A CASA - Newsletter #05 - Outubro de 2008
Newsletter N° 05
Outubro de 2008
Editorial

Para quem quiser ver os finalistas e premiados do 1° Prêmio Objeto Brasileiro, novembro é o último mês em que a exposição estará aberta no museu A CASA. Lembramos que todos os finalistas do Prêmio estão no Guia do Objeto Brasileiro, um catálogo virtual com mais de 1.500 contatos de pessoas e instituições envolvidas com a produção artesal e design. Além de divulgar seus contatos, todos os cadastrados automaticamente podem receber as informações de A CASA e das próximas edições do Prêmio. Para se cadastrar, clique aqui.

Acontece no
museu A CASA


Cunha Gago, 807


 

Exposição 1º Prêmio Objeto Brasileiro


Confira os 61 selecionados e os grandes ganhadores do Prêmio. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Veja fotos da exposição e premiação.

 


Workshop Design de Superfície com Renata Rubim



Ministrado pela designer de superfície e consultora de cores Renata Rubim, o curso consiste em quatro aulas práticas de exercícios em design de superfície. Dias 26 e 27/11, das 14h às 21h. Vagas limitadas. Inscrições até 19/11. Informações e inscrições através do telefone 11 3814 9711 ou e-mail acasa@acasa.org.br.

 

 

www.acasa.org.br

 

 

 

Vídeos de ação sócio-ambiental

 

 

Veja os vídeos dos projetos vencedores do 1º Prêmio Objeto brasileiro na categoria ação sócio-ambiental. São eles o Projeto Pólo Veredas, de Minas Gerais (1º lugar), e o Projeto Café Igaraí, de São Paulo (2º lugar).


 

Entrevista com Kimi Nii


 

Veja a íntegra da entrevista com a ceramista feita em seu ateliê. Kimi fala sobre o seu processo de produção em cerâmica de alta temperatura, sua relação com o Brasil e o Japão, a influência da natureza em seu trabalho e seus projetos como designer.

 

 

Exposição Virtual Tissume

 

 

Confira em nosso site a exposição da designer tecelã Mercedes Montero. Há 17 anos, ela desenvolve um trabalho com tecelãs de Pirenópolis, Goiás, no ateliê Tissume. O objetivo é dar uma linguagem contemporânea ao trabalho do tear tradicional através das misturas de materiais, privilegiando as texturas e cores.


 


Apoio

Entrevista - TTLeal

 

“Para o trabalho da COOPA-ROCA, sempre quis imprimir o desafio de andarmos com as nossas próprias pernas".

 

TT Leal é socióloga, co-fundadora e coordenadora artística e executiva da COOPA-ROCA e foi ganhadora do 1° lugar no Prêmio Objeto Brasileiro na categoria objetos de produção autoral com a luminária Cristal de Luz.

 

Quais as origens dessa relação? De socióloga à consultora da comunidade: como foi o processo?
Eu cheguei lá [na Rocinha] sem muita intenção na cabeça. Na época os amigos da minha irmã criticavam muito os pacotões, que eram os programas de governo que simplesmente caíam de pára-quedas na comunidade sem a menor noção da vocação do lugar, da riqueza da cultura de lá, do interesse das pessoas. Como isso já era uma coisa muito plantada na minha cabeça, eu quis me esvaziar de mim mesma e deixar o meu olho perceber o lugar, as pessoas, meu ouvido perceber as histórias, os interesses das pessoas. Meu maior exercício era me esvaziar do que eu pudesse querer fazer, porque a grande questão para mim não era o eu queria fazer, mas sim descobrir o que a gente poderia vir a fazer junto e a partir disso, construir um caminho.

 

Como este contato repercutiu na sua vida? Quais as transformações que sentiu na própria vida pessoal?
Eu visitava as mulheres, e na casa delas pude perceber o paninho de crochê que estava na mesa, o pano de retalho para dividir os ambientes no lugar da porta, porque a porta custava caro. E comecei a perceber que isso era uma constante. Foi então que começamos a conversar sobre onde elas tinham aprendido a fazer o crochê, o trabalho de emenda de retalhos, o nozinho, o fuxico. Sempre tinha uma relação com o lugar de onde tinham vindo e quando elas começavam a me contar desse fazer, elas se transformavam. O rosto, o olhar ficava com mais luz. Porque daí ela falava do lugar de onde tinha vindo, da mãe, da tia ou da vizinha querida que tinha ensinado o fazer artesanal. Isso me ajudou a perceber que esse fazer tinha e tem uma relação com a cultura de cada uma das mulheres e de todos nós porque isso é parte da cultura brasileira. Eu fiquei fascinada porque na verdade esse fazer tinha e continua tendo uma relação afetiva, relacionada ao local de origem e da vida familiar. Tenho enorme interesse em contribuir na re-construção da relação do indivíduo com o trabalho, que no geral a industrialização destruiu.

 

Como é a estruturação da COOPA-ROCA e qual o impacto que o trabalho tem na comunidade?
Hoje um dos grandes temas do terceiro setor é justamente buscar estratégias para gerar ações que impactem na vida das pessoas e das organizações e que não reproduzam o lugar-comum da filantropia, da assistência social e do clientelismo que, a meu ver, não são ações transformadoras, no sentido de que não há sustentação, não há a conquista da autonomia para as pessoas individualmente e nem para as organizações. Para o trabalho da COOPA-ROCA, sempre quis imprimir o desafio de andarmos com as nossas próprias pernas".Mesmo considerando o valor da busca por uma nova atitude no terceiro setor, precisamos tomar muito cuidado para não reproduzir o discurso das empresas. As lógicas são diferentes, a empresa privada esta focada no lucro e o terceiro setor trabalha para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Outra questão que também vale comentar refere-se ao discurso das quantidades, da capacitação de “trocentas” pessoas em não sei quantas comunidades. Para quem esta na base e com a mão na massa como eu, verifico a inconsistência da informação. Afinal, quais impactos nós estamos buscando?

 

O projeto das luminárias foi o primeiro que você assinou como designer. Como surgiu a idéia do produto?
No caso das luminárias, elas aconteceram na minha mão. Eu já estava com elas dentro de mim. Fui montar um trabalho com o Ernesto [Neto] e dei de cara com a bola de plástico. E, na mesma hora falei “gente, eu preciso dessa bola”. E fiz a primeira, que foi a Cristal de Luz. Botei na minha casa, porque não tinha pretensão nenhuma com aquilo. Mas todo mundo que ia lá achava muito legal, e comecei a me dar conta que aquilo podia acontecer como produto. Ano passado teve a exposição REtalhar no CCBB Rio e a equipe responsável pelo projeto cenográfico propôs abrir a exposição com as luminárias. Primeiro uma crise se plantou em mim: como vou para a REtalhar levando uma coisa assinada por mim? Por fim, empurrada pelos amigos, decidi levar as minhas luminárias para a exposição REtalhar. A partir da Cristal de Luz, comecei a fazer com as Artesãs vários modelos. Descobri que as pessoas realmente gostam das bolas. Adorava visitar a exposição, ficar escondida e ver a expressão das pessoas quando entravam na sala. As pessoas ficavam com olhar de criança. Tenho para mim que acertamos quando provocamos as pessoas a terem esse olhar porque é uma reação espontânea, que vem do coração.



Leia entrevista na íntegra


Matéria do MÊS

 


Tecendo novos caminhos no sertão

 

 

Uma região com poucas oportunidades de trabalho e onde as tradições da fiação artesanal, do tingimento com corantes naturais e da tecelagem pouco a pouco haviam perdido seu valor, é hoje um pólo produtivo onde 5 associações trabalham em cadeia com demanda local e nacional. Essa é a trajetória projeto Pólo Veredas, que reúne as localidades de Uruana de Minas, Sagarana (Arinos), Riachinho, Bonfinópolis e Natalândia (MG), ganhador na categoria Ação Sócio-Ambiental do 1° Prêmio Objeto Brasileiro.

 

Com apoio das prefeituras e parceria com Sebrae e Ministério da Integração Nacional, em 2002 o Artesanato Solidário (ArteSol) iniciou na região um trabalho de recuperação e revalorização do fazer artesanal, buscando gerar renda e melhorar a auto-estima das artesãs. Propôs melhorias nos produtos, organizou o trabalho coletivo, divulgou e ampliou o mercado. “Foi um dos projetos mais significativos e bem sucedidos do ArteSol. Tem a experiência de uma cadeia produtiva, tem escala. O projeto tem cerca de 180 mulheres, coisa bastante rara nas iniciativas populares. Tem uma linha própria de produtos muito identificada com o grupo. Mesmo com a presença de designers no projeto, o produto expressa uma identidade local marcante, sobretudo na questão do tingimento com corantes naturais, que dão tons terrosos que remetem à região”, conta Helena Sampaio, coordenadora do ArteSol.

 

As designers Bia Cunha, Mara Udler e Mercedes Monteiro entraram como orientadoras para o desenvolvimento e/ou adequação dos produtos. Isso, sem interferir nas antigas técnicas manuais. Não só o fazer, mas as tradições locais também são mantidas. Como a tradição dos mutirões, em que as mulheres se reúnem entre cantorias e repentes para fiar e tecer. As mãos traduzem para o trabalho a vegetação típica do cerrado: a cartela de cores é variada e sazonal, baseada em tons locais alcançados com corantes naturais – como ferrugem, casca de cebola, folhas de árvores frutíferas e serragem de madeiras da região.

 

“Estamos hoje com 180 artesãs, mas se precisar de 880, a gente arranja. Porque aqui todo mundo faz isso. Elas já faziam a linha para fazer a roupa da casa mesmo, roupa de cama, de mesa, vestuário. Pararam com o tempo, com a construção de Brasília e o crescimento de algumas cidades vizinhas, que passaram a ter porte médio e oferecer outras oportunidades de emprego. Quando iniciamos o projeto, começamos com cerca de 60 artesãs. Muitas voltaram a fiar pela questão da nostalgia, porque era algo que a avó ou a mãe tinham ensinado, mas não tinham uma produção em grande número, regular. Quando começou a chegar encomendas grandes, decidimos que precisavam aumentar os núcleos e fazer uma produção mais contínua em maior quantidade”, conta Luciana Vale, consultora do projeto.

 

Vendido a nível local e nacional, em feiras e sob encomenda, os produtos vão de xales, mantas de sofá e cortinas, a caminhos de mesa, jogos americanos e fios de algodão. As associações têm gestão administrativa própria e distribuem entre elas o dinheiro ganho com a produção. “Nos últimos dois meses, o projeto movimentou em torno de 18 mil reais. A idéia é que o Pólo consiga gerar cerca de 15 mil por mês, para remunerar todo mundo”, conta Luciana. “Desde fevereiro deste ano, o ArteSol não está mais aqui. Estou acompanhando o projeto até novembro via Sebrae, mas depois vamos ficar mais de longe, porque temos que dar autonomia ao grupo. Mas elas já estão bem firmes e conscientes, já conseguem fazer muita coisa sozinhas”, conclui.


Veja vídeo do Projeto Pólo Veredas.

 


A CASA indica

 

 

Exposição Eliseu Visconti – Arte e Design

 

 

 

A exposição traz cerca de 130 obras do artista, um dos precursores do design no Brasil, destacando seu pioneirismo e sua importância como designer e artista gráfico. De terça a domingo, das 10h às 17h30. Até 7/12. Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2 - São Paulo. Ingresso: R$ 4. Grátis aos sábados. Tel.: 11 3324 1000.


Lançamento do livro “10 Cases do Design Brasileiro”


 

Editado pela Blücher, o livro tem coordenadoria de Auresnede Pires Stephan (Prof. Eddy), e traz os bastidores do processo de criação de 10 designers brasileiros. O lançamento será no dia 18/11, às 20h, no Museu da Casa Brasileira. Av. Faria Lima, 2705, São Paulo. Tel.: 11 3032 2564.

 

 

Restaurante Mocotó

 

 


Do jovem chef Rodrigo Oliveira, o restaurante serve comida típica nordestina a preços populares. Um dos principais atrativos é o escondidinho (foto). Vale a pena também conferir o site do Mocotó, que traz cordéis, repentes, dicionário de termos nordestinos e a história da cachaça. O restaurante abre de segunda à quinta das 11h às 22h, sexta e sábado das 11h às 23h e domingo das 11h às 16h. Av. Nossa Senhora do Loreto, 1100, Vila Medeiros – São Paulo. Tel.: 11 2951 3056.

 

 

Viver Design SP

 

 

O evento visa discutir e democratizar o design em São Paulo, com base em cinco temas: habitar, vestir, comunicar, usar e pensar. Entre os dias 3 e 9/11, vários pontos da cidade receberão uma série de atividades gratuitas, entre exposições, seminários e oficinas. A programação inclui também mostras de designers, estilistas e artistas plásticos, que estarão em cartaz em estações de metrô e da CPTM. O site do evento traz maiores informações sobre a programação, além de exposições virtuais de design gráfico. Na internet estão disponíveis ainda vinhetas do evento produzidas por artistas convidados e que serão exibidas nas televisões do Metrô e salas de cinema da cidade.


 

 

Boa leitura

 

“Às vezes, vejo uns personagens em livros ou filmes e gosto daquelas roupas. Vi um filme cheio de coisinhas, chamado “Adeus minha Concubina”. Eu fiz um boneco daqueles, de um personagem que canta. Aquele filme tem tanta coisa que eu queria fazer, tanta coisa! Em um livro de História também vi coisas que gostei. Esse povo do Egito eu acho bem bonito. Mas aí, nesse programa de artesanato da Paraíba, dizem que eu tenho que fazer gente com características do povo nordestino. Às vezes eu faço, mas às vezes não sei fazer isso. E eles só querem que eu trabalhe com algodão natural! Mas aí eu conheci o Renato [Imbroisi] e ele disse: “Pode misturar tudo, não precisa fazer só com algodão”. Então, decidi desobedecer ao povo de lá!”

Anita Garibaldi de Sousa, artesã.

 

VIII Encontro Design Artesaato - Artesãs. Leia mais.


www.acasa.org.br R. Cunha Gago, 807 - Pinheiros - São Paulo - SP CEP 05421-001 - Tel. (+5511) 3814-9711 acasa@acasa.org.br
Envie críticas, comentários e sugestões de conteúdo para a nossa newsletter.