Editorial
Está no ar o novo site do museu A CASA! Além do projeto gráfico mais dinâmico e com ênfase no conteúdo fotográfico, o site apresenta novos recursos que facilitarão a navegação e pesquisa dos usuários. Saiba quais são as principais mudanças em Matéria do Mês.
Em Entrevista, Mayumi Ito, idealizadora da marca amaria, fala sobre a sua atuação no Brasil e no Japão em projetos que visam a promoção e valorização de objetos produzidos artesanalmente.
Já em Boa Leitura, confira o artigo de Carlos Oliveira e Alípio Neto sobre a comercialização do artesanato nordestino em mercados internacionais.
Acontece
no
museu A CASA
Pedroso de Morais, 1216
Girando o acervo III

A CASA apresenta uma seleção de peças do seu acervo. A bolsa de couro de Espedito Seleiro, a luminária Cristal de Luz da Coopa Roca e a almofada com o bordado Boa Noite da Ilha do Ferro são alguns dos destaques. De 08/04 a 09/05. De segunda a sexta, das 10h às 19h. A CASA – Anexo. Saiba mais.
4° Prêmio Objeto Brasileiro

Estão abertas as inscrições do 4º Prêmio Objeto Brasileiro, que irá destacar projetos que promovem o encontro entre design e artesanato em quatro categorias: Objeto de Produção Autoral, Objeto de Produção Coletiva, Ação Socioambiental e Textos. Os prêmios variam de R$ 1.500,00 a R$ 10.000,00. Acesse o regulamento e inscreva-se aqui.
www.acasa.org.br
Novo site - A CASA

O site do museu A CASA foi reformulado e está repleto de novidades! Confira.
Coleção Branco & Preto

Coleção virtual apresenta peças desenvolvidas pela marca Branco & Preto, composta pelos designers Carlos Millan, Jacob Tuchti, Miguel Forte, Plinio Croce e Roberto Aflalo. São mesas, cadeiras, poltronas e sofás produzidos com a utilização de matéria-prima nacional. Veja aqui.
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Entrevista - Mayumi Ito
"A peça reflete toda a somatória da disciplina, da perseverança, da fé e da criação do artesão"
Mayumi Ito é idealizadora da marca amaria.

Em 1994, você desenvolveu o Projeto 1+1, em que designers japoneses vieram ao Brasil e artesãos brasileiros foram ao Japão. Qual a importância de intercâmbios como esse?
Esse projeto buscava promover o intercâmbio Brasil-Japão entre designers da área de moda, design gráfico e outros profissionais que trabalhassem com as mãos. O objetivo era: para cada tema e projeto, montar um estilo de apresentação, de exposição, workshop, palestra e viagem de pesquisa entre os designers de lá e de cá. O intuito era promover a troca de experiências, informação técnica, conhecimento e valor. Um exemplo singular foi o encontro do designer de papel artesanal, Naoaki Sakamoto, com os índios Ticuna, em Amazonas. Nessa ocasião, o designer japonês auxiliou os índios no reaproveitamento total do que eles estavam jogando fora; e o Raimundo, da tribo Ticuna, foi para o Japão, na Embaixada do Brasil em Tóquio, e fez uma exposição e workshop, explicando todo o processo e a cultura indígena.
Em 2003, você fundou a amaria, uma marca de roupa exclusiva que trabalha com artesãos da região de Muzambinho, no sudoeste de Minas Gerais. Como surgiu esse projeto?
Esse projeto começou durante uma viagem que fiz ao sul do Brasil. Fui para o Rio Grande do Sul, para a Semana de Arte Têxtil (organizada pela Rita Webster), e havia uma palestrante que era de Muzambinho, da tecelagem manual Via Roça. Durante o tour pela serra gaúcha, essa palestrante e eu dividimos o mesmo quarto e conversamos bastante. Depois de contar o que eu gostaria de fazer, ela me convidou para conhecer Muzambinho. Aceitei o convite, fiquei uma semana na empresa têxtil dela e adorei. Me envolvi com essa tecelagem, onde começamos a produzir tecidos delicados feitos com os fios finíssimos de seda, de algodão e tingimento natural. O projeto já dura a mais de 10 anos.
Nas peças produzidas pela amaria, galhos, folhas, sementes e borra do pó de café são utilizados no processo de tingimento dos tecidos. Como e quando vocês passaram a utilizar essa técnica?
Muzambinho é uma região cafeicultora. Quando fui morar lá, percebi que a maioria das pessoas trabalhava na colheita de café, inclusive as artesãs. Quando chegava a época da colheita, todos paravam os serviços secundários e iam para zona rural. Nesse meio, percebi que existiam muitos materiais que eles jogavam fora. Havia um descarte significativo de galhos, folhas e sementes.
Então, num determinado dia, perguntei para uma doceira da região: “Santa Maria, você faz doces no tacho. Dá para você fazer um caldo com tudo o que o seu marido joga fora da colheita? Dá pra fazer um líquido para tingirmos um fio de algodão?”. Ela disse “Vamos tentar”. E a história começou assim. Como havia materiais em abundância, resolvemos aproveitar. Desde então os fios tingidos com café e outros pigmentos vegetais fazem parte da coleção amaria. E com ajuda da Hisako Kawakami, uma especialista em tingimento natural, começamos a utilizar outros materiais também, como cajueiro, romanzeira, urucum e açafrão.
Como você enxerga a parceria entre designers e comunidades de artesãos?
O relacionamento entre o designer e o artesão precisa ser construído com paciência e persistência. Cada um deve se preocupar em entender o outro. Deve haver uma sintonia de dedicação, compreensão mútua, troca de conhecimento e abertura para novas situações. Essa relação é um processo delicado e que requer investimento de tempo e dinheiro para obtenção de resultados satisfatórios em longo prazo. Comercialmente, esse relacionamento é muito difícil, mas a importância está exatamente nessa dificuldade. É necessário encontrar o equilíbrio, respeitar o estágio e valorizar a escala individual para o brotamento da criação e da produção.
Através da experiência que você obteve no exterior, como você avalia a presença do design brasileiro no cenário internacional?
Pela minha experiência no Japão e no Brasil, vejo que se você faz um trabalho com paixão, com vontade e com esmero, o produto vai brilhar. A peça reflete toda uma somatória da disciplina, da perseverança, da fé e da criação do artesão. E o brasileiro tem isso. O coração pulsa através das mãos do artesão e essa energia fica impregnada na peça. Assim, quando eu levava os produtos do Brasil para o Japão, através do Projeto 1+1, sabia que, tecnicamente, o objeto poderia ser questionável, mas a criação era inusitada, a identidade, o coração e o suor do artista estavam ali. Agregado a isso, temos a tecnologia. Está havendo um aperfeiçoamento técnico no design brasileiro na busca de soluções inteligentes e criativas. Por isso, acho que o Brasil tem um futuro brilhante pela frente, porque nosso design representa as duas facetas: a razão e a paixão, a tecnologia com produtos feitos à mão. E as peças dos brasileiros já estão brilhando e pipocando em vários lugares, como Europa e EUA, por exemplo. O resultado aparece naturalmente onde há dedicação e amor pelo que se faz.
Leia entrevista na íntegra
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Matéria do Mês
A CASA lança site com novo layout
por Laura Bing

O ano de 2014 trará muitas mudanças para A CASA museu do objeto brasileiro, começando pela localização: no começo deste ano, mudou-se para a Avenida Pedroso de Morais 1234, A CASA – Anexo, onde funciona a área administrativa, coordenação, comunicação e biblioteca. Ao lado, no número 1216, está a construção da nova sede, que será o local exclusivo para as exposições. Esta é uma realização promissora, porque trará mais visibilidade para atrair novas parcerias e possivelmente consolidar patrocínios.
Mas enquanto a construção da sede não termina, o museu comemora o lançamento de seu site com novo layout. Para a diretora geral do museu, Renata Mellão: “Já que vamos mudar de sede, por que não repensar o museu virtual? Foi um casamento de oportunidades”. Portanto essas mudanças que acontecem no museu são reflexos das adaptações ao longo de 16 anos, desde que a instituição nasceu.
De acordo com Jaine Silva, coordenadora executiva do museu, o site continua com a mesma função de ser um banco de pesquisa para estudantes e outros interessados na arte brasileira artesanal. O museu faz questão de não se limitar em compartilhar seu acervo e exposições apenas com os que residem ou visitam a capital paulista. Portanto, o museu virtual vem para cessar as distâncias e alimentar os olhos dos visitantes virtuais com a riqueza de registros fotográficos de peças de artistas renomados. Renata também percebe esta facilidade ao afirmar que: “o site abrevia o tempo em que as pessoas pesquisam e se informam. Isso hoje em dia é muito importante”.
O webmaster Francisco Caserio, responsável pelo desenvolvimento e elaboração do novo layout do site de A CASA, afirma que houve uma revisão que buscasse agradar visualmente o internauta, com ênfase no conteúdo fotográfico e com nova proposta editorial, a fim de tornar mais direto o diálogo do site com seu pesquisador. Do ponto de vista tecnológico, segundo Caserio, “o novo site foi pensado para adaptar-se aos diferentes sistemas operacionais, diferentes navegadores e aparelhos eletrônicos”, com o objetivo de, além de facilitar, democratizar as formas de acesso ao site”.
Outras facilidades do site foram apresentadas, como busca integrada entre acervo, biblioteca e Guia do Objeto Brasileiro, mas mantendo as particularidades de cada umas dessas ferramentas. Além da busca no Guia do Objeto Brasileiro, o recurso visual com apelo ao mapa brasileiro no Google Maps, visa pontuar os artesãos ou cooperativas conforme sua especialidade de matéria prima, localização ou buscas diretas pelo nome.
A CASA busca integrar-se às facilidades da tecnologia, para compartilhar sua missão de provocar intercâmbio de informações e novidades acerca do artesanato contemporâneo.
Acesse o site: www.acasa.org.br
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A CASA indica
Barro e Balaio - Dicionário do Artesanato Popular Brasileiro

Lançamento virtual do novo livro do antropólogo e museólogo Raul Lody. A obra apresenta mais de 1.800 verbetes que mostram a riqueza e a diversidade do artesanato brasileiro. Veja aqui.
Brasil Ofícios e Saberes

A exposição mostra através de vídeos, objetos e fotografias seis bens culturais registrados pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil: Modos de Fazer Bonecas Karajá, Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, Modo de Fazer Viola-de-Cocho, Ofício das Baianas de Acarajé, Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas e Modo de Fazer Renda Irlandesa. De segunda a sábado, das 10h às 20h. Até 14/04. Estação Tatuapé do Metrô. Rua Melo Freire, s/nº (esquina com a Rua Tuiuti). São Paulo-SP. Saiba mais.
Culturas populares e tradicionais e políticas públicas

O universo simbólico das expressões culturais populares e tradicionais foi objeto de propaganda estatal e de exaltação da identidade nacional, sobretudo nos governos populistas e ditatoriais. No entanto, a montagem das estruturas do Estado esteve continuamente associada à exclusão destas formas de cultura e de seus agentes primordiais. O curso, a ser ministrado pelo antropólogo Marcelo Manzatti, abordará essa história e um conjunto de iniciativas recentes que trouxeram novas luzes para a discussão das culturas populares, seus mestres e comunidades. De 22 a 24/04. Terças, quarta e quinta, das 14h às 18h. Centro de Pesquisa e Formação - Sesc São Paulo. Rua Pelotas, 141. Vila Mariana. São Paulo-SP. Saiba mais.
Design brasileiro, moderno e contemporâneo

Após passar por Berlim e Lisboa, a exposição traz para o Rio de Janeiro cerca de 80 peças de 16 designers brasileiros do mobiliário. De terça a domingo, das 10h às 21h. Até 04/05. CAIXA Cultural Rio de Janeiro. Av. Almirante Barroso, 25. Centro. Rio de Janeiro-RJ. Saiba mais.
A Sandália de Lampião

Curta-metragem de Adriana Yañes apresenta a história de Espedito Seleiro, artesão do município de Nova Olinda (CE). É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários. Confira os horários e locais de exibição.
Boa
leitura
A internacionalização do artesanato cearense vem se processando, em grande parte, através de turistas que adquirem os produtos e os levam para seus países; outra parte, através de exportações realizadas por intermediários, não artesãos, ou pelo CEART. Este, por sua vez, faz pesquisa de mercado, busca contatos e procura negociações que resultem em acordos duradouros. A deficiência de volume de produção é vista como uma barreira à exportação do artesanato, uma vez que a demanda do importador estrangeiro ocorre por maiores quantidades de um mesmo produto, com o mesmo padrão e menores prazos de entrega.
Carlos Flaviano de Oliveira e Alípio Ramos Veiga Neto
A negociação do artesanato nordestino nos mercados internacionais
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