A CASA - Newsletter #46 - Ano 4 | Março de 2012





Newsletter N°46

Março de 2012

 

Editorial

 

A CASA se transformará em um grande mar repleto de peixes a partir do dia 7 de março. Com curadoria de Renato Imbroisi, a exposição O mar está pra peixe irá apresentar bordados de comunidades de artesãos do Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Confira todas as informações sobre a mostra em Matéria do MÊS e Acontece no museu A CASA.

Em Entrevista, a presidente do Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Centro Cape) e da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa) fala sobre comercialização de artesanato e alerta: na Copa do Mundo, o artesão não vai ganhar dinheiro!

E estão abertas as inscrições para o 3° Prêmio Objeto Brasileiro! Mais informações e novidades desta terceira edição do concurso em Acontece no museu A CASA.

 

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

 

O mar está pra peixe

 

 

Com curadoria de Renato Imbroisi, exposição apresenta bordados das comunidades Bonito Feito à Mão (MS), Brincando com Linhas (DF), Arcanjo (DF), Ser Brasileiro (DF), Agulha Mágica (DF) e Bordadeiras do Jardim Conceição (SP), além de trabalhos que serão integrados ao longo da exibição. Abertura dia 7 de março, das 19h30 às 22h30. Visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba mais.

 

3° Prêmio Objeto Brasileiro

 

 

Estão abertas as inscrições para o 3° Prêmio Objeto Brasileiro, que vai destacar e premiar o melhor do encontro entre design e artesanato em quatro categorias: Objeto de Produção Autoral, Objeto de Produção Coletiva, Ação Socioambiental e Novos Projetos. Saiba mais.

 

 

www.acasa.org.br

 

 

 

Inscrições online

 

 

Ficou ainda mais fácil participar do Prêmio Objeto Brasileiro. Neste ano, é possível inscrever-se também pela internet. Saiba mais.

 

 

 

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Apoio

 

Entrevista - Tânia Machado

 

“O mundo inveja a felicidade do Brasil”

 

Tânia Machado é presidente do Instituo Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Centro Cape) e da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa).


Qual o potencial de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 para a promoção do artesanato brasileiro?
Tem muita gente falando que o artesão vai ganhar dinheiro, mas na Copa do Mundo, o artesão não vai ganhar dinheiro! Turista de Copa não carrega sacola, turista da Copa não vai sair visitando exposições de artesanato. Está todo mundo falando para o artesão: “Produza, pois você vai ganhar dinheiro”. Então, eu fui olhar o que acontece em Salvador e no Rio de Janeiro na época de Carnaval. Ora, no Carnaval eles recebem 1 milhão de turistas. Se os estados vão receber 100 ou 200 mil turistas na copa do mundo, no Rio de Janeiro e Bahia, que recebem 1 milhão de turistas por ano, o artesão deveria estar milionário. Eu fui ver e não tem nada disso. Há um aumentozinho de venda de artesanato, na faixa de 7%. Fui conversar com amigos da África do Sul para saber o que aconteceu com artesanato durante a Copa do Mundo de 2010 e eles falaram justamente isso: todo mundo disse para o artesão sul-africano produzir porque o turista iria comprar muito. Eles não venderam e estão lá entupidos de produtos, vendendo para atravessadores a preços baixíssimos para poder desovar.

A imagem do Brasil no exterior parece estar mais em evidência especialmente nos últimos anos. A que isso se deve?
Eu acho que é um pouco graças a nossa política e um pouco por conta da quebradeira da Europa e dos Estados Unidos. Eles nunca quebraram da forma como estão quebrados agora, e nós pouco nos abalamos com a crise econômica mundial. Além disso, o Brasil é visto como um país otimista, um país alegre. É essa a imagem que eles têm do Brasil lá fora e é essa imagem que estamos passando. Mesmo com todos os nossos problemas – e temos muitos – somos felizes. Acho que é isso: o mundo inveja a felicidade do Brasil.

Como superar estereótipos ainda muito ligados à imagem do Brasil como o de mulheres nuas durante o Carnaval?
Sou apaixonada pelo carnaval porque é a maior demonstração de artesanato do mundo! Mas nos eventos que faço lá fora, não levo bunda, não levo carnaval. Porque carnaval, para eles, é bunda de fora, peito de fora, mulata gostosa. Não quero levar essa imagem do Brasil. Duas vezes por ano, fazemos um evento em Nova Iorque. Temos um showroom lá na 34th, em frente ao Empire State. Oferecemos caipirinha com cachaça brasileira, bombom Sonho de Valsa, doce de leite na palha, guaraná, água de coco, vinho brasileiro. Levamos coisas nossas. A música é Bossa Nova, o tempo inteiro tocando. É essa a imagem que quero levar do Brasil. O problema é que a alegria do carnaval, ou a bunda do carnaval, é o negócio que todo mundo quer saber. Eu estava em Nova Iorque até a semana passada e todo mundo perguntava: “E o carnaval?”. Quando isso acontece, sempre tento levar essa mensagem: “Também sou apaixonada por carnaval; você sabia que aquilo tudo é feito a mão?”, “Não!”, “É tudo feito à mão, cada lantejoula, cada pérola, cada pluma, é tudo feito à mão, não tem máquina”. Então, eu tento inverter um pouquinho. O carnaval é bonito porque dá emprego, porque é todo feito a mão e leva a alegria do povo brasileiro.

Muitos artesãos reclamam da dificuldade de vender seus produtos. Por que é tão difícil vender?
Sempre que eu pergunto ao artesão “Qual o seu problema?”, e ele responde “Meu problema é vender”, eu digo: “Então, você não tem problema, pois venda não é problema, venda é solução”. O artesão tem que pensar no que está fazendo de errado para o consumidor não aceitar o seu produto. Não adianta botar a culpa no consumidor por não vender. Ele precisa olhar para dentro dele mesmo. Será que ele está procurando o mercado certo? O produto está condizente com esse mercado? É um produto necessário? Já foi o tempo em que as pessoas compravam pensando “Tadinho do artesão, vamos comprar no bazar hoje, oh dó”. Época de Natal, aquele monte de bazar. Não tem isso mais não, acabou. Temos que buscar mercado, buscar competência, buscar competitividade com qualidade. E buscar tudo isso olhando o cliente, tentando enxergar da visão do cliente e não da visão de quem produz. A visão do artesão foi muito importante no momento de criar, mas na hora de vender, ele tem imaginar o cliente olhando para ele. Se ele fosse o cliente, o que faria?

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do MÊS

 

Do fundo do mar para a ponta das agulhas

por Lígia Azevedo


O mar é fonte constante de inspiração para poetas, compositores, pintores. E vem do mar também a temática da nova exposição do Museu A CASA: O mar está pra peixe, que abre nesta quarta, dia 7 de março, às 19h30 (veja mais em Acontece no museu A CASA). Nos próximos dias, o visitante da Rua Cunha Gago, 807 vai estar imerso num fundo de mar, cercado por cardumes de peixes. Sob uma ambientação toda azul, estarão expostos cerca de 35 painéis de peixes marinhos bordados por comunidades de artesãs de diversos estados, sob a curadoria do designer têxtil Renato Imbroisi.

A exposição será um work-in-progress, construída e ampliada desde sua inauguração até seu encerramento, no dia 27 de abril. No dia 7, estarão presentes bordadeiras do Jardim Conceição e convidadas como Liana Bloisi, Paula Yne, Cris Burguer, Mara Doratiotto e Adélia Borges. Durante a abertura, elas farão ao vivo bordados que serão integrados à exposição e estarão ainda disponíveis para o visitante interessado em aprender junto a elas e criar seu próprio bordado. “A ideia era fazer algo que fosse crescendo, e que o público também participasse. Além do dia da inauguração, teremos oficinas no Dia do Artesão (19 de março) para criar novos bordados. Queremos fazer o cardume crescer até o final da exposição”, conta o curador Renato Imbroisi.

Os painéis já expostos são trabalhos em pontos variados, como rede, areia, sombra, corrente, em suas mais diversas variações, e foram produzidos pelas comunidades Bonito Feito à Mão (MS); Brincando com Linhas (DF); Arcanjo (DF); Ser Brasileiro (DF); Agulha Mágica (DF) e Bordadeiras do Jardim Conceição (SP). “Alguns desses grupos já bordavam peixes, outros não necessariamente bordavam peixes mas já trabalhavam com temas da fauna e da flora”, explica Renato. “Com algumas das comunidades, como as de Brasília, trabalho há mais de 8 anos, são experientes e têm boa inserção no mercado. Já o Jardim Conceição é um grupo que, apesar de ter muita capacitação e fazer um bordado de altíssima qualidade, está ainda descobrindo seu público consumidor, e é a primeira vez que expõe num museu”, comenta. O Jardim Conceição, de Osasco, congrega quase 30 mulheres migrantes de várias regiões do Brasil, e desenvolve um trabalho há mais de quatro anos com apoio da Fundação Bradesco.

O Bonito Feito à Mão é um exemplo dos grupos que já tinham uma coleção baseada em peixes nativos, e que é o carro-chefe de sua produção, vendida majoritariamente para turistas brasileiros e estrangeiros. “Aqui em Bonito a principal atração são os rios, que têm uma água transparente e uma quantidade enorme de peixes. Os visitantes se encantam com essa questão. Por isso, em nossa coleção, selecionamos cinco peixes da região: piraputanga e mato-grosso (só encontrados aqui), dourado, pacu e pintado. E aos poucos estamos inserindo pássaros”, conta Albertina Gesser Orben, vice-presidente da associação.

O trabalho do grupo se destaca pelos bordados em relevo que fazem nas escamas dos peixes. “Fazemos bordado na cabeça, rabo e barbatanas em ponto matiz. Já as escamas fazemos separadas, com um trabalho pespontado em volta feito à mão, e pregamos uma a uma, em relevo. Fizemos até alguns com crochê aplicado”, explica Albertina. Além disso, há algum tempo vêm experimentando o bordado com seda. “Fizemos uma coleção para a Safira Sedas a partir de uma ideia surgida nas primeiras oficinas nossas com o Renato. O algodão cru, nosso carro-chefe, é mais rústico, e com a seda o traço fica mais leve, mais fino. Mas esse trabalho fazemos em ocasiões especiais, porque temos bordadeiras que ainda estão se acostumando a bordar com a seda, por ser um tecido muito fino e delicado”, comenta.

 

 

A CASA indica

 

 

Rota 232

 

 

Guia virtual reúne o melhor da gastronomia e do artesanato em Pernambuco, tendo como referência os 553 km da BR-232, que liga Recife a Parnamirim. São restaurantes, bares, ateliês, lojas, espaços e centros culturais localizados na Zona da Mata, Agreste e Sertão pernambucanos. O projeto conta com aplicativos grátis para iPad e iPhone.  Saiba mais.

 

 

Design para um mundo complexo

 

 

Livro do designer Rafael Cardoso discute o papel do design em nossa época, caracterizada ao mesmo tempo pelo excesso de informação e imaterialidade. Editora Cosac Naify. 264 páginas. R$ 45. Saiba mais.

 

 

Linha do tempo do design gráfico no Brasil

 

 

Organizado por Chico Homem de Melo e Elaine Ramos, o livro apresenta um panorama da história da criação gráfica no país. Livros, periódicos, capas de disco, selos e cédulas aparecem em 1600 imagens, seguidas de informações como autor, data e análise da composição. Editora Cosac Naify. 744 páginas. R$ 198. Saiba mais.

 

 

Véio

 

 

Documentário de Adelina Pontual registra a vida e o trabalho do artista escultor Cícero Alves dos Santos, conhecido como Véio, no interior de Sergipe. 20 min. Veja aqui.

 

 

 

 

Boa leitura

 

Art. 2º ARTESÃO - É o trabalhador que de forma individual exerce um ofício manual, transformando a matéria-prima bruta ou manufaturada em produto acabado. Tem o domínio técnico sobre materiais, ferramentas e processos de produção artesanal na sua especialidade, criando ou produzindo trabalhos que tenham dimensão cultural, utilizando técnica predominantemente manual, podendo contar com o auxílio de equipamentos, desde que não sejam automáticos
ou duplicadores de peças.
§1º Não é ARTESÃO aquele que:
I - Trabalha de forma industrial, com o predomínio da máquina e da divisão do trabalho, do trabalho assalariado e da produção em série industrial;
II - Somente realiza um trabalho manual, sem transformação da matéria-prima e fundamentalmente sem desenho próprio, sem qualidade na produção e no acabamento;
III - Realiza somente uma parte do processo da produção, desconhecendo o restante.
Art. 3º MESTRE ARTESÃO - Indivíduo que se notabilizou em seu ofício, legitimado pela comunidade que representa e/ou reconhecido pela academia, destacando-se através do repasse de conhecimentos fundamentais da sua atividade para novas gerações.

 

Portaria N° 29, de 5 de outubro de 2010
Base conceitual do artesanato brasileiro

Leia o texto na íntegra


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