Editorial
Artesanato e turismo são atividades fortemente conectadas. O turismo, por um lado, possibilita que os viajantes descubram a cultura e o universo de criação do artesão. Já a produção artesanal, por outro lado, pode ser utilizada como um mecanismo para estimular o turismo e a economia local. Valendo-se desta interação, a Matéria do Mês aborda alguns dos fatores que atuam na relação entre estas duas atividades. Confira.
Já em Entrevista, Cristiana Barreto fala sobre patrimônio imaterial e apresenta elementos característicos do artesanato indígena brasileiro. A entrevistada, inclusive, acompanhada da antropóloga e economista Betty Mindlin e da ceramista Uleialu Mehinako, estará presente no debate sobre cerâmica indígena que acontecerá no museu A CASA no próximo dia 16 de setembro, das 19h às 21h.
E não deixe de conferir, em A CASA indica, excelentes opções de museus e demais espaços no Brasil que apresentam a diversidade da produção do artesanato e do design nacional.
Acontece
no
museu A CASA
Pedroso de Morais, 1216
Cerâmicas do Brasil - Edição 2015

A exposição, com curadoria de Adélia Borges, junta em pé de igualdade criações de indígenas, artistas e designers populares e artistas e designers eruditos. A mostra apresenta pequenos conjuntos da produção dos povos indígenas Paiter Surui, de Rondônia, e Wauja/Mehinako, de Mato Grosso; as paneleiras da região de Goiabeiras, do Espírito Santo; Irinéia Nunes da Silva e Antônio Nunes, de Alagoas; Sara Carone, de São Paulo; Inês Antonini, de Minas Gerais; Heloísa Galvão, nascida no Espírito Santo e radicada em São Paulo; e Brunno Jahara, do Rio de Janeiro. Visitação de terça a domingo, das 11h às 19h. Até 18/10. Saiba mais.
Debate sobre cerâmicas indígenas do Brasil

Com a participação da arqueóloga e curadora Cristiana Barreto, da antropóloga e economista Betty Mindlin e da ceramista Uleialu Mehinako, o debate abordará a tradição da cerâmica, suas técnicas, usos e significados simbólicos entre povos indígenas brasileiros. Dia 16/09, quarta-feira, das 19h às 21h. Saiba mais.
Pedroso de Morais, 1234
A CASA - Anexo
Girando o Acervo IV

A CASA apresenta uma nova seleção de peças de seu acervo. A bolsa Lagoa dos Patos da Colônia de Pescadores São Pedro Z-3 e a echarpe Memória da Paraíba de Renato Imbroisi e do Clube de Mães de Camalaú são alguns dos destaques da mostra. De segunda a sexta, das 10h às 19h. A CASA – Anexo. Saiba mais.
www.acasa.org.br
Palestra Cerâmicas do Brasil - Vídeo

Realizado durante a abertura da exposição Cerâmicas do Brasil, o debate contou com a participação da curadora Adélia Borges, da ceramista Katiane Surui, representante da aldeia Gabguir, Paiter Surui, de Rondônia, e do designer dinamarquês Ole Jensen. Veja aqui.
Coleção RENDA-SE

Coleção virtual apresenta os looks desenvolvidos para o projeto RENDA-SE, que reuniu estilistas, marcas da moda e comunidades rendeiras dos estados do Ceará, Paraíba, Piauí, Santa Catarina e Sergipe. Confira.
Museu A CASA nas redes sociais

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Entrevista - Cristiana Barreto
"Temos que pensar as tradições culturais de forma dinâmica"
Cristiana Barreto é arqueóloga e estuda as tradições ceramistas da Amazônia.

Qual o papel da tradição e da mudança na produção contemporânea do artesanato indígena brasileiro? Temos que relativizar um pouco esses conceitos de tradição e mudança. Às vezes, no mesmo objeto ou na mesma tradição tecnológica, você vê que determinadas mudanças não implicam em perda de tradição, mas numa reatualização da tradição. Numa tradição cerâmica, por exemplo, podem surgir novas formas, ou novas decorações, e outras serem abandonadas, mas a maneira de fazer os potes, os desenhos sobre eles, e tudo o mais que envolve o ciclo de fazer e usar a cerâmica, desde a coleta da argila até o descarte dos potes, incluindo o aprendizado de como fazer os potes pelos mais jovens, todo o ciclo de processamento de alimentos, os tabus alimentares, as comidas e bebidas que são servidas neles, os significados que eles podem adquirir nas festas e cerimônias, e etc. , tudo isso pode estar continuando uma tradição. Esta relativização do que é tradicional é necessária também porque hoje, entre o público brasileiro em geral, há um equívoco muito grande em se achar que o índio, aquele ser primitivo que não pode ser contaminado pela sociedade contemporânea, vai deixar de ser autêntico se ele começar a incorporar coisas modernas. Mas a questão principal é: os objetos continuam a ter o mesmo significado para eles independente da matéria-prima ou da técnica que eles usam? O que importa, primordialmente, é o significado. Sendo assim, temos que pensar as tradições culturais de forma dinâmica. Elas mudam, mas não necessariamente “empobrecem” ou deixam de ser autênticas.
Como você avalia as aproximações dos designers com as comunidades indígenas?
Vejo nesses projetos uma vontade de valorizar nossas raízes brasileiras, mas vem muito também de fora do Brasil, de uma moda de “arte étnica” em que o exótico é valorizado, e mesmo fetichizado. E, por outro lado, essa aproximação é também do lado dos índios, que têm percebido cada vez mais que a arte deles é o melhor cartão de visita para mostrar a sua própria identidade. Sobre essa aproximação que tem tido entre o design, a moda e a produção indígena, eu acho positivo no geral. Contudo, possuo muitas reservas, porque tenho visto alguns projetos que vão às aldeias, fazem uma aproximação muito cuidadosa e respeitosa, fazem uma pesquisa interessante sobre essa produção artesanal e acabam produzindo objetos inspirados nessa tradição artesanal – repassando inclusive recursos concretos para os índios, para de alguma forma fazer um uso “autorizado” deste material. Mas, além do dinheiro, qual o retorno para as comunidades indígenas? Em geral, no produto que é vendido, nada é divulgado sobre o significado que aquilo tem para os próprios índios. Acaba sendo uma reapropriação estética, do ponto de vista ocidental. São raros os produtos que você vê uma etiqueta que, por exemplo, explica o motivo gráfico ou que fale “esse é o motivo gráfico da cobra, que é importante para os índios tal, de acordo com tal mito”. Isso é raro de se ver. Na maioria dos casos passa um motivo gráfico muito bonito, às vezes até tem o nome do grupo, mas não contribui nada na divulgação dessa identidade indígena que, para eles, é muito importante. Recentemente teve um caso de um designer que se inspirou nos padrões gráficos dos Wajãpi para fazer papel de parede. Estes são padrões que foram registrados como patrimônio imaterial nacional e da humanidade pelo IPHAN e pela UNESCO. São motivos gráficos muito bonitos que se relacionam diretamente com suas narrativas orais, seus mitos, e sua cosmologia, enfim. Eles têm reservas muito peculiares sobre o uso destes motivos por terceiros, pois eles não se consideram seus donos, mas apenas os guardiões do que lhes foi mostrado por seres mitológicos primordiais, em um passado muito distante. Se eles não usarem direito aqueles padrões, estes seres, verdadeiros donos dos padrões, podem agir de forma maléfica contra os Wajãpi. O uso indevido, portanto, pode ser muito perigoso. Assim, a reprodução destes motivos em papel de parede, a ser utilizado indiscriminadamente por qualquer pessoa que o comprasse, demonstra que, no mínimo, do ponto de vista do design de produto não houve um entendimento do real significado daquela arte gráfica. E do ponto de vista ético, foi ignorado o papel dos índios como detentores de um saber tradicional e a importância do seu papel particular na salvaguarda deste bem imaterial. O projeto não foi à frente; os índios reclamaram e o IPHAN interveio. Mas e aqueles bens tradicionais que não estão protegidos pelo IPHAN? Tivesse sido este um projeto mais colaborativo, onde o diálogo entre comunidade indígena e design buscasse a melhor maneira para ambos os lados de se desenvolver um produto, o desfecho talvez tivesse sido diferente.
Como você avaliaria a produção da cerâmica indígena no Brasil?
As cerâmicas são muito interessantes. Eu as estudo desde meu primeiro ano de faculdade quando estagiei no Setor de Etnologia do Museu Paulista. Minha atribuição era ajudar na recatalogação de uma coleção de cerâmicas xinguanas (Wauja) e logo percebi o enorme potencial destes objetos como documentos, testemunhos de histórias particulares. As cerâmicas são objetos resistentes, no sentido de que você não consegue eliminá-las tão facilmente do seio de uma cultura. Alguns grupos indígenas chegaram a abandonar a tradição de fazer a cerâmica em função da entrada das panelas de ferro, de aço e de alumínio. Mas temos alguns grupos que mantiveram, como os Asurini, os Wauja e os Surui. E acredito que esses objetos acabaram sobrevivendo e sendo resistentes porque eles são muito mais do que objetos. A função deles não é de ser meros vasilhames. E até pela maneira como eles são feitos, vemos que eles são bastante ritualizados. Sem falar da enorme plasticidade que ela possibilita em termos de formas, texturas, qualidades isolantes e condutoras, qualidades sonoras e outras mais. Então, além de ser um objeto resistente, em termos de tradição cultural, é também um objeto de múltiplos significados, entrando em vários momentos da vida do cotidiano e do ritual. E nas tradições cerâmicas indígenas, apesar de se usar uma tecnologia muito simples na sua confecção, ela é feita por roletes, sem usar torno, sendo quase toda ela queimada em fornos a céu aberto (portanto, não atingindo uma temperatura muito alta), assim mesmo, elas são trabalhadas com uma maestria técnica incrível. As ceramistas conseguem fazer vasos de espessuras muito finas, mas com pastas muito resistentes. E depois que aquele objeto está queimado, é muito difícil de quebrar, de fraturar. Também encontramos técnicas muito sofisticadas de decoração, como nos Asurini, que fazem grafismos absolutamente complexos, e que depois ainda passam uma resina para a peça ficar com aquele aspecto vitrificado, brilhante. E são todas tradições bem diferentes, quando comparamos.
Leia a entrevista na íntegra
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Matéria do Mês
Entre artes e viagens: artesanato e turismo no caso brasileiro
por Angelo Miguel
Dissociar artesanato e turismo, certamente, é uma tarefa bastante difícil. Isso ocorre porque apesar de terem conceitos distintos, ambos estão fortemente interligados por interesses mútuos. Se por um lado o turismo pode ser compreendido como uma atividade que incentiva o turista a conhecer outros locais, regiões e culturas, por outro, o artesanato pode ser uma forma de materializar esta experiência por meio de objetos, trazendo ao visitante a possibilidade de levar consigo algo que represente uma memória afetiva ou a cultura daquele local.
“Para o turismo é interessante identificar e destacar segmentos econômicos que possibilitem a ampliação e a diversificação da oferta turística. Já para o artesanato é uma grande oportunidade de ampliação de seu mercado, além de destacar as riquezas da cultura brasileira”, afirma Maíra Santana, Coordenadora Nacional da Carteira de Projetos de Artesanato do Sebrae Nacional em Brasília.
Embora as relações entre turismo e artesanato sejam próximas, aparentemente órgãos governamentais de diversos países demonstram certa resistência para compreendê-las como atividades importantes para a economia. Provavelmente, isso se deve às inúmeras dificuldades para se coletar e produzir dados sobre como o turista enxerga e consome as produções artesanais de diversas regiões.
A falta de dados nacionais, por exemplo, é um dos fatores que podem limitar a implementação de políticas públicas de incentivo à produção artesanal. Segundo o coordenador da Rede Internacional de Desenvolvimento do Artesanato – RIDA, Indrasen Vencatachellum, a importância econômica e social do artesanato tem sido exaltada há décadas por especialistas em vários continentes. ”Entretanto, nem sempre eles têm sido ouvidos pelos tomadores de decisões e agências responsáveis, porque, entre outras razões, esta importância não é algo simples de se demonstrar com números e documentos”, afirmou em maio de 2015 durante o Congresso Internacional “Innovation Dimension in Arts and Crafts”, realizado no Irã.
Ainda durante o mesmo evento, Vencatachellum observa alguns fenômenos recentes que se configuram em pesquisas realizadas em diversas nações pela Organização Mundial do Turismo. “Um número crescente de viajantes tem relatado que as artes, o patrimônio e outras atividades culturais são seus principais interesses na hora escolher um destino. Os serviços online também têm ajudado a facilitar a vida dos turistas que desejam escolher atividades mais personalizadas e correlatas aos seus gostos pessoais”, afirma.
No Brasil, a atuação de associações sem fins lucrativos, cooperativas e de outras instituições tem sido fundamental neste processo de reconhecimento do artesanato como um fator importante para o turismo. Sabe-se que em território nacional existem diversas regiões que se destacam pelo seu artesanato. Nesses casos, essa característica de forte expressão cultural, por si só, já é um grande atrativo para a atividade turística.
Porém, em alguns momentos, é preciso fazer com que o artesão compreenda a importância do próprio trabalho para a manutenção da cultura daquela região. Neste sentido, Maíra Santana, do Sebrae, afirma que há inúmeras maneiras de se desenvolver o artesanato e isso vai depender da região, da atividade e de cada artesão. “É importante que o artesão se renove para se adaptar às necessidades do mercado, seja com uma simples adequação do produto, inovando por meio da inserção de matérias-primas diferentes, ou pela ampliação da linha de produtos. Obviamente, é preciso que isso seja feito sem que haja uma perda de identidade”, diz.
Esta é uma das premissas do projeto A CASA viaja, que desde 2013 leva interessados para conhecer regiões e comunidades com forte atuação artesanal. “Estar em contato com todas as etapas de produção dessas comunidades faz com que o consumidor passe a valorizar ainda mais o seu trabalho”, afirma Eliane Guglielme, coodenadora do projeto.
Como maneira de aproveitar o momento vivenciado pelo Brasil no cenário internacional, sediando eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, o Sebrae Nacional desenvolve algumas estratégias para o desenvolvimento do artesanato como um todo. A elevação do patamar de qualidade, o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado e a melhoria da percepção do artesanato brasileiro pelo mercado e pelos consumidores são alguns dos fatores considerados pela instituição. “Tendo em mente que o valor do artesanato não é só para preservar a identidade cultural, trabalhamos na busca da sustentabilidade dos pequenos negócios artesanais agregando sua identidade cultural como diferencial competitivo”, revela Graziele Vilela, gestora da Carteira de Projetos de Turismo da entidade.
Em agosto de 2014, logo após o final do Mundial, A CASA desenvolveu uma matéria que traçou um breve balanço das atividades comerciais relacionadas ao setor artesanal durante os meses de junho e julho.
Dentre os projetos desenvolvidos pelo Sebrae, o projeto Brasil Original prevê capacitações, consultorias, além da realização de showrooms de artesanato nos principais shoppings das cidades, fazendo com que o artesanato se aproxime do seu consumidor final, mostrando seu valor agregado e descaracterizando o artesanato como um produto de feirinha, barato, de baixa qualidade.
“Algo bastante relevante e que merece atenção está no fato de que os hotéis, restaurantes, agências de viagens, entre outros locais que atendem ao turista, podem e devem usar o artesanato local em sua própria decoração. Mais que isso, sempre que possível, a história por trás da peça artesanal deve ser contada para o turista. Assim, é estimulada a visitação nos locais de produção, a aquisição de souvenirs e uma consequente valorização dos artesãos”, finaliza Graziele.
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A CASA indica
Museu da Gente Sergipana

Inaugurado em novembro de 2011, o museu reúne um acervo que mostra as origens, cultura, culinária, hábitos e folclore de Sergipe. Projetado por Marcello Dantas, o espaço também utiliza recursos de multimídia interativa com o objetivo de promover ações que valorizem a diversidade do patrimônio material e imaterial do estado. Museu da Gente Sergipana. Av. Ivo do Prado, 398, Centro, Aracaju-SE. Saiba mais.
Museu Casa do Pontal

Situado no Recreio dos Bandeirantes (RJ) em um sítio de 5.000 m², o Museu Casa do Pontal é considerado o maior e mais significativo museu de arte popular do Brasil. Com um acervo de mais de 8.000 obras, durante os seus 38 anos de atuação foram realizadas mais de 40 exposições parciais do acervo no Brasil e em outros 14 países. Museu Casa do Pontal. Estrada do Pontal, 3295, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro-RJ. Saiba mais.
Centro de Arte Popular - Cemig

Com projeto arquitetônico de Janete Costa e um acervo de aproximadamente 800 peças, o local abriga diversos espaços que retratam a arte popular mineira. Na Sala Grandes Mestres, por exemplo, estão reunidos nomes como GTO, Artur Pereira, Zefa, Zezinha, Placedina, Ulisses Pereira, Isabel Mendes e Noemiza. O museu ainda integra o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte. Centro de Arte Popular – Cemig. Rua Gonçalves Dias, 1608, Belo Horizonte-MG. Saiba mais.
Museu do Ciclo do Couro – Memorial Espedito Seleiro

Inaugurado no final de 2014 pela Fundação Casa Grande, o museu apresenta a história do Ciclo do Couro no Cariri cearense e ainda presta uma homenagem a Espedito Seleiro, artesão e mestre da cultura do Ceará conhecido nacionalmente pelos seus trabalhos desenvolvidos em couro. Museu do Ciclo do Couro - Memorial Espedito Seleiro. Rua Monsenhor Tavares, 140, Centro, Nova Olinda-CE. Saiba mais.
Palácio do Planalto

O edifício, projetado por Oscar Niemeyer, abriga a sede do Poder Executivo Federal e o gabinete da Presidente da República. O local, que é aberto ao público aos domingos, das 9h30 às 14h, possui uma coleção de arte genuinamente brasileira, com peças de mobiliário de Oscar Niemeyer e Sérgio Rodrigues e esculturas em cerâmica de Zezinho de Tracunhaém e do Vale do Jequitinhonha (MG). Palácio do Planalto. Praça dos Três Poderes, Brasília-DF. Saiba mais.
Sala do Artista Popular

Criada em maio de 1983, a Sala do Artista Popular. do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), realiza exposições de curta duração voltadas para difusão e comercialização da produção de artistas e comunidades artesanais. No site da instituição é possível consultar os catálogos etnográficos produzidos para as mostras. Confira.
E no próximo dia 10 de setembro, após um período de reformas, o espaço será reinaugurado com a mostra “Raposa de redes e rendas”. O objetivo da mostra é apresentar ao público peças artesanais produzidas por artesãs da Associação das Rendeiras Bilro de Ouro. Durante a abertura também será lançado o livro “O mais é o tempo que ensina: Sala do Artista Popular 30 anos”, elaborado a partir de depoimentos, falas e reflexões dos artistas e artesãos que protagonizaram e que dão sentido ao programa desenvolvido pela instituição. De 10/09 a 18/10. De terça a domingo, das 11h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 18h. Sala do Artista Popular. Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro-RJ. Saiba mais.
Boa
leitura
Existem inúmeras controvérsias sobre a origem histórica do design. Alguns autores consideram que o design é herdeiro de toda uma tradição que data à Pré-história, desde que o homem inventou as primeiras próteses que o auxiliaram em seu contato com o mundo externo. Esta visão faz sentido se, a par da origem histórica, analisarmos o termo design do ponto de vista etimológico. Design é uma palavra de origem latina (designáre) que significa marcar, indicar, ou, simplesmente, designar. Com este conceito – designar, vinculado ao termo design – podemos esboçar o conceito modernista de projeto. Deste modo se poderia dizer que um artesão “designa” uma forma que considera ideal para seu produto, da mesma forma que um designer o faz em seu projeto. Pensando em termos etimológicos, o designer seria, em síntese, aquele que acrescenta. Mas acrescentaria o que? Tal qual o artista, o designer seria aquele que acrescenta a forma, ou informa, a matéria amorfa, matéria que para o artesão grego era a madeira. Outra visão é a de que o design deriva de certo tipo de artesanato feito às vésperas da Revolução Industrial. Apóia-se esta tese no fato de existir um projeto a priori e divisão do trabalho incipientes, ou seja, apenas o modo de produção diferenciaria este tipo de produto artesanal do industrial, que veio logo em seguida. Segundo esta linha de pensamento, a base do design estaria na metodologia projetual e criativa, enquanto que do ponto de vista anterior, estaria em um procedimento de bricolagem, escolher fazer assim a partir de uma tradição e do que está à mão.
Haroldo Coltri Eguchi e Olympio José Pinheiro
Design versus Artesanato: Identidades e Contrastes
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