A CASA - Newsletter #67 - Ano 6 | Dezembro de 2013





Newsletter N°67

Dezembro de 2013

 

 

Editorial

 

 

Estamos em mudança! Em 2014, a sede do museu A CASA será transferida para um novo endereço. Durante esse período de transição, o espaço de exposições estará fechado à visitação do público. Acompanhe o museu virtual a as redes sociais para saber mais informações sobre a inauguração da nova sede.

 

Estes são os últimos dias para conferir a exposição “Boa Noite, Ilha do Ferro”, resultado do trabalho desenvolvido pelo museu A CASA em parceria com Paula Ferber, que promoveu o encontro entre artesãs de Ilha do Ferro (AL) e o designer Renato Imbroisi. Conheça o projeto em Matéria do MÊS.

 

Em Entrevista, a designer Etel Carmona fala sobre a sua trajetória e seu trabalho na ETEL Interiores, loja em São Paulo que fabrica e comercializa peças de grandes nomes do design brasileiro. Já em A CASA indica, confira uma seleção de produtos artesanais que são excelentes opções para as compras de final de ano. Boas festas!

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

Boa Noite, Ilha do Ferro

 


Exposição reúne produtos de artesãs da Cooperativa Art-Ilha, de Ilha do Ferro (AL), criados em parceria com o designer e tecelão Renato Imbroisi. As peças foram elaboradas em oficinas de criatividade que introduziram diversas cores e tecidos na nova linha de produtos desenvolvida. O projeto é uma realização de A CASA em parceira com Paula Ferber. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 12h às 16h. Até 18/12. Saiba mais.

 

 

Boas festas

 

 

Por conta das festas de final de ano e da mudança para a nova sede, o museu A CASA estará fechado à visitação do público a partir do dia 20/12. Durante esse período de recesso temporário, aproveite para navegar pelo site e confira as exposições, coleções e acervo do nosso museu virtual . Desejamos a todos um feliz 2014!

 

 

www.acasa.org.br

 

 

Coleção SATORILAB “A Infância em Jogo”

 

 

Coleção virtual apresenta brinquedos produzidos a partir de resíduos industriais de empresas como Adidas, Natura e Chilli Beans. As peças foram criadas entre 2007 e 2013 por estudantes de design e arquitetura da Argentina, Brasil, Chile e Colômbia. Veja aqui.


Museu A CASA nas redes sociais

 

 

 

 

Apoio

 

 

Entrevista - Etel Carmona

 

“Hoje, a madeira é tão preciosa quanto o ouro ou o diamante”

 

Etel Carmona é designer e fundadora da ETEL Interiores

 

O que é design?
É uma questão difícil. Para mim, uma peça deve ter um bom desenho e ser bem elaborada. Quando vou desenhar um objeto, sempre penso na beleza, na funcionalidade e na qualidade. Uma peça precisa ter qualidade. Uma peça tem que ser bela, porque o primeiro sentido humano é o olhar. A beleza de um produto é o que chama a atenção do observador num primeiro momento. Podemos até criar uma peça diferente, que apresente formas não usuais, mas ela deve ser bonita e precisa ter funcionalidade. Gosto muito da coisa lúdica também, então toda peça que eu faço sempre tem uma surpresa. Em resumo, acho que design é isso: é esse conjunto de atributos reunidos numa única peça.

 

A ETEL foi uma das primeiras empresas moveleiras do Brasil a conquistar a certificação do FSC (Forest Stewardship Council). Qual a importância e os impactos da aquisição desse certificado para o trabalho da empresa?
Para mim, a aquisição desse certificado foi muito importante porque veio ao encontro da minha filosofia. Quando eu soube que isso existia, me surpreendi. Fui levada para conhecer o projeto e fiquei super impressionada porque, até hoje, não existe outra forma de se preservar a floresta a não ser pelo manejo. Dessa forma, é importante divulgar esses projetos e iniciativas para todos os tipos de pessoa. A minha dica é que quando forem comprar madeira, perguntem a origem e vejam se ela é certificada.

 

Qual a importância de se ter um cuidado especial com a madeira?
Hoje, a madeira é tão preciosa quanto o ouro ou o diamante por causa da devastação que o homem está fazendo na natureza. Se continuarmos do jeito que estamos, daqui a pouco a madeira não existirá mais. A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e, se nós humanos a destruirmos, sofreremos grandes consequências. Hoje em dia nós já estamos assistindo e vivenciando as mudanças climáticas. Eu sempre comento com meus clientes que, antigamente, nossos pais pensavam o que deixar para os filhos em termos de patrimônio, casas ou dinheiro. Hoje, você tem que pensar no planeta e no mundo que você vai deixar para os seus filhos.

 

Como você enxerga a parceria entre designers e comunidades de artesãos?
Pela minha trajetória, vejo que existe uma sinergia enorme entre artesãos e designers. Trabalho com 130 artesãos e a interação deles com os designers sempre foi muito boa. O designer, o criador, precisa do artesão para materializar as suas ideias. Eu não seria nada sem o Moacir, um mestre que trabalha comigo desde o início. Eu tinha o conhecimento da criação, do desenho, mas não sabia como fazer, como tornar aquilo real, material. Um não vive sem o outro. Um complementa o trabalho do outro.

 

Os produtos que trazem a marca ETEL são considerados hoje como a alta costura do mobiliário brasileiro. Em sua opinião, o que ocasionou esse grande reconhecimento nacional e internacional dos produtos confeccionados pela ETEL?
Acho que são vários fatores. Primeiro, a construção, dado que é algo que quase não existe mais no mundo. Hoje é tudo industrializado, fica tudo com a mesma carinha, massificada. Quase ninguém usa mais a madeira sólida. Usa-se MDF, enfim, só folhado. Aqui, na ETEL, nós usamos madeira maciça. Toda a construção é feita à mão. Nossos produtos também apresentam uma qualidade diferenciada. Queremos que um móvel feito hoje, daqui a quinhentos anos ainda continue impecável. Nós também temos muita seriedade, sempre nos preocupando com o DNA, com o certificado de origem. Isso, no mercado externo, é muito valorizado. Pela seriedade e pelo compromisso assumido, a marca foi sendo construída por meio do trabalho, e não através de marketing. Estamos sempre inovando, criando e mostrando qualidade para o mercado.

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

Matéria do Mês

 

 

Boa Noite, Ilha do Ferro

por Laura Bing

 

Maria sem vergonha, bom dia, boa noite, beijo da mulata... São nomes tão sugestivos que daria até pra fazer poesia. Em Alagoas, essa flor, cuja nomenclatura científica é Catharanthus roseus, não é guardada em jardins, saudações, versos ou beijos, mas bordada em tecidos de linho, inspirando as artesãs da Cooperativa Art-Ilha, do povoado de Ilha do Ferro.

Ilha do Ferro está localizado no município de Pão de Açúcar, às margens do rio São Francisco. O bordado boa noite nasceu a partir de uma releitura do bordado rendendê, técnica trazida por portuguesas na época colonial que consistia em desfiar o tecido e costurar desenhos geométricos. Dizem que foi Dona Ernestina, já falecida, quem resgatou a memória do bordado para Ilha do Ferro quando chegou de Mato da Onça, um povoado vizinho, em 1945.

Em uma conversa com as bordadeiras Rejania Souza Rodrigues e a Nadjane Nunes da Silva, levada em meio de risadas e frases recheadas de sotaque alagoano, elas contaram como iniciaram as atividades no bordado. “Aprendi a bordar com a minha mãe quando eu tinha 9 anos de idade. Eu bordava um pouquinho e ia brincar, depois voltava a bordar mais um pouquinho”, lembra Rejania. Nadjane também aprendeu a bordar quando era criança, com sua mãe, como é tradicional no povoado. Ambas garantem que suas filhas também sabem fazer o bordado, assim como muitos homens do vilarejo, mas estes preferem se dedicar às outras atividades como a pesca, a agricultura e o artesanato em madeira.

Em maio de 2012, a partir da parceria entre o museu A CASA e a marca Paula Ferber, o designer e tecelão Renato Imbroisi foi convidado para elaborar oficinas de criatividade e desenvolvimento de novos produtos para impulsionar as vendas dos bordados.

Desde então, foram diversas as viagens a Ilha do Ferro e muitas as trocas entre designer e artesãs. A técnica do bordado, que antes era realizada em tecidos lisos, agora é feita também em tecidos estampados, com linhas coloridas e novos desenhos como barquinhos, peixes e janelas, uma inspiração do cenário natural da região. “Lá em Ilha do Ferro tem um ambiente incrível! Os barquinhos do rio São Francisco, as casinhas da cidade... Então sugerimos que as bordadeiras começassem a bordar o cotidiano delas, algo que até então não faziam. No começo foi muito difícil, mas depois elas foram se entusiasmando com o resultado”, conta Renato Imbroisi.

A produção do bordado pode variar de acordo com a peça, desenho e variedade de cores. Nenhuma parte do bordado, porém, é feita à máquina. Com isso, uma peça pode levar de semanas a meses para ser concluída.

O resultado deste trabalho desenvolvido pelas artesãs da Cooperativa Art-Ilha em parceria com o designer Renato Imbroisi pode ser conferido na exposição "Boa Noite, Ilha do Ferro", até o dia 18 de dezembro no museu A CASA.

 

Exposição: Boa Noite, Ilha do Ferro
Visitação: de 28 de novembro a 18 dezembro de 2013
De seg a sex, das 10h às 19h. Sáb, das 12h às 16h
Local: A CASA museu do objeto brasileiro
Rua Cunha Gago, 807 | Pinheiros | São Paulo SP
Entrada Franca
Mais informações: T + 11 3814 9711 | www.acasa.org.br

 

 

A CASA indica

 

 

Gamão

 

 

Produzido pelo grupo Nós do Ponto Chic, o jogo de gamão é feito a partir do reaproveitamento de malotes bancários. O grupo produtivo surgiu no bairro Ponto Chic, em Nova Iguaçú (RJ), onde há três anos se especializou na criação de peças com esse tipo de material. O produto custa R$99,90 e pode ser adquirido no site da Rede Asta. Saiba mais.

 

 

Blocos Café com Açúcar

 

 

Desenvolvido com exclusividade pelo Projeto Terra, os blocos da linha "Café com Açúcar" foram feitos com a utilização de materiais sustentáveis: a capa e fundo são confeccionados a partir do reaproveitamento de madeiras oriundas de árvores de café; a lateral recebe uma tira feita de couro vegetal ou de tecido; e o miolo é constituído de folhas de papel produzidas a partir do reaproveitamento de bagaço de cana. Os blocos podem ser adquiridos na loja Projeto Terra, em São Paulo, por R$19,90. Projeto Terra. Rua Harmonia, 150, loja 4. Vila Madalena. São Paulo-SP. Telefone: 11 3034 3550. Saiba mais.

 

 

Sandálias de Látex

 

 

Confeccionadas artesanalmente através da extração de látex de seringueiras do Acre, as sandálias são confortáveis, resistentes e apresentam grande diversidade de cores e modelos. O par das sandálias custa R$125 (adulto), R$75 (infantil) e R$55 (bebê). O produto pode ser adquirido na loja Feira Moderna, em São Paulo. Feira Moderna. Rua Coronel Botelho, 91. Vila Leopoldina. São Paulo-SP. Telefone: 11 3812 7431. Saiba mais.

 

 

Jarro de Palha de Capim Dourado

 

 

Com sede no estado de Tocantins, a Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros  utiliza o capim dourado para a confecção de colares, bolsas e utensílios domésticos. O jarro pode ser adquirido na loja Ponto Solidário, em São Paulo, por R$95. Ponto Solidário. Rua José Maria Lisboa, 838. Jardins. São Paulo-SP. Telefone: 11 5522 4400. Saiba mais.

 

 

 

 

Boa leitura

 

 

Tendo em mente a relação, por muitas vezes conflituosa, entre design e artesanato, voltamos nosso olhar para uma tendência que tem sido observada: a aproximação entre os dois campos na busca de aliar aos produtos do vestuário/moda elementos que remetam ao exclusivo, ao feito à mão, através de trabalhos de intervenção tais como bordados manuais, tecidos artesanais e demais elementos que enriquecem as produções de moda e vice-versa. A escrita desse artigo constitui-se em um exercício de discussão que tem como viés o caminhar por entre a(s) linha(s) que liga(m) tantos extremos.

 

Adair Marques Filho, Gisele Costa Ferreira da Silva e Quéfren Crillanovick

 

Design e artesanato: entrelaçamentos conceituais sobre processos de criação na produção de vestuário/moda

 

Leia o texto na íntegra


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