Editorial
Ainda em clima de carnaval, A CASA apresenta uma
matéria especial sobre o desfile da escola de samba carioca
Estácio de Sá que, com o enredo Que Chita Bacana,
levou o tecido de chita à avenida. Em nossa entrevista do
mês, a designer gráfica Marisa Ota fala sobre design
e mercado. Marisa é organizadora da feira de design Paralela
Gift, uma de nossas indicações para o mês de
março. E tem mais novidades no museu virtual: além
de disponibilizar todas as newsletters em nosso site, a partir de
agora A CASA pode ser seguida no Twitter.
Acontece
no
museu A CASA
Cunha Gago, 807
Workshop com Renata Rubim

Ministrado pela designer e consultora de cores
Renata Rubim, o curso visa capacitar o designer a desenvolver recursos
pessoais para ser criativo e levar o resultado a um projeto viável
para o mercado. Dias 25 e 26 de março, das 14h às
20h. Vagas limitadas. Inscrições até 16/03.
Informações e inscrições pelo telefone
11 3814 9711 ou e-mail.
Girando o acervo
Últimos dias para conferir a exposição
que apresenta uma seleção de peças do acervo
de A CASA. De segunda a sexta, das 10h às 19h. Saiba
mais.
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Entrevista
- Marisa Ota
“Já
foi essa fase de você comprar um trabalho para ajudar
uma comunidade. Ele tem de que ser bom.”
Marisa Ota é especialista em design,
curadora, designer gráfica e organizadora da Paralela
Gift.
De
modo geral, o que é necessário em um produto
para que ele seja bem aceito no mercado? Beleza estética?
Qualidade? Exclusividade? Algum compromisso social ou ambiental
na forma como ele foi produzido?
Eu acho que não existe uma coisa.
Acho que é um conjunto de coisas. Não dá
para você comprar um produto porque ele foi feito em
uma comunidade. Já foi essa fase de você comprar
um trabalho para ajudar uma comunidade. Ele tem que ser bom.
Ou tem que ter um outro componente, que seja afetivo, estético,
prático, tem uma série de coisas. Acho que é
um conjunto de coisas, cada vez mais. A estética, o
acabamento, a função, o produto precisa funcionar
ou, se a função dele é realmente enfeitar,
tudo bem, ele tem que cumprir o seu papel. Eu acho que o design
é isso. Ele tem um projeto. Ele é projetado.
Ele tem que ter uma finalidade. Ele não é feito
por si só, senão vira uma arte. Ele é
feito para alguém, ou para uma função,
para um assunto. Acho que o design é isso: ele é
feito não para si, é para o outro.
Inúmeros projetos em que designers
vão trabalhar com artesãos enfrentam a mesma
dificuldade: encontram problemas na hora de vender, de apresentar
ao mercado. Isso é uma coisa muito recorrente. O que
acontece?
Você tem que ser pró-ativo para
vender. Venda é uma coisa muito séria. Você
tem que ter um planejamento: não aconteceu aquilo?
O cliente não veio? Tem que ir atrás do cliente.
Eu acho que a coisa demora, não é muito imediata.
Para você ser entendido dentro do mercado você
tem que estar sempre presente, todo o semestre estar lá,
com uma produção nova, com alguma novidade.
Tem que ter esse trabalho. E eu acho que se a pessoa espera
aparecer o pedido, nunca vai acontecer. Ela tem que ir atrás.
E entender por que o produto dela não está vendendo.
Está caro? Se o produto está caro, então
é um produto errado. “Ah, mas eu não consigo
fazer ele mais barato”. Então ele não
serve. Você tem que fazer alguma coisa para ele: ou
atingir um preço ou fazer pequenas modificações.
De repente, ao mudar um pouco o tamanho, ele vale aquilo.
Eu acho que o mercado é aberto. Eu acho que São
Paulo é uma maravilha nesse sentido, ele acolhe.
Atualmente percebe-se a emergência
de movimentos em prol de uma desaceleração na
produção e no consumo, de modo a preservar o
meio ambiente. Como você enxerga isso? Como conciliar
essa desaceleração com a necessidade de vender
dos produtores?
Pergunta difícil! Mas eu acho que
é isso mesmo. As pessoas estão consumindo menos,
mais preocupadas em consumir direito, um consumo consciente.
Eu acho que existe essa preocupação. E cada
vez mais as pessoas estão tentando comprar menos, escolher
bem, escolher o que eu quero. Não sei se isso é
uma tendência. Eu tenho uma preocupação
com isso. Eu não sei o que vai ser. Porque é
esse consumo desenfreado que está indo para um outro
caminho, um caminho complicado.
Leia
entrevista na íntegra
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Matéria do MÊS
Da Índia para
a Marquês de Sapucaí
"Sou a Chita Bacana a brilhar
No batuque da Estácio de Sá
Sou o samba raiz felicidade
Na força da Comunidade"
No último sábado a chita foi o destaque do
desfile no grupo de acesso da escola de samba carioca Estácio
de Sá. Com o enredo Que Chita Bacana, a
escola contou a história da chita desde seu surgimento,
na Índia, até tempos recentes da tropicália
brasileira, baseando-se no livro homônimo idealizado
por Renata Mellão e Renato Imbroisi, editado pelo
museu A CASA.
De acordo com o carnavalesco Cid Carvalho, a idéia
de levar a chita à passarela é fruto de outra
idéia. “Muitas manifestações
são símbolos da brasilidade, mas não
são originalmente brasileiras. Por exemplo, Carmem
Miranda, que é portuguesa, o futebol, que é
inglês e o próprio carnaval, que foi importado
para cá. A chita é a mesma coisa. Ela veio
da Índia, mas hoje é um símbolo da
brasilidade”. No entanto, ao se aproximar da história
o tecido, o carnavalesco percebeu que ela era mais do que
suficiente para constituir um enredo: “no fim das
contas, percebemos que a chita por si só já
dava uma história e tanto”, completa.
A chita foi trazida da Índia pelos europeus, que
estavam em busca das especiarias, à época
das grandes navegações. Quando levada para
a Inglaterra, passou a constituir os motivos decorativos
das louças. Mas é ao ser levada ao Brasil
que a chita ganha formas nunca antes vistas, inspiradas
na fauna e na flora locais. “No Brasil nós
temperamos e deixamos muito mais gostoso”, afirma
Alexandre França, pesquisador, viabilizador e administrador
da Estácio de Sá. O desfile da escola terminou
com um carro que fazia referência ao movimento tropicalista,
e a chita aparece como símbolo de resistência
contra a ditadura. “Usar a chita naquela época
era como uma resistência, ela é forte, bonita,
chocante, livre, solta e foi muito usada na época
das cinzas, da escuridão, da ditadura”, assinala
Alexandre.
Todas as alegorias foram compostas, pelo menos em parte,
com tecido de chita. Para Cid Carvalho, “contar a
história da chita é contar a própria
trajetória do país”.
Confira
o samba enredo
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A
CASA indica
15ª Paralela Gift

Feira de produtos contemporâneos, inovadores
e antenados com as tendências do design mundial. De 2 a 4
de março, das 10h às 20h. 5 de março, das 10h
às 17h. Pavilhão da Bienal. Parque Ibirapuera –
Portão 3. Saiba
mais.
Roberto Sambonet – Do Brasil ao design

Exposição apresenta um dos grandes
nomes do design do século 20 em mais de 400 itens, entre
objetos, gravuras e pinturas. Até 15 de março. De
terça a domingo, das 10h às 18h. Museu
da Casa Brasileira – Av. Faria Lima, 2705. São
Paulo, SP. Telefone: 11 3032 3727. Saiba
mais.
Carnaval em múltiplos planos

Coletânea de
13 artigos sobre o Carnaval. Concebido a partir da perspectiva antropológica,
o livro explora as muitas faces e os variados contextos da festa
carnavalesca.
Maria Laura Cavalcanti
e Renata Gonçalves (Orgs.) Editora Aeroplano. 360 páginas.
R$34,00
Burle
Marx 100 anos: A permanência do instável

Roberto Burle Marx, um dos maiores paisagistas
do século XX, ganha a retrospectiva em celebração
ao seu centenário de nascimento. Entre as suas principais
obras está o calçadão da Avenida Atlântica,
no Rio de Janeiro. Até 22 de março. De terça
a domingo, das 12h às 18h. Paço
Imperial - Praça XV de Novembro, 48 –
Centro - Rio de Janeiro – RJ. Telefone: 21 2533 4407.
Boa
leitura
“É desses conhecimentos de técnicas
ancestrais que os produtores tradicionais de cerâmica foram
aos poucos sendo despojados. Ficando à margem da vida social,
mas atraídos pela miragem do “progresso”, seus
conhecimentos, desprezados diante das conquistas modernas, foram
se perdendo paulatinamente. Hoje, frente à crise do mundo
do trabalho, há uma preocupação crescente em
inserir o artesão “no mercado”. Como fazê-lo,
porém, quando seu conhecimento técnico tradicional
foi desqualificado, quando seus veios de barro são cercados
com arame farpado, tornando-os propriedade privada, ou quando se
exige dele um índice recorde de produção, segundo
o ritmo da demanda do mercado, enquanto todo o conhecimento acerca
do que faz uma boa cerâmica recomenda lentidão e paciência
como elementos essenciais do trabalho do oleiro?”
Texto Oferenda de Maria Lúcia Montes.
Leia
o texto na íntegra
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