Editorial
Neste mês a nossa seção de
indicações para vai dar dicas de lojas para as compras
de Natal. São lugares onde você pode comprar produtos
que tenham uma proposta artesanal ou de união do artesanato
com o design. Para a nossa entrevista desse mês, reunimos
Liana Bloisi e Gláucia Amaral. A conversa se encaminhou mais
para um bate-papo informal, onde várias idéias interessantes
floresceram.
Acontece no
museu A CASA
Cunha Gago, 807
Exposição ‘Roupa de ver a Deus’

Cinco designers de roupArte expõem peças inspiradas
na celebração de Dezembro: Amaria (Mayumi Ito e
Equipe de Muzambinho), Glaucia Amaral, Hedva Megged, Liana Bloisi
e Paula Yne. A abertura será no dia 3 de dezembro, às
20h com performance de Patrícia Noronha e Gabriela Itocazo
e apresentação musical de Michel Collet e convidados.
A exposição fica aberta até 14 de dezembro.
De segunda a sexta, das 11h às 19h. Sábado e domingo,
das 14h às 19h. Saiba
mais.
www.acasa.org.br
Vídeos de menção honrosa
em Ação Sócio-Ambiental

Agora já estão disponíveis
no nosso site os vídeos dos projetos que receberam menção
honrosa na categoria Ação Sócio-Ambiental do
1° Prêmio Objeto Brasileiro. São eles: Projeto
Imaginário Pernambucano, Projeto Sempre Savassi, Laboratório
Piracema de Design, Projeto Junco e Ver as Ervas. Para assistir,
clique
aqui.
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Entrevista - Liana Bloisi e Gláucia
Amaral
“Hoje você já
não é mais a fulana. Você veste Prada,
Galliano, ou Herchcovitch.”
Liana Bloisi e Gláucia Amaral
desenvolvem um trabalho em artewear e participam da exposição
Roupa de Ver a Deus
Gláucia:
Essa parte do trabalho que se denominou artwear em determinado
momento, acho que é uma coisa muito mais antiga. Porque
as mulheres faziam as suas roupas quando não existia
o prêt-à-porter. Quer dizer, a minha ligação
com esse tipo de trabalho vem de muito antes, porque a minha
avó fazia as minhas coisas, a minha mãe bordava.
E eu comecei a fazer também e de repente a gente se
integrou num trabalho nesse movimento.Fizemos várias
exposições aqui em São Paulo e fora do
Brasil. Mas acho que realmente isso é uma coisa que
existiu a vida inteira. E hoje realmente, como a Liana diz,
não há só essa coisa da própria
roupa conceitual, mas mesmo as roupinhas prêt-à-porter
são muito mais enfeitadas. Essa coisa do enfeite, do
trabalho em cima da roupa. Hoje todo mundo borda, todo mundo
enfeita a sua roupa.
Liana: Mas o interessante
é que isto está sempre atrelado às artesanias,
quaisquer que sejam. Hierárquicas, muitas vezes vindo
por intermédio das religiões e das etnias. Acho
que o atrelamento vem de vários lugares e é
por isso que acho que sempre vai existir, não importa
o nome.
O mercado de moda faz grandes projetos econômicos
dentro da moda, principalmente em alguns países. E
torna a moda mais acessível, mas ao mesmo tempo a individualidade
vai por água abaixo. Uniformiza e, além de uniformizar,
ela despersonaliza. Porque você sempre está com
uma grife ou outra. Hoje você já não é
mais a fulana. Você veste Prada, Galliano, Herchcovitch.
Gláucia: Mesmo assim,
a moda é muito importante como mercado e como emprego.
Liana: E como ponta de tecnologia
de vanguarda para certas fibras e tudo o mais.
Gláucia: Quando estou
produzindo, tenho que ver uma série de fatores. Não
posso, aqui em São Paulo, querer bordar com capim dourado,
nem buriti. Então a gente usa linha, lã e tecidos
que tem para vender aqui. De todo jeito, você sempre
tem que fazer uma coisa dentro da possibilidade da sua região.
Liana:
Toda matéria tem uma performance que deve ser respeitada.
Como o capim dourado, a bananeira, o plástico. Tudo
tem uma condução. E aí de repente você
estrangula porque está se usando a bolsa daquele jeito.
Você vem, e destrói, mata, coloca um zíper
amarelo, porque o capim é dourado. Quer dizer: o que
é isso? É o total assassinato do capim dourado.
E é isso muitas vezes o que vai para o exterior. Depois
reclamam que o cliente não quis comprar. É obvio
que não devem comprar, porque o que foi feito foi uma
matança. Ao invés de pegar essa forma e esse
respeito ao que o capim pode dar, é simplesmente transformá-lo
em outra coisa. Então é aí que acho que
entra a arte. É esse respeito estético às
coisas.
Leia
a entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Vestir Arte e Liberdade
A Wearable Art – ou Arte Vestível –
surgiu nos Estados Unidos na década de 1960, acompanhando
a revolução cultural do período. Em
resposta à produção em massa da indústria
da moda, os artistas da época se voltaram para a
produção artesanal de roupas que valorizassem
a individualidade das pessoas. Prezando pela criação
livre, e por vezes também algo autobiográfica,
criavam coleções que utilizavam o corpo como
suporte pra a criação de obras de arte vestíveis.
Dentro de um conceito de respeito ao corpo e suas formas,
o objetivo era criar roupas voltadas não a se encaixar
em padrões estéticos pré-determinados,
mas que se adequassem à personalidade de cada corpo.
Assim, a proposta era estudar a coerência entre a
criação do traje e a expressão do corpo.
Os artistas usavam técnicas diversificadas como
pintura, colagem, tricô, patchwork, bordado, crochê,
etc. Os materiais também variavam: de fibras naturais
a silicone e vinil. O resultado era a criação
de roupas atemporais, que associavam arte, artesanato e
técnica, passado e vanguarda.
A museóloga americana Julie Schafer Dale batizou
este movimento de Wearable e, em 1973 abriu uma galeria
especializada neste tipo de arte: a Artisan’s Gallery,
em Nova Iorque. No Brasil, o Wearable foi trazido por Liana
Bloisi por volta de 1988, aqui batizado de Rouparte.
Com a tecnologia da era virtual, o conceito de Wearable
enveredou por uma nova direção. Numa sociedade
cada vez mais “conectada” e com equipamentos
cada vez menores, os artistas passaram a desenvolver roupas
com acessórios tecnológicos. Mouse, teclado
e visor poderiam ser anexados às peças de
roupas para permitir ao indivíduo caminhar pelas
ruas navegando pela internet, por exemplo.
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A CASA indica
Lojas de Ronaldo Fraga

A partir deste mês, as lojas de Ronaldo
Fraga comercializam os produtos feitos no projeto
Talentos do Brasil,
com comunidades do RS, PB, e MS. São Paulo: R. Aspicuelta, 259,
V. Madalena. Fone: 11 3816 2181. Belo Horizonte: R. Fernandes Tourinho,
81, Savassi. Fone: 31 3282 5379.
Showroom ArteSol

O ArteSol
inaugurou um novo showroom, onde estão à venda produtos
de artesanato de tradição feitos nos projetos desenvolvidos
pela entidade. O showroom funciona de seg a sex, das 10h às 18h.
O contato pode ser feito pelo telefone 11 3082 8681, ou por e-mail.
Preta
Pretinha

A loja Preta
Pretinha vende bonecas artesanais de variadas etnias, inclusive
portadores de necessidades especiais. Aceita encomendas de todos os estados.
De seg a sex, das 9h30 às 18h e sáb das 10h às 19h.
R. Aspicuelta, 474. Vila Madalena, São Paulo. Fone: 11 3812 6066.
Galeria Brasiliana
Na galeria,
estão à venda objetos feitos por artistas populares de todo
o Brasil. A loja aceita encomendas de todos os estados. De seg a sex,
das 10h às 18h. R. Arthur de Azevedo, 520. Fone: 11 3086 4273.
Boa leitura
“Essa concepção leva, de um lado,
à atitude da caça ao "pitoresco" ou "exótico",
tão comum nos turistas que transformam objeios de uso em elementos
de "decoração" das habitações dos
grandes centros urbanos; por outro lado, leva também a campanhas
de "proteção" a comunidades geralmente desprovidas
dos recursos mínimos da sociedade moderna, tentando organizar "cooperativas,
e locais estratégicos nos grandes centros para uma "correta"
comercialização, em que os artesãos não sejam
explorados por "intermediários". Ainda que essas iniciativas
sejam vinculadas por legítimos sentimentos de solidariedade e por
um real empenho cultural, elas me parecem insuficientes, pois não
apresentam nenhuma perspectiva desejável para o futuro. ”
Júlio Katinsky, Artesanato Moderno
Leia
o texto na íntegra
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