A CASA - Newsletter #63 - Ano 6 | Agosto de 2013





Newsletter N°63

Agosto de 2013

 

 

Editorial

 

 

Estes são os últimos dias para conferir a terceira edição da TENET - Tecendo na Net. Saiba mais, em Matéria do Mês, sobre a exposição de arte têxtil coordenada por Juan Ojea, Marta Meyer e Renato Imbroisi que reúne 67 artistas, designers, estilistas e artesãos.


Em Entrevista, Miriam Lima fala sobre o trabalho da Rede Asta, negócio social que atua na venda de produtos artesanais por meio de catálogos, comércio eletrônico e brindes corporativos.


Já em Boa Leitura, Lília Diniz aborda a relação entre design e artesanato a partir de uma perspectiva social e histórica.


 


Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

TENET - Tecendo na NET

 


Últimos dias! Coordenada por Juan Ojea, Marta Meyer e Renato Imbroisi, a terceira edição da TENET - Tecendo na Net apresenta trabalhos em arte têxtil que abordam a expressão de emoções, ideias ou sentimentos e, pela primeira vez, conta com a participação de artistas internacionais: Andrea Eimke (Nova Zelândia), Beatriz Oggero (Uruguai) e Maria Eugenia Cordero (Argentina). De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Até 31/08. Saiba mais.

 

 

www.acasa.org.br

 

 

Coleção Jader Almeida

 

 

Coleção virtual reúne peças de mobiliário confeccionadas por Jader Almeida. São cadeiras, mesas, poltronas e bancos produzidos a partir de geometria simples e de traços racionais, sem excessos. Veja aqui.

 

 

Vídeos | Seminário Objeto Brasileiro e Mercado

 

 

Os vídeos apresentam a íntegra dos debates realizados no Seminário Objeto Brasileiro e Mercado, organizado pelo museu A CASA. O evento ocorreu em junho de 2013 e tratou de temas como design, certificação, pesquisa etnográfica, comercialização e políticas públicas para o artesanato. Veja aqui.

 

 

Museu A CASA no YouTube

 

 

Os vídeos do museu A CASA agora estão no YouTube! Acesse o canal e confira o registro de exposições, palestras e entrevistas. Inscrever-se.

 

 

Museu A CASA nas redes sociais

 

 

 

Apoio

 

Entrevista - Miriam Lima

 

"Faltam pessoas capacitadas em vendas para atuar nesse mercado"

 

 

Miriam Lima é coordenadora da Rede Asta em São Paulo.

 

 

O que é e como surgiu a Rede Asta?
A Rede Asta começou, inicialmente, em 2003, com duas empreendedoras – Alice Freitas e Rachel Schettino – no Rio de Janeiro que formaram o Instituto Realice, um projeto de capacitação de grupos produtivos de artesãos. Assim, o instituto começou a fazer a capacitação e a treinar os grupos em gestão, precificação e em design.

 

Elas perceberam que era importante ter um diferencial: era preciso ter um produto artesanal com design. Não com a imposição de como deveriam ser os produtos, mas deixando que o talento e a criatividade viessem deles. Logo no começo elas perceberam a necessidade de comercializar. Então, o primeiro canal de venda que elas criaram foi o dos brindes corporativos – até porque as duas vieram do segundo setor. Três anos depois elas estruturaram a rede e tiveram a ideia de vender produtos sustentáveis pela venda direta com Conselheiras (revendedoras), por meio de catálogos. Assim, criaram a primeira rede de venda direta de produtos sustentáveis. Elas foram pioneiras, aprenderam absolutamente com os erros. E assim a rede foi crescendo, com novas conselheiras-revendedoras que começaram a entrar, criando capilaridade.

 

Como funciona a “Rede Asta para empresas”? Como surgiu a atuação de vocês na venda de brindes corporativos sustentáveis?
Os brindes corporativos surgiram como um canal de vendas. As empreendedoras da Asta começaram com essa ideia através do projeto Mãos Brasil, no Rio, há oito anos. Hoje chamamos de “Rede Asta para empresas”. É onde eu estou bastante focada, principalmente aqui em São Paulo que é um mercado ideal para isso, porque é onde está localizada a grande parte das empresas. Queremos ver o crescimento dessas parcerias porque é algo novo e que vai de encontro com a destinação correta dos resíduos. Brindes as empresas já compram. Por que, então, não comprar um brinde que seja sustentável? A intenção é atuar: no ambiental, lidando de uma maneira correta com o descarte de resíduos; no social, possibilitando que esses 45 grupos possam viver do seu trabalho; e no econômico, estabelecendo uma cadeia transparente e justa no recebimento e na condição dos pedidos desses clientes. As empresas estão em busca de algo novo. Todas as que eu já entrei em contato gostam muito desse trabalho. O caminho é por meio das parcerias, onde todos sejam beneficiados.

 

Atualmente, muitas instituições e profissionais que trabalham com comunidades de artesãos têm encontrado dificuldades na venda dos produtos. O que ocorre? Por que é tão difícil comercializá-los?
Primeiro ponto: vender não é fácil. Eu trabalhei uma boa parte da minha vida profissional com vendas e sempre tive este desafio. Não é pelo fato de ser produto artesanal que é complicado de vender. Tudo é difícil de vender, porque tem todo um caminho a ser percorrido, que é prospecção de clientes, custo, produto adequado, produção, formação de preço, concorrência, entrega e etc. Toda venda trás todas essas coisas juntas que, para atingir o consumidor final ou a empresa, dá muito trabalho. Na minha opinião, faltam pessoas que sejam capacitadas em vendas para atuar neste mercado. A estruturação das comunidades de artesãos é uma condição essencial para que tenham um produto interessante e com design. Após esta etapa, é necessário ter pessoas que entendam de vendas e que busquem os canais de comercialização. Porque, se não, ficamos com o problema da consignação, que não é o ideal para os artesãos que precisam receber pelo seu trabalho no momento da venda, para que possam sobreviver do seu talento.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

 

Matéria do Mês

 

3ª TENET destaca obras que transformam sentimentos em arte têxtil

por Lígia Azevedo

 

 

Transformar em matéria artesanal o que se dá no íntimo do artista, transpor umsentimento para a matéria tecida, bordada ou feltrada. Foi esse o desafio lançado para a mais de 60 artesãos cujos resultados estão expostos na terceira edição da TENET, exposição de arte têxtil aberta até o dia 31 de agosto na sede do museu A CASA.
 
Com coordenação de Juan Ojea, Marta Meyer e Renato Imbroisi, a mostra deste ano reúne 67 artistas, designers, estilistas e artesãos e, pela primeira vez, conta com a presença de nomes internacionais: Andrea Eimke, neozelandesa residente na Polinésia; Beatriz Oggero, uruguaia residente na Bolívia; Maria Eugenia Cordero, argentina que mora em São Paulo; e a inglesa Carlota du Pontavice, professora têxtil na Universidade Andres Bello em Santiago, no Chile.
 
Junto a cada obra, há uma foto do artista que evidencia – por meio de expressão corporal e facial – a emoção que ele quer passar. “O universo das emoções trazidas foi o mais diverso, como também o dos materiais – arame, fio de cabelo, fio de algodão, feltragem, bordados, esculturas com fios de seda e cobre etc. “Limitamos apenas a dimensão dos trabalhos, que deveriam ter no máximo 40x40x40cm”, conta Marta Meyer. “Foi a primeira vez que abordamos um tema mais profundo, e estamos buscando cada vez mais afunilar na curadoria o tema têxtil”, acrescenta.
 
Nascida de um reencontro de artistas pela internet, a TENET já teve duas mostras anteriores, sob os temas das cores branca (2011) e preta (2012). A rede vem naturalmente crescendo e agora seus organizadores buscam patrocínio para poder continuar e ampliar o trabalho, como conta Marta: “Daqui para o futuro a intenção é fazer crescer a rede, tanto no sentido do número de participantes, quanto das nossas ações. Aliada à próxima exposição da TENET, pretendemos fazer um mês de atividades com seminários, workshops, espaço para comercialização. E, além da exposição coletiva anual, a ideia é ter individuais ao longo do ano”.
 
Das Artes Manuais para as Artes Visuais
Os trabalhos reunidos na TENET são exemplo de um campo para a arte têxtil que a aproxima das artes plásticas, no qual as peças se tornam mais do que utilitários, obras de arte. “A tendência de retomada e valorização do artesanal está crescendo muito nas Artes Plásticas. E a arte têxtil em si no Brasil está começando a ser valorizada também como expressão artística, mais do que já era”, observa Marta Meyer.
 
Na história das artes visuais brasileiras esse namoro com a arte têxtil vem de longa data. Já nos anos 60, o baiano Genaro de Carvalho, considerado o fundador da moderna tapeçaria brasileira, deu à tapeçaria um novo status, elevando-a a condição de obra de arte. Entre os anos 60 e 70, destacava-se outro tapeceiro, o paulista Norberto Nicola, que participou de cinco Bienais, teve obras expostas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), na Galeria da O.E.A., em Washington, e no Museu Nacional de Belas Artes do México, e tem hoje algumas de suas obras na coleção do Museu de Houston, nos Estados Unidos.
 
Ernesto Neto e Fernando Marques Penteado estão entre os exemplos contemporâneos de destaque. Na última Bienal de Arte de São Paulo, no ano passado, além da grande retrospectiva da obra de Bispo do Rosário, o carioca radicado em Londres, Alexandre Cunha, e a americana Elaine Reichek foram alguns dos artistas que utilizaram a técnica nos trabalhos expostos.
 
“Mesmo assim, a arte têxtil ainda não tem muito espaço. Tivemos a Bienal como uma amostra, temos outras pequenas galerias e espaços como o Sesc. Mas em quase todas as galerias a primazia da pintura é unanimidade. No resto do mundo essa relação já é mais equilibrada”, explica Marta.

 

 

 

A CASA indica

 

 

Paralela Gift

 

 

Em sua vigésima quarta edição, a feira Paralela Gift mostra as últimas coleções de designers de todo o país. A feira apresenta um painel de diversos produtos nas áreas de alta decoração, design autoral e artesanato contemporâneo. De 14 a 17/08, das 10h às 19h. Dia 18/08, das 10h às 17h. Casa Petra. Av. Aratãs, 1010. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

 

27º Prêmio Design MCB

 

 

Estão abertas as inscrições para o 27º Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira. A premiação recebe criações em oito categorias, sendo uma delas para trabalhos escritos publicados e as outras sete destinadas ao design de produto. Inscrições até 19/08. Saiba mais.

 

 

Revelando São Paulo

 

 

Após as edições regionais “Entre Serras e Águas”, “Vale do Ribeira” e “Vale do Paraíba”, o Festival da Cultura Paulista Tradicional chega à cidade de São Paulo. O evento apresenta a culinária, o artesanato e as manifestações culturais tradicionais de quase 200 municípios paulistas. De 13 a 22/08. Parque Vila Guilherme-Trote. Rua Nadir Dias Figueiredo, s/n, Portaria 1. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

 

Feira MADE

 

 

A Feira de Mercado, Arte e Design reúne um grupo formado por designers, arquitetos, entusiastas, colecionadores e galeristas com o intuito de apoiar a arte, o design e outras áreas convergentes, como arte, fotografia e projetos gráficos. O objetivo da feira é criar um espaço aberto de discussão entre segmentos diferentes para viabilizar a construção de uma ferramenta de competitividade, diferenciação e inclusão. De 15 a 16/08, das 14h às 21h. Dia 17/08, das 12h às 21h. Dia 18/08, das 12h às 20h. Jockey Club. Av. Lineu de Paula Machado, 1173. São Paulo-SP. Saiba mais.

 

 

Histórico Demográfico do Município de São Paulo

 

 

Pelas páginas do Histórico Demográfico, editado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, é possível acompanhar mais de 100 anos de evolução da cidade de São Paulo, por meio de informações censitárias colhidas desde 1872, data do 1º censo demográfico feito no Brasil, até o mais recente, realizado em 2010. Veja aqui.

 

Boa leitura

 

As discussões sobre as relações entre design e artesanato sempre estiveram presentes desde a formação de um pensamento em design, sendo discutidas e postas em questões sob os mais diversos pontos de vista, inclusive o social. O design, como conceito e prática, está implicado historicamente em qualquer fazer artesanal. Quando o design se estabeleceu como disciplina, ele surgiu vinculado aos processos produtivos tradicionais (artesanato) e também aos processos produtivos emergentes (indústria). Mas, segundo Bonsiepe e Fernandez (2008), devido à carência de análise teórica da prática do design, ele foi posto numa posição oposta ao artesanato, o que derivou em uma distinção prática entre produção em série e produção manual.  Essa distinção criada fez do artesão uma mão-de-obra obsoleta, uma vez que perdeu o prestígio de sua função. [...] Na tentativa de lidar com essas contradições da Revolução Industrial vários movimentos foram criados.

 

Lília Diniz
Design e Artesanato: uma Relação Social

 

Leia o texto na íntegra


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