A CASA - Newsletter #55 - Ano 5 | Dezembro de 2012





Newsletter N°55

Dezembro de 2012

 

 

Editorial

 

 

Fim de ano chegando, hora de ir às compras. Ao consumidor, porém, cabe a responsabilidade pela escolha de produtos sustentáveis do ponto de vista ambiental, cultural, econômico e social. Em vista disso, o comércio justo de artesanato é destaque da última edição da newsletter no ano.

 

Em Matéria do MÊS, saiba quais são as principais organizações brasileiras certificadas pela World Fair Trade Organization e conheça pontos polêmicos da questão.

 

Em Entrevista, Jussara Rocha, Mariana Madureira e Marianne Costa falam sobre o trabalho da Raízes Desenvolvimento Sustentável, negócio social que atua com comunidades de artesãos do Vale do Jequitinhonha.

 

Já em A CASA indica, Lizete Prata, diretora executiva da Associação Mundaréu, apresenta uma seleção de produtos sustentáveis para o natal.

 

Finalmente, em Boa leitura, Maria Emilia Kubrusly e Renato Imbroisi apresentam roteiro com as etapas de trabalho do designer em projetos de consultoria realizados em comunidades de artesãos.

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Feliz 2013!

 


Por conta das festas de fim de ano, A CASA estará fechada entre os dias 22 de dezembro de 2012 e 2 de janeiro de 2013, retomando as atividades no dia 3. Aproveitamos para desejar a todos um feliz 2013!

 

 

Exposição 3° Prêmio Objeto Brasileiro

 


Exposição apresenta os objetos e projetos premiados e os de maior destaque do 3° Prêmio Objeto Brasileiro. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Saiba mais.

 

 

entreVistas design + artesanato – Vol. II

 

 

Segundo volume do livro “entreVistas design + artesanato” reúne entrevistas realizadas com Adélia Borges, Alcides Ribeiro, Antonio Arantes, Auresnede Pires Stephan, Eronildes Correa de Menezes, Fernanda Martins, Jum Nakao, Luciana Vale, Luis Donisete Benzi Grupioni e Nido Campolongo. O livro está à venda no museu A CASA. R$ 30.

 

 

www.acasa.org.br

 

 

Exposições Virtuais

 

 

O museu A CASA estará fechado por conta das festas de fim de ano, mas nem por isso você precisa esperar o mês de janeiro para visitar nossas mostras. O site www.acasa.org.br traz inúmeras exposições virtuais que podem ser apreciadas em qualquer dia ou horário. Confira!

 

Museu A CASA nas redes sociais

 

 

 

 

Apoio

 

Entrevista - Jussara Rocha, Mariana Madureira e Marianne Costa

 

 

“Queremos mostrar que existem modelos possíveis além do assistencialista”

 

Jussara Rocha, Mariana Madureira e Marianne Costa são empreendedoras sociais da Raízes Desenvolvimento Sustentável.

 

A Raízes Desenvolvimento Sustentável propõe soluções de desenvolvimento local utilizando o turismo e o artesanato como ferramentas. Em que consiste o trabalho da empresa?

 

Mariana Madureira: A Raízes trabalha com projetos de desenvolvimento local voltados para turismo, associativismo e capacitação. Nossa história com o artesanato se iniciou em 2009, quando começamos a fazer comércio justo de artesanato do Vale do Jequitinhonha e do norte de Minas Gerais. Ao longo desse tempo, percebemos que quando estávamos presentes nas feiras e mostras de artesanato, vendíamos mais, pois contávamos a história de como o objeto era produzido, quem era a pessoa que fazia aquilo, o que estava por trás do produto.

 

Marianne Costa: Vendemos mais do que um produto, vendemos um valor agregado, uma história, um conceito.

 

Mariana Madureira: Atualmente, organizamos viagens para que as pessoas possam conhecer essas comunidades artesanais. Nessas viagens, os turistas comem na casa das pessoas, participam de oficinas de cerâmica. Assim, terão essa lembrança da cerâmica que eles mesmos produziram e desse contato com as artesãs. Enquanto eles estão fazendo a cerâmica, as artesãs explicam como aquilo funciona, desde quando fazem. Há toda uma história de vida por trás disso: “Aprendi com a minha mãe... fazíamos, principalmente, coisas de cozinha para uso próprio... temos que caminhar dois quilômetros para buscar a matéria-prima... o barro vem como pedra e é preciso batê-lo”.

 

Jussara Rocha: Tudo isso que agrega valor ao produto é experimentado ao vivo na própria comunidade. Quando contamos, já há um apelo muito grande, porque a pessoa passa a entender que aquilo não é um objeto simplesmente, é muito mais. Mas quando a pessoa vai e vê as artesãs fazendo, vivencia, faz junto e percebe a dificuldade do fazer, entende que aquilo é um saber repassado de mãe para filha, é muito diferente. O viajante carrega o orgulho de ter vivido aquilo e de trazer com ele um pouco da vida do Vale do Jequitinhonha. Quando viajamos a uma comunidade, vivenciamos a vida das pessoas, dormimos nas casas delas, comemos a comida que elas fazem. Há todo um recurso que está sendo distribuído ali. Então, além de ser comércio justo de artesanato, passa a ser uma experiência diferente e um negócio que tem essa característica de ser social.

 

Promover o desenvolvimento local em comunidades de baixo IDH pode dar lucro? Como conciliar essas duas ideias que parecem contraditórias?

 

Marianne Costa: Esse foi exatamente o nosso propósito quando criamos a Raízes Artesanato: mostrar que podemos fazer um trabalho lucrativo e, ao mesmo tempo, gerar impacto na sociedade em que vivemos. Foi a partir daí que decidimos que o modelo que queríamos era o de negócio social. Seria possível criarmos uma ONG, talvez receber recursos, mas não é nisso em que acreditamos. Acreditamos num modelo de desenvolvimento de parceria do tipo ganha-ganha, na qual todos saem ganhando – nós e a comunidade. Trata-se de um negócio pautado na transparência e no respeito. Queremos mostrar que existem modelos possíveis além do assistencialista. Tentamos mostrar para elas que é possível construir um negócio de longo prazo que pode resultar em independência.

 

Mariana Madureira: Além disso, esse tipo de projeto gera muito mais autoestima do que os assistencialistas, porque você não chega lá com o discurso de que está indo ajudar – “você é um pobre coitado”. Ao contrário: “estamos vindo aqui porque vocês têm muito a oferecer”.

 

Jussara Rocha: No negócio social, lucro não é antagônico a desenvolvimento, é complementar.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do Mês

 

 

Certificações garantem critérios de comércio justo

por Lígia Azevedo

 

 

Promover uma economia mais justa e solidária, assegurando direitos, estabilidade e desenvolvimento de pequenos produtores e trabalhadores desfavorecidos, em especial no hemisfério Sul. Estes são os princípios fundamentais do comércio justo, movimento oriundo da década de 40, que se tornou a principal pauta de trabalho de diversas entidades por todo o mundo, em especial de produção agrícola e artesanal. Para garantir que estes parâmetros sejam seguidos, existem as certificações ou selos que comprovam o respeito a critérios sociais, econômicos e ambientais.

 

Entre os critérios para a certificação estão: pagamento de um preço justo pela produção, transparência e confiabilidade em toda a cadeia de comercialização, boas condições de trabalho, igualdade de gênero, não exploração de mão de obra infantil, e respeito ao meio ambiente.

 

O preço mínimo pelos produtos – uma das principais características dessa certificação – deve ser acordado coletivamente e cobrir os custos de produção ou de fabricação bem como oferecer uma margem de lucro para investimento. Além disso, as certificações preveem contratos de pré-financiamento para investimento na produção e a possibilidade de estabelecimento de relações comerciais de longo prazo. Em alguns casos, há ainda prêmios para a promoção de melhorias na qualidade de vida da comunidade produtora – em educação, saúde, saneamento etc. E, após certo nível de investimento social, também podem ser aplicados recursos em benfeitorias nas propriedades dos associados, decididas também conjuntamente.

 

Entre as várias organizações certificadoras que existem hoje em âmbito nacional e internacional, as principais são a WFTO (World Fair Trade Organization) e a FLO (Fairtrade Labeling Organization). Juntas, elas reúnem cerca de 500 entidades em mais de 75 países. Entre as instituições brasileiras que têm a certificação da WFTO estão: ArtesolMundaréuOnda Solidária, Visão Mundial, Nusoken, e Gebana Brasil. Os grupos certificados passam por auditorias periódicas para garantir a manutenção dos critérios do comércio justo.

 

Críticas e pontos polêmicos da certificação

 

A questão da certificação de artesanato em comércio justo levanta uma série de pontos polêmicos, como comenta a diretora executiva da Mundaréu, Lizete Prata: “Após a certificação, recebemos convites para participar de feiras e eventos internacionais. Mas, no nosso caso, ela não teve muito impacto nos negócios. Como no artesanato não são os produtos que recebem o selo, e sim a associação, fica difícil para o consumidor identificar a certificação”.

 

Algumas das possíveis alternativas para a questão seriam a implementação de políticas públicas para isenção de impostos em toda a cadeia de produção e comercialização, a criação de um sistema nacional de certificação com reconhecimento internacional, a promoção de campanhas de divulgação e conscientização dos consumidores sobre as questões do comércio justo, e a colocação de selos diretamente nos produtos artesanais. “Essas demandas deveriam surgir não de cima para baixo. A iniciativa teria que partir principalmente dos empreendimentos populares que seriam diretamente beneficiados. Cabe a eles se organizarem e colocar a questão em pauta para a sociedade e o governo”, afirma Lizete.

 

 

 

A CASA indica

por Lizete Prata

 

 

Mochila do grupo Tecoste

 

 

O grupo, que passou pelo Programa de Qualificação da Associação Mundaréu, desenvolve produtos por meio da reutilização de material têxtil descartado da fábrica da Volskswagen, em São Bernardo do Campo. As mochilas são feitas a partir das formas dos encostos de bancos de carro de teste, que eram inutilizados ainda novos.  As alças são feitas de cinto de segurança, e o forro, de tecido de uniformes descartados pelos trabalhadores. Tecoste Confecções. Rua Redenção, 271. Jardim do Mar. São Bernardo do Campo-SP. Informações e vendas: 11 3713 4323. Saiba mais.

 

 

Almofada e sachê da Associação das Bordadeiras de Taguatinga

 


O grupo iniciou seu trabalho coletivo em 2001. Sua sustentabilidade se explica porque a produção, inédita, mantêm excelente qualidade técnica e enorme riqueza de detalhes. O grupo criou um filão até então inexplorado, que é a recriação no bordado da natureza do cerrado com suas plantas, pássaros e peixes. Bordadeiras de Taguatinga. CSB 6 lote 1/2 loja 15. Taguatinga Sul. Brasília-DF. Informações e vendas: 61 3563 3710. Saiba mais.

 

 

Luminária Cristal de Luz da COOPA-ROCA

 

 

A COOPA-ROCA é uma Cooperativa que capacita, coordena e gerencia o trabalho de mulheres moradoras da Rocinha, as quais produzem peças artesanais focadas no mercado da Moda e do Design. A luminária Cristal de Luz reúne modernidade e tradição. A luz é filtrada através de desenhos recriados pelo trabalho manual de crochê, técnica que remonta ao século XIV. Informações e vendas. Saiba mais.

 

 

Caixas de banner do grupo Cardume de Mães

 

 

O Cardume de Mães é um grupo produtivo formado por mães da comunidade do Campo Limpo em parceria com a ONG Projeto Arrastão e Design Possível. Seu objetivo é a geração de renda através da venda de produtos artesanais feitos a partir de material reutilizado, como banners, retalhos de tecido e garrafas pet. Informações e vendas. Saiba mais.

 

 

Enfeites de Natal da Associação de Mulheres Empreendedoras (AME)

 

 

Com sede em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, o grupo de artesãs da AME utiliza a técnica de reciclagem do bagaço de cana-de-açúcar para criar peças decorativas, utensílios e bijuterias. Os enfeites de Natal são bonitos e originais. O grupo é apoiado pela Rede Asta. Saiba mais.

 

 

 

Boa leitura

 

Acreditamos que o design de artesanato seja um processo que vai muito além da simples criação de novas peças feitas à mão, envolvendo várias outras disciplinas, ações e capacitações. Não existe, é claro, um “método científico” para o design de artesanato, e muito menos regras fixas. Mas vamos descrever aqui como trabalhamos, os acertos desse processo que se ajusta a cada situação e vem sendo construído nos últimos 24 anos para se tornar ainda mais eficaz.

 

Maria Emilia Kubrusly e Renato Imbroisi
Consultoria em design de artesanato

 

Leia o texto na íntegra


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