Editorial
O Seminário Objeto Brasileiro e Mercado, realizado no último dia 10 de junho no museu A CASA é o destaque da 60ª edição da newsletter. Confira o especial sobre o que aconteceu de mais importante no evento.
E prepare-se! A terceira edição da exposição Tenet - Tecendo na Net será inaugurada no dia 1 de julho, às 19h30! Já confirmou sua presença?
Acontece
no
museu A CASA
Cunha
Gago, 807
TENET - Tecendo na NET

Coordenada por Juan Ojea, Marta Meyer e Renato Imbroisi, terceira edição da Tenet - Tecendo na Net trabalhos em arte têxtil que abordam a expressão de emoções, ideias ou sentimentos e, pela primeira vez, conta a participação de artistas internacionais: Andrea Eimke (Nova Zelândia), Beatriz Oggero (Uruguai) e Maria Eugenia Cordero (Argentina). Abertura dia 1 de julho, das 19h30 às 22h30. Visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Saiba mais.
www.acasa.org.br
Coleção Virtual Estudio Manus

Coleção virtual apresenta peças em porcelana e madeira do Estudio Manus. São pratos, travessas, vasos, canecas, xícaras, jarras, mesas e luminárias, entre outros objetos, produzidos a partir do reaproveitamento e recomposição de moldes antigos. Veja aqui.
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Especial Seminário Objeto Brasileiro e Mercado
Seminário discute a comercialização do objeto artesanal contemporâneo

No último dia 10 de junho, dezenas de profissionais que atuam diretamente em áreas relacionadas à produção, certificação e comercialização do objeto artesanal contemporâneo reuniram-se na sede do museu A CASA, em São Paulo, para acompanhar o Seminário Objeto Brasileiro e Mercado.
As diversas maneiras de agregar valor ao produto artesanal, a relação entre artesanato e mercado e a elaboração de políticas públicas na área foram alguns dos temas debatidos no evento, que contou com a participação de representantes de instituições do primeiro, segundo e terceiro setor.
De acordo com Renata Mellão, diretora geral do museu A CASA, “muitos de nós temos indagações a esse respeito e sentimos falta de uma conversa com outros atores. A pergunta que nos fazemos é: onde se encontram as facilidades e dificuldades neste percurso que o objeto realiza, de sua produção à sua comercialização?”.
Na primeira mesa do dia, “Agregando valor ao objeto artesanal: design, certificação e pesquisa etnográfica”, a jornalista Adélia Borges chamou a atenção para a necessidade de se criar um sistema para o artesanato. “Para além das qualidades técnicas e estéticas dos objetos, devemos discutir o sistema que vai suportar sua inserção no mercado nacional e internacional”.
O Analista de Indicação Geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Raul Bittencourt Pedreira, por sua vez, ressaltou a importância de certificados de propriedade intelectual como ferramenta para proteger o saber-fazer local. “[Com a Indicação Geográfica] o nome do lugar de origem de determinado produto torna-se propriedade daquela coletividade”.
A inclusão social pela perspectiva da cultura e a atualização de conceitos no campo do folclore e da cultura popular foram tema da palestra de Cláudia Márcia Ferreira, Diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do IPHAN. “A sociedade brasileira ainda atua com um conceito europeizante de cultura, onde o discurso da diversidade passa muito pelo exótico e pouco pelo reconhecimento de que aqui está, efetivamente, a nossa brasilidade”.
“A comercialização do objeto artesanal” foi destaque da segunda mesa, que contou com a participação de profissionais que atuam nas mais diversas frentes de mercado: loja, supermercado, brindes corporativos, internet e venda por representantes.
Segundo Miriam Lima, da Rede Asta, “99% dos artesãos com os quais trabalhamos afirmam ter dificuldade de comercializar seus produtos”. Uma das estratégias encontradas pela empresa para contornar esse problema foi a de trabalhar com representantes que apresentam aos clientes os diferenciais do produto artesanal. “Dizemos que as pessoas não estão comprando simplesmente um produto. Há toda uma história por trás”.
Ricardo Pedroso, idealizador do Projeto Terra, chamou a atenção para a importância de ser rigoroso na seleção de produtos em termos de design. “No começo, chamávamos Projeto Terra Comércio Solidário. Depois, tiramos o ‘Comércio Solidário’ do nome, porque percebemos que algumas pessoas entravam na loja e saíam se sentindo culpadas por não terem comprado nada. Aí, não voltam mais! Abomino a história de que a pessoa comprou para ‘ajudar os coitadinhos’. Tem que comprar porque o produto é bonito e está com os atributos certos”.
Patrícia Luisa Santana, Coordenadora do Programa Caras do Brasil, do Grupo Pão de Açúcar, contou que o projeto foi criado em 2002 com o objetivo de abrir um canal de comercialização para o pequeno produtor. “Haviam muitos projetos voltados para a capacitação e desenvolvimento de pequenos grupos, mas quando chegávamos para visitá-los, a grande dificuldade era a comercialização”.
Já Andressa Trivelli, da Tekoha Brindes Sustentáveis, afirmou que o problema da comercialização de artesanato, não é mais a inexistência de canais de comercialização. “Há 15 anos, não existia internet. Ligar para uma comunidade, era um problema muito sério. Hoje, isso mudou”.
O comércio pela internet foi o tema da palestra de Jaques Weltman, sócio do Airu. De acordo com ele, o ponto crucial da venda online é o atendimento. “Quanto mais longe o consumidor está do produto, mais inseguro ele fica e, por isso, necessita de mais interações. Somente um atendimento rápido, detalhista e paciente dá segurança a quem está comprando”.
Na terceira e última mesa do dia, o foco foram as “Políticas públicas para o artesanato”. Lizete Prata, Diretora Executiva da Associação Mundaréu, defendeu a ideia de que não existe uma política pública voltada para o artesanato. “O que temos são ações desagregadas, sem lógica entre si. Acho que chegou a hora de nos colocarmos como interlocutores qualificados para construir a viabilidade econômica desses empreendimentos”.
De acordo com Maíra Fontenele Santana, Coordenadora Nacional da Carteira de Projetos de Artesanato do Sebrae, “Para que possamos desenvolver políticas públicas, precisamos, basicamente, de duas coisas: dados do setor e representatividade”. O desafio, segundo ela, é a formação política do artesão. “Formação política não é em quem eu devo votar. Está além disso. Começa pela autoestima, para que, a partir daí, a pessoa se veja como um cidadão, como alguém que merece direitos e possa lutar por eles”.
Com experiência no primeiro, segundo e terceiro setor, Warny Moreira Santana, Superintendente da Sutaco, observou que “É o terceiro setor, junto com as comunidades, que conseguem fazer pressão para que haja uma política pública”. Em suas palavras, “Essa política pública só vai ocorrer a partir do empoderamento das pessoas”.
Encerrando o dia de debates, Renata Mellão, anunciou a formação de uma rede de profissionais que atuam na área, convidando todos os interessados a participar. “Acho que todo mundo vai sair daqui com a cabeça borbulhando e com a vontade de querer fazer alguma coisa. Vamos aproveitar essa onda”.
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A CASA indica
Chita, chitinha, chitão

Em entrevista a Max Fivelinha para o programa "Universo da Moda", Renata Mellão, diretora geral do museu A CASA, fala sobre a história da chita e de sua importância para a cultura e identidade brasileira. Veja aqui.
XIV Fenearte

Com mais de 5 mil expositores distribuídos em uma área de 29 mil m², a 14ª edição da Fenearte espera receber um público superior a 300 mil pessoas e movimentar mais de R$ 40 milhões em negócios. Abertura dia 4/07, às 14h. De segunda a sexta, das 14h às 22h. Sábados e domingos, das 10h às 22h. Até 14/07. Ingressos: R$ 4 a R$ 10. Centro de Convenções de Pernambuco. Av. Professor Andrade Bezerra, s/n. Salgadinho. Olinda-PE. Saiba mais.
Do sertão para o mundo fashion

Em entrevista ao programa Estilo Shots, do canal Arte 1, o artesão Espedito Seleiro apresenta a sua obra e conta a história de como suas sandálias e bolsas de couro se transformaram em artigos de passarela. Veja aqui.
Renda Brasileira

Com curadoria de Renato Imbriosi, a técnica artesanal da renda brasileira é apresentada em exposição que reúne mais de 100 peças coletadas em diferentes pontos do país. De terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingo e feriados, das 10h às 19h30. Até 01/09. Sesc Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1000. Belém. São Paulo-SP. Saiba mais.
Boa
leitura
Espedito Seleiro é um homem simples, interiorano e sem muitos estudos, porém, fez intuitivamente o que está na cartilha de muitos intelectuais das áreas de artes e do design. Atualmente, os produtos que existem na loja de Seleiro são bem diferentes daqueles que existiam na época de seu avô. Em lugar de bainhas de faca, selas para montaria, alforjes, chapéus, há outra linha de produtos bem diversificada, e lá hoje pode-se encontrar bolsas, carteiras, cintos, sapatilhas, pastas, chapéus, porta CD´S, selas e acessórios em geral. Com a metodologia ancestral, Espedito consegue trabalhar em suas peças rústicas em couro legítimo um design inovador, com cores fortes e, ao mesmo tempo, com formas harmoniosas.
Valeska Zuim, Ana Claudia Farias, Maria Silvia Barros de Held e Antonio Takao Kanamaru
Espedito Seleiro: Elementos Figurativos de um Design de Superfície Natural.
Leia o texto na íntegra
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