A CASA - Newsletter #09 - Fevereiro de 2009
Newsletter N° 09
Fevereiro de 2009

 

Editorial

 

Ainda em clima de carnaval, A CASA apresenta uma matéria especial sobre o desfile da escola de samba carioca Estácio de Sá que, com o enredo Que Chita Bacana, levou o tecido de chita à avenida. Em nossa entrevista do mês, a designer gráfica Marisa Ota fala sobre design e mercado. Marisa é organizadora da feira de design Paralela Gift, uma de nossas indicações para o mês de março. E tem mais novidades no museu virtual: além de disponibilizar todas as newsletters em nosso site, a partir de agora A CASA pode ser seguida no Twitter.

 

 

Acontece no
museu A CASA

 

Cunha Gago, 807

 

 

Workshop com Renata Rubim

 

 

Ministrado pela designer e consultora de cores Renata Rubim, o curso visa capacitar o designer a desenvolver recursos pessoais para ser criativo e levar o resultado a um projeto viável para o mercado. Dias 25 e 26 de março, das 14h às 20h. Vagas limitadas. Inscrições até 16/03. Informações e inscrições pelo telefone 11 3814 9711 ou e-mail.

 

 

Girando o acervo


 

Últimos dias para conferir a exposição que apresenta uma seleção de peças do acervo de A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba mais.

 

 

 

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Apoio

 

 

Entrevista - Marisa Ota

 

 

“Já foi essa fase de você comprar um trabalho para ajudar uma comunidade. Ele tem de que ser bom.”

 

Marisa Ota é especialista em design, curadora, designer gráfica e organizadora da Paralela Gift.

 

 

De modo geral, o que é necessário em um produto para que ele seja bem aceito no mercado? Beleza estética? Qualidade? Exclusividade? Algum compromisso social ou ambiental na forma como ele foi produzido?

 

Eu acho que não existe uma coisa. Acho que é um conjunto de coisas. Não dá para você comprar um produto porque ele foi feito em uma comunidade. Já foi essa fase de você comprar um trabalho para ajudar uma comunidade. Ele tem que ser bom. Ou tem que ter um outro componente, que seja afetivo, estético, prático, tem uma série de coisas. Acho que é um conjunto de coisas, cada vez mais. A estética, o acabamento, a função, o produto precisa funcionar ou, se a função dele é realmente enfeitar, tudo bem, ele tem que cumprir o seu papel. Eu acho que o design é isso. Ele tem um projeto. Ele é projetado. Ele tem que ter uma finalidade. Ele não é feito por si só, senão vira uma arte. Ele é feito para alguém, ou para uma função, para um assunto. Acho que o design é isso: ele é feito não para si, é para o outro.

 

Inúmeros projetos em que designers vão trabalhar com artesãos enfrentam a mesma dificuldade: encontram problemas na hora de vender, de apresentar ao mercado. Isso é uma coisa muito recorrente. O que acontece?

 

Você tem que ser pró-ativo para vender. Venda é uma coisa muito séria. Você tem que ter um planejamento: não aconteceu aquilo? O cliente não veio? Tem que ir atrás do cliente. Eu acho que a coisa demora, não é muito imediata. Para você ser entendido dentro do mercado você tem que estar sempre presente, todo o semestre estar lá, com uma produção nova, com alguma novidade. Tem que ter esse trabalho. E eu acho que se a pessoa espera aparecer o pedido, nunca vai acontecer. Ela tem que ir atrás. E entender por que o produto dela não está vendendo. Está caro? Se o produto está caro, então é um produto errado. “Ah, mas eu não consigo fazer ele mais barato”. Então ele não serve. Você tem que fazer alguma coisa para ele: ou atingir um preço ou fazer pequenas modificações. De repente, ao mudar um pouco o tamanho, ele vale aquilo. Eu acho que o mercado é aberto. Eu acho que São Paulo é uma maravilha nesse sentido, ele acolhe.

 

Atualmente percebe-se a emergência de movimentos em prol de uma desaceleração na produção e no consumo, de modo a preservar o meio ambiente. Como você enxerga isso? Como conciliar essa desaceleração com a necessidade de vender dos produtores?

 

Pergunta difícil! Mas eu acho que é isso mesmo. As pessoas estão consumindo menos, mais preocupadas em consumir direito, um consumo consciente. Eu acho que existe essa preocupação. E cada vez mais as pessoas estão tentando comprar menos, escolher bem, escolher o que eu quero. Não sei se isso é uma tendência. Eu tenho uma preocupação com isso. Eu não sei o que vai ser. Porque é esse consumo desenfreado que está indo para um outro caminho, um caminho complicado.

 

 

 

Leia entrevista na íntegra

 

 

 

 

 

Matéria do MÊS

 

 

Da Índia para a Marquês de Sapucaí

 

 

"Sou a Chita Bacana a brilhar
No batuque da Estácio de Sá
Sou o samba raiz felicidade
Na força da Comunidade"

 

 

No último sábado a chita foi o destaque do desfile no grupo de acesso da escola de samba carioca Estácio de Sá. Com o enredo Que Chita Bacana, a escola contou a história da chita desde seu surgimento, na Índia, até tempos recentes da tropicália brasileira, baseando-se no livro homônimo idealizado por Renata Mellão e Renato Imbroisi, editado pelo museu A CASA.

 

De acordo com o carnavalesco Cid Carvalho, a idéia de levar a chita à passarela é fruto de outra idéia. “Muitas manifestações são símbolos da brasilidade, mas não são originalmente brasileiras. Por exemplo, Carmem Miranda, que é portuguesa, o futebol, que é inglês e o próprio carnaval, que foi importado para cá. A chita é a mesma coisa. Ela veio da Índia, mas hoje é um símbolo da brasilidade”. No entanto, ao se aproximar da história o tecido, o carnavalesco percebeu que ela era mais do que suficiente para constituir um enredo: “no fim das contas, percebemos que a chita por si só já dava uma história e tanto”, completa.

 

A chita foi trazida da Índia pelos europeus, que estavam em busca das especiarias, à época das grandes navegações. Quando levada para a Inglaterra, passou a constituir os motivos decorativos das louças. Mas é ao ser levada ao Brasil que a chita ganha formas nunca antes vistas, inspiradas na fauna e na flora locais. “No Brasil nós temperamos e deixamos muito mais gostoso”, afirma Alexandre França, pesquisador, viabilizador e administrador da Estácio de Sá. O desfile da escola terminou com um carro que fazia referência ao movimento tropicalista, e a chita aparece como símbolo de resistência contra a ditadura. “Usar a chita naquela época era como uma resistência, ela é forte, bonita, chocante, livre, solta e foi muito usada na época das cinzas, da escuridão, da ditadura”, assinala Alexandre.

 

Todas as alegorias foram compostas, pelo menos em parte, com tecido de chita. Para Cid Carvalho, “contar a história da chita é contar a própria trajetória do país”.

 

 


Confira o samba enredo

 

 

A CASA indica

 

15ª Paralela Gift

 

 

Feira de produtos contemporâneos, inovadores e antenados com as tendências do design mundial. De 2 a 4 de março, das 10h às 20h. 5 de março, das 10h às 17h. Pavilhão da Bienal. Parque Ibirapuera – Portão 3. Saiba mais.

 

 

Roberto Sambonet – Do Brasil ao design


 

Exposição apresenta um dos grandes nomes do design do século 20 em mais de 400 itens, entre objetos, gravuras e pinturas. Até 15 de março. De terça a domingo, das 10h às 18h. Museu da Casa Brasileira – Av. Faria Lima, 2705. São Paulo, SP. Telefone: 11 3032 3727. Saiba mais.

 

 

Carnaval em múltiplos planos

 

 

Coletânea de 13 artigos sobre o Carnaval. Concebido a partir da perspectiva antropológica, o livro explora as muitas faces e os variados contextos da festa carnavalesca.

Maria Laura Cavalcanti e Renata Gonçalves (Orgs.) Editora Aeroplano. 360 páginas. R$34,00

 

 

Burle Marx 100 anos: A permanência do instável

 

 

Roberto Burle Marx, um dos maiores paisagistas do século XX, ganha a retrospectiva em celebração ao seu centenário de nascimento. Entre as suas principais obras está o calçadão da Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro. Até 22 de março. De terça a domingo, das 12h às 18h. Paço Imperial - Praça XV de Novembro, 48 – Centro - Rio de Janeiro – RJ. Telefone: 21 2533 4407.

 

 

 

Boa leitura

 

“É desses conhecimentos de técnicas ancestrais que os produtores tradicionais de cerâmica foram aos poucos sendo despojados. Ficando à margem da vida social, mas atraídos pela miragem do “progresso”, seus conhecimentos, desprezados diante das conquistas modernas, foram se perdendo paulatinamente. Hoje, frente à crise do mundo do trabalho, há uma preocupação crescente em inserir o artesão “no mercado”. Como fazê-lo, porém, quando seu conhecimento técnico tradicional foi desqualificado, quando seus veios de barro são cercados com arame farpado, tornando-os propriedade privada, ou quando se exige dele um índice recorde de produção, segundo o ritmo da demanda do mercado, enquanto todo o conhecimento acerca do que faz uma boa cerâmica recomenda lentidão e paciência como elementos essenciais do trabalho do oleiro?”

 

Texto Oferenda de Maria Lúcia Montes.

 

 

Leia o texto na íntegra

 

 


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