Editorial
Para quem quiser ver os finalistas e premiados
do 1° Prêmio Objeto Brasileiro, novembro é o último
mês em que a exposição estará aberta
no museu A CASA. Lembramos que todos os finalistas do Prêmio
estão no Guia do Objeto Brasileiro, um catálogo virtual
com mais de 1.500 contatos de pessoas e instituições
envolvidas com a produção artesal e design. Além
de divulgar seus contatos, todos os cadastrados automaticamente
podem receber as informações de A CASA e das próximas
edições do Prêmio. Para se cadastrar, clique
aqui.
Acontece no
museu A CASA
Cunha Gago, 807
Exposição 1º Prêmio Objeto Brasileiro

Confira os 61 selecionados e os grandes ganhadores do Prêmio.
De segunda a sexta, das 10h às 19h. Veja
fotos da exposição e premiação.
Workshop Design de Superfície com Renata Rubim

Ministrado pela designer de superfície e consultora de
cores Renata Rubim, o curso consiste em quatro aulas práticas
de exercícios em design de superfície. Dias 26 e
27/11, das 14h às 21h. Vagas limitadas. Inscrições
até 19/11. Informações e inscrições
através do telefone 11 3814 9711 ou e-mail acasa@acasa.org.br.
www.acasa.org.br
Vídeos de ação sócio-ambiental

Veja os vídeos dos projetos vencedores do
1º Prêmio Objeto brasileiro na categoria ação
sócio-ambiental. São eles o Projeto
Pólo Veredas, de Minas Gerais (1º lugar),
e o Projeto
Café Igaraí, de São Paulo (2º
lugar).
Entrevista com Kimi Nii
Veja
a íntegra da entrevista com a ceramista feita em seu ateliê.
Kimi fala sobre o seu processo de produção em cerâmica
de alta temperatura, sua relação com o Brasil e o
Japão, a influência da natureza em seu trabalho e seus
projetos como designer.
Exposição Virtual Tissume

Confira
em nosso site a exposição da designer tecelã
Mercedes Montero. Há 17 anos, ela desenvolve um trabalho
com tecelãs de Pirenópolis, Goiás, no ateliê
Tissume. O objetivo é dar uma linguagem contemporânea
ao trabalho do tear tradicional através das misturas de materiais,
privilegiando as texturas e cores.
Apoio
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Entrevista - TTLeal
“Para o trabalho da
COOPA-ROCA, sempre quis imprimir o desafio de andarmos com
as nossas próprias pernas".
TT Leal é socióloga, co-fundadora
e coordenadora artística e executiva da COOPA-ROCA
e foi ganhadora do 1° lugar no Prêmio Objeto
Brasileiro na categoria objetos de produção
autoral com a luminária Cristal de Luz.
Quais
as origens dessa relação? De socióloga
à consultora da comunidade: como foi o processo?
Eu cheguei lá [na Rocinha] sem muita intenção
na cabeça. Na época os amigos da minha irmã
criticavam muito os pacotões, que eram os programas
de governo que simplesmente caíam de pára-quedas
na comunidade sem a menor noção da vocação
do lugar, da riqueza da cultura de lá, do interesse
das pessoas. Como isso já era uma coisa muito plantada
na minha cabeça, eu quis me esvaziar de mim mesma e
deixar o meu olho perceber o lugar, as pessoas, meu ouvido
perceber as histórias, os interesses das pessoas. Meu
maior exercício era me esvaziar do que eu pudesse querer
fazer, porque a grande questão para mim não
era o eu queria fazer, mas sim descobrir o que a gente poderia
vir a fazer junto e a partir disso, construir um caminho.
Como este contato repercutiu na sua
vida? Quais as transformações que sentiu na
própria vida pessoal?
Eu visitava as mulheres, e na casa delas pude perceber o paninho
de crochê que estava na mesa, o pano de retalho para
dividir os ambientes no lugar da porta, porque a porta custava
caro. E comecei a perceber que isso era uma constante. Foi
então que começamos a conversar sobre onde elas
tinham aprendido a fazer o crochê, o trabalho de emenda
de retalhos, o nozinho, o fuxico. Sempre tinha uma relação
com o lugar de onde tinham vindo e quando elas começavam
a me contar desse fazer, elas se transformavam. O rosto, o
olhar ficava com mais luz. Porque daí ela falava do
lugar de onde tinha vindo, da mãe, da tia ou da vizinha
querida que tinha ensinado o fazer artesanal. Isso me ajudou
a perceber que esse fazer tinha e tem uma relação
com a cultura de cada uma das mulheres e de todos nós
porque isso é parte da cultura brasileira. Eu fiquei
fascinada porque na verdade esse fazer tinha e continua tendo
uma relação afetiva, relacionada ao local de
origem e da vida familiar. Tenho enorme interesse em contribuir
na re-construção da relação do
indivíduo com o trabalho, que no geral a industrialização
destruiu.
Como é a estruturação
da COOPA-ROCA e qual o impacto que o trabalho tem na comunidade?
Hoje um dos grandes temas do terceiro setor é justamente
buscar estratégias para gerar ações que
impactem na vida das pessoas e das organizações
e que não reproduzam o lugar-comum da filantropia,
da assistência social e do clientelismo que, a meu ver,
não são ações transformadoras,
no sentido de que não há sustentação,
não há a conquista da autonomia para as pessoas
individualmente e nem para as organizações.
Para o trabalho da COOPA-ROCA, sempre quis imprimir o desafio
de andarmos com as nossas próprias pernas".Mesmo
considerando o valor da busca por uma nova atitude no terceiro
setor, precisamos tomar muito cuidado para não reproduzir
o discurso das empresas. As lógicas são diferentes,
a empresa privada esta focada no lucro e o terceiro setor
trabalha para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Outra
questão que também vale comentar refere-se ao
discurso das quantidades, da capacitação de
“trocentas” pessoas em não sei quantas
comunidades. Para quem esta na base e com a mão na
massa como eu, verifico a inconsistência da informação.
Afinal, quais impactos nós estamos buscando?
O projeto das luminárias foi
o primeiro que você assinou como designer. Como surgiu
a idéia do produto?
No caso das luminárias, elas aconteceram na minha mão.
Eu já estava com elas dentro de mim. Fui montar um
trabalho com o Ernesto [Neto] e dei de cara com a bola de
plástico. E, na mesma hora falei “gente, eu preciso
dessa bola”. E fiz a primeira, que foi a Cristal de
Luz. Botei na minha casa, porque não tinha pretensão
nenhuma com aquilo. Mas todo mundo que ia lá achava
muito legal, e comecei a me dar conta que aquilo podia acontecer
como produto. Ano passado teve a exposição REtalhar
no CCBB Rio e a equipe responsável pelo projeto cenográfico
propôs abrir a exposição com as luminárias.
Primeiro uma crise se plantou em mim: como vou para a REtalhar
levando uma coisa assinada por mim? Por fim, empurrada pelos
amigos, decidi levar as minhas luminárias para a exposição
REtalhar. A partir da Cristal de Luz, comecei a fazer com
as Artesãs vários modelos. Descobri que as pessoas
realmente gostam das bolas. Adorava visitar a exposição,
ficar escondida e ver a expressão das pessoas quando
entravam na sala. As pessoas ficavam com olhar de criança.
Tenho para mim que acertamos quando provocamos as pessoas
a terem esse olhar porque é uma reação
espontânea, que vem do coração.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Tecendo novos caminhos no
sertão
Uma região com poucas oportunidades de trabalho
e onde as tradições da fiação
artesanal, do tingimento com corantes naturais e da tecelagem
pouco a pouco haviam perdido seu valor, é hoje um
pólo produtivo onde 5 associações trabalham
em cadeia com demanda local e nacional. Essa é a
trajetória projeto Pólo Veredas, que reúne
as localidades de Uruana de Minas, Sagarana (Arinos), Riachinho,
Bonfinópolis e Natalândia (MG), ganhador na
categoria Ação Sócio-Ambiental do 1°
Prêmio Objeto Brasileiro.
Com apoio das prefeituras e parceria com Sebrae e Ministério
da Integração Nacional, em 2002 o Artesanato
Solidário (ArteSol) iniciou na região um trabalho
de recuperação e revalorização
do fazer artesanal, buscando gerar renda e melhorar a auto-estima
das artesãs. Propôs melhorias nos produtos,
organizou o trabalho coletivo, divulgou e ampliou o mercado.
“Foi um dos projetos mais significativos e bem sucedidos
do ArteSol. Tem a experiência de uma cadeia produtiva,
tem escala. O projeto tem cerca de 180 mulheres, coisa bastante
rara nas iniciativas populares. Tem uma linha própria
de produtos muito identificada com o grupo. Mesmo com a
presença de designers no projeto, o produto expressa
uma identidade local marcante, sobretudo na questão
do tingimento com corantes naturais, que dão tons
terrosos que remetem à região”, conta
Helena Sampaio, coordenadora do ArteSol.
As designers Bia Cunha, Mara Udler e Mercedes Monteiro
entraram como orientadoras para o desenvolvimento e/ou adequação
dos produtos. Isso, sem interferir nas antigas técnicas
manuais. Não só o fazer, mas as tradições
locais também são mantidas. Como a tradição
dos mutirões, em que as mulheres se reúnem
entre cantorias e repentes para fiar e tecer. As mãos
traduzem para o trabalho a vegetação típica
do cerrado: a cartela de cores é variada e sazonal,
baseada em tons locais alcançados com corantes naturais
– como ferrugem, casca de cebola, folhas de árvores
frutíferas e serragem de madeiras da região.
“Estamos
hoje com 180 artesãs, mas se precisar de 880, a gente
arranja. Porque aqui todo mundo faz isso. Elas já
faziam a linha para fazer a roupa da casa mesmo, roupa de
cama, de mesa, vestuário. Pararam com o tempo, com
a construção de Brasília e o crescimento
de algumas cidades vizinhas, que passaram a ter porte médio
e oferecer outras oportunidades de emprego. Quando iniciamos
o projeto, começamos com cerca de 60 artesãs.
Muitas voltaram a fiar pela questão da nostalgia,
porque era algo que a avó ou a mãe tinham
ensinado, mas não tinham uma produção
em grande número, regular. Quando começou
a chegar encomendas grandes, decidimos que precisavam aumentar
os núcleos e fazer uma produção mais
contínua em maior quantidade”, conta Luciana
Vale, consultora do projeto.
Vendido a nível local e nacional, em feiras e sob
encomenda, os produtos vão de xales, mantas de sofá
e cortinas, a caminhos de mesa, jogos americanos e fios
de algodão. As associações têm
gestão administrativa própria e distribuem
entre elas o dinheiro ganho com a produção.
“Nos últimos dois meses, o projeto movimentou
em torno de 18 mil reais. A idéia é que o
Pólo consiga gerar cerca de 15 mil por mês,
para remunerar todo mundo”, conta Luciana. “Desde
fevereiro deste ano, o ArteSol não está mais
aqui. Estou acompanhando o projeto até novembro via
Sebrae, mas depois vamos ficar mais de longe, porque temos
que dar autonomia ao grupo. Mas elas já estão
bem firmes e conscientes, já conseguem fazer muita
coisa sozinhas”, conclui.
Veja
vídeo do Projeto Pólo Veredas.
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A CASA indica
Exposição
Eliseu Visconti – Arte e Design

A exposição traz cerca de 130 obras do
artista, um dos precursores do design no Brasil, destacando seu pioneirismo
e sua importância como designer e artista gráfico. De terça
a domingo, das 10h às 17h30. Até 7/12. Pinacoteca
do Estado. Praça da Luz, 2 - São Paulo. Ingresso:
R$ 4. Grátis aos sábados. Tel.: 11 3324 1000.
Lançamento do livro “10 Cases
do Design Brasileiro”

Editado pela Blücher, o livro tem coordenadoria
de Auresnede Pires Stephan (Prof. Eddy), e traz os bastidores do processo
de criação de 10 designers brasileiros. O lançamento
será no dia 18/11, às 20h, no Museu
da Casa Brasileira. Av. Faria Lima, 2705, São Paulo.
Tel.: 11 3032 2564.
Restaurante
Mocotó

Do jovem chef Rodrigo Oliveira, o restaurante serve comida típica
nordestina a preços populares. Um dos principais atrativos é
o escondidinho (foto). Vale a pena também conferir o site
do Mocotó, que traz cordéis, repentes, dicionário
de termos nordestinos e a história da cachaça. O restaurante
abre de segunda à quinta das 11h às 22h, sexta e sábado
das 11h às 23h e domingo das 11h às 16h. Av. Nossa Senhora
do Loreto, 1100, Vila Medeiros – São Paulo. Tel.: 11 2951
3056.
Viver Design SP
O evento visa discutir e democratizar
o design em São Paulo, com base em cinco temas: habitar, vestir,
comunicar, usar e pensar. Entre os dias 3 e 9/11, vários pontos
da cidade receberão uma série de atividades gratuitas, entre
exposições, seminários e oficinas. A programação
inclui também mostras de designers, estilistas e artistas plásticos,
que estarão em cartaz em estações de metrô
e da CPTM. O site
do evento traz maiores informações sobre a programação,
além de exposições virtuais de design gráfico.
Na internet estão disponíveis ainda vinhetas
do evento produzidas por artistas convidados
e que serão exibidas nas televisões do Metrô e salas
de cinema da cidade.
Boa leitura
“Às vezes, vejo uns personagens em livros
ou filmes e gosto daquelas roupas. Vi um filme cheio de coisinhas, chamado
“Adeus minha Concubina”. Eu fiz um boneco daqueles, de um
personagem que canta. Aquele filme tem tanta coisa que eu queria fazer,
tanta coisa! Em um livro de História também vi coisas que
gostei. Esse povo do Egito eu acho bem bonito. Mas aí, nesse programa
de artesanato da Paraíba, dizem que eu tenho que fazer gente com
características do povo nordestino. Às vezes eu faço,
mas às vezes não sei fazer isso. E eles só querem
que eu trabalhe com algodão natural! Mas aí eu conheci o
Renato [Imbroisi] e ele disse: “Pode misturar tudo, não precisa
fazer só com algodão”. Então, decidi desobedecer
ao povo de lá!”
Anita Garibaldi de Sousa, artesã.
VIII Encontro Design Artesaato - Artesãs. Leia
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