A CASA - Newsletter #06 - Novembro de 2008
Newsletter N° 06
Novembro de 2008

 

Editorial

Neste mês a nossa seção de indicações para vai dar dicas de lojas para as compras de Natal. São lugares onde você pode comprar produtos que tenham uma proposta artesanal ou de união do artesanato com o design. Para a nossa entrevista desse mês, reunimos Liana Bloisi e Gláucia Amaral. A conversa se encaminhou mais para um bate-papo informal, onde várias idéias interessantes floresceram.

 

 


Acontece no
museu A CASA

 

 

 

Cunha Gago, 807

 


 

Exposição ‘Roupa de ver a Deus’


Cinco designers de roupArte expõem peças inspiradas na celebração de Dezembro: Amaria (Mayumi Ito e Equipe de Muzambinho), Glaucia Amaral, Hedva Megged, Liana Bloisi e Paula Yne. A abertura será no dia 3 de dezembro, às 20h com performance de Patrícia Noronha e Gabriela Itocazo e apresentação musical de Michel Collet e convidados. A exposição fica aberta até 14 de dezembro. De segunda a sexta, das 11h às 19h. Sábado e domingo, das 14h às 19h. Saiba mais.

 

 

 

www.acasa.org.br

 

 

 

 

Vídeos de menção honrosa em Ação Sócio-Ambiental

 

 

Agora já estão disponíveis no nosso site os vídeos dos projetos que receberam menção honrosa na categoria Ação Sócio-Ambiental do 1° Prêmio Objeto Brasileiro. São eles: Projeto Imaginário Pernambucano, Projeto Sempre Savassi, Laboratório Piracema de Design, Projeto Junco e Ver as Ervas. Para assistir, clique aqui.


 

 


 


Apoio

 

 

Entrevista - Liana Bloisi e Gláucia Amaral

 

 

“Hoje você já não é mais a fulana. Você veste Prada, Galliano, ou Herchcovitch.”

 

Liana Bloisi e Gláucia Amaral desenvolvem um trabalho em artewear e participam da exposição Roupa de Ver a Deus

 

 

Gláucia: Essa parte do trabalho que se denominou artwear em determinado momento, acho que é uma coisa muito mais antiga. Porque as mulheres faziam as suas roupas quando não existia o prêt-à-porter. Quer dizer, a minha ligação com esse tipo de trabalho vem de muito antes, porque a minha avó fazia as minhas coisas, a minha mãe bordava. E eu comecei a fazer também e de repente a gente se integrou num trabalho nesse movimento.Fizemos várias exposições aqui em São Paulo e fora do Brasil. Mas acho que realmente isso é uma coisa que existiu a vida inteira. E hoje realmente, como a Liana diz, não há só essa coisa da própria roupa conceitual, mas mesmo as roupinhas prêt-à-porter são muito mais enfeitadas. Essa coisa do enfeite, do trabalho em cima da roupa. Hoje todo mundo borda, todo mundo enfeita a sua roupa.

 

Liana: Mas o interessante é que isto está sempre atrelado às artesanias, quaisquer que sejam. Hierárquicas, muitas vezes vindo por intermédio das religiões e das etnias. Acho que o atrelamento vem de vários lugares e é por isso que acho que sempre vai existir, não importa o nome.

 

O mercado de moda faz grandes projetos econômicos dentro da moda, principalmente em alguns países. E torna a moda mais acessível, mas ao mesmo tempo a individualidade vai por água abaixo. Uniformiza e, além de uniformizar, ela despersonaliza. Porque você sempre está com uma grife ou outra. Hoje você já não é mais a fulana. Você veste Prada, Galliano, Herchcovitch.

 

Gláucia: Mesmo assim, a moda é muito importante como mercado e como emprego.

 

Liana: E como ponta de tecnologia de vanguarda para certas fibras e tudo o mais.

 

Gláucia: Quando estou produzindo, tenho que ver uma série de fatores. Não posso, aqui em São Paulo, querer bordar com capim dourado, nem buriti. Então a gente usa linha, lã e tecidos que tem para vender aqui. De todo jeito, você sempre tem que fazer uma coisa dentro da possibilidade da sua região.

 

Liana: Toda matéria tem uma performance que deve ser respeitada. Como o capim dourado, a bananeira, o plástico. Tudo tem uma condução. E aí de repente você estrangula porque está se usando a bolsa daquele jeito. Você vem, e destrói, mata, coloca um zíper amarelo, porque o capim é dourado. Quer dizer: o que é isso? É o total assassinato do capim dourado. E é isso muitas vezes o que vai para o exterior. Depois reclamam que o cliente não quis comprar. É obvio que não devem comprar, porque o que foi feito foi uma matança. Ao invés de pegar essa forma e esse respeito ao que o capim pode dar, é simplesmente transformá-lo em outra coisa. Então é aí que acho que entra a arte. É esse respeito estético às coisas.

 

 

Leia a entrevista na íntegra

 

 

 



 

 

Matéria do MÊS

 

 


Vestir Arte e Liberdade

 

 

A Wearable Art – ou Arte Vestível – surgiu nos Estados Unidos na década de 1960, acompanhando a revolução cultural do período. Em resposta à produção em massa da indústria da moda, os artistas da época se voltaram para a produção artesanal de roupas que valorizassem a individualidade das pessoas. Prezando pela criação livre, e por vezes também algo autobiográfica, criavam coleções que utilizavam o corpo como suporte pra a criação de obras de arte vestíveis.

 

Dentro de um conceito de respeito ao corpo e suas formas, o objetivo era criar roupas voltadas não a se encaixar em padrões estéticos pré-determinados, mas que se adequassem à personalidade de cada corpo. Assim, a proposta era estudar a coerência entre a criação do traje e a expressão do corpo.

 

Os artistas usavam técnicas diversificadas como pintura, colagem, tricô, patchwork, bordado, crochê, etc. Os materiais também variavam: de fibras naturais a silicone e vinil. O resultado era a criação de roupas atemporais, que associavam arte, artesanato e técnica, passado e vanguarda.

 

A museóloga americana Julie Schafer Dale batizou este movimento de Wearable e, em 1973 abriu uma galeria especializada neste tipo de arte: a Artisan’s Gallery, em Nova Iorque. No Brasil, o Wearable foi trazido por Liana Bloisi por volta de 1988, aqui batizado de Rouparte.

 

Com a tecnologia da era virtual, o conceito de Wearable enveredou por uma nova direção. Numa sociedade cada vez mais “conectada” e com equipamentos cada vez menores, os artistas passaram a desenvolver roupas com acessórios tecnológicos. Mouse, teclado e visor poderiam ser anexados às peças de roupas para permitir ao indivíduo caminhar pelas ruas navegando pela internet, por exemplo.

 

 

 

 


A CASA indica

 

 

Lojas de Ronaldo Fraga

 

 

A partir deste mês, as lojas de Ronaldo Fraga comercializam os produtos feitos no projeto Talentos do Brasil, com comunidades do RS, PB, e MS. São Paulo: R. Aspicuelta, 259, V. Madalena. Fone: 11 3816 2181. Belo Horizonte: R. Fernandes Tourinho, 81, Savassi. Fone: 31 3282 5379.

 

 

Showroom ArteSol


 

O ArteSol inaugurou um novo showroom, onde estão à venda produtos de artesanato de tradição feitos nos projetos desenvolvidos pela entidade. O showroom funciona de seg a sex, das 10h às 18h. O contato pode ser feito pelo telefone 11 3082 8681, ou por e-mail.

 

 

Preta Pretinha

 

 

A loja Preta Pretinha vende bonecas artesanais de variadas etnias, inclusive portadores de necessidades especiais. Aceita encomendas de todos os estados. De seg a sex, das 9h30 às 18h e sáb das 10h às 19h. R. Aspicuelta, 474. Vila Madalena, São Paulo. Fone: 11 3812 6066.

 

 

Galeria Brasiliana

 

 

Na galeria, estão à venda objetos feitos por artistas populares de todo o Brasil. A loja aceita encomendas de todos os estados. De seg a sex, das 10h às 18h. R. Arthur de Azevedo, 520. Fone: 11 3086 4273.

 

 

 

Boa leitura

 

“Essa concepção leva, de um lado, à atitude da caça ao "pitoresco" ou "exótico", tão comum nos turistas que transformam objeios de uso em elementos de "decoração" das habitações dos grandes centros urbanos; por outro lado, leva também a campanhas de "proteção" a comunidades geralmente desprovidas dos recursos mínimos da sociedade moderna, tentando organizar "cooperativas, e locais estratégicos nos grandes centros para uma "correta" comercialização, em que os artesãos não sejam explorados por "intermediários". Ainda que essas iniciativas sejam vinculadas por legítimos sentimentos de solidariedade e por um real empenho cultural, elas me parecem insuficientes, pois não apresentam nenhuma perspectiva desejável para o futuro. ”

Júlio Katinsky, Artesanato Moderno

 

Leia o texto na íntegra


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