Editorial
Direitos Culturais são o destaque na 57ª edição da newsletter. Em Entrevista, Humberto Cunha fala da importância do campo jurídico na promoção das atividades da cultura.
A CASA acaba de inaugurar a exposição Projeto Corrente, com curadoria de Marina Sheetikoff. Confira todas as informações sobre a mostra em Matéria do MÊS.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
Projeto Corrente

Com curadoria de Marina Sheetikoff, projeto reuniu 65 artistas de 18 países. O resultado é uma peça única de 12 metros formada por diversas matérias-primas, como concreto, papel, silicone, ouro, prata e materiais orgânicos. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Até 23/03. Saiba mais.
entreVistas design + artesanato – Vol. II

Segundo volume do livro “entrevistas design + artesanato” reúne entrevistas realizadas com Adélia Borges, Alcides Ribeiro, Antonio Arantes, Auresnede Pires Stephan, Eronildes Correa de Menezes, Fernanda Martins, Jum Nakao, Luciana Vale, Luis Donisete Benzi Grupioni e Nido Campolongo. O livro está à venda no museu A CASA. R$ 30.
www.acasa.org.br
Poética da Palha – Catálogo

Catálogo apresenta o projeto realizado por A CASA reunindo o designer Renato Imbroisi e artesãos do grupo Tecendo História, do bairro rural Ribeirão Bonito do Turvo, em Cerro Azul-PR. Veja aqui.
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Entrevista - Francisco Humberto Cunha Filho
“Não podemos ser escravos do passado”
Humberto Cunha é doutor em direito, professor da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais.

O que são direitos culturais?
Direitos culturais são os direitos relacionados a três grandes áreas: arte, memória coletiva e fluxo dos saberes, sobretudo saberes informais.
Transformações e mudanças são características inerentes a toda e qualquer manifestação cultural, além de condição para a sua permanência ao longo do tempo. O registro de bem imateriais e a instituição do plano de salvaguarda impõem limites à transformação dessas práticas? Há o risco de, com isso, tornarem-se uma ameaça?
O registro dos bens imateriais, instituído pelo Decreto 3.551 do ano de 2000, estimula a permanência de algumas manifestações culturais a partir da ideia de valorização de determinados processos e produtos. Efetivamente, o que o registro propicia é um reconhecimento momentâneo das práticas às quais se deseja obter a memória. Sem dúvida, corre-se esse risco que você percebeu. Mas o registro, diferentemente do tombamento, não tem os objetivos de impedir a destruição ou de controlar de forma imperiosa as modificações. Ele trabalha com a ideia de estimular a permanência. Se esses estímulos são adequados ou inadequados, isso deve ser discutido pelos interessados em cada manifestação.
Atualmente, os principais documentos jurídicos relacionados à cultura defendem o pluralismo e a diversidade das expressões culturais. O que fazer, porém, quando práticas culturais particulares se chocam com direitos ditos universais?
Recentemente, foi aprovada a Lei nº 15.299, que “regulamenta a vaquejada como prática desportiva e cultural no estado do Ceará”. Repudio esse título, pois não se pode consagrar uma determinada prática apenas por ela vir se repetindo na tradição. É bom repetir o passado apenas quando ele é dignificador e está de acordo com os valores que foram eleitos para buscarmos no futuro. A Constituição brasileira estabeleceu, de maneira muito clara, a dignidade da pessoa humana dentre seus fundamentos. Se observarmos todo o contexto, trata-se da dignidade humana em sentido amplo, inibindo-se, inclusive, os maus-tratos aos animais. Claro que há uma discussão imensa sobre a adoção de maneira universal de determinados valores em detrimento de outros, porque, geralmente, são os que detêm o poder que definem quais são os valores corretos. Entretanto, me parece que há um consenso muito forte a respeito da ideia de dignidade do ser humano e, portanto, práticas culturais só devem ser protegidas caso se compatibilizem com os valores dignificadores constitucionalmente estabelecidos. Se este não for o caso, não devemos simplesmente eliminá-las ou esquecê-las, pois aprendemos com os nossos erros, mas é preciso que tais práticas deixem de produzir seus efeitos. É por isso que os alemães conservam alguns campos de concentração – não é para matar pessoas novamente; é por isso que conservamos as senzalas – não é para reestabelecer a escravidão; é por isso que conservamos instrumentos de torturas – não é para repetir os malefícios contra as pessoas. Às vezes, precisamos romper com o passado, sem nunca esquecer o que nele aconteceu.
Nesse sentido, no Brasil, diversas comunidades artesanais adaptaram sua produção de modo a conciliá-la com a nova legislação ambiental.
Sou completamente a favor dessas mudanças, pois não podemos ser escravos de nada, nem do passado. Se, em sua prática cultural, você não busca o seu próprio refinamento humano, visando uma melhor convivência com as demais pessoas e com a natureza, há alguma coisa errada, e esse erro deve ser corrigido.
Leia entrevista na íntegra
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Matéria do Mês
Projeto Corrente traz obra coletiva de joalheria contemporânea ao museu A CASA
por Lígia Azevedo

Algo que corre, flui sem obstáculo, contínuo, constante; movimento de algum elemento natural; fluxo de energia; série de elos; união entre diversas pessoas; conjunto de ideias similares; carta ou mensagem amplamente distribuída; peça básica da joalheria. Explorar essas várias facetas da palavra corrente através da joalheria contemporânea era, para a designer de joias Marina Sheetikoff, o mote para um projeto de juntar artistas espalhados pelo mundo em uma criação que atravessasse oceanos. O Projeto Corrente, que começou a ser posto em prática em 2011, resultou em uma grande obra coletiva que está exposta no Museu A CASA até o dia 23 de março.
12 metros é o tamanho da corrente que une 65 artistas de 20 países. Cada pedaço de 15 centímetros é uma joia contemporânea confeccionada por um designer ou artista plástico diferente, com formas e materiais tão diversos quanto a origem de seus autores. Da corrente de ouro, prata e turmalina feita pela mineira Kika Alvarenga (uma das primeiras a aderir ao projeto) ao inusitado desenho em papel de Débora Bolsoni, há peças feitas de concreto, cola quente, fita cassete, fita crepe, cipó, porcelana, papel de parede e até intestino seco de porco. Matérias-primas clássicas da joalheria – como metais nobres, brilhante e pérola – também estão presentes.
Para reunir todos esses trabalhos, a curadora e idealizadora do projeto Marina Sheetikoff lançou mão das redes virtuais internacionais de joalheria contemporânea e fez um convite aberto para que os interessados enviassem fotos de suas peças. Marina recebeu mais de 130 trabalhos, dos quais foram selecionados 65, entre peças já anteriormente existentes e outras inéditas, criadas exclusivamente para o projeto. Entre os artistas selecionados, estão as holandesas Ela Bauer e Flor Mommersteeg, as americanas Laura Prieto-Velasco e Sharon Massey, a portuguesa Inês Sobreira, a sul-coreana Sangji Yun, a belga Karen Vanmol e a cípria Liana Pattihis.
Numa primeira etapa, entre novembro e dezembro de 2012, esta seleção de fotos foi exposta virtualmente no site Crafthaus. Na versão in loco da exposição, as peças são colocadas lado a lado, sem nenhuma ligação física – são unidas apenas pelo contato uma com a outra. Entretanto, há sempre uma conexão simbólica entre elas: cada “elo” da corrente dialoga com o próximo em forma, material ou conceito.
Marina diz que a proposta do projeto é manter-se sempre em transformação: “Começamos com a mostra virtual, agora temos essa exposição no Museu A CASA e, mais adiante, isso pode se transformar em outra coisa. Mas o desejo é que a corrente sempre cresça, e seja levada a outros países, atravessando mesmo oceanos”, conta.
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A CASA indica
Arte no campo: palha de milho vira acessórios de moda

Em meados de 2011, A CASA realizou o projeto Poética da Palha, que promoveu o encontro entre o designer Renato Imbroisi e o grupo Tecendo História, do bairro rural Ribeirão Bonito do Turvo, em Cerro Azul-PR. O resultado foi o desenvolvimento de diversos produtos em palha de milho, matéria-prima abundante na região. Mais recentemente, o grupo de artesãos foi convidado a confeccionar jarros e sandálias para a minissérie José do Egito, da TV Record, e ganhou destaque no programa Hoje em Dia. Veja aqui.
23ª Paralela Gift

Destinada a lojistas, a feira apresenta as últimas coleções de design autoral, alta decoração e artesanato contemporâneo no país. De 04 a 06/03, das 10h às 19h. 07/03, das 10h às 17h. Mube. Avenida Europa, 218. Jardim Europa. São Paulo-SP. Saiba mais.
II Congresso de Design do Amazonas

Criado a partir da necessidade de promover a reflexão sobre o papel e a importância do design no desenvolvimento da Amazônia, o congresso pretende pensar sobre temas como desenvolvimento regional, inovações sociais, economia criativa e negócios. De 05 a 07/04. Manaus-AM. Saiba mais.
DVD "Modos do Fazer" – Jataúba/PE

Vídeo do Artesol apresenta a produção da renda renascença em Jataúba, Pernambuco. Veja aqui.
Trançar, tecer: Valente, Araci e São Domingos

Exposição apresenta bolsas, cestos e caixas produzidos por mulheres do semiárido baiano. De terça a sexta, das 11h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 18h. Até 31/03. Sala do Artista Popular. Rua do Catete, 179. Rio de Janeiro-RJ. Saiba mais.
Boa
leitura
O desenvolvimento de produtos junto a comunidades artesãs é um desafio para o design contemporâneo. Este artigo descreve o processo de configuração de estampas para a comunidade de Ponta de Pedras (PE), a partir da adaptação do método Olhar Atento, de Ferrara (1993), o qual permite a observação e interpretação de referências visuais e culturais do entorno segundo a ótica do sujeito pesquisado. Fotografias identificaram elementos visuais, cores e formas que permitiram reproduzir as principais referências locais. Os resultados obtidos apontam a eficiência do método como ferramenta de pesquisa que valoriza a cultura e a inclusão do usuário no processo.
Felipe Rodrigues Soares, Virginia Pereira Cavalcanti e Ana Maria de Andrade
Estampando o olhar: design de superfície e referências culturais em comunidade produtora de artesanato
Leia o texto na íntegra |