Histórico do grupo / associação:
Resumo da ação
O projeto foi desenvolvido a partir de uma capacitação em design e artesanato proposta pelas professoras da Universidade FUMEC Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena. A metodologia consistiu em aulas teóricas de história da arte, desenho, composição, criação de textos, tipografia, cor, metodologia de projetos, gestão, comercialização e associativismo. O tema foi a região da Savassi, em Belo Horizonte, espaço urbano e comercial tradicional da zona sul da cidade. O grupo de artesãos formado compunha-se de maioria feminina, faixa etária entre 21 a 70 anos e quase todos artesãos atuantes. O projeto teve como resultado uma coleção de produtos temáticos, direcionada para o público adulto com o perfil consumidor da zona sul de BH, ou seja, classe A/B/C, bem informado culturalmente e disposto a consumir produtos que carreguem valores culturais e sociais como benefícios agregados associados à uma estética contemporânea e arrojada.
Autoria: Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena.
Ano: 2005/2006
Local: Belo Horizonte – MG.
O projeto foi concebido através da parceria entre a Universidade FUMEC, o CDL-BH ( Câmara dos Dirigentes Lojistas de BH) e o SEBRAE-MG com o objetivo de revitalizar culturalmente a região da Savassi em Belo Horizonte. Parte dessa ação incluiu a ação social de inserção econômica de um grupo de artesão cadastrados no programa de economia solidária da prefeitura de Belo Horizonte.
Descrição detalhada do projeto:
O resgate cultural da região da Savassi e a consequente requalificação com intenções de transformá-la em um centro comercial diferenciado, com locais propícios para encontros sociais e culturais; é o objetivo principal do Projeto Sempre Savassi.
A iniciativa para desenvolver esse projeto piloto, que pudesse ser implementado posteriormente em outras regiões de Belo Horizonte, partiu do Clube de Diretores Lojistas (CDL). A proposta se baseia na
implantação de ações culturais, intervenções urbanísticas (arquitetônicas e paisagísticas), assim como ações sociais que possam colaborar com 'a melhoria de renda dos grupos menos favorecidos socialmente - artesãos participantes de projetos de
Economia Solidária da Prefeitura Municipal de" Belo Horizonte. Essa proposta de ação social acabou por se materializar no projefo Sempre
Savassi: Design e Artesanato Urbano, a partir da atuação conjunta de três instituições: Universidade FUMEC, SEBRAE e CDL. A primeira é responsável pela capacitação em design, no intuito de desenvolver um mix de produtos para comercialização na região da Savassi; a segunda, pela consultoria comportamental, gestão comercial dos produtos artesanais criados e fomento ao associativismo; e a terceira, pela coordenação do projeto corfio um todo e também pela implementação do relacionamento comercial entre lojistas e artesãos. Portanto, a intenção principal deste projeto é fomentar o artesanato de forma integrada, enquanto setor económico sustentável, promovendo a melhoria da qualidade de vida e ampliando a geração de renda de uma parte dos excluídos da sociedade.
Por envolver três instituições e mais de dez grupos de artesãos, o trabalho demonstrou, desde o princípio, possuir uma grande complexidade no entrelaçamento dos seus campos de ação, o que exigiu um aumento significativo no prazo inicial de realização previsto,
passando de seis meses para um ano.
Além dos resultados académicos, que envolvem produção de conhecimento e aperfeiçoamento do plano pedagógico para o treinamento específico de artesãos em design, materializa-se agora os resultados práticos de inserção destes produtos no mercado
e de consolidação do conceito de artesanato urbano. Os principais instrumentos de ação para a realização desses propósitos finais são a
Exposição de lançamento dos produtos artesanais desenvolvidos e a produção deste Catálogo contendo registros de todo o processo de trabalho (conceito, metodologia, capacitação, criação-e finalização dos produtos artesanais) da coleção Sempre Savassi: Design e Artesanato Urbano.
O caráter social
A questão sedai também deve ser destacada aqui como fator de vital importância, pois reflete a natureza deste projeto. A requalificação da Savassi, meta fundamental do Sempre Savassi, depende não só de planejamento urbano, de recuperação arquitetônica e de projetos culturais, mas também, de uma ação social que recupere espaços vitais de inclusão económica, reforçando as oportunidades de mercado a partir da valorização do trabalho feito à mão. O valor e resultado dessa ação não se limitam somente à.região da Savassi, pois abre-se um canal, espera-se definitivo, de relacionamento entre estes lojistas e grupos de artesãos de várias - regionais de Belo Horizonte, além da formação de novos grupos de trabalho. A Savassi, que já foi vanguarda na moda e entretenimento, tenta hoje explicitar uma relação com a cultura local e com a valorização das questões humanas. As ações de inserção económica e promoção do ambiente
urbano como espaço de convivência e encontro permitem que produtos artesanais possam ativar processos de reconhecimento de um novo olhar sobre a cidade. O projeto Sempre Savassi supõe que; a partir da construção de produtos desenvolvidos por artesãos urbanos, com suas referências estéticas situadas na região da Savassi, seja possível auxiliar na reconstrução de uma identidade local menos idealista, pura e saudosista, além de mais real, mestiça e híbrida.
Não se produz só na fabrica, não se cria só na arte, não se resiste só na política. Assistimos ao fim dos suportes em vários domínios, mas também das esferas em que eles ganhavam sentido. As artes plásticas extrapolam seus suportes tradicionais tais como a pintura e a escultura (mas também desbordaram o espaço do museu e o circuito da própria arte), a política extrapolou o suporte tradicional do partido, do sindicato, do próprio parlamento (em suma, do espaço da representação), a produção extrapolou os limites da fábrica, e mesmo da empresa, migrando para uma esfera coextensiva à vitalidade social, e a subjetividade extrapolou seu suporte egóico e identitário.
(PELBART,2003,p.113)
Nesse contexto, seria possível afirmar que não se faz artesanato só pela tradição ou pelas determinações materiais e culturais do lugar. É
também no ambiente de culturas híbridas, na invenção propiciada pelo encontro de homens comuns, pertencentes a grupos heterogéneos, que o projeto pretende ampliar o repertório de produtos artesanais para os limites da arte e do design. A partir do desenvolvimento de novas metodologias para incentivar a criação de um artesanato urbano singular e tomando a cidade como laboratório vivo de pesquisa, que se espera como resultado desse projeto um mix de produtos inovadores, agregados de identidades provindas de um somatório difuso de informação. Busca-se, aqui, a criação de um artesanato urbano coletivo, solidário, presente nas fronteiras da arte e do design.
Metodologia:
O trabalho de capacitação em design, reaJizado pelas professoras do Curso de Design da Universidade FUMEC – Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena - incluiu uma série de ações fundamentais para a construção do ambiente criativo necessário aos artesãos. A princípio, foi realizado um diagnóstico do espaço urbano tema do projeto - a região da Savassi - através de visitas de campo com o grupo de artesãos com o propósito de identificação e registro imagético das configurações estéticas formadas pelo conjunto arquitetônico, vegetação urbana, aparatos e mobiliários urbanos, grafismos e intervenções visuais nas ruas, fachadas e sinalizações. As visitas, sempre monitoradas pélas designers responsáveis pela capacitação, resultaram em uma produção de 400 imagens fotográficas e inúmeros desenhos e anotações que geraram, mais
tarde, a base para as estampas e grafismos dos produtos finais.
Outra ação importante para a capacitação foi a apresentação de aulas teóricas de fundamentos de arte e design, iniciadas com a prof" convidada Celina Borges que contextualizou a temática do projeto a partir da história da formação da identidade cultural da Savassi.
A partir deste marco inicial, seguiram-se discussões do livro A invenção do cotidiano. de Michel de Certeau, com exemplos práticos do trabalho dos Irmãos Campana, arquitetura low tech e Lina Bo Bardi apresentados pela professora convidada Josana Matedi. Mesclando teoria e prática, as coordenadoras do projeto de capacitação - Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena – ministraram aulas de elementos visuais e composição gráfica; o olhar como forma diferenciada de percepção; história da arte (do cubismo à arte contemporânea); teoria da cor; tendências no design; serigrafia; design vernacular; design tipográfico contemporâneo e arte urbana.
Paralela à intervenção teórica, foi de extrema importância a apresentação de peças de design contemporâneo e produtos culturais diversos com o intuito de formação de um novo repertório visual para os artesãos. Foram exibidos 37 filmes, entre documentários e longas-metragens, que abordavam questões da arte e da cultura do século XX, além de peças de design e artesanato em afinidade com o nosso conceito. Além disso, as aulas teóricas foram sempre fundamentadas em apresentações de imagens ilustrativas dos conteúdos dados para gerar essa nova bagagem de cultura visual, tão necessária para a compreensão da estética e dos processos criativos contemporâneos. A formação desse novo repertório também incluiu uma visita orientada à tapeçaria Marie Camille, onde o grupo viu técnicas, materiais e estilos diversos de tear, e o comparecimento à palestra “Novas Tendências na Moda e sua Interdisciplinaridade”, ministrada pela Profª Carla Mendonça e Prof. Bruno Loureiro, realizada no Pátio Savassi.
As oficinas técnicas (serigrafia, arte gráfica, texturas e materiais, colagens, bordado e estruturas espaciais) deram suporte para o desenvolvimento do mix de produtos, arrematando os conteúdos lecionados com a possibilidade de uma pratica direcionada para o projeto e desenvolvida em condições técnicas extremamente adequadas de infra-estrutura, equipamentos e materiais. O acompanhamento intensivo de todo o processo criativo e da finalização dos produtos foi determinante para a concretização dó propósito da coleção e para garantir a aplicação do conceito e dos referenciais estéticos propostos.
O processo criativo em si iniciou-se no mês de fevereiro de 2006, estendendo-se pêlos meses de março e abril, sendo esse último já focado para a finalização e acabamento.
O processo, no início, acontecia por meio de orientações coletivas, em que cada artesão apresentava sua ideia, esboço ou protótipo para o grupo e as orientações das designers eram compartilhadas por todos, em espaço aberto para discussão das questões comuns dos artesãos participantes. À medida que os projetos foram se definindo e as dúvidas tornando-se cada vez mais particularizadas devido às dificuldades específicas de cada produto, as orientações se individualizaram, mantendo a participação conjunta das designers em todas as intervenções e direcionamentos.
A partir de demandas originadas no decorrer desse processo de capacitação e elaboração do mix de produtos, surgiram temas vitais para o desenvolvimento de determinados processos criativos e
produtivos. A organização de um ciclo de palestra com profissionais de diversas áreas (ecologia, arte, cultura, urbanismo, design, arquitetura, etc) foi também um importante referencial para apontar díreções e definir coleções. Para abordar esses temas com precisão, alguns convidados especializados, nas áreas apontadas, participaram do projeto com intervenções teóricas, atividades práticas e, algumas vezes, com acompanhamento da criação. Em ecologia, o ecólogo e Prof.Sérvio Pontes apresentou uma análise da vegetação, tipo de arborização e floração existentes na região da Savassi, com o objetivo de mostrar a importância estética e ambiental do verde no espaço urbano. A jornalista de moda e Prof8 Carla Mendonça trabalhou o tema moda e comportamento, analisando experiências contemporâneas em design e cultura que se. Apropriam do espaço urbano como referência estética e conceitual.
A partir da arquitetura e design de produtos, o arquiteto e Prof. Igor Rios repassou para o grupo uma metodologia para design de produtos, que envolve desde a etapa do brieting até a produção, exemplificando com estudos de casos já realizados com sucesso. Por fim, a Prof6 Tailze Melo acompanhou o processo de produção de textos, apresentando os tipos de textos e suas características, visando ressaltar o tema Identidade Cultural da Savassi nos escritos e inscrições dos artesãos nos produtos.
PROJETO SEMPRE SAVASSI:
Resumo da ação
O projeto foi desenvolvido a partir de uma capacitação em design e artesanato proposta pelas professoras da Universidade FUMEC Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena. A metodologia consistiu em aulas teóricas de história da arte, desenho, composição, criação de textos, tipografia, cor, metodologia de projetos, gestão, comercialização e associativismo. O tema foi a região da Savassi, em Belo Horizonte, espaço urbano e comercial tradicional da zona sul da cidade. O grupo de artesãos formado compunha-se de maioria feminina, faixa etária entre 21 a 70 anos e quase todos artesãos atuantes. O projeto teve como resultado uma coleção de produtos temáticos, direcionada para o público adulto com o perfil consumidor da zona sul de BH, ou seja, classe A/B/C, bem informado culturalmente e disposto a consumir produtos que carreguem valores culturais e sociais como benefícios agregados associados à uma estética contemporânea e arrojada.
Autoria: Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena.
Ano: 2005/2006
Local: Belo Horizonte – MG.
O projeto foi concebido através da parceria entre a Universidade FUMEC, o CDL-BH ( Câmara dos Dirigentes Lojistas de BH) e o SEBRAE-MG com o objetivo de revitalizar culturalmente a região da Savassi em Belo Horizonte. Parte dessa ação incluiu a ação social de inserção econômica de um grupo de artesão cadastrados no programa de economia solidária da prefeitura de Belo Horizonte.
O projeto
O resgate cultural da região da Savassi e a consequente requalificação com intenções de transformá-la em um centro comercial diferenciado, com locais propícios para encontros sociais e culturais; é o objetivo principal do Projeto Sempre Savassi. A iniciativa para desenvolver esse projeto piloto, que pudesse ser implementado posteriormente em outras regiões de Belo Horizonte, partiu do Clube de Diretores Lojistas (CDL). A proposta se baseia na implantação de ações culturais, intervenções urbanísticas (arquitetônicas e paisagísticas), assim como ações sociais que possam colaborar com 'a melhoria de renda dos grupos menos favorecidos socialmente - artesãos participantes de projetos de Economia Solidária da Prefeitura Municipal de" Belo Horizonte. Essa proposta de ação social acabou por se materializar no projefo Sempre Savassi: Design e Artesanato Urbano, a partir da atuação conjunta de três instituições: Universidade FUMEC, SEBRAE e CDL. A primeira é responsável pela capacitação em design, no intuito de desenvolver um mix de produtos para comercialização na região da Savassi; a segunda, pela consultoria comportamental, gestão comercial dos produtos artesanais criados e fomento ao associativismo; e a terceira, pela coordenação do projeto corfio um todo e também pela implementação do relacionamento comercial entre lojistas e artesãos. Portanto, a intenção principal deste projeto é fomentar o artesanato de forma integrada, enquanto setor económico sustentável, promovendo a melhoria da qualidade de vida e ampliando a geração de renda de uma parte dos excluídos da sociedade. Por envolver três instituições e mais de dez grupos de artesãos, o trabalho demonstrou, desde o princípio, possuir uma grande complexidade no entrelaçamento dos seus campos de ação, o que exigiu um aumento significativo no prazo inicial de realização previsto, passando de seis meses para um ano. Além dos resultados académicos, que envolvem produção de conhecimento e aperfeiçoamento do plano pedagógico para o treinamento específico de artesãos em design, materializa-se agora os resultados práticos de inserção destes produtos no mercado e de consolidação do conceito de artesanato urbano. Os principais instrumentos de ação para a realização desses propósitos finais são a Exposição de lançamento dos produtos artesanais desenvolvidos e a produção deste Catálogo contendo registros de todo o processo de trabalho (conceito, metodologia, capacitação, criação-e finalização dos produtos artesanais) da coleção Sempre Savassi: Design e Artesanato Urbano.
O caráter social
A questão sedai também deve ser destacada aqui como fator de vital importância, pois reflete a natureza deste projeto. A requalificação da Savassi, meta fundamental do Sempre Savassi, depende não só de planejamento urbano, de recuperação arquitetônica e de projetos culturais, mas também, de uma ação social que recupere espaços vitais de inclusão económica, reforçando as oportunidades de mercado a partir da valorização do trabalho feito à mão. O valor e resultado dessa ação não se limitam somente à.região da Savassi, pois abre-se um canal, espera-se definitivo, de relacionamento entre estes lojistas e grupos de artesãos de várias - regionais de Belo Horizonte, além da formação de novos grupos de trabalho. A Savassi, que já foi vanguarda na moda e entretenimento, tenta hoje explicitar uma relação com a cultura local e com a valorização das questões humanas. As ações de inserção económica e promoção do ambiente urbano como espaço de convivência e encontro permitem que produtos artesanais possam ativar processos de reconhecimento de um novo olhar sobre a cidade. O projeto Sempre Savassi supõe que; a partir da construção de produtos desenvolvidos por artesãos urbanos, com suas referências estéticas situadas na região da Savassi, seja possível auxiliar na reconstrução de uma identidade local menos idealista, pura e saudosista, além de mais real, mestiça e híbrida. Não se produz só na fabrica, não se cria só na arte, não se resiste só na política. Assistimos ao fim dos suportes em vários domínios, mas também das esferas em que eles ganhavam sentido. As artes plásticas extrapolam seus suportes tradicionais tais como a pintura e a escultura (mas também desbordaram o espaço do museu e o circuito da própria arte), a política extrapolou o suporte tradicional do partido, do sindicato, do próprio parlamento (em suma, do espaço da representação), a produção extrapolou os limites da fábrica, e mesmo da empresa, migrando para uma esfera coextensiva à vitalidade social, e a subjetividade extrapolou seu suporte egóico e identitário. (PELBART,2003,p.113) Nesse contexto, seria possível afirmar que não se faz artesanato só pela tradição ou pelas determinações materiais e culturais do lugar. É também no ambiente de culturas híbridas, na invenção propiciada pelo encontro de homens comuns, pertencentes a grupos heterogéneos, que o projeto pretende ampliar o repertório de produtos artesanais para os limites da arte e do design. A partir do desenvolvimento de novas metodologias para incentivar a criação de um artesanato urbano singular e tomando a cidade como laboratório vivo de pesquisa, que se espera como resultado desse projeto um mix de produtos inovadores, agregados de identidades provindas de um somatório difuso de informação. Busca-se, aqui, a criação de um artesanato urbano coletivo, solidário, presente nas fronteiras da arte e do design.
A metodologia e o processo criativo
O trabalho de capacitação em design, reaJizado pelas professoras do Curso de Design da Universidade FUMEC – Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena - incluiu uma série de ações fundamentais para a construção do ambiente criativo necessário aos artesãos. A princípio, foi realizado um diagnóstico do espaço urbano tema do projeto - a região da Savassi - através de visitas de campo com o grupo de artesãos com o propósito de identificação e registro imagético das configurações estéticas formadas pelo conjunto arquitetônico, vegetação urbana, aparatos e mobiliários urbanos, grafismos e intervenções visuais nas ruas, fachadas e sinalizações. As visitas, sempre monitoradas pélas designers responsáveis pela capacitação, resultaram em uma produção de 400 imagens fotográficas e inúmeros desenhos e anotações que geraram, mais tarde, a base para as estampas e grafismos dos produtos finais. Outra ação importante para a capacitação foi a apresentação de aulas teóricas de fundamentos de arte e design, iniciadas com a prof" convidada Celina Borges que contextualizou a temática do projeto a partir da história da formação da identidade cultural da Savassi.
A partir deste marco inicial, seguiram-se discussões do livro A invenção do cotidiano. de Michel de Certeau, com exemplos práticos do trabalho dos Irmãos Campana, arquitetura low tech e Lina Bo Bardi apresentados pela professora convidada Josana Matedi. Mesclando teoria e prática, as coordenadoras do projeto de capacitação - Cássia Macieira, Juliana Pontes e Natacha Rena – ministraram aulas de elementos visuais e composição gráfica; o olhar como forma diferenciada de percepção; história da arte (do cubismo à arte contemporânea); teoria da cor; tendências no design; serigrafia; design vernacular; design tipográfico contemporâneo e arte urbana. Paralela à intervenção teórica, foi de extrema importância a apresentação de peças de design contemporâneo e produtos culturais diversos com o intuito de formação de um novo repertório visual para os artesãos. Foram exibidos 37 filmes, entre documentários e longas-metragens, que abordavam questões da arte e da cultura do século XX, além de peças de design e artesanato em afinidade com o nosso conceito. Além disso, as aulas teóricas foram sempre fundamentadas em apresentações de imagens ilustrativas dos conteúdos dados para gerar essa nova bagagem de cultura visual, tão necessária para a compreensão da estética e dos processos criativos contemporâneos. A formação desse novo repertório também incluiu uma visita orientada à tapeçaria Marie Camille, onde o grupo viu técnicas, materiais e estilos diversos de tear, e o comparecimento à palestra “Novas Tendências na Moda e sua Interdisciplinaridade”, ministrada pela Profª Carla Mendonça e Prof. Bruno Loureiro, realizada no Pátio Savassi. As oficinas técnicas (serigrafia, arte gráfica, texturas e materiais, colagens, bordado e estruturas espaciais) deram suporte para o desenvolvimento do mix de produtos, arrematando os conteúdos lecionados com a possibilidade de uma pratica direcionada para o projeto e desenvolvida em condições técnicas extremamente adequadas de infra-estrutura, equipamentos e materiais. O acompanhamento intensivo de todo o processo criativo e da finalização dos produtos foi determinante para a concretização dó propósito da coleção e para garantir a aplicação do conceito e dos referenciais estéticos propostos.
O processo criativo em si iniciou-se no mês de fevereiro de 2006, estendendo-se pêlos meses de março e abril, sendo esse último já focado para a finalização e acabamento. O processo, no início, acontecia por meio de orientações coletivas, em que cada artesão apresentava sua ideia, esboço ou protótipo para o grupo e as orientações das designers eram compartilhadas por todos, em espaço aberto para discussão das questões comuns dos artesãos participantes. À medida que os projetos foram se definindo e as dúvidas tornando-se cada vez mais particularizadas devido às dificuldades específicas de cada produto, as orientações se individualizaram, mantendo a participação conjunta das designers em todas as intervenções e direcionamentos. A partir de demandas originadas no decorrer desse processo de capacitação e elaboração do mix de produtos, surgiram temas vitais para o desenvolvimento de determinados processos criativos e produtivos. A organização de um ciclo de palestra com profissionais de diversas áreas (ecologia, arte, cultura, urbanismo, design, arquitetura, etc) foi também um importante referencial para apontar díreções e definir coleções. Para abordar esses temas com precisão, alguns convidados especializados, nas áreas apontadas, participaram do projeto com intervenções teóricas, atividades práticas e, algumas vezes, com acompanhamento da criação. Em ecologia, o ecólogo e Prof.Sérvio Pontes apresentou uma análise da vegetação, tipo de arborização e floração existentes na região da Savassi, com o objetivo de mostrar a importância estética e ambiental do verde no espaço urbano. A jornalista de moda e Prof8 Carla Mendonça trabalhou o tema moda e comportamento, analisando experiências contemporâneas em design e cultura que se. Apropriam do espaço urbano como referência estética e conceitual. A partir da arquitetura e design de produtos, o arquiteto e Prof. Igor Rios repassou para o grupo uma metodologia para design de produtos, que envolve desde a etapa do brieting até a produção, exemplificando com estudos de casos já realizados com sucesso. Por fim, a Prof6 Tailze Melo acompanhou o processo de produção de textos, apresentando os tipos de textos e suas características, visando ressaltar o tema Identidade Cultural da Savassi nos escritos e inscrições dos artesãos nos produtos.
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