A CASA - Newsletter #59 - Ano 5 | Abril de 2013





Newsletter N°59

Abril de 2013

 

 

Editorial

 

 

O trabalho de Espedito Seleiro é destaque da 59° edição da newsletter. Em Entrevista, o artesão, que é Mestre da Cultura do Ceará, relembra sua trajetória profissional citando dificuldades e soluções na comercialização de sua produção e a criação de peças para a Cavalera que estiveram presentes em desfile na São Paulo Fashion Week.

 

Trechos da entrevista poderão ser conferidos também em vídeo. Veja em Acontece no museu A CASA - www.acasa.org.br.

 

Já a exposição “Espedito Seleiro - da sela à passarela” foi prorrogada até o dia 21/06. Saiba todas as informações sobre a mostra em Acontece no museu A CASA - Cunha Gago, 807.

 

Em Matéria do MÊS, Lígia Azevedo apresenta um balanço da participação de designers brasileiros no Salão Internacional do Móvel de Milão.


Boa leitura!

 

 

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Espedito Seleiro: da sela à passarela

 


Exposição apresenta gibões de vaqueiro, selas, sandálias, bolsas, cintos e chapéus de couro oriundos do trabalho de Espedito Seleiro. Instalado em Nova Olinda, na Chapada do Araripe, ao sul do Ceará, o artista transita entre tradição e modernidade, aliando memória e inventividade em todas as suas criações. As peças de Espedito Seleiro estarão à venda na exposição, que é resultado de uma parceria entre A CASA e Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Iphan/MinC. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Até 21/06. Saiba mais.

 

 

entreVistas design + artesanato – Vol. II

 

 

Segundo volume do livro “entrevistas design + artesanato” reúne entrevistas realizadas com Adélia Borges, Alcides Ribeiro, Antonio Arantes, Auresnede Pires Stephan, Eronildes Correa de Menezes, Fernanda Martins, Jum Nakao, Luciana Vale, Luis Donisete Benzi Grupioni e Nido Campolongo. O livro está à venda no museu A CASA. R$ 30.

 

 

 

www.acasa.org.br

 

 

Vídeo | Entrevista com Espedito Seleiro

 

 

Confira em vídeo trechos da entrevista realizada com Espedito Seleiro. O artista relata sua rotina de trabalho, fala sobre a importância da disseminação de valores da cultura regional e apresenta algumas de suas peças mais importantes. Veja aqui.

 

 

 

 

Museu A CASA nas redes sociais

 

 

 

 

Apoio

 

Entrevista - Espedito Seleiro

 

“Aprendi com meu pai toda a ciência do couro”

 

Espedito Seleiro é artesão, Mestre da Cultura do Ceará.

 

Como você começou a trabalhar com o artesanato em couro?

Na época em que eu nasci, meu pai era seleiro e vaqueiro. Ele fazia a sela para ele próprio e para o pessoal da região, para os outros vaqueiros. Meu pai faleceu em 1971, com 56 anos. Aprendi com ele toda a ciência do couro.

 

Quais as diferenças entre as peças que vocês faziam naquela época e as peças que fazem hoje em dia?

Na época em que eu trabalhava com meu pai, na região onde vivíamos, havia uma grande criação de gado. Como o pessoal andava muito dentro da mata, tinha que ser encourado, com roupa de couro, porque se fossem com uma roupa igual a essa que nós usamos, quando saíssem de lá, não sobraria um palmo inteiro da pele. Meu pai fazia roupa para vaqueiro, para cigano, para tropeiro, para cangaceiro. Isso quando tinha tempo, quando não estava no mato cuidando do gado. Eu fiquei fazendo o mesmo: roupas de vaqueiro, sela, gibão, tudo o que o vaqueiro, o cigano e o cangaceiro usavam. Chegou uma época em que acabou o vaqueiro, acabou o cigano, acabou o tropeiro e acabou o cangaceiro – felizmente que se acabou o cangaceiro, era pra se acabar mesmo esse negócio. Mas, aí, acabaram também as vendas dos produtos que eles usavam. Quando meu pai faleceu, ele deixou oito pivetes pequenos, e eu tinha que cuidar deles. Peguei meus irmãos, trouxe pra casa, botei dentro da oficina, ensinei todos a fazerem as peças e ficamos trabalhando. Aí, quando ia vender uma sela, eu chegava na loja e a pessoa dizia “não quero, já tenho uma sela parecida com a sua, estou cheio de selas”. Então, eu fazia um sapato, e a pessoa dizia: “já tenho sapato”. Fazia uma sandália, e era a mesma coisa: “já tenho sandália”. Foi quando pensei que teria de parar. Mas como eu ia criar esse tanto de menino? Papai tinha deixado oito e os meus já eram cinco. Um dia, eu disse para minha esposa: “Olhe, vou fazer um estilo que ninguém tem, um estilo meu; se vender, eu continuo, se não vou ter de parar e procurar outro ramo”. Parei de fazer aquelas peças que eu vinha fazendo e fiz uma sandália bem colorida chamada “Sandália Lampião”. Aí, foi começando a aparecer mais serviço. Fui encostando a sela para um lado, o gibão para outro, e comecei a fazer as bolsas, sandálias e outras coisas.

 

Em 2006, você recebeu o convite para ajudar na criação de peças para a da Cavalera, que depois integraram o desfile da marca na São Paulo Fashion Week. Como foi essa experiência?

Esse pessoal chegou lá em casa, eram umas 4h da tarde. Pararam o carro debaixo de um pé de pau que hoje não existe mais e olharam. Eu estava trabalhando no balcão e vi quando um abaixou a cabeça e disse: “Esse é o homem que nós andávamos procurando”. Eram seis estilistas da Cavalera. Tenho uma lojinha e as peças estavam expostas. Nesse dia, eu dei sorte, porque tinha feito umas peças bem bonitas mesmo, bem coloridas, no capricho. Eles olharam, se admiraram e disseram: “pois nós vamos ficar é aqui mesmo”. Então, fizeram uma encomenda para eu entregar em trinta dias. Falei que não daria certo, porque trinta dias era pouco tempo para a quantidade de peças que eles estavam pedindo. Depois, eles começaram a fazer desenhos e iam me entregando. Eu perguntei o que era aquilo e eles responderam que era para eu fazer aquelas peças. Eu disse: “rapaz, os outros desenhando, eu não sei fazer; acho bom fazer aquilo que eu sei, mas fazer as coisas que os outros sabem, eu deixo para os outros mesmo”. Eles ficaram dando risada e falaram: “pois faça aí”. Foi assim que começou.

 

Você é Mestre da Cultura do Ceará. E uma das tarefas do Mestre é repassar o saber a outras pessoas. Como você tem feito isso?

Comecei a passar para os meus irmãos e depois para os meus filhos. Ensinei também alguns vizinhos que, hoje, já são profissionais. Tem pessoas trabalhando em oficinas localizadas em cidades próximas a Nova Olinda que fui eu que ensinei.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do Mês

 

 

"Design Brasileiro marca presença na feira de Milão 2013"

por Lígia Azevedo

 

 

Em meio à efervescência que ocupou Milão nos dias 9 a 14 de abril, durante o último Salão Internacional do Móvel, o design brasileiro marcou presença em duas grandes mostras – a Brazil S/A e a Rio+Design. Juntas, reuniram mais de 60 criadores nacionais, os quais apresentaram produtos que levaram a identidade e matérias-primas sustentáveis do país ao público internacional presente no evento.

 

Mais de 15 mil pessoas foram à Vila Tortona conferir as novidades do design carioca na exposição Rio + Design Milão 2013, promovida pelo Sebrae e pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro. Sob curadoria de Guto Indio da Costa, Zanini de Zanine e Cláudio Magalhães, a quinta edição da mostra reuniu 27 expositores cariocas com produtos desenvolvidos a partir de materiais como fibra de coco, pastilhado de macieira, madeira plástica, laminado decorativo de PET, borracha reciclada, bambu, couro de peixe, tecido de látex, concreto de alta performance e madeira certificada.

 

Entre os destaques da Rio + Design, estão: a poltrona Arraia, feita com fibra de malaca, de Guto Indio da Costa e Felippe Bicudo; também de Guto Índio da Costa, a versão em metal da premiada cadeira IC01; a Luminária Pendente Flora, de Zanini de Zanine; a poltrona Ventura, de Fernando Mendes; a poltrona Fulô Giratória, de Fernando Jaeger; joias da H.Stern e de Antonio Bernardo; o painel Folhas, criado pela Dialogo Design em granulado de pneu reciclado, que pode ser usado como revestimento ou piso decorativo; e a poltrona Vidigal da Lattoog, realizada em fibra de taboa - planta aquática abundante no Brasil e típica de manguezais e várzeas.

 

Já o histórico Palazzo Giureconsulti recebeu a quarta edição do lounge Brazil S/A. Nele, o Projeto Orchestra Brasil – uma parceria entre o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) – apresentou móveis de 15 estúdios de design cuja proposta era proporcionar uma experiência multissensorial que envolvesse tanto o público quanto os expositores em um contexto narrativo de referência cultural e emocional brasileira. Entre os produtos expostos, estiveram a poltrona Mirah, de Jader Almeida, premiada pelo IF Design Awards deste ano; a Bancada New Vintage, desenhada pelo Studio B Design, que recebeu o prêmio Salão Design 2012; e a mesa de centro Natur, inspirada na típica planta brasileira Vitória-Régia, criada pelo designer Regis Padilha.

 

Ainda dentro do lounge, o módulo “Reflexos do Brasil” reuniu dez grandes nomes da arquitetura brasileira – Ana Maria Vieira Santos, Brunete Fracarolli, Débora Aguiar, escritório In House, Jayme Bernardo, João Armentano, Jóia Bergamo, Maithia Guedes, Patrícia Anastasiadis e Ruth Lemos – para fazerem releituras dos sofisticados e tradicionais lustres Baccarat com a criatividade e espontaneidade brasileira.

 

Outro conjunto de luminárias se destacou no Brazil S/A – esse, desenvolvido na floresta Amazônica por uma equipe de designers e índios da tribo Yawanawá. As peças da exposição – que leva o mesmo nome da tribo – são frutos do projeto “A Gente Transforma”, do designer Marcelo Rosenbaum, e serão comercializadas no Brasil pela La Lampe.

 

Foram destaques ainda na programação do Salão de Milão os trabalhos de uma dupla que é ícone do design brasileiro em escala internacional. Os Irmãos Campana desenvolveram uma linha de cinco camas feitas para a Edra, as quais trazem releituras de peças já criadas pelos irmãos para a marca. A Cama Favela é uma transposição da cadeira homônima de 1991, com estrutura feita de pequenos pedaços de madeira. A Corallo, estruturada em aço inox, é baseada no desenho da cadeira de mesmo nome de 2003. Já o modelo Cipria, com revestimento de pelúcia, é uma derivação do sofá de 2009. A cama Grinza (em italiano "ruga") revisita a poltrona revestida de pele sintética, criada de 2011. Por fim, o estilo uma cabana tipicamente indígena que cobria uma estante de prateleiras arredondadas – destaque de Milão em 2010 – gerou a Cama Cabana, fechada por um dossel e um "cortinado" feito de fibra natural. Além das camas, a dupla apresentou uma linha de lustres e luminárias criada para a Baccarat, intitulada Fusion, que mescla os desenhos clássicos da marca francesa a materiais corriqueiros como bambu.

 

 

 

A CASA indica

 

 

8th Cheongju International Craft Competition

 

 


De 11 de setembro a 20 de outubro de 2013 acontecerá na cidade de Cheongju, Coréia do Sul, a International Craft Biennale, um dos mais importantes eventos culturais de artesanato da Ásia. Entre as exposições que serão realizadas este ano, está a seleção de contemplados na 8th Cheongju International Craft Competition. Até o dia 30 de maio, artesãos de todas as localidades do mundo podem inscrever seus trabalhos. Saiba mais.

 

 

Le Brésil rive gauche

 

 

A Le Bon Marché, loja de departamentos mais antiga do mundo, comemora 160 anos e presta uma homenagem ao Brasil. Até o dia 22/06, a exposição Le Brésil rive gauche apresenta trabalhos em arte, moda e design do nosso país. Até 22/06. Saiba mais.

 

 

 

BID 8 | 10 | 12

 

 

Buscando apresentar ao público brasileiro um panorama da recente evolução do design ibero-americano, exposição apresenta uma seleção de peças das três últimas edições da Bienal Ibero-Americana de Design (BID). Museu da Casa Brasileira. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

 

 

DVD "Modos do Fazer" - Chapada do Norte: Gravatá/MG

 

 

Vídeo do Artesol apresenta a confecção de bancos de madeira trançados em couro no município de Chapada do Norte, Minas Gerais. Veja aqui.

 

 

 

Exposição: "The insides are on the outside"

 

 

Construída por Lina Bo Bardi em 1951, a Casa de Vidro recebe a exposição “The insides are on the outside” (O interior está no exterior). O objetivo é apresentar a obra de 35 artistas e arquitetos nacionais e internacionais, incluindo peças feitas exclusivamente para o espaço. Até 30/05. Casa de Vidro. Rua General Almério de Moura, 200. Morumbi. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

 

 

Boa leitura

 

A joia destaca a atitude, a identidade e a personalidade, tanto do criador quanto daquele que a utiliza porque aí existe essa relação de um corpo. É um corpo em relação a outro porque, afinal, a joia é um objeto construído, um adorno; ela vai comunicar e expressar, mas também é um corpo que interfere no outro e que vai estabelecer uma relação de fusão. [...] Existe toda uma relação que ocorre entre corpo e joia, joia e corpo. Isso vai implicar em interferências um tanto quanto recíprocas, até porque a gente vê muitos objetos sendo construídos atualmente com o primado da multifuncionalidade. Portanto, esse objeto vai tomar corpo e forma final a partir da intervenção do próprio usuário, daquele que vai utilizar a peça.

 

Mônica Moura

 

Mesa Redonda | Joia Contemporânea Brasileira. Transcrição da atividade realizada no dia 14 de maio de 2011 em A CASA museu do objeto brasileiro.

 

Leia o texto na íntegra


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