Editorial
É hora de celebrar o design! Entre os dias 23 e 26 de agosto, São Paulo irá receber dezenas de eventos independentes e simultâneos, como parte da programação do Design Weekend. A CASA não ficará de fora e apresentará exposições e workshop. Saiba mais em Acontece no museu A CASA, Matéria do MÊS e A CASA indica.
Em Entrevista, os designers José Marconi B. de Souza e Lia Monica Rossi relembram seus projetos com comunidades de artesãos e afirmam: “o designer deve apresentar alternativas para os artesãos. Cabe aos artesãos escolherem, no seu tempo, o que acham que lhes convém”.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
Joia Contemporânea Brasileira: PERCURSO

Com curadoria de Miriam Mirna Korolkovas, exposição apresenta joias de 24 artistas brasileiros. Abertura dia 15/08, das 19h30 às 22h30. Saiba mais.
Mesa-redonda
Mediada por Miriam Mirna Korolkovas, mesa-redonda irá reunir Amelia Toledo, Francisca Kweitel, Michael Striemer e Rudolf Rutner. Dia 18/08, sábado, das 16h às 18h. Inscrições gratuitas pelo telefone 11 3814 9711. Saiba mais.
Workshop Corpo Revisitado
Tendo o corpo humano como elemento de trabalho, workshop ensina como modelar fragmentos dele, base para estudos em ergonomia, em escultura e em joalheria. Dia 25/08, sábado, das 14h às 18h. R$ 50. Inscrições e informações pelo telefone 11 3814 9711. Saiba mais.
3° Prêmio Objeto Brasileiro

O 3° Prêmio Objeto Brasileiro recebeu 539 inscrições! A divulgação dos projetos finalistas será feita no dia 17 de agosto. Boa sorte a todos os participantes!
www.acasa.org.br
Coleção Mana Bernardes

Coleção apresenta joias da artista plástica e designer Mana Bernardes. São colares, brincos e braceletes produzidos a partir de uma infinidade de materiais, como prata, cristais, pérolas, couro, bambu, lantejoulas de garrafas pet, colherinhas de mexer café, rede de embalar limão, bolinhas de gude e grampos para cabelo. Veja aqui.
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Entrevista
- José Marconi B. de Souza e Lia Monica Rossi
"O artesão não é o guardião da cultura e identidade nacionais"
José Marconi B. de Souza é Phd. em Design pela University of Reading, Inglaterra. É professor do Departamento de Design Industrial da UTFPR e do Mestrado de Design da UFPR, em Curitiba. Lia Monica Rossi é Designer pela ESDI/UERJ, e Mestre em Engenharia da Produção pela COPPE/UFRJ. É pesquisadora e ensaísta sobre objetos e construções populares.

No sentido figurado, o termo “artesanal” aparece com a seguinte definição no Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: “diz-se das coisas feitas sem muita sofisticação; rústico”. Trata-se de uma visão preconceituosa?
Parece que “rústico e sem sofisticação” é o conceito de artesanato no senso comum brasileiro. Se observarmos com atenção a construção de uma renda Labirinto, veremos que é tarefa das mais sofisticadas em termos matemáticos e manuais. Mas a divisão entre o “fazer manual” e o “saber intelectual”, em detrimento do primeiro, é da própria tradição ocidental. Citando Alves: “O trabalho artesanal está ligado intimamente ao corpo. Sem corpo, não há trabalho artesanal. (...) A tradição grega e, mais tarde, também a tradição cristã deram um sabor e saber especial na separação entre corpo e mente, em que passa a ser considerado mais digno o trabalho da mente do que o trabalho do corpo”. Em direção oposta à tradição brasileira que segue essa linha, nos países desenvolvidos, artesanato é o que há de mais sofisticado, mais bem acabado... e bem caro. Seria como uma extensão do conceito do movimento inglês de “Arts and Crafts”, liderado pelo idealismo socialista de William Morris, para quem o trabalho artesanal representaria a maior sofisticação estética em termos de decoração, “respeito ao material”, e, principalmente, deveria ser produzido em condições justas e dignas nas oficinas.
Qual o papel do designer no trabalho em parceria com os artesãos?
Como norma geral, acho que o designer deve apresentar alternativas para os artesãos. Cabe aos artesãos escolherem, no seu tempo, o que acham que lhes convém. Nós designers, o coordenador do projeto, o antropólogo, o assistente social, o técnico do Sebrae ou quem for a campo não devemos ter a pretensão de mudar do dia pra noite um procedimento ancestral, por melhor que sejam nossas intenções. É importante lembrar que nosso ponto de vista difere muito do ponto de vista do artesão. Ele não é “o guardião da cultura e identidade nacionais” que gostamos de idealizar na academia. No seu próprio ponto de vista, ele é um trabalhador especializado que precisa vender seu produto no menor prazo, pelo melhor preço para todo e qualquer mercado, e infelizmente isso está mais ligado à sobrevivência do que à cultura, digamos assim. Vi bordadeiras sergipanas muito sorridentes por encomendas de ponto de cruz com sobrinhos do pato Donald e artesãos paraenses felizes exportando Mickeys em cerâmica “marajoara” para Miami. Todos sobrevivendo. As ideologias preservacionista, de sustentabilidade, de identidade cultural e outras, em princípio são nossas. Se nossa proposta de engajamento for válida, o artesão vai participar.
Como precursores nesse processo, vocês tiveram que enfrentar algum tipo de resistência?
Claro. Não acreditamos que haja trabalho sem resistência. A primeira adversidade é lidar com a própria formulação dos projetos de pesquisa e intervenção escritos nos gabinetes, às vezes por quem nunca pegou uma estrada de terra – o que mais há no artesanato. Começa com a exiguidade de tempo em campo para compreender o saber-fazer local, seus problemas estruturais e conjunturais. É usual faltar verba para execução de protótipos (como se artesãos estivessem à disposição do Estado), até a burocracia com comprovação de gastos (como se todas as biroscas de almoço, quando existem, dessem nota fiscal), deslocamento (que pode incluir carona de caminhão, motocicleta, Kombi irregular superlotada), entre outras adversidades operacionais imprevistas. Em campo, aparecem situações ainda mais complexas, porque queiramos ou não estamos mexendo com a organização social da comunidade, alterando as relaçoes de produção e renda, as relações familiares e os poderes locais. Algumas artesãs e eu sofremos ameaças de seus maridos, sofri ameaça de prefeito por defender artesãs exploradas, entre outros incidentes. Em Alagoas, dormia com a peixeira ao lado da cama. Dá uma interessante biografia.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Joia: arte sobre o corpo
por Lígia Azevedo
A CASA recebe um retrospecto da produção da joia contemporânea brasileira, dos anos 40 até hoje, na exposição Joia Contemporânea: PERCURSO, que abre nesta quarta-feira, dia 15 de agosto, às 19h30. Sob curadoria de Miriam Mirna Korolkovas, estarão expostos trabalhos de designers, cooperativas de artesãos e comunidades indígenas, no total de 24 artistas de todo o território brasileiro. Entre eles, Amelia Toledo (SP), Kika Alvarenga e Nina Lima (MG), Paula Mourão e Rudolf Rutner (RJ), Karin Jakobsson (DF), Alice Floriano e Mariana Neumann (RS), Carla de Carvalho (BA), e Daniel Coxini Karaja (GO).
A exposição tem como motes desmistificar a concepção de joia como objeto de adorno de luxo feita com materiais nobres, enfatizar a relação entre joia e corpo e trazer o conceito de joia-arte, pouco difundido no Brasil. “A joia é um objeto de expressão artística como qualquer outro. E, se uma pintura tem a parede ou a tela como suporte, a joia tem como suporte o corpo humano; as joias são, portanto, obras de arte ambulantes”, comenta a curadora.
As joias serão expostas em moldes de corpos em gesso feitos por Miriam. E, na abertura do evento, seis bailarinos farão uma performance interagindo com as peças. A exposição integra também o Design Week, evento que acontece em São Paulo de 23 a 26 de agosto.
Uma variedade de joias para diferentes expressões artísticas
Amélia Toledo, convidada especial da exposição, foi precursora da joia-arte no Brasil. Desenvolveu, na década de 40, um trabalho focado na experimentação de materiais e formas que rompeu com a tradição joalheira. Explorou as propriedades de reflexo, flexibilidade, e angulação de cada metal e, usando materiais como fios de metal, chapas de cobre e de ferro oxidado, criou joias de formas geométricas que se transformam e se adaptam conforme os movimentos do corpo.
Já a mineira Nina Lima enfatiza a joia como expressão política e social, fazendo dela objeto de protesto. A designer desenvolveu a coleção Home: um Protesto para questionar a degradação ambiental causada pela exploração agropecuária e pela extração mineral nas minas de ouro e diamante. Tamanho e peso exagerados das peças são alguns recursos usados para explicitar o protesto.
A peça Über, por exemplo, é um brinco de 10x15 cm feito de resina em formato de diamante vazado, que representa as minas de extração da pedra. Já a joia Algema é um par de braceletes em forma de algema que pesam 1,1 kg cada. A peça simboliza o peso das nossas escolhas. No caso, no uso de metais nobres como o ouro.
Com a coleção, a artista questiona a própria indústria joalheira. “As pessoas têm tanto orgulho de sair com uma joia de diamante, ficar expondo e falar sobre aquilo. Mas é preciso ter um pouco mais de informação em relação ao que se usa e questionar isso. Principalmente os designers de joia, que têm responsabilidade de reavaliar os passos dados pela joalheria, seja ela tradicional ou não”, enfatiza.
A artista Mariana Neumann, por sua vez, usa sua produção para falar das relações humanas e trazer ao último grau a relação joia-corpo. No trabalho Seu Corpo Minha Jóia, suporte e objeto são uma coisa só. “Parti da ideia de que quanto menos material usasse para fazer uma joia, mais expressiva ela era para mim. Cheguei ao ponto de eliminar todo o material e me dei conta de que a própria interação humana faz surgir mil possibilidades de joias, um corpo abraçado a outro também pode ser uma joia”, comenta a artista.
Na exposição, Mariana apresenta uma série de fotos feitas com duplas de modelos em poses diversas, cada uma formando uma joia diferente. Um exemplo é a Aliança Carne, composta por dois dedos entrelaçados. A foto foi feita com um casal posando como se estivessem trocando alianças, mas aqui o anel é o próprio dedo da noiva entrelaçado ao do noivo.
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A CASA indica
Design Weekend

Composto por dezenas de eventos independentes e simultâneos, o festival irá ocorrer na cidade de São Paulo entre os dias 23 e 26 de agosto e contará com seminários, cursos, palestras, feiras, exposições, instalações e intervenções urbanas, lançamentos, roteiros temáticos, festas, shows e concursos. Saiba mais.
A CASA integra o festival com a exposição Joia Contemporânea Brasileira: PERCURSO, com o workshop Corpo Revisitado, e com o tapume que decora a obra de sua futura sede, criado por Guto Lacaz.
Design assinado por todos

Com o intuito de promover a cultura do design em São Paulo,
aproximando-o das pessoas, o grupo Design Ok apresenta o projeto
Design Assinado por Todos. Cada integrante do grupo produzirá uma peça e convidará os usuários do Metrô de São Paulo a interagirem, construindo e finalizando os trabalhos iniciados por eles. De 23 a 26/08. Estações Vila Prudente, Alto do Ipiranga, Ana Rosa e Vila Madalena do Metrô. São Paulo-SP. Saiba mais.
Luxo para todos

A feira pretende discutir as novas formas de consumo – “mais sofisticadas, conscientes, racionais e humanizadas” –, apresentando o trabalho inovador de designers e artistas. O evento conta ainda com palestras e workshops. De 23 a 26/08, das 11h às 20h. São Paulo Arena Convention Center. Rua Coropés, 88. Pinheiros. São Paulo-SP. Saiba mais.
22ª Paralela Gift

Destinada a lojistas, a Feira de Design e Produtos Contemporâneos apresenta as últimas coleções de designers de todo o país. De 22 a 24 de agosto, das 10h às 19h. Dia 25 de agosto, das 10h às 16h. Transamerica Expo Center. Av. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387. Santo Amaro. São Paulo-SP. Saiba mais.
Mostra das Culturas Populares e Tradicionais Paulistas

Organizada pelo Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais em parceria com a Gerência de Programas Socioeducativos do SESC SP, a mostra reunirá agentes e artistas populares paulistas em três dias de festas, rodas de conversa e oficinas de danças. 24, 25 e 26/08. SESC Pinheiros. Rua Paes Leme, 195. Pinheiros. São Paulo-SP. Saiba mais.
‘Kaivalam’ - A World Craft Summit

Organizado pelo World Crafts Council, a cúpula será realizada entre os dias 7 e 10 de outubro em Chennai, Índia, e tem como objetivo reunir pessoas de todos os continentes para promover intercâmbios na área de artesanato. Seminários, exposições, workshops e concurso de filmes integram a programação do evento. Outras atividades acontecem ao longo do mês na cidade. Saiba mais.
Boa
leitura
Chegamos a um mundo sem fronteiras ou restrições. A aldeia global remodelou pessoas, empresas, países. Pasteurizou culturas. Mais que isso, mexeu com a identidade das pessoas, tirando-lhes o chão e tornando-as seres sem lastro e quase sem passado, cidadãos do mundo que não pertencem a lugar nenhum. Chegamos a um momento em que as opções são tantas que o desejo do consumidor passou a ir muito além da simples posse de qualquer produto; ele já tem praticamente tudo, a maioria dos produtos são suficientemente bons e seu desejo alçou novas esferas. O fim da cultura do comum deu início à era da personalização e o consumo começou a ganhar novos significados.
Baba Vacaro
Personalização, identidade e poder do consumidor
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