Editorial
Entre os dias 24 e 28 de novembro de 2014, ocorreu em Belém (PA) o 6º Fórum Nacional de Museus. Em Matéria do Mês, saiba mais sobre as atividades desenvolvidas no evento e as novidades do setor museal.
Na seção A CASA indica, não deixe de conferir a seleção de produtos artesanais realizada por Dodora Guimarães, Durcelice Mascene, Renato Imbroisi, Tania Machado e Tina. As peças, que representam cada uma das regiões geográficas do Brasil, são excelentes opções para as compras de final de ano.
Acontece
no
museu A CASA
Pedroso de Morais, 1216/1234
Feliz 2015!

Por conta das festas de final de ano, a exposição de f.marquespenteado fechará apenas nos dias 24, 25 e 31 de dezembro de 2014 e no dia 01 de janeiro de 2015. Porém, A CASA - Anexo estará fechada entre os dias 20 de dezembro de 2014 e 04 de janeiro de 2015, retomando as atividades no dia 05. Aproveitamos para desejar a todos um feliz 2015!
Exposição Sentido Figurado

Na mostra, o artista f.marquespenteado exibe quatro séries de trabalhos inéditos: "Esculturas Reticuladas", "Mandalas Disfuncionais", "Florais Rajados" e "Arranjos Premiados". De terça a domingo, das 11h às 19h. Até 13/02. Saiba mais.
Novo horário de funcionamento
A partir do dia 09/12, a sede do museu A CASA funcionará de terça a domingo, das 11h às 19h. Contudo, o horário de A CASA - Anexo não sofrerá alterações: permanece de segunda a sexta, das 10h às 19h.
Faça seu evento com a gente

A CASA disponibiliza espaços de locação para eventos, para uso como auditório (capacidade para 120 pessoas sentadas), exposições ou coqueteis. Ligue para (11) 3814 9711 ou envie um e-mail para eventos@acasa.org.br.
A CASA - Anexo
4° Prêmio Objeto Brasileiro

Exposição apresenta os objetos e projetos vencedores e os de maior destaque do 4° Prêmio Objeto Brasileiro. De segunda a sexta, das 10h às 19h. A CASA - Anexo. Até 30/01. Saiba mais.
www.acasa.org.br
Vídeo - A Vida Social dos Objetos

Com participação de Camila Belchior, Cristiane Mesquita, Décio Hernandez Di Giorgi, Fernando Marques Penteado, Marcio Harum e Renata Mellão, a mesa de encontro e conversa discutiu, a partir de diferentes olhares, temáticas relacionadas à tríade objeto-arte-artesanato no contexto brasileiro contemporâneo. Veja aqui.
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Entrevista - Indrasen Vencatachelum
“O artesanato é um componente essencial do legado cultural intangível de um país”
Indrasen Vencatachelum é coordenador da RIDA (Rede Internacional para o Desenvolvimento do Artesanato) e, de 1988 a 2008, foi diretor do Programa da UNESCO para a Promoção do Artesanato e Design.
Como você vê a relação entre design e artesanato?
A questão da intervenção do design no artesanato é controversa e complexa, além de dar lugar tanto a muitas preocupações como a muitas esperanças, dependendo de como vemos o copo: meio cheio ou meio vazio. Reconhecendo a importância dessa questão em todo o mundo, tomei a iniciativa, em 2005, de preparar e editar um guia prático intitulado "Designers encontram Artesãos", feito em colaboração com a ONG "Craft Revival Trust" (Índia) e "Artesanias de Colombia". Na "aldeia global" de nossos dias, o artesão, paradoxalmente, está cada vez mais desconectado dos gostos e necessidades do consumidor. Com a ampliação dos mercados e o crescimento espetacular do turismo, o contato pessoal direto entre quem faz e quem usa foi abolido. Daí a preocupação, manifestada pelos promotores de artesanato e por outras organizações em todas as fronteiras geográficas, de uma maior aproximação entre designers e artesãos. No entanto, se a intervenção do design no artesanato é muito bem vista por alguns, sendo vista como uma oportunidade, com frequência também é vista por outros como uma ameaça. A redução do papel do artesão a um mero produtor e a falta de referência ao contexto cultural, nos produtos projetados para um mercado estranho, volátil, são algumas das questões levantadas. Sem ser excessivamente otimista, sustento que a resposta que damos a essas perguntas é positiva. Enquanto os artesãos se veem presos numa posição ambígua, pressionados a ajustar-se às demandas do mercado e ao mesmo tempo encorajados a permanecerem fiéis às suas tradições mais antigas, os designers podem tornar-se parceiros na preservação, desenvolvimento e comercialização do artesanato, desde que exista uma visão compartilhada e um espírito de respeito mútuo. Definitivamente, não há razão para que o artesanato deva ser separado do campo mais animado do design. Ao invés de se olharem uns aos outros com suspeita, acredito que as organizações de artesanato deveriam se unir às organizações de design, em uma aliança de grande benefício para os artesãos em todo o mundo.
A UNESCO produziu em 2004 um documento intitulado "Índice de Artesanato/Turismo". Como você vê a relação entre turismo e artesanato?
Como no caso do design, a relação entre turismo e artesanato pode ser considerada em termos positivos ou negativos. Segundo essa abordagem, o turismo pode ser qualificado no melhor dos casos como o "anjo" que traz uma fonte de renda para o artesão ou, no pior dos casos, o "demônio" que destrói a criatividade e o patrimônio cultural desses artesãos. Acredito que uma abordagem mais objetiva e realista seja necessária, levando em conta as perspectivas do artesanato segundo as tendências atuais do setor do turismo e a necessidade de proteger a integridade e o interesse dos produtores de artesanato. Nesse ponto, é interessante observar aqui o resultado direto da globalização: uma vez que todo tipo de artesanato hoje em dia se encontra disponível em todos os mercados, os turistas procuram artigos autênticos e originais e querem saber onde foram feitos. Daí a necessidade de uma maior distinção entre as compras feitas por turistas como presentes a serem dados sem maior autenticidade (camisetas, canecas, chaveiros) e os artigos levados como uma lembrança eterna da viagem. Querem "souvenirs" que reflitam a essência do local visitado. Os artesãos estão numa posição privilegiada para proporcionar essa essência, se puderem oferecer artigos exclusivos, singulares, de alta qualidade e a preços competitivos.
Em 2010 você fez a seguinte afirmação para um jornal de Porto Rico: "os objetos artesanais constituem de fato a imagem emblemática de cada país". Como isso é possível?
O artesanato é um componente essencial do legado cultural intangível de um país e é ao mesmo tempo uma das indústrias de maior dinamismo cultural e criativo do século XXI. Além desses elementos comuns, os produtos artesanais refletem outros mais específicos: a identidade, a criatividade e a expressão cultural de uma comunidade, de um grupo ou de um individuo.
Você poderia dar exemplos da "imagem emblemática" de alguns países?
Há tantos exemplos quantos países no mundo! Porém posso dar uma lista curta dos diferentes continentes: a tecelagem única, singular e intricada das comunidades indígenas de Tarrabuco na Bolívia; o mola, painel colorido de tecido feito à mão no Panamá; os cristais da Bohemia produzidos nessa região da República Checa; as esculturas de ferro “Croix de Bouquets” e os acessórios decorativos, feitos a partir dos barris de petróleo tradicionais, em uma pequena cidade na periferia de Port au Prince, no Haiti; os Huilipil, vestes tradicionais feitas em tear no México; as elegantes Cestas da Paz, feitas pelos Hutsi e Tutu, hoje um símbolo internacional do poder de cura da cestaria em Ruanda; as roupas tradicionais do povo Yoruba, na Nigéria, que usam métodos de tingimento muito próprios; as tradicionais bonecas de feltro, feitas à mão no Quirguistão; e os aros reversíveis dos brincos de prata, que refletem a refinada elegância da joalheria tradicional da Argélia.
Leia entrevista na íntegra
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Matéria do Mês
Museu A CASA participa do 6º Fórum Nacional de Museus em Belém, Pará
por Agda Sardinha
O Museu A CASA participou neste ano do 6º Fórum Nacional de Museus – FNM, que ocorreu na cidade de Belém, PA, entre os dias 24 e 28 de novembro. A Matéria do Mês traz um balanço das atividades do evento, bem como as novidades do setor museal.
O Fórum Nacional de Museus é um evento bienal, de abrangência nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus – Ibram, com o objetivo de refletir, avaliar e delinear diretrizes para a Política Nacional de Museus – PNM e consolidar as bases para a implantação de um modelo de gestão integrada dos museus brasileiros, representado pelo Sistema Brasileiro de Museus – SBM.
Em sua 6ª edição, o FNM contou com a parceria da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura para abordar o tema Museus Criativos por meio de conferências, painéis, minicursos, apresentações de comunicações coordenadas, grupos de trabalho temáticos, reuniões de redes e de sistemas de museus. Paralelamente às atividades do FNM ocorreram também a Teia da Memória, o Encontro Nacional dos Pontos de Memória e iniciativas de memória e museologia social do Brasil, a revisão do Plano Nacional Setorial de Museus – PNSM e o encontro do Programa Nacional de Educação Museal – PNEM.
A abertura do evento contou com a presença da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, paraense nascida na Ilha de Marajó, que destacou a importância da realização da primeira edição do evento na região Norte do país, uma demanda antiga dos gestores culturais e museólogos da Amazônia.
Com a finalização das atividades, o evento trouxe resultados positivos para o campo museal, bem como novas diretrizes:
- Carta de Belém: elaborada pelos participantes do PNEM, estabelece os princípios norteadores da Política Nacional de Educação Museal e solicita um novo encontro nacional para o segundo semestre de 2015.
- Revisão do Plano Nacional Setorial de Museus: o PNSM passou por sua primeira revisão realizada pelos participantes do FNM que se reuniram em oito grupos de trabalho para elaborar indicadores sobre as diretrizes do Plano. Os resultados dos GTs foram apresentados e aprovados pelos participantes no encerramento do Fórum.
- Cadastro Nacional de Museus – CNM: lançado em 2006, o CNM é uma ferramenta de busca de museus (por nome, unidade da federação, município, natureza administrativa e tipologia de acervo), bem como de quantificação do número de museus por região. Durante o FNM foram distribuídos cadernos de divulgação do questionário da primeira Pesquisa Anual de Museus, que servirá como aporte para a nova base de dados do CNM. Essa pesquisa visa contribuir para a construção de um diagnóstico do campo museal e subsidiar o planejamento de políticas públicas nesse setor. A Pesquisa Anual de Museus 2014 está disponível até o dia 12 de dezembro de 2014.
- Contagem de Público: a partir da base de dados do Cadastro Nacional de Museus será realizada a convocação para o envio da contagem de públicos das instituições museológicas. De acordo com a Resolução Normativa nº 3, publicada no dia 21 de novembro de 2014, os museus brasileiros terão a obrigatoriedade de informar o quantitativo anual de visitação ao órgão federal. Essa resolução estabelece que todos os museus brasileiros – públicos e privados – deverão preencher o questionário no qual serão informados dados básicos sobre cada instituição, o total de visitantes no ano de referência (ano anterior à coleta de dados) e a técnica utilizada para a contagem de público. Durante o FNM, o Ibram realizou uma campanha destacando a importância do levantamento quantitativo anual de visitação, que pode ser conferida nesse vídeo explicativo: Museus & Públicos: Contagem. O questionário estará disponível a partir de 2 de fevereiro de 2015, no portal do Ibram.
O próximo Fórum será sediado em 2016 no Rio Grande do Sul - o estado ganhou de São Paulo por meio de uma seleção por votação realizada pelos participantes do evento.
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A CASA indica
Região Norte | Jogo de Porta Copos
Indicação de Durcelice Mascene

Desenvolvido pelo artesão Guilherme Augusto, de Belém (PA), o jogo de porta copos possui sete opções de formatos (entre 8 e 15 centímetros) e é confeccionado com resíduos de madeiras da região amazônica que apresentam tons variados. O produto custa R$65,00 e pode ser adquirido na loja AYTY – Embalagens da Amazônia (Av. Senador Lemos, 1289. Umarizal. Belém - PA). Encomendas podem ser efetuadas através de e-mail.
Região Nordeste | Quadro “Festa Junina”
Indicação de Dodora Guimarães

Confeccionado artesanalmente pela artesã Maria de Lourdes Cândido Monteiro, que recebeu o título de Mestre da Cultura pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará em 2004, o quadro representa uma festa junina, com fogueira de São João e alguns dos brincantes vestidos de "matutos"(pessoas que vivem no campo). A peça, que é tridimensional e produzida com argila, custa R$90,00 e pode ser adquirida na Central de Artesanato do Ceará - CEART (Av. Santos Dummont, 1589. Praça Luiza Távora. Aldeota. Fortaleza - CE).
Região Centro Oeste | Carteira Porta Documento
Indicação de Renato Imbroisi

A Associação de Mulheres Organizadas Reciclando o Peixe (Amor Peixe) foi fundada em 2003 com o objetivo de gerar trabalho e renda para o pescador e suas famílias. Em um processo artesanal, a pele de peixe é transformada em couro e perde o seu odor característico, resultando na elaboração de bolsas e carteiras. Fechada, a carteira porta documento possui 11 cm de altura e 20 cm de largura. A peça custa R$65,00 e pode ser adquirida por meio de encomendas pelo telefone (67) 3232-2325.
Região Sudeste | Mesa Ivone
Indicação de Tania Machado

Produzida pelo designer Leonardo Bueno, de Maria da Fé, cidade do sul de Minas Gerais, a mesa possui pés de ferro e o tampo é elaborado com madeira ecologicamente correta, descartada anteriormente como resíduo. O produto pode ser utilizado como mesas laterais e de centro. A peça custa R$484,00 e pode ser adquirida no ateliê do designer (Rodovia Maria da Fé - Cristina, 55. Lage. CEP: 37517-000. Maria da Fé-MG) e em lojas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Clique aqui e confira os pontos de venda.
Região Sul | Cesta Desengonçada
Indicação de Maria Cristina de Azevedo Moura (Tina)

Com sede em Bento Gonçalves (RS), o grupo Cantina Benta, formado por 33 artesãos, utiliza a reinterpretação de técnicas tradicionais como bordado, croché e cestaria para produzir bancos, luminárias, cestas e outros objetos de decoração. A cesta, que custa R$94,00, pode ser adquirida por meio de encomendas pelo telefone (54) 9147 1316 ou e-mail.
Boa
leitura
Os trabalhos feitos com linhas são tradicionalmente realizados por mulheres. Herança da colonização portuguesa , os bordados, as rendas e os crochês fazem parte da nossa história e também do nosso cotidiano, seja na moda, na decoração ou mesmo como principal atividade econômica de milhares de mulheres que vivem no interior ou na capital. Em todo estado encontramos artigos concebidos com perfeição e inteiramente feitos à mão. Hoje, para a maioria das artesãs, a arte de bordar ou fazer crochê é vivenciada desde a infância. Entre linhas, bastidores e bonecas, a brincadeira logo se mistura com o ofício, deixando de ser um passatempo infantil, para se tornar em meio de vida.
Emanuelle Kelly R. S. Veras
Crochê e Richelieu: Traços Culturais no Design Brasileiro
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