A CASA - Newsletter #52 - Ano 5 | Setembro de 2012





Newsletter N°52

Setembro de 2012

 

 

Editorial

 

 

Você que acompanha mensalmente as entrevistas publicadas na newsletter vai gostar da notícia: A CASA irá lançar o segundo volume do livro entrevistas design + artesanato, com entrevistas realizadas entre abril de 2009 e fevereiro de 2010! O lançamento irá ocorrer junto à cerimônia de premiação e abertura da exposição 3º Prêmio Objeto Brasileiro. Confira todas as informações em Acontece no museu A CASA.

 

 

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Cerimônia de premiação e exposição 3° Prêmio Objeto Brasileiro

 


Chegou a hora! Após avaliar 539 objetos e projetos de todo o país, A CASA anuncia os finalistas e convida para a cerimônia de premiação e abertura da exposição 3° Prêmio Objeto Brasileiro. O evento será realizado no dia 17/10, a partir das 19h30. Visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Até 14/12. Saiba mais.

 

 

entreVistas design + artesanato – Vol. II

 

 

Dando continuidade ao projeto de reunir em livro as entrevistas que publica mensalmente em seu site, o museu A CASA irá lançar o segundo volume do livro entreVistas design + artesanato. Esta edição será composta pelas entrevistas realizadas entre abril de 2009 e fevereiro de 2010 com Adélia Borges, Alcides Ribeiro, Antonio Arantes, Auresnede Pires Stephan, Eronildes Correa de Menezes, Fernanda Martins, Luciana Vale, Luis Donisete Benzi Grupioni e Nido Campolongo. O lançamento será realizado no dia 17/10, a partir das 19h30. Saiba mais.

 

 

www.acasa.org.br

 

 

Coleção Lã em Casa

 

 

Coleção apresenta objetos artesanais desenvolvidos pelas designers Tina Moura e Lui Lo Pumo em parceria com artesãs das cidades de Pelotas, Jaguarão e Pedras Altas (RS). Veja aqui.

 

 

Museu A CASA nas redes sociais

 

 

 

 

 

Apoio

 

Entrevista - Maria Elisabeth de Andrade Costa

 

“Não é o artesanato que tem de ter um acabamento, é o olhar do público que precisa de um acabamento”

 

Maria Elisabeth de Andrade Costa é coordenadora do Setor de Pesquisa do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP).

 

O que é a Sala do Artista Popular?
A Sala do Artista Popular (SAP) é um programa criado por Lélia Coelho Frota em 1983, época em que dirigia o Instituto Nacional de Folclore (INF), hoje denominado Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP). A ideia era produzir conhecimento sobre a produção cultural e artística de artistas populares que não tinham condição de entrar no circuito de artes plásticas ou belas-artes, dando-lhes visibilidade. A intenção era fazer uma exposição no museu e um catálogo etnográfico que dissesse algo sobre quem eram aqueles artistas, o modo de fazer o que eles estavam fazendo, as técnicas que empregavam, o material que utilizavam. Além disso, vendíamos seus produtos. Estou dizendo que era assim, mas, por incrível que pareça, continua assim. É isso que eu acho fantástico no programa. Ainda mantemos os mesmos princípios.

 

Qual a importância da utilização do método etnográfico para promover o artesanato num contexto em que “artesanal” é visto como “grosseiro”, “mal feito”, “imperfeito”?
O artesanato é isso mesmo: é imperfeito, tem problemas de acabamento – é feito à mão. Isso é o grande problema do artesanato e, ao mesmo tempo, sua maior benção. As pessoas tem dificuldade em entender que aquilo é único. Um pote nunca é igual a outro. A mão tem um trato diferente do da máquina. Às vezes, recebemos comentários sobre peças que têm manchas, partes um pouco mais “feias”, mas quando se descobre que a queima daquele objeto foi feita a céu aberto e que isso é uma técnica ancestral que está desaparecendo, ele adquire uma beleza! Porque aquilo não é mal feito, é característica de uma determinada técnica, de um modo de fazer que faz parte de um conhecimento nosso, brasileiro, é um patrimônio nacional. Eu diria que não é o artesanato que tem de ter um acabamento. É o olhar do público que precisa de um acabamento.

 

O instituição adota a expressão “artista popular”. Existe diferença entre “arte” e “arte popular”?
Não estabelecemos a menor diferença. Arte é arte, é do homem, mas como a terminologia vigente, principalmente nas grandes metrópoles, faz esta distinção, usamos sua linguagem para nos fazer entender e para que se saiba do que estamos tratando. Essa é uma discussão de muito tempo, ferrenha e, às vezes, hostil. Muitas vezes, é necessário se apropriar da linguagem alheia para se fazer entender, mas para nós, arte é arte.

 

Muitas vezes, quando se expõe o trabalho de comunidades artesanais, vinculadas a um saber dito coletivo, o artesão que produziu determinada peça não é identificado. Como vocês lidam com a questão da autoria quando apresentam trabalhos desse tipo?
Não existe saber coletivo. É um saber disseminado numa comunidade, mas cada um assimila do seu jeito. Aqui, todas as peças são identificadas, informando-se quem foi o artesão que fez. O modo de fazer pode ser o mesmo, mas todas as peças têm seu autor. Se me permitir certo comentário maldoso e venenoso, na arte erudita, muitas vezes, a assinatura vale mais do que a obra. Existem rascunhos de desenhos assinados por não sei quem vendidos por milhões de reais em leilões devido ao peso da assinatura. Não fazemos cadernos etnográficos, como já vi em alguns casos, em que se mostra apenas o pote, com várias fotos do pote, fotos do barreiro em que a matéria–prima foi extraída, fotos da queima, e o máximo que aparece são mãos trabalhando o pote. Quem é que está fazendo? Nós procuramos fotografar os artesãos o máximo possível, mostrar quem são, nomeá-los. São pessoas inteiras que estão trabalhando, usa-se o corpo inteiro para fazer um pote.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do MÊS

 

Bienal Brasileira de Design traça percurso do artesanato à indústria em sua mostra principal

por Lígia Azevedo

 

Não é possível, para um país, se tornar global, sem antes ser local. Essa constatação é a linha norteadora da grande mostra da quarta edição da Bienal Brasileira de Design, Da Mão à Máquina, que apresenta uma trajetória da cultura material brasileira contemporânea – da vocação artesanal nacional a tecnologias de ponta ainda emergentes no país. Instalada no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, até 31 de outubro, a exposição tem curadoria de Maria Helena Estrada, editora da revista Arc Design e da Quadrifóglio Editora, e cenografia do arquiteto Marko Brajovick.

 

As galerias do Palácio das Artes recebem artefatos de cultura popular, artesanato tradicional de várias partes do país, artesanato em linguagem contemporânea, objetos que tiveram a interação entre artesãos e designers, produtos desenvolvidos em estágio de produção semi-industrial e industrial. Estão reunidos objetos em mobiliário, utilitários domésticos, moda, joias e automóveis, sendo que uma sala especial é reservada exclusivamente para o setor de iluminação.

 

Segundo a curadora, um dos destaques são as produções brasileiras dos anos 50 – um forte momento do design nunca antes abordado em uma bienal – assinadas por nomes como Flavio de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi e o grande homenageado deste ano, Sergio Rodrigues. Já na interface com o artesanal, é possível ver brinquedos de miriti de Belém do Pará, peças de Vilma Eid, Jacqueline Terpins e Isabela Vecci, entre outros.

 

Outro grande chamariz na vertente industrial é a apresentação de novas tecnologias produtivas derivadas da prototipagem rápida, ainda raras e recentes no país. Estão expostas máquinas de última geração através das quais é possível obter rapidamente produtos em 3D a partir de desenhos feitos no computador. Neste setor, pode-se ver o trabalho de nomes como Fred Gelli, um dos criadores do logo das Olimpíadas de 2016, e Jorge Lopes, professor da PUC-RJ e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia.

 

“A base desses processos começou com máquinas que foram criadas para fazer protótipos da Brastemp. No início, era possível obter apenas um protótipo, e hoje o produto já sai pronto e acabado. Já há inclusive aplicações disso para a medicina, como na pesquisa desenvolvida por Jorge Lopes”, comenta Maria Helena.

 

Na feira, os visitantes poderão acompanhar ao vivo demonstrações práticas do processo. “Teremos um dispositivo que tira uma foto do visitante, passa para 3D e produz uma estatueta da pessoa a partir da foto”, revela a curadora.

 

Da Mão à Máquina fica aberta para visitação gratuitamente de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 16h às 21h. Além desta mostra principal, a IV Bienal Brasileira de Design 2012 traz ainda exposições paralelas, seminários, debates e workshops com o tema Diversidade Brasileira. O maior evento de design do país acontece até dia 31 de outubro no Palácio das Artes e em diversos outros espaços da capital mineira. Mais informações.

 

 

A CASA indica

 

 

Bienal Naïfs do Brasil

 

 

Em sua 11ª edição, a Bienal Naïfs do Brasil apresenta obras de dez artistas convidados pela curadora Kiki Mazzucchelli e setenta obras selecionadas pelo júri, composto por Paulo Klein, Edna Matosinho de Pontes, Marta Mestre e Juliana Braga. De terça a sexta, das 13h30 às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Até 9/12. SESC Piracicaba. Rua Ipiranga, 155 – centro. Entrada gratuita. Informações: (19) 3437-9292. Saiba mais.

 

 

Design Essencial 2012

 


Até o final de novembro, o Senac São Paulo realiza o Design Essencial 2012 em 18 unidades, da capital e do interior do Estado. O tema desta edição é Casa Híbrida. Exposições, workshops, palestras e encontros integram a programação. Saiba mais.

 

 

In Praise of Diversity: Benches from Brazil

 

 

O design brasileiro é destaque na galeria Droog Design, em Amsterdã. Com curadoria de Adélia Borges, exposição reúne 62 banquinhos concebidos por povos indígenas, comunidades artesanais e designers brasileiros de várias regiões do país. Saiba mais.

 

 

,ovo

 

 

Livro apresenta o trabalho dos designers Luciana Martins e Gerson de Oliveira, da ,ovo, e tem textos assinados por Adélia Borges, Rodrigo Naves, Guilherme Wisnik, Ana Maria Tavares, Martin Grossmann, Fernanda Barbara e Tales Ab’Sáber. Saiba mais.

 

 

DVD "Modos do Fazer" - Ilha do Ferro/AL

 

 

Vídeo do Artesanato Solidário apresenta a produção do bordado Boa Noite na comunidade de Ilha do Ferro, em Alagoas. Veja aqui.

 

 

 

Boa leitura

 

Este artigo tem por objetivo refletir sobre a utilização da Etnografia como metodologia aplicada ao Design para a construção e mapeamento de imaginários na elaboração de marcas visuais. Quando nos deparamos com situações de construção de marcas territoriais – marcas de lugares, sem relação com a gestão político-administrativa local – encontramos um terreno fértil para o mapeamento de teias de significados e aspectos simbólicos relativos à noção de territorialidade, que corroboram para a construção da imagem de um lugar. Compreendemos o homem como ser cultural, imerso em teias de significados construídas por ele mesmo.

 

 

Raquel Noronha, Hamilton de Oliveira Filho e Carlos Delano Rodrigues
Lugares comuns: a marca territorial do Desterro, identidade e etnografia

 

Leia o texto na íntegra


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