Editorial
Seguem abertas as inscrições para o 3° Prêmio Objeto Brasileiro! A CASA conversou com os vencedores da última edição para ver em que pé estão seus projetos dois anos depois de terem sido premiados. Confira em Matéria do MÊS!
A moda afro-brasileira e sua integração na moda do país é tema da entrevista desta edição com a baiana Goya Lopes. Para ela, há um enorme potencial que precisa ser reconhecido.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
O mar está pra peixe

Últimas semanas! Com curadoria de Renato Imbroisi, exposição apresenta bordados das comunidades Bonito Feito à Mão (MS), Brincando com Linhas (DF), Arcanjo (DF), Ser Brasileiro (DF), Agulha Mágica (DF) e Bordadeiras do Jardim Conceição (SP). De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12 às 16h. Até 27 de abril. Saiba mais.
3° Prêmio Objeto Brasileiro

Estão abertas as inscrições para o 3° Prêmio Objeto Brasileiro, que vai destacar e premiar o melhor do encontro entre design e artesanato em quatro categorias: Objeto de Produção Autoral, Objeto de Produção Coletiva, Ação Socioambiental e Novos Projetos. Os prêmios vão de R$ 1.500 a R$ 10.000 e as inscrições podem ser feitas pelo correio ou internet. Saiba mais.
www.acasa.org.br
Coleção Poética da palha

Coleção reúne objetos de artesãos de Cerro Azul-PR, criados em parceria com o designer Renato Imbroisi, em projeto realizado por A CASA. Veja aqui.
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Entrevista
- Goya Lopes
“A moda afro-brasileira tem uma necessidade de reconhecimento”
Goya Lopes é artista plástica, designer, estilista e empresária, integra o Colegiado Setorial de Moda do MinC.

A moda brasileira adquiriu grande reconhecimento nos últimos anos. Há reconhecimento do valor da moda afro-brasileira?
A moda afro-brasileira não é vista como uma moda cultural. Ela precisa de um reconhecimento de fato do que ela é. Hoje, temos um grupo de trabalho e estamos estudando sobre como apresentar para a sociedade que essa moda tem um conteúdo cultural e um potencial de imagem muito grande. É preciso haver uma crítica positiva da mídia. Essa moda é muito promissora, mas hoje ela não está sendo vista dessa maneira. Ela tem uma alegria de vestir, uma alegria nas cores, que é um jeito dessa brasilidade, um jeito principalmente baiano de ser. É a imagem do brasileiro para nós mesmos e lá fora também. A moda afro-brasileira e esses elementos que a compõem, a decoração que trabalha com a simbologia afro-brasileira, por exemplo, têm uma necessidade de reconhecimento.
O que pode ser feito?
É preciso mostrar que ela tem um potencial dentro de uma linguagem contemporânea. Isso é muito importante para alavancar qualquer possibilidade de uma moda dita étnica ser inserida no mercado. Essa é a nossa proposta de trabalho, para que a moda afro-brasileira possa ser inserida nesse contexto contemporâneo de moda.
Como é possível agir politicamente?
Depois desses três anos fazendo uma coisa que eu nunca tinha feito, vejo que política é pensar no coletivo. E vejo a moda como uma capacidade de transmitir a todos o potencial de cada um. Essa situação deixa a própria sociedade civil com uma capacidade de interferir. Mas isso é em longo prazo, porque tem que haver uma construção da sociedade civil que só é consolidada se existe uma resposta do poder público, se as políticas governamentais reconhecerem.
Você instalou suas lojas no Pelourinho e dentro do aeroporto. Ambos são locais bastante frequentados por turistas e, muitas vezes, por turistas de classes sociais mais elevadas. Esse público tem consumido a moda afro-brasileira?
Esse produto tem características universais, porque está dentro de um padrão capaz de atrair pessoas de qualquer classe. É um produto que conta uma história, que tem algo além da funcionalidade e da estética. Ele apresenta ao afrodescendente a sua história, a sua autoestima mais aflorada possível, e, para aquele que não é afrodescendente, mas é uma pessoa que respeita a cultura, apresenta os elementos da simbologia afro-brasileira, que é muito elegante. É uma arte que foi a referência para a arte moderna, sabemos que muitos foram beber nessa fonte. Existe potencial, e é a partir desse potencial que o GT da moda afro-brasileira vê a possibilidade de entrar de maneira tranquila, pela porta da frente, na moda brasileira.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Prêmio Objeto Brasileiro tem nova edição
por Lígia Azevedo
Promovido pelo museu A CASA desde 2008, o Prêmio Objeto Brasileiro chega a sua terceira edição em 2012, com inscrições abertas até 6 de julho. O concurso tem como objetivo premiar objetos e projetos que envolvam design e artesanato, realizados individual ou coletivamente. Com periodicidade bienal, em duas edições, o Prêmio já recebeu cerca de 1500 inscrições, e teve 16 premiados de 7 estados diferentes.
Entre os premiados, estão associações de artesãos, estudantes de design e também desingers veteranos, como é o caso de Claudia Moreira Salles, ganhadora da categoria Objeto de Produção Autoral no ano passado com a Mesa Reverso. “O Museu A CASA vem desenvolvendo um trabalho muito bom e sólido. E, para mim, a importância do Prêmio foi ter um júri consistente e dedicado que, diante de um volume de peças menor em relação a outros prêmios, consegue ter como resultado uma avaliação mais criteriosa”, comenta a designer.

Diferentemente de Claudia, outra ganhadora do Prêmio, Andreia Sales, era então estudante de design quando foi premiada na categoria Novos Projetos com o Projeto SIPROAR – Sistema de Proteção ao Artesanato. O SIPROAR foi seu trabalho de conclusão de curso e consistia em um sistema de produção de embalagens protetoras para produtos em cerâmica, desenvolvido junto à comunidade de Maragogipinho (BA).
Através do Prêmio, Andreia pode estabelecer suas atuais parcerias para concretizar o projeto. Ainda este ano, ela planeja montar uma equipe para fazer diferentes núcleos de produção e implementar o SIPROAR em várias comunidades no interior da Bahia. “O Prêmio pra mim foi importante porque, através dele, meu projeto ganhou visibilidade. Trata-se de um prêmio nacional, tem relevância e valoriza design e artesanato em conjunto, fortalece a interação entre ambos. Um dos sócios da empresa onde eu trabalhava na época ficou sabendo que ganhei e me indicou para um atual parceiro. E hoje há também uma empresa de Portugal interessada em dar patrocínio”, conta Andreia.
Do universo acadêmico veio também o projeto ASAS, da Universidade FUMEC - Faculdade de Engenharia e Arquitetura, de Belo Horizonte. “O museu A CASA sempre foi uma referência para nós, tanto para pesquisa quanto para dar parâmetros comparativos de trabalho para os artesãos. Começamos o projeto através de um edital do banco Santander que ganhamos. E também o Prêmio foi um dos primeiros em que nos inscrevemos. De lá para cá, já recebemos premiações das mais diferentes instâncias – de design, projeto social, extensão”, explica Bruno Oliveira, assistente de coordenação do ASAS.
Segundo ele, para as artesãs, é muito importante o reconhecimento, não só pela equipe executora, de que a produção e realidade delas têm valor, já que por vezes elas desacreditam de sua própria produção. “Os prêmios são muito importantes também porque não só auxiliam com verba para manutenção dos espaços e continuidade da produção, como acrescentam valor agregado ao produto pelo aval de uma instituição importante, contribuindo para a busca de novos parceiros e novas estratégias”, complementa.
A partir do dinheiro arrecadado de vendas e premiações, as artesãs, que antes trabalhavam em um local improvisado e emprestado dentro de uma escola municipal, hoje alugaram um galpão próprio. “Isso para nós é um índice de empoderamento riquíssimo”, comenta Bruno. “Um dos indicadores mais importantes que temos do êxito do projeto é ficar mais ausentes de determinados processos. Hoje já não aplicamos mais com elas a metodologia inicial de oficinas de desenvolvimento de produto, porque isso já fazem sozinhas. Hoje prestamos mais consultoria, auxiliamos no processo de produção, mas elas mesmas criam, fazem contatos, organizam exposições”, acrescenta.
Segundo ele, o grupo pretende participar novamente dessa nova edição do Prêmio. “O projeto está numa etapa diferente de quando ganhamos em 2010, ainda mais que temos uma nova constituição, com três grupos produtivos diferentes”, comenta.
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A CASA indica
Centro de Arte Popular – Cemig

Localizado no Circuito Cultural Praça da Liberdade, no prédio do antigo Hospital São Tarcísio, em Belo Horizonte, o Centro de Arte Popular acaba de ser inaugurado. Com projeto arquitetônico da dupla Janete Costa e Acácio Borsoy, projeto expográfico e curadoria do acervo permanente de Eliane Guglielme e Mário Santos, e pesquisa antropológica de Ricardo Gomes Lima, o Centro apresenta ao público cerca de 700 peças de arte popular mineira. Terça, quarta e sexta, das 10h às 19h. Quinta, das 12h às 21h. Sábado e domingo, das 12h às 19h. Rua Gonçalves Dias, 1.608. Circuito Cultural Praça da liberdade. Belo Horizonte-MG. Telefone: (31) 3222-3231. Saiba mais.
Teimosia da imaginação

Grande projeto do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro – IIPB envolvendo exposição, livro e documentário apresenta a obra de dez artistas populares: Antonio de Dedé, Aurelino, Francisco Graciano, Getúlio Damado, Izabel Mendes, Jadir João Egídio, José Bezerra, Manoel Galdino, Nilson Pimenta e Veio.
Exposição. Instituto Tomie Ohtake. Rua Coropés, 88. São Paulo-SP. Telefone: (11) 2245-1900. De terça a domingo, das 11h às 20h. Até 13/05. Grátis. Saiba mais.
Livro. Com prefácio de Rodrigo Naves, textos de Maria Lucia Montes e fotos de Germana Monte-Mór, o livro foi editado pela WMF Martins Fontes. 320 páginas. R$120. Saiba mais.
Documentário. Exibido em formato de série em 10 episódios de 26 minutos na TV Cultura. 4ªs feiras às 23h30 e reprise aos domingos às 15hs. Saiba mais.
Revista Overmundo

Em sua quinta edição, revista digital aborda a cultura brasileira de diversos ângulos. Há versões para iPad e em PDF. Veja aqui.
Boa
leitura
Há uma política no Brasil voltada pro artesanato que prega que o artesão brasileiro não tem competência, que ele não domina o mercado e que temos que formar o artesão para o mercado. Eu contesto isto e proponho sempre que temos de formar o mercado para o objeto artesanal, o mercado é que tem que perceber que esses objetos não são mera mercadoria, que há uma cultura embutida neles. (...) Existe uma bordadeira no nordeste que é feliz quando executa os bordados que gosta. Então é esse o nosso papel como antropólogos voltados para o campo do artesanato. Eu me considero, como diria o Roberto Cardoso de Oliveira, “um antropólogo da ação”, que está voltado pra intervir na realidade e brigar pelos valores culturais dos próprios artesãos e por uma estética nativa e pelo respeito que se tem que ter com essas formas culturais que não podem estar sujeitas às regras do mercado somente.
Ricardo Gomes Lima
Artesanato em debate - entrevista a Paulo Keller
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