A CASA - Newsletter #08 - Janeiro de 2009
Newsletter N° 08
Janeiro de 2009

 

Editorial

 

O ano começou agitado. Na Cunha Gago, 807, A CASA apresenta uma exposição com a seleção de peças de seu acervo. Já no mundo virtual, o site foi reformulado e ganhou novas áreas. Portanto, aproveite o final das férias para nos fazer duas visitas: uma visita ao museu e uma visita virtual ao nosso site. E não para por aí. Mais novidades estão reservadas para o mês de fevereiro. Aguardem.

 

 


Acontece no
museu A CASA

 

 

Cunha Gago, 807

 

 

 

Girando o acervo


 

Nesse início de ano, A CASA apresenta uma seleção de peças do seu acervo. A chita, um dos destaques da exposição, aparece em vestidos dos estilistas Lino Villaventura e Karlla Girotto e em peças de design gráfico de Iris de Ciommo e Amanda Oliveira. A partir de 26 de janeiro, de segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba mais.

 

 

 

 

O site está de cara nova

 


Visando facilitar a navegação do usuário e apresentar novos conteúdos, a home do site foi reformulada e ficou muito mais dinâmica. Confira.

 

 

Videoteca

 

 

Agora o site conta com uma área especial para os vídeos. Dentre os já publicados, destaque para as entrevistas com Gerson de Oliveira, Kimi Nii e Mercedes Monteiro. Confira.

 


Ação Sócio-ambiental


 

Com o objetivo de destacar as ações sócio-ambientais com foco na produção artesanal, essa nova área reúne diversas ações de norte a sul do país. Veja aqui.

 

 

 


Apoio

 

 

Entrevista - Marta Maria Mendes e Paulo Sérgio Franzosi

 

 

"Os dois agregam valor ao produto, tanto o artesão dizer que o produto tem a participação de um designer, como o designer falar que o produto tem a participação do artesão"

 

Marta Maria Mendes é coordenadora estadual de artesanato do Sebrae-SP e Paulo Sérgio Brito Franzosi é designer e coordenador do programa Sebrae-SP de desgin.

 

 

Um caminho de mão dupla

 

Paulo Sérgio: E aí mais uma coisa de mão dupla que a gente tem. Da mesma forma que um artesão pode pensar “esse meu produto foi feito com a participação da designer ou do designer tal”, o designer pode falar “o meu produto tem a participação da comunidade de artesãos tal”. Então é uma mão dupla muito interessante, os dois agregam valor ao produto, tanto o artesão dizer que o produto tem a participação de um designer, como o designer falar que o produto tem a participação do artesão.

 

Marta: E é um namoro que dá certo. Os artesãos têm um prazer enorme em falar isso! Muitas vezes, eles colocam o nome do designer no produto. Têm “colheres Lars”, “bolsa Fabíola”, “luminária Baba Vacaro”. Quer dizer, é a paixão deles. Não é que o designer falou “olha, vai ser isso”. Não, “é nosso”. Como o produto continua sendo deles, quando eles nomeiam eles dão o nome do designer. É muito bonito.

 

Desmistificação do design e do artesanato

 

Paulo Sérgio: O que a gente vê é que a gente trouxe essa questão do design para deixar para as pessoas. A gente foi buscar uma coisa que era um pouco de elite, o design nas lojas, e desmistificou. Desmistificou a questão da elite, que era na Al. Gabriel Monteiro da Silva e trouxe para o artesanato.

 

Marta: E a gente fez o contrário. A gente desmistificou a história de que o lugar do artesanato é só nas casas de praia e na casa de campo. A gente está falando que o artesanato pode estar na Al. Gabriel Monteiro da Silva! A gente fez o caminho contrário.

 

A importância de vender e de saber vender

 

Paulo Sérgio: Não adianta fazer uma cadeira diferenciada, inovadora, se na hora de eu colocar no mercado não consigo transmitir isso, se eu não consigo fazer uma etiqueta diferenciada, se eu não consigo fazer uma embalagem diferenciada, se a loja em que eu vou expor não tem esse ambiente diferenciado, se a comunicação que eu faço, seja impressa, digital ou via rádio, não expressa isso. Quer dizer, eu fiz todo um trabalho de design, mas ele parou na cadeira. Eu não fiz uma gestão do design. Então eu faço esse trabalho e ele tem muitas chances de não obter sucesso, porque eu só trabalhei com um elo dessa cadeira. A mesma coisa com a questão do artesanato. Não adianta nada apenas ter um produto interessante.

 

Marta: Eu acho que é uma das coisas que a gente precisa vender. Artesanato é negócio, é uma empresa como outra qualquer e o designer também é um empresário. Porque eu posso ser um bom criador, mas se eu não souber vender o meu produto, não souber colocar um preço no meu produto, não adianta. Eu vou ser só criador e vou morrer de fome sendo criador.

 

Objetos tradicionais e interferências

 

Marta: A gente não quer que determinada artesã deixe de fazer objetos tradicionais. A bisavó dela fazia e é uma questão cultural. Ela faz e acho lindo. Mas ela não sobrevive daquilo. Ela morre de fome. Ela depende de programas de governo. Que absurdo é esse? Um país em que a pessoa depende de programa de governo para ter a sua renda. É uma cultura que é subsidiada. Não pode. Então a gente faz esse processo de adequar. Tentar adequar para que ela tenha um mercado e consiga sobreviver daquilo, se sinta valorizada e tenha tempo para fazer sua toalha da melhor forma. Esse trabalho é muito bem pensado. E a gente convida, não impõe.

 

 

 

Matéria do MÊS

 

 


Mamirauá: uma opção para o desenvolvimento sustentável

 

 

 

Há 600 km de Manaus, no médio Solimões, fica a primeira reserva de desenvolvimento sustentável do Brasil, a RDS Mamirauá. A criação da reserva se deve à multiplicidade e variedade de espécies vegetais e animais existentes nos 1,24 milhão de hectares de exuberante floresta de várzea, em plena Amazônia. Algumas espécies são endêmicas da região, como é o caso do macaco uacari, objeto de pesquisa do cientista Marcio Ayres, idealizador do projeto de proteção ambiental de Mamirauá.

 

Entre os meses de dezembro e maio, a área da reserva fica praticamente submersa entre os rios Solimões e Japurá, quando o nível das águas chega a subir 12 metros. Criada em 1990, inicialmente como área de proteção ambiental integral com acesso restrito a pesquisadores, logo se percebeu que o envolvimento e adesão dos habitantes das comunidades tradicionais era fundamental para a preservação da impressionante biodiversidade da região. O modelo de Reserva de Desenvolvimento Sustentável foi criado especialmente para Mamirauá em 1996 e conjuga a pesquisa científica com a cultura local tendo em vista a preservação do meio-ambiente.

 

Além do manejo sustentável do pirarucu e da floresta, praticado pelos moradores da região sob orientação dos pesquisadores, o ecoturismo é também uma fonte de renda para os moradores das comunidades, que administram a pousada flutuante uacari (www.mamiraua.org.br) com o apoio do Instituto Mamirauá. Neste cenário, o artesanato surge como mais uma opção de renda e valorização da cultura local, já que a visita às comunidades locais é uma das atividades programadas para os hóspedes da pousada.

 

Seja preservando técnicas ancestrais, como a mistura da cinza da madeira do Caripé ao barro para dar resistência à cerâmica utilitária queimada a céu aberto, seja se dedicando à produção de objetos exclusivamente para o comércio, como os pequenos animais entalhados em madeira molongó e os colares de sementes, os moradores começam a enxergar as possibilidades da produção artesanal. E nós, visitantes, temos a oportunidade de conhecer um pouco mais desta fascinante cultura que vem contribuindo há anos para a preservação da floresta amazônica.

 

 

 

A CASA indica

 

 

Pousada Uacari, Amazônia

 

 

Construída sobre sete estruturas flutuantes de madeira, a pousada visa o mínimo impacto ambiental e conta com tecnologias apropriadas, como a coleta de água de chuva, energia solar e sistema de filtragem de dejetos. Veja mais.

 

 

CD Cantos de trabalho


 

A Cia. Cabelo de Maria apresenta o CD com cantigas das destaladeiras de fumo de Arapiraca (AL) às fiandeiras de algodão do Vale do Jequitinhonha (MG). Com ritmos regionais e vozes femininas, o CD conta ainda com a participação da cantora Ceumar. Selo Sesc. R$15,00. Ouça aqui trechos das músicas.

 

 

Livro “Caminhos da Arte Popular”

 

 

Além de trazer uma cuidadosa seleção de obras produzidas no Vale do Jequitinhonha (MG), o livro da antropóloga Angela Mascelani problematiza questões próprias ao mundo da arte, como: quais as fronteiras entre arte e artesanato? Como as “tradições” são atualizadas no contexto atual de fortes e aceleradas mudanças sociais? Museu Casa do Pontal. 180 págs. R$ 130,00

 

 

Oferenda

 

 

A ceramista Caroline Harari apresenta bilhas, potes e gamelas inspiradas nas tradições nordestinas. A artista se vale de uma técnica especial em que faz a impressão da textura de rendas e bordados na argila, criando efeitos surpreendentes. Museu de Arte da Bahia. Av. Sete de Setembro, 2340, Salvador (BA). Informações: (71) 3336 9450. De ter a sex, das 14h às 19h, sáb e dom das 14h30 às 18h30. Até 29/03.

 

 

 

 

Boa leitura

 

“Do mesmo modo que o mameluco construiu uma raça híbrida, metade índia, metade portuguesa, todos os equipamentos também se adaptaram meio a meio. O português viu o índio espremendo a mandioca no tipiti, que era tracionado. Era uma bolsa que tinha duas argolas, duas possibilidades de ser esticado. E quanto mais esticado, mais comprimida ficava a massa e o líquido escorria por ele. O português dizia que aquilo não dava certo, que ele ia aperfeiçoar. O que ele fez? Pegou a prensa do lagar, de fabrico de azeite, onde a azeitona era espremida para tirar o óleo. E ao invés de tirar o óleo da azeitona, passou a tirar o suco venenoso da mandioca espremendo com a mesma prensa que é um parafuso que vocês devem conhecer”.

 

Carlos Lemos

Texto adaptado a partir da transcrição da palestra “Casas do Brasil 2008 – A Casa Xinguana”, ministrada no Museu da Casa Brasileira em 19/08/2008.

 

 

Leia o texto na íntegra


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