA - Newsletter #45 - Ano 4 | Fevereiro de 2012





Newsletter N°45

Fevereiro de 2012

 

Editorial

 

Se muitos conhecem Soninha Francine como apresentadora de televisão, comentarista esportiva ou vereadora na Câmara Municipal de São Paulo, poucos sabem que, atualmente, Soninha dirige a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco). Quer saber o que ela pensa sobre artesanato? Confira Entrevista!

 

Já em clima de carnaval, a newsletter abre alas para o Maracatu Rural. Conheça um pouco dessa tradição centenária em Matéria do Mês.

 

Estes são os últimos dias para conferir a exposição Poética da palha – Cerro Azul no museu A CASA. Mas os produtos elaborados por artesãos em parceria com o designer Renato Imbroisi serão expostos e poderão ser encomendados por lojistas na 21ª Praralela Gift. Mais informações sobre a feira em A CASA indica.

 

E prepare-se: em março será lançado o 3° Prêmio Objeto Brasileiro!

 

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

 

Poética da palha – Cerro Azul

 

 

Últimos dias! Exposição reúne objetos de artesãos de Cerro Azul-PR, criados em parceria com o designer Renato Imbroisi, em projeto realizado por A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Até 17/02. Saiba mais.

 

 

 

www.acasa.org.br

 

 

 

Coleção Desenho de Fibra

 

 

Coleção reúne criações do tecelão e designer Renato Imbroisi em parceria com diversas comunidades de artesãos do Brasil. Veja aqui.

 

 

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Apoio

 

Entrevista - Soninha Francine

 

“Há um momento em que as pessoas se esgotam da produção em série”

 

Soninha Francine é superintendente da Sutaco.


De onde vem sua relação com o artesanato e inserção na Sutaco?
Na Sutaco, juntaram-se três coisas que eu adoro: administração pública, cultura e geração de renda numa escala humana, viável. Às vezes, tenho aflição de olhar para o mundo produzindo coisas aos milhões sabendo que, no fim do dia, será preciso criar necessidades para aqueles milhões de coisas produzidas. Não se trata de suprir as necessidades das pessoas, mas de criar necessidades que sejam atendidas por aquela produção, necessária para gerar emprego. Gosto de pensar em promover geração de renda e desenvolvimento local a partir de uma atividade que é tão significativa, tão importante.

 

Como herança da escravidão, existe um velho preconceito que associa a elite ao trabalho intelectual (saber) e as classes subalternas ao trabalho braçal (fazer). Nesse sentido, uma série de projetos de inclusão social voltados à população de baixa renda envolve música, percussão, esportes e trabalhos manuais. Em que medida a ideia de incluir a mão-de-obra marginalizada no mercado de trabalho por meio do artesanato está baseada nesse preconceito?
Já discuti muito o fato de que os projetos sociais na periferia costumam dar um tambor na mão das pessoas e eles saem batendo tambor quando deveriam estar fazendo faculdade de Direto. Se quiserem fazer faculdade de Direito, eles têm que ter toda a possibilidade de entrar numa faculdade de Direito, mas música não tem valor? Só tem valor se for sinfônica? Batucada não é importante? E o esporte, não tem valor? O problema é sempre o reducionismo: se alguém achar que pobre só dá para esporte, música ou trabalhos manuais, estará sendo injusto e excludente com os pobres. Eles têm que poder estudar o que bem entenderem. Mas também discordo de alguém que diga que cultura e esporte não têm valor nenhum, que o que tem valor mesmo é diploma de doutor.

 

O lugar do artesanato na sociedade contemporânea está se expandindo?

Eu acredito que sim. Até certo ponto, pode parecer que o objeto artesanal e o objeto industrial competem um com a outro, mas, na verdade, eles mais se contrapõem do que competem, eles não estão disputando o mesmo espaço, o mesmo bolso, o mesmo mercado. A elite financeira adora um produto rústico. A CasaCor está cheia de produtos artesanais, tradicionais, de raiz. Isso é um sinal de que há um ponto de esgotamento em todas as coisas, um momento em que as pessoas se esgotam da produção idêntica, em série. Cansa! No começo é bom, porque é barato, porque todo mundo tem e eu também quero, mas chega uma hora em que isso se dilui na paisagem e outra coisa chama a sua atenção e desperta o seu desejo.

 

Até quando você fica na Sutaco?
A menos que haja uma grande mudança de planos, saio em abril. Esse é o prazo máximo para ser candidata à prefeita, e o que eu mais quero é ser prefeita algum dia.


Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do MÊS

 

Um Carnaval que vem do canavial

por Lígia Azevedo


Guerreiros ricamente vestidos com golas bordadas, chapéus e lanças enfeitadas, cruzando longas distâncias no interior do Nordeste. Por debaixo da fantasia, rostos queimados do sol dos canaviais. Não se trata do cenário de um campo de batalha, mas de uma manifestação característica da zona da mata nordestina que hoje é símbolo do Carnaval de Pernambuco: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto.

 

Fruto do sincretismo entre as culturas católica, africana e indígena, o Maracatu Rural é originário das senzalas dos engenhos de cana-de-açúcar, há cerca de 300 anos, como uma festa para representar a coroação dos Reis do Congo, e só em meados de 1930 foi incorporada ao Carnaval. O que o diferencia da sua variante urbana, o Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado, é a organização, marcação do ritmo e os personagens que compõem o cortejo.

 

O Maracatu Nação é formado apenas por instrumentos de percussão que executam um ritmo marcado, e tem como figuras os membros de uma corte real à moda europeia: reis, rainhas, damas, porta-estandarte, e ainda a calunga, boneca de madeira em homenagem a santos negros, como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

 

No caso do Maracatu Rural, um conjunto de metais acompanha a percussão, como uma verdadeira orquestra, que toca ritmos diversos e improvisados na voz dos emboladores. Além dos reis e rainhas, desfilam Caboclos de Lança e Caboclos de Pena (guerreiros advindos do acréscimo da influência indígena), baianas, entidades “sujas” como Mateus e Catirina, e aqui a calunga é uma boneca-de-pano e não de madeira.

 

A Terra do Maracatu
A 65 km do Recife fica a capital do maracatu: Nazaré da Mata. O município pernambucano sedia, na segunda e terça-feira de Carnaval, o maior encontro de maracatu do estado. Só da cidade, são mais de 22 grupos que reúnem pessoas de todas as idades, estão alguns dos mais tradicionais maracatus rurais, que ultrapassam 200 anos de existência. É o caso do Cambinda Brasileira, o mais antigo do Estado, fundado em 1918 e o único ainda hoje sediado na zona rural, na sede original do Engenho do Cumbe. O grupo tem cerca de 170 componentes, sendo 80 Caboclos de Lança, e integra o grupo especial do Carnaval do Recife.

 

Maracatu Rural é brincadeira de mato, da roça. Era o divertimento que se tinha na época de meu avô e meu pai, porque na rua quase não tinha movimento de carnaval. Vinha gente de muitos lugares para assistir. E, como os engenhos aqui do Nordeste tem casas bastante espalhadas, percorríamos às vezes 100km de casa em casa brincando maracatu”, lembra Zé de Carlos, presidente do Cambinda e caboclo de lança há mais de 40 anos. Zé brinca maracatu desde os 16 anos e, assim como vários outros brincantes, para ele o Maracatu é herança familiar, aprendido com pais e avós.

 

Guerreiros e artesãos
As figuras mais conhecidas do Maracatu Rural são os Caboclos de Lança, caracterizados pela gola, lança, chapéu, óculos (tradicionalmente transparentes e hoje em dia também os escuros), um cravo na boca e nas costas o surrão – espécie de chocalho que ajuda a marcar o ritmo. Toda a veste chega a pesar 30kg e é feita artesanalmente, na maioria das vezes pelos próprios caboclos. Toda a indumentária tem um significado ligado ao caráter fortemente religioso do Maracatu Rural, de homenagem aos orixás.

 

 

A CASA indica

 

 

Lojas da Sutaco

 

 

Conheça a loja da Sutaco apresentada pela superintendente da instituição, Soninha Francine. Mas atenção aos novos endereços: Loja 1 – Rua XV de Novembro, 318, junto à loja da Imprensa Oficial. Aberta de segunda a sexta, das 9h às 18h. Loja 2 – Metrô Vila Madalena, Praça Américo Jacomino, 30. Aberta de segunda à sexta das 9h às 20h30 e sábados, das 9h às 18h. Veja aqui.

 

21ª Paralela Gift

 

 

Destinada a lojistas, a Feira de Design e Produtos Contemporâneos apresenta as últimas coleções de designers de todo o país. Esta edição contará ainda com a participação de artesãos de Cerro Azul-PR que irão expor objetos criados em parceria com Renato Imbrosi em projeto realizado por A CASA. De 24 a 28 de fevereiro, das 10h às 19h. Prédio da Bienal. Parque Ibirapuera, Portão 3, Pavilhão Ciccillo Matarazzo. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

Kimi Nii

 

 

Com textos de Antonio Gonçalves Filho, livro reúne obras dos últimos 32 anos de trabalho da ceramista Kimi Nii. Disponível na livraria Gaudi, do Instituto Tomie Ohtake.

 

Mana e Manuscritos

 

 

Poesias em manuscrito, jóias e outros trabalhos compõem o livro da poetisa, artista visual e designer carioca Mana Bernardes.  O livro tem curadoria de Heloisa Buarque de Hollanda e fotografias de Mauro Kury. 464 páginas. R$ 110. Saiba mais.

 

Documentário J. Borges

 

 

Publicado pela Galeria Estação, vídeo traz trechos do documentário J. Borges editados para a exposição “A Arte de J. Borges: do cordel à xilogravura” no CCBB de Brasília em abril de 2004. Veja aqui.

 

 

Boa leitura

 

As casas tradicionais Bororo são extremamente simples do ponto de vista arquitetônico. São casas de palha, com cobertura de duas águas que não chegam até o solo e que são constituídas de um único cômodo, sem divisões internas. Atualmente, os Bororo moram em casas construídas de diferentes tipos de materiais; são casas de alvenaria (aldeia do Meruri, próxima à missão), de pau-a-pique (algumas das casas da aldeia do Tadarimana), de madeira (casas da aldeia do Perigara). Mas as casas mais comuns continuam sendo as de palha (Córrego Grande, várias das casas do Perigara, as recém-construídas no Meruri e no Tadarimana, todas as de Jarudori e da aldeia do Garças). As de palha, constituídas de um único cômodo, têm as paredes feitas de uma espécie de esteira, trançada pelas mulheres da casa.

 

Sylvia Caiuby Novaes
As casas na organização social do espaço Bororo

 

Leia o texto na íntegra


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